Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 1

 Quando a gente está prestes a cometer algum erro sentimos isso em nosso íntimo. Por alguma razão estranha eu sempre soube que eu havia sido um. Alguém, quando me criou errou muito, muito feio e quando esse tipo de coisa acontece é difícil seguir o caminho certo.

Adoraria poder contar a história por completo. A minha história. O único problema é que eu nunca soube como ela começou. No dia 1 de julho de 1700, eles me encontraram nas docas, com uma manta leve sobre os ombros bordada com o nome Elizabeth Drummond. Pensaram que eu estivesse morta. O frio deveria ter me congelado, a água deveria ter me afogado, a fome deveria ter me matado, mas, de novo, algum erro da natureza me manteve viva.

Presumiram que eu tivesse entre 2 a 3 meses na época e um dos pescadores que me encontrou, levou-me direto para sua casa. Por ironia do destino sua esposa, extremamente católica, era estéril. Meu encontro os levou a crer que eu fosse uma benção para recompensar a falta de filhos.

Na época, a pesca não era um ramo muito bom para se seguir. O casal pobre de portugueses recebeu um convite da irmã mais nova de Cora, que havia se casado recentemente e começara a trabalhar para um rico e viúvo burguês. Precisavam de servos na mais nova e rica propriedade da ilha e eles não pensaram duas vezes ao aceitarem a proposta.

Eu tinha cinco anos quando nos mudamos. Cora e Pedro Salazar foram para todos os efeitos meus pais e para todos os efeitos, eu era filha deles. Foi assim que fui apresentada para Zachary. Ele era o filho do chefe dos Salazar e como em um curto período de tempo Pedro, meu pai, se tornou intimamente ligado ao sr. Lackwood, o garoto e eu fomos criados como irmãos, mesmo com a escancarada diferença social.

Nunca me esqueço da minha chegada à propriedade dos Lackwood. Eu era pequena, mas nós nunca nos esquecemos da primeira vez que vemos algo magnífico, certo? Toda a vegetação, desde a primeira estaca da cerca até a última, era verde e muito bem tratada. A temperatura era muito mais fresca à da vila, devido à altitude, e tudo que era plantado naquele lugar florescia fácil. O mar parecia engolir as casas no pé da montanha. Parecia que tudo era invertido naquele lugar. A aldeia que me parecia grande ficava pequena e o mar que sempre me pareceu ter só um horizonte era muito mais vasto do alto.

Essa era a vista que eu tinha do quarto que eu dividia com meus pais na sede e foi à vista que tive quando minha mãe me acordou naquele dia, catorze anos depois de me encontrarem no mar.

- Ellie? – A voz bruta dela me chamou. – Zack está na porta lhe esperando.

- Que horas são? – Resmunguei.

- 4 e meia. – Ela tirou as cobertas do meu corpo me fazendo estremecer.

- Mamãe! – Reclamei.

- Vamos, ele está com pressa.

- Eu não estou. – Respondi com voz de sono. Cora riu com meu atrevimento.

- Ah meu Deus! Você ainda está na cama! – Zachary havia entrado no quarto. Puxei rápido o cobertor das mãos de minha mãe e corei.

- Ei! – Gritei.

- Esqueceu-se do que combinamos? – Ele perguntou. – É seu aniversário! – Disse entusiasmado. – Não vai se levantar?

- Se você sair e deixar eu me trocar...

- Até parece que nunca a vi de camisola.

- Zachary! – Joguei o travesseiro em sua cabeça. – Saia daqui! – Ele riu se retirando do quarto.

- Camisola?! Elizabeth! Sabes que não pode ficar somente com roupas íntimas na frente de um homem! – Cora comentou quando o garoto saiu do aposento.

- Estávamos brincando no rio e... Mamãe. É o Zachary. – Respondi enquanto me vestia colocando o vestido florido e simples.

- No rio, Elizabeth?! Você andou me desobedecendo de novo, menina?! – Ela repreendeu. Droga! Praguejei mentalmente enquanto espremia os olhos me recriminando por ter dito aquilo. – E olha esse vocabulário! Esse não é o tipo de coisa que eu lhe ensino!

