Capítulo 17
Yo-ho piratas! Sim, eu falei que iria demorar pouco, mas parece que tudo que tinha de interessante pra mim em 2020 aconteceu nesses últimos meses (foi tudo isso gente? MDS). Me meti em um projeto de mestrado (que eu ainda não sei se passei) e consegui publicar meu primeiro livro na Amazon (vou deixar o link no link externo desse capítulo). Eu tô muito feliz! Mas, isso tomou meus dias. A preocupação em fazer um trabalho legal e a divulgação incansável pra história não se perder por aí. Enfim, eu sei que não é desculpa e que vocês estava ansiosos por esse capítulo, mas finalmente saiu e eu estou muito animada com ele. Preparem os corações, porque o capítulo 17 não tá pra brincadeira. Perdoem qualquer erro também, não tive tempo de revisar, eu estava ansiosa pra soltar também kkkk. Espero que vocês gostem <3
Eu pensei que já havia passado por coisas ruins o suficiente, mas eu estava redondamente enganada. Em um intervalo de meses eu havia me tornado órfã pela segunda vez, feito parte de duas tripulações — sendo uma delas de um navio pirata — e quase morta. Eu não imaginava que poderia se tornar ainda mais difícil me manter com vida, mas novamente o destino se mostrou imprevisível.
— Ellie! Ellie! — A voz de Zack soava abafada. Senti seus dedos trêmulos sobre meus ombros, depositando seu casaco encharcado da água do mar.
Eu não entendia o que estava acontecendo com meu corpo, mas subentendi que ele estava retornando à sua forma antiga. O que não fazia sentido era a dor visceral que me rasgava de dentro para fora e os pulmões lutando para se adaptar à superfície. 14 anos convivendo normalmente com eles, para me traírem daquela forma. A confusão e o desconforto se instauravam na minha cabeça. Mas, essas não eram as únicas coisas acontecendo.
Zack projetou seu corpo sob o meu, tentando me proteger dos olhares incisivos dos piratas. A minha cauda se debatia, enquanto meus ossos se locomoviam e voltavam a ser pernas. Minhas roupas haviam se rasgado na primeira transformação, não restava nada mais para cobrir minha pele pálida e agora gelada. Assim que fomos jogados por Kassandra no convés do navio, a tripulação fez um semicírculo ao nosso redor e se afastou como se estivéssemos infectados com lepra.
Eu conseguia sentir tudo. Meus ouvidos escutavam com perfeição o som do vento movendo as velas, a água do mar se chocando contra o casco, os ruídos imperceptíveis do navio em movimento. Minhas narinas se dilataram e foi a primeira vez que o sal se tornou um cheiro. Eu nunca havia inalado aquele odor antes, diferente do aroma da tripulação, que se tornou comum nas últimas semanas e se intensificou com a minha nova habilidade. Minha mente era uma desordem de vozes e sentimentos. Eu podia sentir toda a apreensão, a confusão e a curiosidade nos homens que nos encaravam.
Se antes eu apenas conseguia captar brevemente os pensamentos das pessoas, depois da transformação pude ouvir perfeitamente o que cada mente expressava. As falas e as imagens que seus cérebros produziam eram claras como se eu mesma estivesse em seus corpos. O burburinho audível era incômodo, mas a gritaria de suas cabeças era insuportável.
O que é isso? Que tipo de monstro é esse?
Ela é linda!
Uma sereia entre nós? Eu sabia que havia algo de estranho com esse tal de Elliot! Essa história fica cada vez mais estranha...
Metade peixe e metade humana! É um monstro do mar!
Foi assim que ela sobreviveu a Break Bones, ninguém normal conseguiria escapar daquele homem!
O que é essa criatura? Está aqui para nos amaldiçoar!
Ela vai ludibriar a todos nós e depois nos matar afogados!
Ela é perigosa!
Traiçoeira!
Precisamos matá-la antes que ela nos mate!
Alguém precisa ataca-la, antes que ela nos mate!
