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Capítulo 16


Oi gente! É bem possível que o capítulo da semana que vem atrase, porque estou sendo avaliadora de um concurso e tô bem atrasada nas avaliações (rs pra variar). Vou manter vocês informados pelos meus anúncios, então fiquem de olho no meu perfil, ok? Esse capítulo é meu neném, cuidem delem com carinho! Sonhei com essa cena por anos e finalmente ela está pronta. Espero que curtam <3

Ps: Esse capítulo tem trilha sonora, mas não a escutem ainda. No meio do texto vou deixar o aviso de quando vocês devem começar a ouvir, ok?

A masmorra se tornou mais uma vez o cenário da nossa desgraça. Zack e eu estávamos tão atônitos que os piratas não tiveram trabalho em nos amarrar enquanto o corpo de Gibbons mantinha-se estendido na madeira do convés por longos minutos. Eu só retornei para o mundo real quando começaram a bater em Zachary em uma notável posição covarde. Gritei até não ter mais forças ou voz suficiente.

Eles não tocaram em mim nem 10% na mesma intensidade que haviam feito com ele, talvez porque estivessem guardando o pior para depois. Fomos jogados na masmorra como dois cães vira-latas, esperando pela sentença final de Kassandra e da tripulação. Zack mal se mexeu nos primeiros minutos, suponho que estivesse tentando não sentir o olho roxo, o lábio cortado e os inúmeros hematomas no seu corpo.

Eu chorei descompassadamente, desejando transpor as dores do garoto para o meu corpo.

– Me desculpe, me desculpe. – Eu pedia sem parar.

A respiração dele era cortante e breve. Por um tempo me questionei se Zack havia desmaiado, mas ele quebrou o silêncio logo depois.

– Não foi culpa sua. – Ele conseguiu dizer. Eu não acreditava em nem mesmo uma letra daquela frase.

– Se eu não tivesse dormido... – Comecei.

– Eu pedi para Gibbons te chamar. – Zack interrompeu. – Eu mesmo poderia ter ido ao seu encontro, mas não, deixei que o brutamontes fosse em meu lugar. – Zack gemeu em meio a fala. – Foi como entregar você de mão beijada.

– Mas como? Não entra na minha cabeça como ele descobriu! Eu só me lembro de sentir dor de estômago e de repente ele estava esmagando meu pescoço! Tinha sangue para todo o lado e essa desgraça não para de sair de mim! – Eu gritei em prantos. – Deve ter sido a comida do Nassor, só pode ter sido aquele peixe podre, eu deveria ter escutado Zenon...

– Comida de Nassor? – Zack questionou duvidoso e então riu tristonho, depois dobrou o corpo em agonia. Até rir o fazia sentir dor. – Você não sabe, não é? É claro que não. Cora não deve ter tido tempo de lhe explicar. – Ele riu mais uma vez e uma pontada me alcançou quando ele citou o nome de minha mãe. – O sangue é sinal de que você se tornou uma mulher adulta.

Eu demorei a raciocinar sobre o assunto que ele havia apontado.

– Mulher adulta? Você está louco? Isso é considerado normal?!

– Sim, todas as mulheres passam pelo que você está passando. Foi assim que Gibbons descobriu, só mulheres menstruam. – Ele disse com dificuldade, mal conseguia respirar.

– Como é possível que seja normal toda mulher sentir essa dor miserável?! – Eu questionei irritada. – Deve ter algo errado! Está saindo sangue de dentro de mim! – Zack riu mais uma vez e se deitou de costas encarando o teto. Ele demorava a responder, seus suspiros eram longos e sofridos.

– Só você para me fazer rir em uma situação como essa.

– Não acredito que você não está me levando a sério! Zack! Isso é ridículo! – Eu reclamei irritada. – E quanto a vocês homens? Nada de dor de estômago, então?

– Não, temos outras coisas para lidar. – Eu bufei.

– Gostava mais da ideia de morrer com a comida de Nassor. – Admiti. – Eu não vou morrer, então?

– Não, Ellie. Pelo menos, não por isso.

Fitei seu semblante desesperançado. Era o rosto de quem havia se colocada à frente e feito do próprio corpo de sacrifício em detrimento do outro. Aproximei-me dele com dificuldade – por conta das mãos amarradas – e aninhei sua cabeça entre as minhas pernas, tentando lhe dar algum conforto. Ele soltou gemidos de dor no início, mas quando seu corpo se adaptou ao contato, fechou os olhos apreciando o toque de minhas mãos entre seus cabelos. A raiz de seus fios estava molhada de suor.