- Eu falei alto? – Murmurei para mim mesma e amaldiçoando minha boca por sempre me trair.

- Você não tem jeito, Ellie! Não tem mesmo! – Ela reclamou.

- Mamãe, foi um passeio bem rápido. Eu juro pela minha alma que foi só uma vez. Todos os meninos da aldeia estavam no rio, eu não podia perder. Além do mais, você sabe que eu e Zachary fomos criados como irmãos. – Falei, ignorando o fato de ter mencionado os outros meninos da aldeia e rezando para que ela também não percebesse. Cora suspirou.

- Querida, ele já vai completar 17 anos. – Ela acariciou meus cabelos ruivos compridos e segurou meu rosto fazendo-me olhar para ela. Os olhos castanhos escuros e cuidadosos. – E você faz 14 hoje, já é uma moça, em breve será uma mulher. Não pode andar por aí como se fosse um menino maltrapilho.

- A senhora o conhece melhor do que eu. –Foi o suficiente para ela ficar calada.

- Se você continuar desse jeito, eu nunca vou conseguir lhe casar com ninguém. Principalmente se ficar de camisola na frente de todos os meninos da aldeia. Vão pensar que você não tem mãe ou coisa pior. – Revirei os olhos. Como se eu me preocupasse. Desvencilhei-me de suas mãos e me direcionei a porta. – Não se esqueça de retornar antes das 8 horas para me ajudar na cozinha. Toda vez que você sai com Zachary parece se esquecer do resto do mundo.

- Tudo bem. – Disse rindo.

Eu sabia qual era a opinião da minha mãe em relação as minhas andanças com Zachary. Na cabeça dela eu estava me tornando total e completamente masculinizada e perdendo aspectos femininos que uma dama obrigatoriamente deveria ter e aquilo com certeza era um problema para me arranjar um casamento. Saí do quarto pequeno e me bati com o garoto na porta do cômodo.

- Demorou.

- Olha a hora que você me acordou. Estou morrendo de sono.

- Temos que sair cedo antes que meu pai perceba que não estou em casa.

- Por que está fugindo do seu pai?

- Eu te conto no caminho.

- Não estou gostando dessa história.

Eu adorava o Sr. Lackwood, ele era uma pessoa na casa dos 40 anos e que aproveitava sua idade de uma forma generosa e alegre. Quando a esposa faleceu, resolveu dar atenção total a seu filho único e deixou Londres, sua terra natal, para ficar longe da sociedade rica e gananciosa. Ele costumava trabalhar no mar, com negócios embarcados, Zachary dizia que ele viajava muito antes de se aposentar e se mudar para Açores, Ilha das Flores. Eu nunca me aprofundei na história do dono da fazenda.

O Sr. Lackwood exigiu aos meus pais que eu tivesse aulas junto a Zack. Ele dizia que uma vida sem educação não valia nada e eu nunca discordei. Meu pai hesitou ao convite dele, mas minha mãe não pensou duas vezes. Acho que ela, que mal sabia escrever o próprio nome, viu uma oportunidade de aprimorar a única filha e quem sabe casá-la com alguém com condições melhores. Ela dizia "Esses grandes olhos azuis já chamam atenção por si só, imagine se ela souber o que dizer na frente de um pretendente? Será perfeita e terá uma vida boa e blá blá blá". Minha mãe era ambiciosa e se esquecia que eu continuava sendo somente uma criada. Não passava pela cabeça dela que quem era de sangue azul só se casava com sangue azul. Além do mais, eu não criava expectativas quanto àquilo naquela época, até porque, eu só tinha 14 anos.

Minhas aulas deveriam ser diferenciadas das de Zachary. Eu deveria aprimorar algum dom que servisse de entretenimento e auxílio econômico ao meu futuro marido. Zack deveria estudar disciplinas voltadas para a política e economia. Contudo, o Sr. Lackwood, nunca tinha ensinado nada a uma garota e nem tinha tempo de ensinar em diferentes horários, então eu e seu filho estudávamos as mesmas coisas.