Eles estavam ansiosos por tomar meu pescoço e esmagá-lo, mas esse era o menor dos crimes. Suas imaginações férteis me desenhavam de todas as maneiras humilhantes possíveis. Eles não me queriam só morta, queriam abusar do meu corpo e da minha dignidade, assim como Gibbons tentara fazer. Mesmo eles tendo asco de mim, por ser uma sereia, eles me desejavam.
Um sentimento de repulsa começou a importunar meu peito e cresceu, pulsante e raivoso. Eu estava farta daqueles desgraçados, estava farta de sentir dor e farta de precisar me conter. Apenas a possibilidade de eles conseguirem realizar aquelas fantasias cruéis me deixava enojada.
O garoto não vai nos deixar fazer o serviço, precisamos tirá-lo do caminho.
Vamos matar os dois! De uma vez por todas!
Quando citaram Zack e a ideia de nos atacar começou a ser um pensamento firme e coletivo, senti minhas veias queimarem e a dor no pulmão não me impediu de me posicionar.
— Afastem-se! — Kassandra gritou. Não precisei dos meus novos dons para perceber o medo em sua voz e foi a primeira vez que notei sua presença frágil no fundo da minha mente. Ela havia se encolhido, temerosa com a ameaça que eu havia me tornado e tinha plena noção do que eu era, muito mais do que eu mesma.
Eu me agachei, impondo os braços para frente para me apoiar, como um primata. A posição serviu de suporte para o salto que veio em seguida, eu senti a madeira sob as minhas pernas ceder. Alcancei o primeiro pirata e choquei meu corpo contra o dele, nos levando ao chão. Ele caiu inconsciente e eu segui para o próximo marujo o agarrando pelas lapelas do sobretudo e o jogando no mar, muitos e muitos metros longe do navio.
Eu era puro instinto, assim como os tripulantes eram puro medo. Um dos gêmeos franceses começou a atirar em mim, enquanto seu irmão inútil tremia procurando pela arma. Eu conseguia ouvir seus ossos chacoalhando por debaixo da pele. Não pude evitar um sorriso de lado.
As balas ricochetearam nos meus ouvidos ao tempo que eu desviava delas em uma velocidade inumana. Esquerda e direita. Pierre foi o primeiro, o acertei com um chute nas costelas que o fez atravessar o convés e bater as costas do tronco no mastro principal, seu corpo fragilizado se arrastou até o chão. Não dei tempo para Jean se preparar, alcancei seu pescoço apenas com uma mão e o estrangulei sem remorsos. Foi satisfatório sentir seu sangue se acumulando nas veias dilatadas do membro frágil. Jean era mais fraco, não tardou a desmaiar.
Passei os olhos pelos marujos que corriam e avistei o homem que havia me segurado, enquanto eu assistia à execução de Zack. Impulsionei minhas pernas e corri atrás do miserável. Não foi difícil, visto que ele explanava a quatro cantos do mundo seus pensamentos de como seu nariz doía.
Eu passei uma rasteira nas suas pernas troncudas, derrubando-o e passei a soca-lo. Minha vontade era de deixa-lo sem ar, como haviam feito com Zachary ao lança-lo ao mar, por isso eu não permitia que ele tivesse descanso. Continue formando socos até minhas mãos se encherem do sangue do marujo.
Os golpes não pararam mesmo quando o homem desfaleceu. Foi quando senti mãos arrancando meu corpo de cima do pirata, me jogando no andar superior onde ficava o timão do navio. Bati a cabeça na parede e passei alguns segundos desorientada, mas não deixei de perceber Kassandra saltando para me alcançar. Ela parou na minha frente e me encarou com uma ruga latejante no meio da testa.
Eu consegui notar na sua mente todo o esforço que media para conseguir usar seus poderes em mim, Kassandra chegou até a erguer as duas mãos na minha direção com uma careta desfigurando seu rosto. Ela soltou um grito frustrado e tomou meu pescoço, pronta para quebra-lo.
— Você não pode mais me controlar. — Falei sem ar e revidei chutando-a na barriga, afastando-a de mim.
