Um grito de horror soou pela casa assim que colocamos os pés lá dentro. Era alguém precisando de ajuda? Não, só os efeitos da música.

ㅡ Do que você tá vestido? ㅡ Perguntei a Jamal quando ele e Maria se juntaram a nós. Fingi não notar o brilho labial de Maria na boca dele.

ㅡ Han? Ah, é... ㅡ Ele olhou para si mesmo, como se tivesse esquecido a própria fantasia. Encarei Maria com um sorriso desconfiado, mas a angel se fingiu de sonsa levando o canudo de sua bebida até a boca. ㅡ Jamal Bieber.

Caí na gargalhada ali mesmo quando entendi a roupa branca e roxa, que também contava com um boné do mesmo tom de roxo da camisa. Era o Justin na época de Baby e Never say never.

ㅡ Oi, gente! ㅡ Flora sorriu para nós após surgir do meio das pessoas. Ela estava fantasiada de Vandinha, o que combinou perfeitamente com seu cabelo preto feito trevas e sua pele branca. ㅡ Que horas são?

ㅡ Oito e meia. ㅡ James quem respondeu, logo depois de olhar para seu relógio de pulso que estava sobre a fantasia de cachorro. Juro, toda vez que eu olhava para James fazendo qualquer coisa normal que um ser humano faz, só que vestido daquele jeito, eu tinha vontade de rir.

ㅡ É cedo pra ir embora? ㅡ Ela resmungou.

ㅡ É, sim. Acabamos de chegar. ㅡ Maria empurrou de leve o ombro da amiga. ㅡ Você tem falado com a Bela?

ㅡ Eu até tento. ㅡ Flora deu com os ombros. ㅡ Mas, da última vez que nos falamos ela gritou comigo dizendo que trocamos ela pela Aila e que tudo era culpa da Elena, porque antes da Elena aparecer, era só nós três.

ㅡ Ela gritou com você?? ㅡ Maria franziu o cenho com uma expressão indignada.

Flora voltou a falar, mas minha mente já não estava mais na conversa. Por um momento tentei me lembrar de tudo o que rolou para ver se a culpa era mesmo minha. E se for? E se eu fui a garota que chegou e acabou com a amizade das três?

ㅡ Elena? ㅡ Maria estalou os dedos na frente do meu rosto, me obrigando a voltar a prestar atenção na conversa. ㅡ Não faz isso!

ㅡ Isso o que? ㅡ Precisei me aproximar dela para poder ouvir, a música e o falatório estava absurdamente alto.

ㅡ Não fica pensando que o que aconteceu foi culpa sua. Só pela sua cara já dá para perceber que está pensando nisso. Não foi culpa sua! Antes mesmo de você chegar a Bela já tinha uns comportamentos estranhos, ela só foi demonstrar mais agora. Nós não estávamos gostando e ela escolheu se afastar, não foi por sua causa. ㅡ Acho que todos deviam ter uma amiga feito Maria na vida. Alguém que não admite que você se culpe por algo que não foi sua culpa, que não aceite menos que merece e que vai te falar umas verdades quando precisar.

Flora e Maria se afastaram após dizer outra coisa que não consegui escutar. Percebi também que James e Jamal estavam perto da mesa das pizzas, como sempre.

Deixei-os para trás e segui as garotas. Elas foram até um outro comodo da casa que parecia ser a sala de estar, devido aos sofás espalhados.

Bela estava em um deles, sentada com um grupo de garotos que eu conhecia apenas de vista da escola e de algumas festas, inclusive a do meu aniversário.

ㅡ Bela, precisamos falar com você. ㅡ Maria parou perto dela.

ㅡ Agora? ㅡ Bela se jogou para trás no sofá, a voz dela estava num tom completamente diferente de quando ela falava com a gente. Estava mais agudo. ㅡ Ta tão divertido aqui.

ㅡ É importante. ㅡ Flora pediu.

ㅡ Ai, essas garotas... ㅡ Ela disse, nitidamente para os rapazes, se levantou e veio com a gente para dentro do banheiro. ㅡ O que foi? ㅡ Seu tom de voz logo voltou ao normal.

ㅡ Cara, a gente precisa mesmo falar? ㅡ Maria perguntou. ㅡ O que ta acontecendo? Por que ta fazendo isso? Nós sempre fomos suas amigas.

ㅡ É sobre isso? Eu to perdendo a festa porque vocês querem minha amizade de volta? Sinto muito. ㅡ Ela passou por nós para abrir a porta.