Devo dizer que minha mãe era totalmente contra aquilo. Ela não permitia que eu aprendesse esgrima e nem qualquer outro tipo de arte marcial, o Sr. Lackwood foi obrigado a concordar. Mas, quando ninguém prestava atenção, Zachary pegava as espadas escondido e me ensinava tudo o que aprendia com o pai.

Naquele dia, Zachary seguiu pela casa silenciosa apressadamente. Atravessamos a mansão de uma ponta à outra, sem nem observar os quadros valiosos, os lustres e a mobília amadeirada sofisticada. Nós nunca nos importávamos muito com aquilo. Havia alguns criados de pé organizando a cozinha, iniciando suas atividades dentro e fora da sede. Enquanto isso nós seguíamos para o estábulo.

Havíamos planejado aproveitar o clima ameno que a semana estava tendo devido ao verão. Algum tempo cavalgando, um piquenique simples e uma volta tranquila para a fazenda a tempo de assistir as aulas do Sr. Lackwood. Esse era o nosso roteiro.

Assim que chegamos lá percebi que ele havia selado somente um cavalo e não dois como eu havia imaginado.

- Não vou cavalgar hoje?

- Não. - Ele respondeu me ajudando a subir no animal de pelo negro.

- Por que não?

- Porque eu quero fazer uma surpresa a você. – Ele disse tirando do bolso da calça uma bandana. – Coloque.

- Por quê? – Questionei confusa.

- Apenas coloque.

- Você está todo misterioso esta manhã. – Resmunguei colocando o tecido grosso sobre os olhos e amarrando atrás da minha cabeça.

- Eu sei. - Ele sorriu, pude perceber pelo tom de voz. – Não trapaceie.

- Eu nunca trapaceio. – Reclamei.

- Hmrum. – Ele murmurou irônico enquanto terminava de se aprontar. Não demorou e ele estava sobre o cavalo também, atrás de mim e guiando Torrão a sair da pequena construção.

- Eu espero que onde quer que você esteja me levando tenha comida. Estou com fome.

- Você pode ficar quieta por um instante? Estou tentando não lhe derrubar. .

Zachary era exatamente o tipo de pessoa que toda moça deveria ter por perto. Ele podia ser qualquer coisa: meu melhor amigo, meu irmão, meu guardião. Acho que aquela era a única razão para minha mãe me deixar passar o tempo com ele, sabia que podia confiar no garoto. Isso e o fato de eu ser a única companhia de idade semelhante na fazenda, aquilo influenciava diretamente meus estudos e como mencionei minhas chances de casar.

- Para onde estamos indo? – Perguntei.

- Eu já disse, é surpresa.

- Não pode me dar uma dica?

- Não.

- Você é insuportável, Zachary. – Resmunguei.

- Você me diz isso todos os dias. – Se eu não tivesse vendada teria revirado os olhos.

- Estamos muito longe?

- Para quê quer saber? – Zachary perguntou em tom irritante.

- Zack, por favor.

- Mais cinco minutos. – Ele disse risonho.

Depois disso não questionei de novo, fiquei em silêncio, pois eu sabia que ele não diria mais nada. Concentrei-me em apenas escutar os sons matutinos, o barulho da silva alta balançando com o vento e os trotes do cavalo negro. A brisa fria da manhã batia em meu rosto e o cheiro tornou-se cada vez mais marítimo à medida que o animal cavalgava mais rápido. Em pouco tempo percebi um som diferente, algo que eu conhecia bem, mas que não tinha tanto contato. Torrão parou de trotar alguns minutos depois e Zachary desceu do cavalo.

- Deixe-me ajudá-la. – Foi mais uma ordem a um pedido, no entanto eu não prestei atenção naquela atitude, era típica dele. O garoto segurou minha cintura, me tirou de cima da sela e segurou minha mão me guiando. – Pronto. – Ele disse e tirou a venda dos meus olhos.

- Zack...