Ela olhou para trás analisando o estrago feito no navio por minha causa. Os piratas corriam desesperados, se escondendo como podiam, o mastro estava torto e os corpos que eu havia atacados jaziam esquecidos pelos outros.
— Eu sou mais forte que você. — Afirmei me convencendo daquilo também. Kassandra trincou os dentes e voltou a me encarar.
— Não me subestime! — Ela gritou e avançou contra mim.
Engajamos em uma luta ritmada. Não foi como na disputa contra Break Bones, em que todas as desvantagens eram contra mim, dessa vez estávamos no mesmo nível. Eu não fazia a menor ideia da extensão das minhas novas habilidades, a única coisa que eu tinha certeza era que precisava externar minha indignação e acabar com Kassandra antes que ela me derrotasse.
Ela sacou a espada e eu precisei dobrar a intensidade dos meus instintos para não ser atingida. Apesar de seus poderes mentais não funcionarem comigo, Kassandra era forte e habilidosa com a arma, não pude deixar brechas. Eu continuei desviando dos seus golpes e prevendo seus movimentos, até conseguir acertá-la com dois chutes frontais no meio do seu peito.
Ela rolou pelas escadas que ligavam o primeiro andar e o andar do timão, mas logo se ergueu e saltou do meio dos degraus, me acertando sem a espada e me levando ao chão. Nós rolamos pelo assoalho trocando socos, intercalando as posições superiores. Os sons da batalha eram baques surdos horríveis que deveriam estar assustando o resto da tripulação, que até agora não havia se intrometido a favor da capitã.
Em algum instante, ela deixou sua defesa aberta e eu ganhei a vantagem na luta, acertando-a no rosto e deixando-a desorientada por vários segundos seguidos.
— Desista, Kassandra! — Eu gritei sem parar de atingi-la. — Você já perdeu para mim, você é mais fraca! — Ela me encarou e puxou um objeto estranho do bolso interno do seu sobretudo. Possuía um cilindro comprido, cinza e fosco, tendo na ponta uma agulha longa.
— Você não sabe nada sobre mim. — Pronunciou antes de conseguir me acertar na coxa com a sua nova arma. Eu arquejei, angustiada pela dor fina que atingiu a minha perna esquerda. — Ou mesmo sobre você.
Uma dormência se espalhou pelo meu membro e eu saí de cima de Kassandra entorpecida, apertando a região que ela havia me espetado. O sentimento de torpor se espalhou por todo meu corpo e eu passei a encarar a capitã com os olhos semicerrados, sem querer me render à derrota. Antes de se erguer, ela agarrou meu rosto com uma mão, me encarando vitoriosa.
— Você é minha agora, garotinha. Eu tenho grandes planos para você.
Meus sentidos ficaram lentos e eu grunhi de raiva. Comecei a perder a consciência e acompanhar poucas cenas do que de fato estava acontecendo.
Kassandra me erguendo em seus braços.
Zack gritando meu nome desesperadamente.
Uma porta se fechando.
Calaram a voz de Zack. Calaram a minha voz. Só sobrou o silêncio e a escuridão.
...
Zachary
Com o passar dos dias as dores do corpo e as condições desagradáveis da prisão do Barca de Caronte foram para o fim da minha lista de prioridades. Minha cabeça se tornou o pior lugar para se morar, repleta de preocupações e pensamentos conflitantes. Dizer que era desesperador permanecer naquela situação seria eufemismo.
Trancaram Ellie na cela ao meu lado. Vestiram-na com um vestido simples, provavelmente alguma peça perdida de Kassandra. Ela não acordava e eu passava dia e noite, sem conseguir dormir, tentando verificar se ela ainda respirava. Eu havia tentado contabilizar o tempo, mas eu não conseguia ser preciso. Minha mente se esgotara pensando em maneiras de nos tirar daquele lugar.
Uma vez ao dia os piratas desciam com restos de comida e água do mar. Evitei comer de suas porções, por medo de estarem envenenadas. Acho que não preciso dizer que nem toquei no pote de água oferecido, seria minha última sentença de morte. Quanto a Ellie, Kassandra descia pouco depois de seus capachos e inseria com um cilindro e uma agulha, um líquido esverdeado no braço da garota.
