Luka estava sozinho no hotel de uma cidade diferente de Paris. Ele tocava sua guitarra como uma tentativa de liberar suas emoções tão complexas e misturadas naquele momento. Faziam apenas dois dias desde que o jovem deixara sua amada cidade e mesmo seu país para trás, tudo para manter em segurança o segredos dos super-heróis Lady Bug e Chat Noir. E o que isso lhe custou?

Desde que conheceu Marinette Dupain Cheng sua vida teve um giro completo de 360 graus, um turbilhão de coisas aconteceram com o adolescente. Ele se apaixonou, ganhou poderes concedidos pela heroína de Paris, teve seu coração partido, descobriu que seu amor na verdade possuía muitos segredos, e o principal deles é que ela era a portadora do miraculous da joaninha, além de também saber sobre a identidade de Chat Noir, o primeiro interesse romântico de Mari, Adrien Agreste. Luka não sabia ao certo como se sentir sobre isso, mas com o decorrer do tempo ele entendeu que não poderia ficar com a garota que amava, porque ela já era destinada a outra pessoa, a um de seus amigos, e tudo o que sobrou para o pobre rapaz foi observar de longe o desenrolar do romance, apoiar quando necessário e consequentemente, auxiliar Lady Bug quando ela precisasse. Mas era tão cansativo, fingir que ele estava bem, que não lhe doía o peito ver alguém por quem nutria um sentimento tão forte como o amor sendo levada por um amigo inclusive. Era quase sufocante quando Marinette vinha lhe pedir conselhos sobre como se aproximar de Adrien, ou quando Lady Bug fingia não lhe conhecer.

Ele se ocupou demais antes tentando ser gentil e ajudar a todos, absorvendo mais problemas do que conseguia lidar, e agora longe de tudo ele finalmente pôde pensar direito e colocar para fora sua frustração e sensação de injustiça. Quer dizer, ele fez tanto por tanto amigos, pela cidade, pelos heróis, e porque ficou com esse final triste, porque teve que abandonar sua família, sua banda, seus sonhos em Paris por assumir a responsabilidade de outros?

Luka suspirou, depois de tocar a manhã toda ele decidiu que já estava na hora de respirar um ar fresco e sair antes que se afogasse em mágoas. Ele pegou o celular e mandou mensagem para Penny avisando sobre dar uma volta , afinal ele estava em Miami Beach, uma das cidades mais bonitas da Flórida, o mínimo que podia fazer para esquecer um pouco seus problemas era dar uma caminhada pelas ruas, talvez uma volta na praia?

Ele decidiu pensar no que fazer enquanto saía do quarto. O jovem desceu o elevador e andou calmamente pela recepção.

E foi quando de repente ele coincidiu com um outro rapaz que andava carregando muitas caixas, o suficiente para lhe cobrirem o rosto e consequentemente a visão. Ambos os meninos caíram com a colisão e as caixas se espalharam pelo chão do hall de entrada.

- Ai caramba - O rapaz murmurou em um idioma que Luka não conseguiu identificar de primeira - Me desculpa, você tá bem? - Logo depois ele perguntou em inglês. O rapaz era rápido, já tinha se levantado e até mesmo ofereceu a mão em ajuda ao parisiense, que aceitou de bom grado.

- Eu tô bem sim, e você não se machucou? Estava carregando muitas coisas - Luka comentou com um sorriso simpático, logo recolhendo algumas caixas perto de si. Felizmente ele falava inglês fluentemente por conta de seu pai e os intercâmbios que já fizera, então a comunicação foi tranquila.

- Sem problemas amigo, eu sou de aço - Ele riu radiante, em seguida puxando barra da calça que estava usando e mostrando uma prótese do lado esquerdo - Literalmente.

- Ah - Luka ficou, intrigado, ou melhor, encantado com o sorriso do jovem. Logo os dois continuaram a recolher as muitas caixas no chão. E Luka usou a oportunidade para observar os traços do garoto. Ele era minimamente mais baixo que o parisiense , tinha a pele escura com o brilho do sol, um bronzeamento natural. As orelhas eram furadas, tinha uma fina cicatriz no canto da boca e olhos castanho claros, lembravam amêndoas. O cabelo era raspado nas laterais, mas os cachos em tons diferentes de castanho eram lindos.