Estávamos no alto de um dos penhascos de Ilha das flores que dava a mesma vista de mar aberto do meu quarto. Havia também um pequeno coreto de estrutura quase que atemporal. As colunas e a cerca eram de ferro, contudo, todo o resto era de madeira, até os pequenos degraus. O nascer do sol ao fundo deixou o lugar com um aspecto mágico. Como se qualquer coisa fosse possível.

No centro, ele havia colocado uma toalha branca sobre o piso e tinha enchido com comida de todos os tipos, um luxo que os criados não tinham. Os talheres eram de prata e as louças de porcelana, objetos que eu só tocava para servir aos Lackwood. Tinha um pequeno jarro com flores de campo e as mesmas flores haviam sido colocadas entre os detalhes das colunas de ferro do coreto.

- Você deve ter acordado bem cedo. – Murmurei.

- Eu acho que nem dormi. – Ele sorriu. – Você gostou? – Zachary olhou apreensivo para mim.

- Minha mãe não vai gostar de saber que você me trouxe para perto do mar. – Falei espontânea.

- Você não gostou...

- Não! Eu amei! – Exclamei apressada. – É que... Bom, você a conhece...

- Ainda tem pesadelos?

- Eles nunca vão embora, sabes disso.

Quando eu tinha cinco anos, no ano em que me mudei, sonhos estranhos relacionados à água apareciam em minha mente todas as noites. Não sei se sempre tive aquelas imagens e apenas as percebi mais velha ou eles começaram naquela idade, eu só sabia que os sonhos me atormentavam até aqueles dias recentes. Algumas vezes eram tão vívidos que meus pais acordavam no meio da noite por causa dos gritos.

Naquela idade eu havia parado de chamar aquela situação de pesadelo, porque o que me assustava mais nova, a sensação de afogamento, se tornou algo familiar. Quanto mais velha eu me tornava, menos medo eu tinha. O Sr. Lackwood havia se oferecido para conversar comigo sobre os sonhos e havia me ensinado a não temer eles, a entendê-los e tentar descobrir o que eles poderiam vim a significar.

Sabendo que tudo que envolvia água me assustava durante a noite, meus pais me afastaram de qualquer ideia de mar ou rio na minha vida real. Eu não podia ir à praia, nem podia tomar banho no rio como Zachary muitas vezes fazia com algumas crianças da aldeia.

Estranhamente, ao mesmo tempo em que temia o mar, eu era fascinada por ele, de uma forma que eu não conseguia explicar.

- Por que comentou sobre a camisola? Minha mãe faltou ter um ataque cardíaco hoje pela manhã quando soube que você já me viu só de peças íntimas.

- Que bobagem! – Zachary riu. – Pode comer o que quiser, é tudo seu.

- Obrigada. – Agradeci enquanto continuava a história e me sentava sobre a toalha. – Minto, foram dois ataques cardíacos, o segundo quando ela descobriu que fui com você até o rio. – O garoto riu de novo. Ele tinha uma risada espalhafatosa e eu sempre acabava gargalhando dele ao invés das coisas que dizia. Eu nunca fazia isso na frente de minha mãe, ela dizia que as mulheres deveriam sorrir delicadamente. - Como encontrou esse lugar? – Questionei. Ele parou de rir e iniciou a explicação.

- Sempre soube, eu só não podia te trazer aqui. – Zack disse. Comecei a servir o chá nas xícaras de porcelana. Já era instintivo.

- Continua sem poder eu creio. – Comentei.

- Quando morávamos em Londres, tinha um coreto igual a esse no jardim de nossa casa, era o lugar preferido da minha mãe. Quando nos mudamos pra cá, meu pai construiu um coreto igual em homenagem a ela. – Entreguei o chá para ele. – Obrigado. É pra cá que eu venho quando quero ficar sozinho.

- Isso explica seus sumiços.

- Você pode vir para cá se quiser.

- Minha mãe me mataria se descobrisse.

- É só guardar segredo. – Ele propôs.

- Mais um? – Questionei, fazendo-o rir.

- Sim.

- Já imaginou como ela ficaria se soubesse que você me ensina a lutar?