– Não acabou ainda, Zack! Precisamos fazer alguma coisa!

– Temo que dessa vez não há nada que possamos fazer. – Sua voz era grave.

– Não, não, não! Não pode acabar desse jeito! – Exclamei.

Zack não respondeu, apenas fechou os olhos deixando seu rosto desfigurado em evidência. Ele tinha o semblante de quem já havia entendido. Eu neguei com a boca e com a alma, não estava pronta para perder mais uma vez.

– O que eu posso fazer? Me diga o que eu posso fazer pra ajudar! – Eu pedi desesperada.

– Me perdoar, por não a ter protegido direito.

Minha boca se torceu por conta do pranto que eu tentava segurar, enquanto encarava os olhos profundos de Zack. Estavam tão claros, eu nunca os havia visto daquela forma antes.

– Não se culpe, por favor. Você fez tudo que pôde. – Eu disse com a voz embargada e logo as lágrimas voltaram a cair.

Zack levantou as mãos amarradas e secou meu rosto com delicadeza. Eu me inclinei com seu toque, disposta a aproveitar os últimos minutos que tinha com ele. Havia tantas coisas que eu desejava dizer, mas as palavras se atolaram na minha garganta e não encontraram uma forma de sair.

Foi quando percebi que não precisávamos falar nada. Zack sabia e sempre soube da intensidade dos meus sentimentos por ele e naquele momento, mais do que nunca, eu sabia até onde ele iria por mim. Eu funguei e desci a cabeça até o seu rosto, depositando, com todo o cuidado que a situação permitia, um beijo em sua testa.

– Obrigada por tudo, Zachary Lackwood. Você foi a razão de eu ter vivido os melhores dias de minha vida. – Declarei por fim.

Ele soltou um último sorriso triste, os olhos brilhantes de lágrimas e eu não sabia dizer se eram por causa da dor física ou da dor de dizer adeus. Provavelmente por causa de ambas.

– Será uma honra, morrer com e por você, Elizabeth Salazar.

Nossos instantes foram interrompidos com os sons das botas dos piratas e eu desejei que tivéssemos mais tempo. Eu, que sempre fui a favor das aventuras, ansiei por uma vida calma e pacata, com uma expectativa de vida longa.

Eles nos levaram mais uma vez para o convés, onde fomos recepcionados por toda a tripulação. Eles gritavam em nossas caras, nos amaldiçoando de todas as formas que podiam. Nem eu sabia que Gibbons era tão querido assim.

Um navio pirata com certeza tem suas próprias emoções, mas talvez fosse a primeira vez que o Barca de Caronte fizesse palco para tantas reuniões que envolviam dois pirralhos inúteis. A prancha havia sido estendida e eu sabia muito bem qual seria o nosso destino.

Kassandra nos esperava, imponente como sempre, as duas mãos cruzadas na frente do peito e uma expressão resoluta. Eu não conseguia interpretar seus sentimentos, ela era como um muro e não abriu a boca por nenhum momento.

Nos jogaram no chão e nos fizeram ficar de joelhos, humilhados, recebendo cusparadas e xingamentos. Zack foi corajoso, não gemeu nenhuma vez. Ele era tão orgulhoso quanto eu, isso era notável. Aguentamos alguns minutos de injúria, até a capitã levantar uma de suas mãos. Todos se calaram em respeito ao discurso de sua líder que viria a seguir.

– Cavalheiros. – Ela iniciou com uma entonação de quem conta uma lenda. – Há exatos 5 anos eu iniciei minha jornada dentro desse navio como sua capitã. Eu mesma o comprei e o administrei para oferecer a vocês, homens livres, as melhores acomodações possíveis. Muitos de vocês acabaram de chegar, mas outros me acompanham nessa trajetória desde o começo. Uma dessas pessoas era o meu iminente, Caleb Gibbons.

A pausa que se seguiu foi honrosa e até teatral. Alguns piratas tiraram seus chapéus e os colocaram no peito.

– Um homem que apesar de suas falhas era leal e companheiro. O meu braço direito, meu escudo e meu... Amigo.

Foi a primeira vez que notei um vislumbre de sentimento doce em Kassandra. Desapareceu logo com a fúria enrustida que ela havia escondido por baixo da máscara de controladora.

– Gibbons conhecia nosso código melhor do que ninguém e morreu o protegendo. – Os outros piratas gritaram em concordância.