Não consegui descobrir do que se tratava, mas sabia que não era bom. Ela passava o dia com a pele irritada, com protuberâncias vermelhas espalhadas pelo corpo e um inchaço peculiar nos olhos. Pela noite, o efeito diminuía e ela se debatia menos durante seu sono. Nesses momentos, eu tinha a impressão que ela estava prestes a acordar e passava a conversar com a garota, crente de que ela me ouvia.
— Ellie. — Eu sussurrava na escuridão, escutando sua respiração entrecortada. — Na primeira noite no Canção do Mar você tentou me prometer que tudo daria certo. — Lutei para manter minha voz firme, mas ela vacilou mais de uma vez. — Não tem como dar certo sem você. Por favor, não desista ainda. Eu vou tirar nós dois dessa prisão, vou te salvar. Não morra, por favor, não morra.
Pela manhã, a capitã retornava e o ciclo se iniciava de novo. Eu me questionei mais de uma vez, tentando entender por que ainda estávamos vivos e quais eram as intenções de Kassandra para nós. Se ela nos quisesse mortos, nossos corpos já estariam flutuando pelo mar. A capitã não gostava de prisioneiros, então qual era o plano dela? Para que servíamos, afinal?
Quando eu conseguia cochilar por uma ou duas horas, as imagens de Ellie se transformando eram vívidas e eu me pegava pela primeira vez com medo. Não da criatura que ela havia se revelado ser, mas das coisas que pretendiam fazer com suas habilidades recém descobertas. No que foi que a gente foi se meter, Ellie?
Eu havia contabilizado 4 dias desde a última vez que eu havia estado na superfície do navio quando a movimentação dos piratas teve uma mudança. Eu consegui ouvir o som de gaivotas e o burburinho da tripulação passou a ser mais ansioso que o normal. Havíamos chegado a Tortuga.
O som de passos arranhou meus ouvidos quando meu carcereiro começou a descer os degraus para a prisão. Eles sempre viam no mesmo horário e eu me mantinha sentado no chão, encolhido, no canto esquerdo da cela.
— Bom dia, garoto. — Mazzaroti cumprimentou. Era o mesmo marujo que ficara encarregado de me levar até Gibbons no meu primeiro dia no Barca de Caronte. Eu o fuzilei com os olhos, analisando seu rosto imutável. Ele parecia não ter expressões, estava estancado numa eterna face de desânimo. — Entrega especial de Nassor. — Ele ergueu o prato, me mostrando sua encomenda. — Trate de comer dessa vez, odeio ver os ratos comendo por você.
Ele se abaixou para passar o prato pelas grades. Nesse meio tempo, encontrei forças para me levantar e correr em direção a mão do pirata. Fui rápido o suficiente para agarrar seu pulso e o puxar contra as barras de ferro. A comida foi ao chão, espalhando seu cheiro bolorento pelo espaço. Mazzaroti arquejou em protesto quando agarrei sua camiseta e choquei sua cabeça pela segunda vez contra as grades.
Seu corpo amoleceu, eu estava prestes a pegar as chaves da prisão presas no seu cinto, quando Kassandra chegou e, com seus poderes, me jogou contra a parede da minha cela. Praguejei, reclamando da falta da sorte. Mazzaroti se ergueu abrupto, as mãos trêmulas, buscando pelas chaves pronto para entrar na cela e revidar.
— Acalme sua fúria, homem. — Kassandra disse.
— Eu vou mata-lo! — Ele gritou.
A capitão ergueu a mão de novo e dessa vez, o pirata foi o alvo. Seu corpo voou contra as barras da cela de Ellie.
— Faça o que eu te mandei. Leve a garota para a escola,
— O que?! — Exclamei em resposta.
Eu senti meu corpo ficar febril e, embora eu estivesse fraco por conta dos dias sem me alimentar direito, lutei para sair do controle de Kassandra. Usei todas as forças que ainda tinha para me libertar dela. Mazzaroti entrou na cela vizinha e ergueu Elizabeth no colo. Sua cabeça pendeu para trás, parecia que ele havia levantado uma boneca de pano.
