"A garota cisne tem razão, esse plano é muito ariscado", disse Sábio nervoso.

- Eu sei, mas não tenho outra escolha. - falei depois que levantei da rede, Tara acordou bem cedo e aproveitei pra conta por Sábio sobre o plano.

"E como você vai ir ao Acre?", perguntou furioso.

- Não no aeroporto, com certeza os Sombrios estão vigiando lá.

"Então como?"

- Tem uma estrada deserta bem afastada na parte noroeste da floresta, sempre aparece caminhoneiros e por isso...

"Só ouvindo seu plano já está causando arrepio na minha coluna."

- Rocket vai está comigo, mesmo não gostando disso.

"Eu apoio completamente, mas mesmo assim é ariscado."

- Por isso que você vai ficar aqui, você ainda é um filhote de onça-pintada, seria muito perigoso - falei acariciando sua cabeça - Não quero que um lindo filhotinho nessa missão perigosa.

"Ás vezes fico irritado que você é única que me entender."

- Enquanto fico aliviada por ser a única. - falei dando meio sorriso.

- Clarisse - disse Rocket em uma das janela e me entregou duas grandes mochilas - Tara e as mulheres estão ocupadas, pode aproveitar e pegar o que a gente precisa na viagem.

- Ok - assenti e escondi as mochilas.

"Clarisse, só tenha cuidado.", disse Sábio meio nervoso.

Entrei escondida no armazenamento de alimentos, e peguei no máximo cinco garrafas de água, cinco sacolas de frutas e carnes. Voltei pra cabana, peguei minha adaga que Ursão me deu.  Rocket voltou mais tarde e colocou seu facão e suas roupas na outra mochila enquanto eu guardei minhas roupas na outra e Rocket confirmou que nenhum guerreiro estará vigiando no noroeste.

***

Saímos na madrugada quando todos dormiram e os guerreiros patrulhando. Rocket foi na frente me guiando a caminho da estrada deserta, enquanto eu fui passando perfume de ervas que cobre nossos cheiros. Demorou muitas horas até finalmente chegamos na estrada de terra.

- Tem alguém se aproximando - sussurrou Rocket.

Respirei fundo e reconheci muito bem os cheiros dos nossos seguidores.

- Eu sei que é você, Tara – falei meio gritando.

Tara pareceu atrás em uma das árvores.

- Luna – a vi atrás da Tara.

- Agora falta Azula – Azula pulou ao lado da Luna.

- O que vocês estão fazendo? – perguntou Rocket nervoso.

- A gente saber que vocês vão atrás da equipe e os remédios – começou Tara.

- Como souberam? - perguntei.

- Contei o que aconteceu com a equipe – respondeu Luna. - Suspeitei que você não ficaria parada.

- E Indira nos contou hoje cedo. - disse Tara.

Fala sério, Indira.

- Nós sabemos que você ia sair sem ser vista. – Tara cruzou os braços e olhou por Rocket - E está aproveitando isso pra resgatar o Rômulo.

- Vocês vão tentar me forçar pra não irmos. – Rocket fez posição de ataque.

- Nós vamos com vocês – falou Azula meio tímida.

- Vocês não podem. – gritei. – Eu não posso pedi pra vocês se arisquem.

- Você não está pedindo – disse Luna – Somos nós que queremos.

- Não estamos fazendo isso só pelas crianças e sim por você e aldeia – disse Tara – Você não pode se ariscar sozinha e meu irmão está na missão.

- Quem é que vai te ajuda quando um Sombrio bater na sua cara? – riu Luna. - Esse gorila não consegue nem se defender.

- O que disse, sua loba? - resmungou Rocket.

- Rocket - gritei pra nenhum deles briguem - E você Azula?

- Não quero ficar parada e assustada - disse meio rápida - Principalmente quando minhas amigas irem nessa missão.

- Vocês não tem jeito mesmo – falei quase chorando – Obrigada.

- Certo, mas vou avisando que não vou conseguir proteger todo mundo - disse Rocket cruzando os braços.

- Nem precisar, gorila - disse Luna.

- Cuidado, sou único homem forte aqui.

- E nós somos Humanimais Predadoras bem mais fortes que qualquer macho.

- Parem com isso  – gritou Tara e perguntou - E agora, como é plano?

- Bem – comecei – Precisamos ir para Acre sem serem vistas pelos Sombrios.

- Podemos pegar um avião? – Azula levantou a mão.

- Não vai dar, os Sombrios estão vigiando os aeroportos e rodoviárias.

- É verdade. – concordou Rocket - Soube que um dos guerreiros voadores achou cinco Sombrios vigiando no aeroporto.

- E como vamos ir para Acre? – perguntou Luna.

O barulho chamou nossa atenção e vimos um caminhão de carga estacionando e motorista desceu indo pra uma das árvores.

- Vamos pegar uma carona – sorri. – Assim não chamar atenção dos Sombrios.

- Ótima ideia – Luna se agachou – Tudo bem, nós distraímos o motorista e ataca de surpresa...

- Não podemos roubar o caminhão – interrompeu Azula.

- Não vamos roubar, vamos só pegar empestado e escreve a carta avisando aonde caminhão vai esta. – Luna foi explicando.

- Problema é... Quem saber dirigir um caminhão – perguntei.

- Eu – Rocket levantou a mão.

- Você?! – falamos ao mesmo tempo.

- Rômulo me ensinou a dirigir – disse e foi na frente.

Bem devagar nos aproximamos do caminhão e Rocket entrou na cabine do motorista.

- Ei - gritou motorista erguendo a calça. - Meu caminhão.

De repente ele desmaiou no chão e o motivo foi vimos Luna segurando um galho bem grande.

- Vamos logo - gritou Luna.