- Eu tava fazendo umas entregas aqui nesse hotel, e você? Não vai me dizer que tá hospedado aqui?

- Na verdade sim - Luka respondeu empilhando as caixas. Ele riu quando o moreno o encarou de boca aberta - O que foi?

- Meu Deus, cara esse hotel é tipo o mais famoso de Miami!  Fontainbleau é só pras celebridades! Para os VIP's e a nobreza das mídias! Você por acaso em alguém famoso?

- O quê? - Luka riu das expressões exageradas de admiração do garoto, estava se divertindo com o rapaz e seu jeito bastante gestual e expressivo. Ele.... lembrava um pouco um certo alguém, mas ao mesmo tempo não.

- Já sei! Você tem cara de músico! Se bem que com uma aparência bonita dessa facilmente poderia ser um ator de filmes! - Luka ficou levemente envergonhado com o elogio.

- Não é nada disso, bem eu gosto de música então você tem um palpite muito bom. Mas na verdade eu tô acompanhando meu pai em uns shows que ele tá fazendo pelo mundo.

- Quem é seu pai? - O moreno comentou com os olhos brilhando em curiosidade enquanto deixava as caixas no balcão da recepção.

- Bem-- De repente um estrondo alto ressoou do lado de fora e logo seguido de gritos e pedidos de socorro.

Pessoas saíam e entravam pelo hall pedindo ajuda e gritando sobre um monstro gigante atacando a cidade.

- O que foi isso?! - Luka perguntou preocupado. Será que, talvez, Monarca teria ido longe para descobrir sobre Lady Bug e Chat Noir ao ponto de segui-lo até outro país? E se as pessoas estivessem em perigo por sua causa? Não tinham miraculous ou heróis em Miami que pudessem ajudar naquele momento. Então ele precisava agir para o bem de todos.

E Luka realmente estava decidido a sair do hotel e encarar o perigo de frente. Ele correu até a entrada e se deparou com o suposto "monstro". De alguma forma, ele tinha uma energia e aparência similares a um akumatizado, mas ao mesmo tempo, não tinha. Era um hambúrguer gigante robô que transformava todos que tocava em um tipo de molho estranho.

- Curvem-se diante do rei dos hambúrgueres e seu molho especial! Vamos ver se terão coragem de zombarem do meu molho agora! - O robô gritou furioso.

- Ei cara! Você ficou maluco?! O que tá fazendo aqui fora?! Entra! - O jovem entregador apareceu ao lado de Luka e o puxou para trás, mantendo ambos em segurança novamente dentro do prédio - Esse cara foi plumerizado! Quer morrer se jogando na frente dele assim?

- Plumerizado?

- Você não é daqui né?

- Eu não tô entendendo.

- Não precisa entender! Olha, não se preocupa que daqui a pouco o Jaguar vai chegar e resolver tudo! Mas enquanto isso, você fica aqui! - Disse agarrando o pulso do parisiense e o colocando em um quarto qualquer do primeiro andar, o mais perto que suas pernas aguentaram subir nas escadas - Eu preciso ver as outras pessoas lá embaixo, e você não sai daqui e se mantém seguro até o herói chegar, ta bem?

- Eu não vou ficar aqui enquanto você vai lá pra baixo sozinho, eu posso ajudar também e... - Se Luka ao menos estivesse com seu miraculous em mãos.

- Amigo, eu prometo que explico melhor depois pra você, mas agora realmente não pode sair daqui, okay? - O jovem segurou em ambos os ombros de Luka e olhou fixamente no fundo dos olhos azulados.

- Okay...

- Ótimo, não sai daí garoto lindo! - O moreno disse histérico e preocupado fechando a porta em seguida. Os passos aos poucos foram diminuindo, mostrando que o rapaz já não estava mais no andar.

- Porque será que eu... sinto um déjà vu?