- Já imaginou como ela ficaria se soubesse que eu lhe dei um punhal de presente de aniversário?

- Hmrum, espera... O que? – Ele riu de novo da minha expressão confusa e foi até o cavalo. Tirou da bolsa lateral à cela um objeto envolto de um tecido marrom. – Você só pode estar brincando.

- Abra. – Ele disse animado.

Desenrolei o presente e contemplei a arma cortante e afiada em minhas mãos. O material da lâmina me parecia ser de damasco e o cabo era de todo difícil de afastar os olhos. A base era feita de madeira, percebi pela firmeza, mas possuía detalhes dourados em forma de linha que rodeavam o cabo e no centro uma esmeralda circular. Não era só um punhal era uma joia de altíssimo valor.

- Era da minha mãe. Está gravado o nome dela, veja. – O nome Sophia Lackwood brilhou contra a luz do nascer do sol. – Meu pai me deu quando eu era criança, disse que existe uma história sobre o objeto. Algo sobre proteger as pessoas de maldições e dos males do mundo. Ele nunca foi mais a fundo que isso.

- Zachary, e-eu não posso aceitar...

- É claro que pode.

- Mas... – Eu estava nervosa. Eu sentia que não devia ter aquilo em mãos. – E se alguém descobrir? – Zack riu.

- É só um presente, Ellie.

- É um punhal!

- Que eu estou lhe dando, qual o problema nisso?

- Se minha mãe encontrar... – Comecei a falar, fazendo Zachary revirar os olhos.

- Eu direi que eu lhe dei em motivo do seu 14° verão. – Aquilo também me protegeria das possíveis ideias de roubo que poderiam recair sobre mim. Minha visão nublou.

- Obrigada. – Sussurrei, com a voz embargada e apertando o objeto contra o peito. – Por que está me presenteando com esse punhal? – Ele sorriu.

- Eu e meu pai a estimamos muito. – O garoto admitiu.

- Mas, vocês nunca me deram nada tão precioso de aniversário. – Lembrei-o. – O que há de diferente nesse ano? – O moreno suspirou.

- Temo pela sua proteção e acredito que talvez não esteja sempre por perto para garantir que esteja a salvo.

- A salvo de que? – Perguntei. - Do que está falando, Zack? – Questionei com a testa franzida e me lembrei do quão rápido ele me levou para fora da mansão. – Tem a ver com o fato de estar fugindo do seu pai essa manhã? – Ele assentiu com um gesto de cabeça. A expressão do rapaz endureceu.

- Os planos de meu pai em relação a mim mudaram nesses últimos dias. – Zachary murmurou. Fixei meus olhos nele esperando uma explicação melhor. – Você sabe, vou fazer 17 em cerca de um mês. Ele acredita que eu tenho tido atitudes juvenis para a minha idade, então pretende acabar com meus dias de criança e me encaminhar para Londres, para terminar meus estudos sobre política e me tornar um homem. A melhor parte é a em que encontro uma noiva antes de partir.

- Uma noiva? – Perguntei assustada. De todas as coisas que ele falou aquela foi a que mais me captou, antes mesmo da ideia de Zachary deixar Ilha das Flores assentar em minha cabeça.

- Acho que essa é a parte que menos o preocupa, Ellie, já que ele pretende me arranjar uma moça antes de minha partida.

- E como ele planeja fazer isso tão rapidamente?

- Com um baile no meu aniversário.

Juntei minhas mãos as torcendo nervosamente. Eu não julgava o pai de Zack, eu também colocaria muita fé na ideia de arranjar um noivado para o rapaz em somente uma noite. Ele era rico, inteligente e bonito. Os olhos verdes escuros eram perspicazes, ficavam a par de tudo rapidamente, mas eram também humildes e gentis. Os cabelos castanhos eram lisos e finos, e se moviam da mesma forma que a relva com o vento. Já era um garoto alto para alguém que só tinha 16 anos e apesar de ser magro não era desengonçado como os muitos outros meninos de Fajanzinha.