Ora, por favor! Pensei sarcástica. Gibbons morreu porque era um cretino, verdade seja dita! Kassandra me encarou e eu fiz a melhor cara de deboche que consegui.

– Estes são os responsáveis pela morte do pirata que deu a vida por vocês! Após verificar que o pirata Elliot não estava cumprindo suas atividades, ele correu para delatar sua irresponsabilidade e foi atacado por Zack. O motivo da morte, não se resumiu porque Gibbons havia flagrado a preguiça de um desses dois, mas porque ele descobriu um segredo ainda mais profundo. Elliot é na verdade Elizabeth! – Como ela sabe meu nome? – Uma bruxa coligada à Satanás que enfeitiçou o nosso navio, ludibriou os nossos olhos e nos enganou!

Ela sempre soube. Eu constatei, enquanto as minhas mãos tremiam em ódio, loucas para estrangular aquele pescoço alvo. Vadia manipuladora! Eu não consegui fazer nada além de lhe lançar um olhar mordaz, enquanto ela jogava ainda mais a tripulação contra nós. A impotência de não poder agir e refutar suas palavras fez meu sangue borbulhar em raiva.

Os piratas berraram ofensas intensamente e pela segunda vez naquele dia, Kassandra levantou a mão pedindo silêncio.

– Meus homens! A perda de Gibbons nos dói, mas não deixaremos essa escória sair impune. Seremos justos! Eles desacataram a cláusula 2ª ao assassinarem um companheiro em alto mar, a cláusula 4ª ao abusarem do recesso do cronograma e a cláusula 11ª ao adentrarem esse navio e esconderem a verdadeira identidade da bruxa! Aqueles que infligiram as regras, serão punidos com a morte.

Contraí tanto os meus dedos que mesmo com as mãos amarradas, minhas palmas ficaram com as marcas das minhas unhas.

– Por seus crimes no Barca de Caronte, eu capitã Kassandra Balthazar, sentencio Zachary e Elizabeth à morte pela prancha.

– SUA VAGABUNDA DISSIMULADA! – Gritei de cabeça erguida.

Eu me levantei altiva pronta para colocar meu corpo na frente de Zack. Kassandra me socou e sacou a espada, a apontando para meu amigo. Eu cai e fui erguida por algum pirata de cheiro asqueroso que me prendeu em seus braços enormes.

– O garoto vai primeiro! Eu tenho planos para Elizabeth! – Disse a capitã. – Eu quero que ela o veja morrendo. – Kassandra declarou com olhos gélidos.

– NÃO! – Eu gritei.

Um amontoado de marmanjos levantou Zack do chão. Ele se debatia nos braços dos gêmeos, tentando fincar os pés no chão e não se mover em direção à prancha. O garoto era forte, mas não o suficiente para enfrentar, de mãos amarradas, os dois gêmeos aterradores.

Eu me esperneei nos braços do infeliz que me segurava, desesperada por me ver livre e gritando xingamentos contra eles.

– DEIXEM-NO EM PAZ! SOLTEM-NO, SEUS DESGRAÇADOS! TRAIDORES!

Não houve um momento em que eu implorei pela minha vida, apenas desafrouxei a língua em ordens e insultos para que deixassem Zachary vivo. Eles o empurraram sem pudor, lhe golpearam novamente durante o trajeto fazendo o garoto cuspir sangue mais de uma vez. Sua aparência remetia a de alguém que havia visitado o reino dos mortos. Zack não parecia mais estar vivo.

No entanto, meu amigo tinha algo que eu ainda não podia exibir: coragem. Zack mesmo ferido e humilhado mantinha um semblante vitorioso, uma expressão que passava longe do medo. Diferente de mim que ainda não estava preparada para vê-lo morrer. Eu não queria perdê-lo e ainda não acreditava que aquilo estava preste a acontecer.

Prenderam uma bola de canhão nos pés de Zack e o colocaram na prancha, cutucando suas costas para que ele andasse sobre a tábua de madeira, até o fim. Até o mar. Até a morte.

– PAREM! PAREM, SEUS ORDINÁRIOS! PAREM!

Eu era a única que ainda resistia, porque Zack já estava conformado com sua própria sorte. Mesmo nos seus últimos instantes ele agia com nobreza e irritava os piratas ao extremo só por existir. O jovem Lackwood era um cavalheiro, como seu pai. Ele olhou por sobre o ombro uma última vez e sussurrou de maneira que só pude ler seus lábios.