— Não! Não! Ellie! Deixem-na a paz! DEIXEM-NA EM PAZ!
O desespero da perda se espalhou pelo meu peito, na medida em que a minha visão deixava de alcançar os cabelos curtos e ruivos. A única parte da minha vida que ainda fazia sentido, estava sendo arrancada.
Kassandra abriu a minha cela e me encarou com um deboche estampado no rosto. Eu queria arrancar aquele sorriso a facadas, mas ela era mais forte e pela primeira vez em muito tempo, eu não vi uma saída. Estava de mãos atadas.
— Ora, ora, Zachary, eu não sabia que você tinha tanta raiva guardada. Como está sendo a estadia? Têm se divertido? — Cuspi em seu rosto como resposta. Kassandra riu de olhos fechados e puxou um lenço do seu sobretudo para se limpar.
— Por que você não me mata logo? — Questionei.
— Você e sua amiga fizeram um estrago e tanto no meu navio. — Seu tom de voz se tornou sombrio e ela começou a se aproximar de mim. — Mas não se preocupe, ensinarei boas maneiras a vocês dois.
— O que vai fazer com Ellie? Se tocar um fio de cabelo dela, Kassandra, eu juro que...
— O que? Vai cuspir em mim de novo? — Ela mordeu os lábios. — Elizabeth estará em boas mãos, tenha certeza disso. Quanto a você... — Um arrepio passou pela minha espinha, quando seu rosto ficou a centímetros do meu. — Você tem uma dívida comigo, me deve um favor.
— Do que você está falando? Eu não te devo nada!
— Ah! Se esqueceu do nosso acordo? Eu cumpri a minha parte do trato, mantive você e sua parceira com vida. É hora de exigir a minha parte do contrato.
— O você quer de mim?
Kassandra espalmou as duas mãos no meu rosto e sorriu. Linda e assustadora.
— Você matou meu imediato e eu preciso de um novo. — Foi a minha vez de rir.
— Eu não vou servir a você. Não pode me colocar como sua mão direita, sabendo que eu vou traí-la a qualquer momento.
Senti o poder de Kassandra se intensificar, assim como a força que me empurrava contra a parede, a ponto de deixar meus pulmões sem ar.
— Parece que a cada 2 segundos eu preciso lembrá-lo de com que está lidando. — Ela puxou o ar e o soltou pela boca vagarosamente, espalhando seu hálito no meu rosto. — Você vai ser fiel a mim. — Eu grunhi, sem conseguir falar ou me mexer. — Vai fazer o que eu mandar, quando eu mandar.
Eu quis responder, gritar em seu rosto que eu não faria nada do que ela queria. Eu quis dizer que eu iria matá-la da pior forma possível assim que tivesse oportunidade. Mas, eu não consegui, porque ao mesmo tempo que eu lutava para libertar meu corpo, Kassandra revirava a minha cabeça, sondando meus pensamentos.
— O meu primeiro pedido vai ser bem simples, Zachary, tenho certeza que você pode cumprir.
A sensação era a mesma de quando eu havia encontrado a bruxa de Açores, mas ao invés de ver cenas do futuro, Kassandra me fez voltar ao passado. Ela vasculhou e passou a me mostrar todas as cenas da minha vida que eu havia partilhado com Ellie. A primeira vez que a vi, escondida atrás das pernas de Cora. Nossas fugas da mansão, correndo em direção ao campo com espadas de madeira. As aulas com meu pai, em que disfarçadamente eu ficava observando o semblante concentrado da garota.
Kassandra me fez revisitar todas as memórias com a ruiva, desde as mais simples, ate as mais preciosas. Foi rápido, mas foi como se eu tivesse vivido a minha vida inteira pela segunda vez. Uma brisa fria alcançou a prisão e os pelos do meu braço se arrepiaram. Uma a uma, as cenas passaram a sumir.
— Me dê as lembranças com Elizabeth Salazar.
3095 palavras
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