ㅡ Bela, pelo amor de Deus, para! ㅡ Flora exclamou fazendo Bela voltar a olhar para nós. ㅡ Nós te conhecemos a anos e sempre soubemos que você era meio egocêntrica e achava que todas as garotas tinham inveja de você e que todo cara quer ficar com você, mas não ligavamos. Mas, cara, você exagerou! Você xinga milhares na internet, dá em cima de caras que namoram e até encheu nossa cabeça contra a Aila que só agora percebi que é legal. Ta, ela tava sendo um saco, mas melhorou. E agora você virou um saco.

ㅡ Eu não vou ficar aqui ouvindo que sou um saco.

ㅡ Posso entrar? ㅡ Um cara bateu na porta do banheiro.

ㅡ Não! ㅡ Maria gritou.

ㅡ Eu quero usar o banheiro!

ㅡ Eu to pelada! ㅡ Ela gritou em resposta.

ㅡ Bela, eu não conheço você a tanto tempo quanto elas, mas sei que elas só estão aqui tentando falar com você porque se importam com você. Vocês foram amigas por muito tempo, é normal que tentem consertar as coisas. ㅡ Tentei intervir na situação.

ㅡ Entendam, eu não quero voltar a andar com vocês. Eu estou bem melhor agora. Tenho novos amigos e eles não me acham um saco. ㅡ Bela abriu a porta do banheiro.

O tal cara que queria entrar ficou nos encarando esperando que saíssemos logo. Sem escolha, nós três saímos do banheiro e deixamos que ele entrasse.

ㅡ Ta, eu não vou ficar correndo atrás dela. To no meu último ano, vou pra faculdade ano que vem, to quase arrumando namorado... ㅡ Maria passou as mãos pelos cachos de seu cabelo. ㅡ Não vou ficar me preocupando com uma pick me que nem liga mais pra gente.

ㅡ Peraí, quase arrumando um namorado? Que papo é esse? Quem é? ㅡ Flora sorriu.

ㅡ Eu acho que eu sei. ㅡ Sorri também.

ㅡ Quem te contou?? Foi ele?? Eu vou dar um soco nele!! ㅡ Maria disse apenas me fazendo rir mais.

ㅡ Quem, gente? O cara da casa mal assombrada? ㅡ Flora perguntou, completamente perdida no assunto.

ㅡ Não! O Jamal! ㅡ Exclamei com um sorriso no rosto.

ㅡ Como você descobriu? ㅡ Maria cruzou os braços.

ㅡ Sou atenta a detalhes. ㅡ Dei com os ombros com uma expressão convencida no rosto.

ㅡ É, tá todo mundo desencalhando, só eu estou ficando solteira. Acho que meu destino é ser a tia que mora com doze gatos. ㅡ Flora se escorou na parede.

ㅡ Amiga, se eu fosse bi, eu te pegava, juro. ㅡ Maria comentou e Flora fez uma careta para ela.

Vi James passar para o que parecia ser uma varanda e fui atrás dele. Porém, antes que eu pudesse alcança-lo, Aila passou na minha frente fantasiada de Regina Jorge. Ela até estava com uma peruca loira, quase não a reconheci.

James parou na varanda perto da grade de proteção e tirou a cabeça de cachorro, provavelmente para respirar.

ㅡ Oi, James. ㅡ Aila parou ao lado dele. ㅡ Então era você o mascote maluco que fez uma cesta e jogou suco no Nate. ㅡ James riu assentindo. ㅡ Eu nunca ri tanto num jogo antes.

ㅡ E você está vestida daquele filme... Das garotas más, sei lá.

ㅡ Meninas malvadas, olha o respeito com o clássico. ㅡ Ela se debruçou sobre a grade assim como ele. ㅡ James, eu queria te pedir desculpas.

ㅡ Pelo que?

ㅡ No começo do ano letivo eu estava estressada, queria ter o melhor último ano e fui uma tremenda idiota. Minha mãe também não ajudou muito, mas não foi só culpa dela. Eu quem agi mal. Eu fui uma idiota com a Elena e com você.

ㅡ Ta tudo bem. Se a Elena é sua amiga e confia em você... Confio no julgamento dela.

ㅡ Sabe o que é mais engraçado? Eu queria ficar com você para ter um namorado popular, mas nem de você eu gostava. Quer dizer, nem de homem eu gosto. ㅡ Aila riu e James olhou para ela surpreso. ㅡ Talvez, em todo esse tempo, eu tenha implicado com vocês dois por ciúmes dela, e não de você.

ㅡ Aila? ㅡ James se virou para ela. ㅡ A Elena é minha, pode parar.

Aila caiu na gargalhada, mas James continuou com aquela expressão de quem estava processando tudo. Tenho certeza que eu também estava com a mesma expressão.

•••
Continua...