Prólogo
Everything's gonna be alright
Everything's gonna be okay
It's gonna be a good, good, life
That's what my therapist say.
~I'm a Mess- Bebe Rexha
Sabe aquela sensação de tédio/tristeza que todos sentimos quando chega as 18h de um domingo? Pois é, ainda era quinta feira e eu já me sentia assim. Era a minha última entrevista de emprego do dia (sinceramente, depois de ter recebido 20 “nãos”, eu já deveria ter desistido). Senti meu estômago revirar de fome (ou talvez ansiedade, eu já nem sabia de mais nada), eu só desejava sair daquele pesadelo logo e... a porta se abriu, endireitei a postura e um homem de terno saiu de dentro da sala.
-Mandaremos a resposta por e-mail. Ainda está sendo avaliada. Obrigada, senhorita, Clara! -Assenti com a cabeça e esperei a porta da sala bater. Fui saindo do escritório pensando na reposta que acabara de receber.
Não poderia ser tão ruim, não foi um não de cara, foi um “pensaremos se você tem habilidade suficiente para trabalhar como jornalista da nossa revista”. Incrível! Vai dar certo, Clara! Precisa dar certo...porque eu só pensava como conseguiria arrastar todas as minhas coisas para de baixo da ponte.
Assim que cheguei na porta, senti alguns pingos de chuva, não, não e não! Não poderia começar a chover naquele momento! Eu não tinha como pedir um Uber já que meu celular havia descarregado e não havia nenhum taxi por perto. Para piorar, eu iria estragar minha roupa novinha em folha.
Como eu não tinha muita opção, apenas sai correndo na chuva, era a única forma de chegar mais cedo em casa.
Pior dia da minha vida!
[...]
Eu já estava em casa, molhada da cabeça aos pés. A chuva caiu para valer logo que coloquei o pé na rua.
Assim que a porta se abriu, entrei e observei minha gatinha me esperando.
Olhei para o pote de água, estava totalmente vazio. Até no papel de mãe de pet eu estava falhando ultimamente.
Enchi o potinho com água e coloquei para ela beber, que logo veio desesperada de sede.
-Desculpa, Hermione..., mas hoje foi um dia difícil. - Fiz um carinho. Às vezes eu desabafava com minha própria gatinha, e sinceramente no fundo eu sentia que ela me entendia.
Sentei no chão ao lado dela e comecei a refletir.
Desde que eu terminei meu último relacionamento, minha vida desandou totalmente. Eu e Lucas tínhamos tantos planos, que às vezes me pego pensando como estaria minha vida hoje em dia. Será que nós já teríamos filhos? Moraríamos realmente no apartamento que mais gostamos?
Suspiro.
Não gostava muito de pensar ou imaginar minha vida com Lucas, pelo menos não depois da traição. Mas as vezes eu me permitia. Já faziam 2 anos e eu ainda não havia recomeçado minha vida. O que eu estava esperando?
Depois de tudo, eu havia resolvido deixar meu coração no modo avião, e desde então nunca mais me relacionei com ninguém.
Ouço o telefone fixo tocar (sim, eu era careta a ponto de ter um telefone fixo em pleno 2024!)
Corro para atender.
-Alô? -Falo.
-Credo, Clara! Nunca imaginei ter que ligar para o seu telefone fixo, o que aconteceu com o seu celular? -Era Luisa, minha melhor amiga. Como sempre julgando, questionando, mas nunca falando o que realmente importa.
-Obrigada, Luisa, estou bem! -Ironizei e ouvi sua risada do outro lado da linha.
-Tudo bem, não precisa responder. Só quero te dizer que estou na portaria e irei subir porque trouxe o jantar! Tchauzinho, baby. -E logo, desligou.
Outro ponto de Luisa é que ela não funciona de uma maneira padrão. É simplesmente uma caixinha de surpresa, o que particularmente eu detesto na maioria das vezes.
Levantei-me do chão e fui abrir a porta para Luisa.
-Cheguei...-Ela disse animada, mas logo fez uma cara de espanto. -Clara, parece que você levou um balde de água fria!
-Quase isso...-Falei indo em direção ao quarto para me trocar.
Coloquei um pijama de pandinha, do qual eu tinha apego emocional e voltei para sala. Não, eu não tenho nenhuma camisola sexy ou vulgar. Meu guarda roupa tem sido bem vovózona ultimamente.
Comida chinesa, era o que iriamos jantar.
Ainda bem que eu tinha minha melhor amiga para me salvar.
Luisa, abriu o pacote e me entregou meu yakisoba.
Comecei a comer e Luisa começou a tagarelar. Contei sobre as entrevistas do dia, disse que havia uma chance de 0,01% para eu ser aceita, falei sobre todo o meu dia, mas ela pareceu ignorar, havia algo a incomodando.
-O que está pensando? -Perguntei entre uma garfada e outra.
-No casamento da sua irmã que é na segunda feira e você só está com as passagens compradas, nada mais.
Puta merda! Realmente, ainda bem que essa garota existe. Abri a boca para falar, mas ela foi mais rápida.
-Relaxa, darling! Pensei nisso durante a tarde e já vou te emprestar um vestido belíssimo meu! Você vai gostar!
-Obrigada! Você é demais. -Abri um sorriso e logo fui abraçá-la.
-Eu sei...eu sei. -Ela disse me afastando aos poucos. Esqueci que eu continuava ensopada em função da água da chuva.
O casamento da minha irmã, como eu havia me esquecido? Eu realmente não sei, porque minha mãe havia me ligado só nessa semana 4 vezes para me perguntar se eu já havia resolvido tudo, e como uma boa filha que não gostaria que a mãe viajasse de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, falei que estava tudo pronto há dias.
Minha mãe não precisa saber que a filha ainda não conseguiu um emprego e que nem lembra da própria irmã.
-Vamos tirar essa tensão e abrir um vinho! -Luisa disse já servindo duas taças com a bebida. Eu nem sabia que ainda tinha vinho em casa. -Viva o quase trabalho da Clarinha! -E assim bebemos aquela taça de uma vez.
[...]
-Agora eu! -Disse abrindo meu biscoitinho da sorte.
Já estávamos super bêbadas, a Luisa era com certeza bêbada de vinho, já eu era uma mistura de sono e vinho.
- Nada é por acaso… acredite em seus sonhos e nos seus potenciais…. Na vida tudo se supera e nada se espera...
Talvez era disso que eu precisava. Quando olhei, Luisa já estava dormindo no sofá, deitei-me ao lado dela e falei mentalmente. Vai dar certo, Clara. Tudo vai dar certo. É sua nova fase. É um recomeço.
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