Entramos dentro na carga enquanto Rocket foi ligando o caminhão, depois de fechar as portas, o caminhão começou andar. Acendi uma vela, a luz mostrou cinco sofás cobertas de plásticos e as garotas deitaram nelas. Transformei minha mão e usei as garras pra fazer buracos nas paredes, criei uma janela de ar pra ver Rocket dirigindo.

- Avisar quando acontece alguma coisa. – avisei.

- Pode deixar – disse rindo - Vamos para Feijó.

- O que está fazendo? – perguntou Azula.

- Pra gente respirar tranquilo. – falei – Melhor vocês dormirem.

- E você também. – disse Tara.

Deitei em uns nos sofás, as garotas e eu caímos em sono profundo.

Raoni (Humanimal Rei Leão)

Faz mais ou menos uma semana e nada da Clarisse e eu fazer as pazes.

Exagerei ficando furioso só porque Clarisse foi na cidade sem eu saber, fiquei preocupado achando que a polícia ainda está a procurando, e sempre que tento me aproximar dela, ela se afastar e me evitando. Pior que agora estou com dor de cabeça, pensando como resgatar a equipe do Rômulo.

Sai da cabana pra respirar ar puro e Ellen chegou me abraçando.

- Querido, precisar de alguma coisa? - perguntou com voz suave.

- Não, só estou cansado - falei me afastando dela.

- Se quiser, posso deixá-lo bem relaxado. - disse chegando bem perto de mim.

Realmente não estou com humor pra isso e aliviei vendo Ursão se aproximando de nós, mas está com uma cara de preocupação.

- Tudo bem, Ursão? – perguntei.

- Você viu Clarisse ou Tara? - perguntou olhando em volta.

- Não. - neguei.

- Estou procurando elas. – coçou o cabelo - Quando acordei, elas não estavam na cabana.

- Devem estar com Azula. - disse Ellen.

- Fui cabana da Azula, mas ela não estava.

Então elas devem estar com a Luna. 

De repente na entrada da aldeia, Alfa Jorge apareceu nervoso e correu até nós.

- Luna está aqui? – perguntou.

- Ela não está no clã? – perguntou Ursão.

- Ontem à noite ela dormiu cedo e quando acordei, ela sumiu.

Vi dois guerreiros falcões vindo e perguntei.

- Vocês viram Clarisse com as suas amigas?

- Não – falou um deles.

- Procurem elas – mandei e eles voaram.

Alfa Jorge, Ursão e eu esperamos na minha cabana. Horas depois, Eduardo (Humanimal Falcão) entrou e falou:

- Procuramos por toda floresta e não encontramos Clarisse, nem suas amigas.

Na mesma hora apareceu Luiz (Humanimal Cachorro), uns dos melhores rastreadores.

- Os aprendizes avisaram que Rocket também sumiu, nós não sentimos nenhum sinal dos Sombrios e uns dos rastreadores estão procurando na cidade.

- Continuem procurando até encontra-los – falei.

- Sim, senhor – disseram Eduardo e Luiz juntos e foram embora.

- Onde está minha filha? – perguntou Alfa Jorge bem preocupado.

- Com certeza todas estão juntas em algum lugar. – Ursão coçou a barba e suspirou – Onde vocês estão?

Falei que ia sair pouco. Andei na cabana do Curandeiro e vi Lisa brincando com uma corrente com um pingente em forma de coração com asas.

 É da Clarisse.

- Clarisse que ti deu? – perguntei pra Lisa, assentiu e fez sinais falando pelas mãos.

"Ela me deu pra me proteger."

- Saber onde ela está?

Lisa ficou olhando da corrente e respondeu com sinais de mãos.

"Ela prometeu volta com os remédios."

Droga, ela foi atrás dos remédios. 

Com certeza o Rocket e garotas foram juntos, rosnei pensando. 

Quando virei, Lisa segurou minha cauda e me entregou a corrente. Peguei e Lisa me olhou com atenção.

"Ela precisar de mais proteção do que eu."

- Tá certo.

Fui para cabana da Clarisse e Tara e olhei tudo por dentro. Peguei umas das roupas da Clarisse e peguei seu cheiro, assustei vendo um filhote de onça-pintada me encarando, Clarisse o chama de Sábio.

Como queria ter Língua dos Felinos.

- Saber onde Clarisse foi? - perguntei pra ver se funcionaria.

O filhote assentiu com a cabeça e andando na direção da saída da aldeia.

- Quer que eu te siga?! - falei e ele assentiu de novo.

Passei à tarde toda seguindo o filhote me guiando, me levou na parte noroeste da floresta, onde tem menos animais por causa da estrada deserta. Chegamos até uma estrada e consegui sentir cheiro da Tara e as garotas, também tem cheiro de um caminhão.

Elas pegaram o caminhão, com certeza foram para Acre pra resgatar a equipe. 

Atrás de mim, ouvi algo se aproximando, é Coração Brilhante olhando pra mim e virou de costas. Sábio olhou pra mim e o cavalo antes de ir embora entre os arbustos. Entendi que ele quer busque a Clarisse.

Voltei rapidamente pra aldeia e entrei na minha cabana e estava vazio, escrevi uma carta dizendo que fui atrás das garotas. Depois peguei uma sacola de couro e peguei comida e água.

- Raoni - me chamou Ursão e olhou pra minha sacola - Pra onde você vai?

- Cuidar da aldeia até eu voltar. - falei me afastando dele e olhei pra ele antes de ir - Eu estou indo busca-las.

Voltei na estrada e Coração Brilhante ainda estava me esperando.

- Pronto amigão – toquei na cabeça dele e subi nas suas costas – Vamos buscar a Clarisse.

Coração Brilhante começou corre bem rápido.

Por favor, Clarisse...

Que vocês estejam bem.

Eu estou indo.