Vai ficar tudo bem.

E então ele pulou da prancha. Não foi um desequilíbrio dos seus pés, foi uma decisão. Eu berrei em angústia, como se estivessem me cortando ao meio, enquanto os piratas riam da desgraça alheia, sabendo que não existia justiça no mundo que pudesse reverter aquela morte.

Meu corpo inteiro reagiu à queda de Zack. Eu me debati, esperneei, gritei, fiz tudo que estava ao me alcance para que eu pudesse me livrar daquele pirata imprestável e pudesse salvar Zachary. Ou ao menos tentar.

– Ainda tem a garotinha. – Um deles falou risonho.

Os olhares deles se voltaram para mim com cobiça.

– Por favor, capitã, nos deixe brincar com ela um pouco.

Eu fitei Kassandra que me analisava com um sorriso maldoso. A dor da perda e a raiva se encontraram dentro de mim, se alojando no fundo do meu peito como uma bomb prestes aa explodir. Seu efeito não foi tardio, impulsionei meu corpo e lancei a cabeça para trás com força.

Pude escutar o som do nariz do marujo se quebrando e sentir suas mãos me soltando para envolver seu membro machucado. O som da reclamação veio logo depois e foi uma pena não poder ouvir o resto, porque eu já havia começado a correr em direção à prancha.

Os outros notaram rapidamente que eu estava solta e tentaram me segurar. Sua presa e futura fonte de diversão foi rápida e esguia, eu não pretendia me deixar ser pega novamente. Saltei na prancha e corri sobre ela, ignorando o fato dela estar bambeando.

– Elizabeth não...! – Kassandra gritou.

– Vejo vocês no inferno, cretinos! – Respondi alto antes de pular no desconhecido.

O som do meu corpo entrando no mar não era reconhecível para mim, foram poucas as vezes que pulei de um lugar alto e mergulhei em algum local cheio de água. Apesar de já ter feito o mesmo em lagos e rios, a experiência foi completamente diferente. A única lembrança que envolvia estar dentro do mar, estava relacionada aos sonhos que se repetiam toda noite.

As bolhas começaram a sair da minha boca e eu me desesperei em segundos, lembrando que não sabia nadar direito e que muito menos teria uma superfície para me apoiar quando a minha respiração começasse a falhar. Os olhos ardiam por conta do sal e a profundida era suficiente para me causar pânico, me fazendo debater as pernas em busca da segurança da terra firme.

Consegui avistar Zack com facilidade. Ainda estava consciente, mas absorto demais em seus pensamentos melancólicos para me notar. Seu corpo estava muitos e muitos metros longe de mim, afundando com uma rapidez que eu nem sabia que era possível.

Eu tentei nadar no mesmo ritmo, mas não consegui acompanhá-lo. Só então eu percebi como havia sido impulsiva e seguido uma ideia idiota. Me agarrei ao pensamento de que ambos chegaríamos no fundo, de que eu teria tempo de soltar suas amarras e levá-lo de volta para a superfície. Era uma esperança – sem fundamentos e patética – que me impulsionava a continuar tentando, mesmo com as mãos amarradas.

De todas as sensações que eu imaginei sentir debaixo d'água, o calor nas pontas dos dedos dos pés e no tornozelo direito foi o mais inusitado. Calor? No meio do mar? Eu questionei. Mais essa agora, como se eu já não tivesse problemas o suficiente.

Nos primeiros instantes foi fácil ignorar a sensação estranha. Não era incômoda e lembrava o formigamento que se sente quando se mantêm numa mesma posição por muito tempo. Eu imaginei que iria passar e que eu morreria afogada antes de precisar me preocupar com aquilo, no entanto, a queimação permaneceu e se espalhou tornando-se intensa como labaredas.

Tomou primeiro minhas pernas, alcançou meu tronco até que todo o meu corpo havia sido conquistado por uma dor insuportável que borbulhava o meu sangue e me fazia questionar se eu já não estava morta queimando na pós vida.

Soltei todo o ar que ainda tinha disponível dentro de mim, sem entender nada do que estava acontecendo. Meu corpo se movia de dentro para fora, como se estivesse se virando do avesso. Meu coração retumbava incessante, pulsando sangue enlouquecidamente.

Quente. Quente. Quente.