Eu sei. Prestava atenção demais nele, entretanto era difícil não o fazer. Fomos criados juntos, quase como irmãos. Eu quase nunca pensava no momento que deixaria a mansão com um marido e um sobrenome mudado, porque eu sabia que teria de me despedir de tudo o que amava e em principal do meu fiel escudeiro e companheiro. Mas, eu também não sabia que teria de me despedir do último tão brevemente.

Ele se deitou sobre o piso de madeira e eu o vi com uma expressão entristecida. Não estava sendo do jeito que nenhum de nós dois havia planejado.

- Eu queria ter outro destino. Servir em algum exército, viajar e conhecer o mundo, explorar novas terras selvagens ou... Não sei, quem saber ser um pirata. – Revirei os olhos.

- Você provavelmente morreria de febre ou com a peste negra antes mesmo de tocar na espada. – Falei.

- Qualquer coisa seria melhor que me casar com uma desmiolada idiota. – Ele suspirou.

- Ah Zack... Eu sinto muito. – Falei desistindo da cesta de piquenique e me entretendo com uma mecha de cabelo sobre meu olho. – Você ainda tem sorte, ao menos vai poder escolher. Vou ter bodas com o primeiro pobre coitado que cair nas artimanhas da minha mãe. – Resmunguei.

- Não se esqueça de que ele terá de ser rico. – Zachary lembrou me fazendo soltar um riso abrupto.

- Ah! É claro. E no mínimo um lorde. – Falei.

Zachary riu.

- Eu gostaria de noivar com uma menina parecida com você, Ellie. Pelo menos, você não parece ser frívola como as outras. – Meu rosto corou e ficou no mesmo tom dos meus cabelos rebeldes.

- De certo não a aguentaria na primeira semana. Ela não saberia cozinhar e não entenderia o básico de medicina. Os dois vão morrer de fome e doentes.

- Ellie, eu disse parecida, não igual. – Arqueei minhas sobrancelhas surpresa por suas palavras. Levantei-me rapidamente.

- Ela, de certo, também não saberia manejar uma arma igual a mim. – Desferi um golpe no ar com o punhal e tropecei em meus pés, caindo. Zack gargalhou altamente ainda deitado no chão.

- De certo, não saberá fazer igual a você. – Ele disse. Suspirei e me deitei de uma forma mais confortável, assistindo junto ao garoto o nascer do sol.

- Odeio ser mulher. Odeio o que vou ter que passar quando for mais velha. – Revelei. – O que vou fazer sem você aqui Zack? Quem vai me ajudar a esquecer disso, quando você se for? Quem vai me proteger da minha mãe? Quem vai me proteger da ideia de casamento?

Zachary virou a cabeça para me fitar e deu um sorriso triste.

- Você vai se proteger. – Ele disse. – O casamento não é bem o problema, Ellie, mas os flertes e os perigos que eles trazem para você. Os homens, são apressados, não gostam de esperar pelo matrimônio. – Ele aconselhou.

- Não gostam? – Perguntei confusa.

- Não. – Ele riu. – Você ainda é inocente, talvez um dia entenda. – O garoto disse. – Já vi muitas coisas acontecerem com garotas da sua idade, não quero que aconteça com você. Arruinar-lhe-ia e eu me vejo no dever de cuidar de ti. – Ele admitiu. – Eu não vou estar perto sempre para protegê-la, mas as coisas que você aprender com esse punhal vão. Toda vez que olhar para ele, se lembre de mim. Vai ser como se eu estivesse ao seu lado. – Apertei o cabo do punhal com força e assenti. Zack sorriu e se sentou. – Vamos, terminemos de comer o que há na cesta e vamos treinar com seu presente novo.

- Minha mãe quer que eu volte antes das oito.

- Você vai obedecê-la?

- Você sabe que não. – Ele entreolhou-se comigo e ambos gargalhamos.

1º de julho. O primeiro dia da metade do ano. Meu aniversário. Zachary indo embora da ilha. Eram tantos recomeços e nós não tínhamos noção de como as coisas iriam mudar.

3851 palavras

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro