Capítulo 6
- Que bom, você acordou.
Fiquei quieta e me afastei assustada quando ela foi se aproximou.
- Não precisa ficar com medo, não vou nada de mal com você - me entregou um corpo com água e uma maçã - Pode confiar em mim.
Mesmo estando assustada, vendo água e a maçã, sentir uma fome grande e garganta bem seca.
Devagar os peguei bem agradecida, engolir um só gole a água e aos poucos comendo a maçã.
- Isso, muito bem - disse sorrindo, ajoelhou na minha frente - Você tem nome ou se lembrar quem é?
Assenti e olhei em volta antes de perguntar:
- Onde eu estou?
- Não se preocupe, está segura. - e perguntou com calma - Do que você se lembrar que aconteceu?
- Só lembro que o ônibus pegou fogo e... - a imagem do Tio Manuel me salvando veio na minha frente - Mais alguém sobreviveu?
- Sinto muito, só você - disse suspirando de tristeza - Você estava acompanhada com alguém?
- Meu... Tio. - falei saindo lágrimas nos meus olhos - Ele morreu por minha causa, se o ônibus não tivesse pegado fogo, e principalmente se eu quisesse ir pra essa viagem... Na disso aconteceria.
- Moça - limpou minhas lágrimas e foi acariciando meus cabelos - Não se culpe, nada disso é culpa sua, foram os malditos que colocaram fogo e prenderam pessoas inocentes.
Chorei mais ainda e ela me abraçou.
- Seu tio fez isso para salvá-la, não é isso que as famílias fazem e faria qualquer coisa para proteger alguém que ama? - foi falando - Como o espírito dele está em paz, sabendo que você está salva e viva.
As palavras dela foram como se limpasse minhas lágrimas. Tio Manuel prometeu que cuidaria de mim e sempre me protegendo, falando que sou sua sobrinha favorita e fez essa por mim.
Todos da família sabiam que ele sempre me viu como filha, já que ele nunca teve filhos.
- Ele lutaria com unhas e dentes para proteger as pessoas que amar - falei limpando as lágrimas - Essa é costume da nossa família.
- Que interessante - disse sorrindo - Você teve muita sorte que meu pai te salvou a tempo, ficou desacordada a noite toda, nós ficamos preocupados que não acordaria.
- Seu pai?!
Na entrada entrou de surpresa um homem bem alto, meio gordo, pele moreno escuro, parecia ter uns 40 anos, cabelos raspados e vestido roupas de pelos marrons. Ele olhou diretamente pra mim e sorrindo os dentes:
- Graças aos espíritos ancestrais, você acordou - foi ao nosso lado - Quase fiquei louco achando que não acordaria nunca.
- Pai - disse a mulher sorrindo - Estávamos falando de você.
- Tara, chamar o Curandeiro e avisar que ela acordou.
- Claro - disse antes de correr.
O homem sentou na minha frente e continua sorrindo pra mim. Então foi ele que me salvou, com certeza é a figura humano que vi, ele é bem alto que me faz parecer uma criança perto dele.
- Obrigada - falei tímida - Por salvar minha vida.
- De nada, escutei seu grito a tempo - perguntou preocupado - Você estava com alguém?
- Sim, com meu tio.
Ele suspirou e voltou a perguntar:
- Qual é seu nome?
- Clarisse.
- Bonito nome
- E... - perguntei quase gaguejando - Qual o seu?
- Pode me chamar de Ursão.
Acompanhado com Tara chegou um índio que parecer um pajé indígena, até está vestido de roupas coberto de penas de pássaros.
- Bom, vamos ver como está sua saúde, mocinha - disse idoso se ajoelhando no meu lado, colocou um das mãos nas minhas costas - Respire fundo duas vezes.
Fiz que ele pediu, depois segurou meu pulso para sentir meus batimentos e depois examinou minha cabeça por um tempo.
- Parece que ela vai bem, respirou muita fumaça, mas a saúde está tranquila - me entregou um tigela com água cheio de ervas verdes - Beber, vai melhorar seus pulmões.
Foi bem difícil e esforço pra engolir tudo de uma vez, com esse gosto azedo e forte.
- Vejo que conheceu o Ursão e Tara, sou Curandeiro - depois se apresentar, me perguntou - Qual é seu nome e de onde você é?
- Clarisse e sou de Curitiba em Paraná - respondi e eles ficaram boquiabertos.
- Por quê está tão longe de casa? - perguntou Ursão curioso. - Tem parentes aqui?
- Não, na verdade... - falei com dúvida se falaria pra eles ou não - Tenho um objetivo que me trouxe aqui.
- E o que te trouxe aqui? - perguntou o Curandeiro.
- Meus sonhos - falei quase sussurrando, achei que me achariam louca. Mas não, ficaram mais sério.
- Melhor descansar um pouco até o remédio fazer o efeito - disse Curandeiro indo embora com Ursão e Tara.
Depois que passou um tempo, fiquei sentada no colchão e entediada. Com certeza estão falando que estou maluca vir aqui tão longe de casa por causa de sonhos. Cansada de esperar, fui matar minha curiosidade de onde estou no lado de fora da cabana pequena.
Saindo eu vi outras cabanas pequenas jeitos de madeira com folhas gigantes e pessoas ao redor deles, rapidamente me escondi atrás da outra cabana para observar as pessoas.
Homens só vestidos de calça jeans e segurando armas, mulheres preparando algo nas tigelas e crianças correndo. Queria me aproximar mais pra olhá-los melhor.
Até que do nada, algo atrás de mim me agarrou e me jogando no chão, virei vendo o atacante e rosto me congelou de medo. A pessoa que agarrou é aparecido como homem, mas tem olhos amarelos, cabelos loiros e bagunçados, rosto coberto de pelos dourados e mostrando dentes grandes e afiados para mim.
Gritei de medo e me esforcei com todas minhas forças pra escapar dele, soltei um dos braços e dei soco no rosto dele.
Me soltou rosnando de dor, aproveitei e corri mais rápido que puder. Ele rapidamente foi na minha frente rosnando bem bravo, corpo dele é todo coberto de pelos dourados, com cauda de leão, nas mãos ao invés de unha, eram garras grande e afiados.
- Você vai me pagar, cidadã - rosnou saindo duas vozes masculinas juntos.
O que é isso? Caí no chão de medo e esperei seu ataque, até que alguém atrás de mim pulou em cima dele. Assustada olhei outra criatura aparecido com ele, mas com pelos pretos, corpo com forma feminino e está brigando ferozmente com ele.
Continuam brigado com garras e mordidas e o preto fazia de tudo pra afastá-lo de mim.
- Vocês dois - gritou Ursão ao lado deles - Parem.
Pararam de brigar e criatura preta foi na minha frente como se tivesse me protegendo, virou a cabeça me encarando e surpreendi reconhecendo o rosto dela.
- Tara - gaguejei.
Ela notou meu medo e se transformou na forma humana perfeita da Tara, mas a cauda preta ficou.
- Não precisa ter medo, sou eu - disse tentando me acalmar.
Atrás dela o homem leão se transformou no homem bem jovem, musculoso, cabelos morenos, pele branca, vestido apenas de short e com cauda de leão. Ele me encarou bravo antes de olhar pra Tara e perguntou furioso:
- Tara, por quê está protegendo essa cidadã?
- Léo, ela está conosco e eu a trouxe aqui ontem à noite - disse Ursão sério e firme - Você não pode machucá-la.
- Ursão, tinha que trazer essa cidadã aqui?! - disse aprontando pra mim - Por quê não a levou por outros cidadãos?
- Ela estava aquele ônibus que pegou fogo, e a cidade é bem longe, morria se não tivesse levado rapidamente por Curandeiro.
- Alguém pode me explicar quem são vocês e o que são? - gritei bem forte.
- Se ela fugir, vai correr contando para outros e pior que os cidadãos devem está procurando por ela - disse uma garota aproximando de nós, uma loira bem bonita.
- Ela está certa - rosnou Léo me encarando - Precisamos...
- Vocês não podem machucá-la - interrompeu Curandeiro indo no meu lado - Ela não uma cidadã normal.
- O que dizer com isso? - perguntou Léo impaciente.
Ele não respondeu e foi na minha frente.
- Você quer saber por que seus sonhos te guiarão aqui? - me perguntou.
Assenti.
- Vem comigo e saberá todas as respostas pra suas dúvidas.
***
Sem outra escolha, eu o seguir com Ursão e Tara me acompanhando, e atrás de nós até o tal de Léo estava nos seguindo. Tara tentou se aproximar de mim, eu não queria mas meu medo me fez afastar dela lembrando na criatura preta que ela tinha se transformado.
Caminhamos até chegamos num lago grande e brilhante.
- Entrar no lago e andar até o centro - disse Curandeiro.
- É fundo? - perguntei porque não sei nadar.
- Não muito, ficar tranquila.
Não porque estou fazendo isso nessa situação suspeita, mas meu instinto diz que tenho que fazer isso e quero descobrir o meu motivo para que meus sonhos me trouxeram aqui. Entrei e fui andando devagar até chegando no centro, e vi um brilho branco na minha frente, fiquei parada até algo me puxando no fundo.
A escuridão me envolveu me puxando por fundo até eu parar naquela árvore do último pesadelo, só que não estou vendo o tigre. No tronco eu vi algo brilhando em um dos buraco, e sentir uma tentação de tocá-la, fui me aproximando de devagar e bem perto, eu o toquei.
A luz aumentou e cenário mudou, buraco da árvore saiu vários tipos de espíritos animais correndo ao meu redor, vários animais foram espalhando mostrando animais pequenos correndo juntos com animais gigantes, peixes e aves pulando debaixo deles.
No meio deles veio uma luz laranja se aproximando de mim, e se formando numa imagem de uma mulher desconhecida.
- Estávamos esperando por você, Clarisse - disse ela com voz suave. - É nossa escolhida, nossa luz...
- Escolhida? - perguntei confusa - Pra que?
- Está pronta para seu destino.
Depois que ela terminou de falar, a luz laranja entrou em mim e me envolvendo completamente. Os animais pararam de correr para me olharem e uma forte queimação me fez gritar forte.
Como se fosse queimasse todo meu corpo e fui sentindo algo se mexendo dentro mim, na minha mente surgiu uma imagem de um tigre rugindo forte.
Tara
Está quase anoitecendo e nada da Clarisse aparecer. Papai está ficando louco de preocupação enquanto ele e Curandeiro olhavam por lago.
- Com certeza a cidadã morreu - disse Léo no meu lado - Não sei por que o Curandeiro teve essa ideia sabendo que acontecerá com a alma dela.
Verdade, esse é Lago dos Espíritos, com ele temos uma forma de falar com espíritos animais e nossos ancestrais, problema é só Curandeiro e líder podem entrar no lago, se for outra pessoa, tem risco dos espíritos levarem a alma pra ela nunca mais volta.
No centro do lago surgiu um brilho laranja forte e ouvimos rugido alto, levantamos alertados e confusos. O brilho aumentou e Clarisse apareceu andando na nossa direção, só que bem diferente daquela cidadã inocente.
O cheiro do sangue dela está diferente, não é cheiro de cidadã. Ela saiu do lago surpreendendo todos nós e nos deixando em choque pelo que estamos vendo. Corpo de mulher adulta coberta de pelos laranja, branco e listras pretas, olhos verdes, cauda, garras grandes no lugar de unhas.
Ela é uma de nós, mas...
Tem alma de tigresa.
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