Talvez eu tenha gritado em algum momento, mas como poderia ser ouvida debaixo d'água? Poderia alguém no mar ou na terra me ajudar? Nem nos meus piores pesadelos eu pensei ser capaz de suportar tanta agonia e aflição. Tudo que mantinha meu corpo junto parecia se repuxar e se modificar, deixando de ser uma coisa e se tornando outra. Ou revelando aquilo que eu sempre fui.

Minhas pernas começaram a se unir involuntariamente, minhas roupas – que já haviam se tornado trapos – se rasgaram, assim como as cordas que me prendiam. A pulseira, que eu havia colocado no meu tornozelo, se soltou, ladrilhando seu tom dourado e afundando para longe de mim.

Ansiei pela morte e contorci meu corpo angustiada para que aquilo acabasse logo. Quando fitei minha parte inferior, acreditando que não restaria mais nada além de cinzas, encontrei no lugar das minhas pernas pálidas uma cauda como a de um peixe gigantesco.

A dor foi diminuindo, acreditei que eu estava prestes a morrer e que desmaiaria a qualquer momento. Eu imaginei que soltaria meu último suspiro, mas aconteceu o inesperado. Eu pude respirar. Ainda estava viva.

Não consegui acreditar, fechei os olhos e me belisquei mais de uma vez até entender que as escamas verde-água translúcidas eram minhas.

Eu sou uma sereia...

Estiquei meu corpo para alcançar a pulseira, mas ela estava longe o suficiente para eu dar as minhas primeiras ondulações dentro d'água com a cauda. Agarrei o acessório e ele ainda estava fervendo a ponto de produzir bolhas. Fechei o bracelete no braço, com uma intuição de que seria necessário no futuro.

Bater as minhas barbatanas era natural como dar os primeiros passos, me mantinha equilibrada e era muito mais fácil que nadar com as pernas. Empurrei minha surpresa e a ânsia de me descobrir para o mais fundo de mim e gastei minhas forças em procurar Zachary que fora a verdadeira causa para eu ter pulado do navio.

Pude ouvir um suspiro, mas eu sabia que não era possível escutar algo tão claramente no mar. Eram os últimos pensamentos de Zachary e minha mente de alguma forma havia conseguido captá-los. Eu os segui insaciável pela vontade de salvá-lo.

Seu corpo estava bem longe, mas a minha cauda nova me fazia rápida como uma bala de canhão atirada no mar por acidente. Eu logo visualizei, Zack. Ele se assustou, soltando todo o ar que restava pela boca. Seus instintos lhe diziam que eu era algum tipo de tubarão ou peixe assassino.

Eu agarrei seu rosto com as duas mãos para que ele pudesse me ver e entender que era eu. Sua companheira. Zack esbugalhou os olhos verdes em surpresa e eu sorri ao notar que ainda tínhamos uma chance de permanecer vivos.

Soltei-o e passei a analisar a algema em seu tornozelo que o prendia à bola de canhão. Eu sabia que era inútil tentar quebra-la com minhas mãos frágeis, mas não pude impedi-las de voarem no objeto de ferro. Espantada, notei que ao torcer os cantos da algema, o ferro obedeceu a mim. Então agora eu também sou forte? Me questionei encarando as palmas das minhas mãos.

Quando minha atenção voltou para Zack, percebi que ele revirava os olhos.

Ar, eu preciso de ar! Sua mente dizia.

O garoto estava quase desmaiando. Passei meus dedos por entre as cordas que prendiam seus pulsos, arrancando-as dele e permitindo que ele ficasse livre. Passei meus braços por debaixo de suas axilas e nadei desesperadamente para a superfície. O processo de retorno levou poucos segundos e o curto tempo foi decisivo para o resgate de Zack.

Alcançamos a borda do navio, para nossa surpresa. O garoto puxou o oxigênio como quem tem sede e encontra água doce. Para mim, a situação foi diferente, o ato de respirar fora d'água que era tão simples, me sufocou. Era como ingerir veneno.

Fiquei atordoada e dessa vez foi Zack quem precisou me segurar e tentar se agarrar ao navio ao mesmo tempo.

– São eles, capitã! – Alguém gritou.

– Tragam-na pra mim! TRAGAM-NA PRA MIM AGORA! – Ouvi Kassandra ordenar.

Os piratas tentaram incessantemente nos colocar para dentro do Barca de Caronte, mas não conseguiram. Foi a capitã que nos ergueu com suas habilidades e nos colocou no centro do convés. Éramos mais uma vez tripulantes do Barca de Caronte.

3393 palavras

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