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Capítulo 33


 Na manhã seguinte, Raoni chamou toda aldeia (menos as crianças), reunimos ao centro da aldeia. Com atenção de todos, Raoni disse bem alto:

- A doença é muito grave, Curandeiro enviou uma carta por Pajé em Acre, para fazer os remédios. Esses remédios são a única chance para a cura dessa doença e então até conseguir os remédios, as crianças tem mais ou menos um mês pra sobreviverem – as pessoas gritaram apavoradas, eles pararam quando Raoni levantou a mão – Por isso precisamos de guerreiros para buscar os remédios, depois de pensar muito, Rômulo vai liderar a equipe.

- Como eu sou a liderança, vou escolher três guerreiros para equipe. – disse Rômulo indo ao lado do Raoni – O primeiro guerreiro é Léo.

Todos gritaram de alegria e Léo se juntou a eles.

- Segundo guerreiro é Itambé.

Gritaram de novo e Itambé se juntou ao Léo.

- Ainda falta terceiro...

Levantei a mão e gritei alto:

- Eu quero me juntar a equipe.

Todas as pessoas olharam pra mim e Rômulo fez cara de bravo.

- Você não me ouviu? – disse quase gritando – Eu disse... Guerreiros.

- Posso não ser uma guerreira ainda, mas sou mais forte e quero ajudar as crianças.

- Você é aprendiz, e por isso não vai participar.

- Eu não vou ficar sentada sem fazer nada quando as crianças estão doentes.

- Eu repito, mestiça - resmungou - Você não vai para à missão.

- Mas eu quero...

- CHEGA - gritou Raoni – Você não vai ir e ponto final, ver se aceita.

- Eu importo muito com as crianças – levantei a voz – Não vou ficar parada sem fazer nada.

- Você é aprendiz.

- Não importa -gritei.

- Clarisse – Raoni gritou batendo no chão. – Me encontra na minha cabana depois, entendeu?

Mesmo brava, achei melhor ficar quieta.

- O terceiro guerreiro será – continuou Rômulo – Victor.

Victor é Humanimal Arara-Vermelha, um dos melhores guerreiros voadores e se juntou com a equipe. Depois da reunião, segui o Raoni até entrar na cabana dele.

- Eu sei que você quer muito ajudar as crianças – suspirou Raoni – Mas Rômulo está certo, você é aprendiz e não está ponta. Se Sombrios descobrirem, você estará correndo perigo.

- Não importa que aqueles nojentos tentarem me pegar, lutarei qualquer coisa pra salvar as crianças.

- Você não endente que isso é para sua própria segurança – falou bem sério – Não esquece que por dentro você é apenas uma garota.

- Você é como a Ellen – gritei brava – Também achar que sou fraca.

- Para de ser tão teimosa – gritou Raoni – Você não vai, estou fazendo isso por seu bem.

- Ou não quer alguém tão fraca e nem nascido na floresta pra ajudá-los - gritei forte e saí correndo antes dele falar alguma coisa.

Sai da aldeia correndo, queria ficar sozinha e não quero que me vejam chorando. Corri até a Caverna das Lendas, sentei na entrada da caverna e chorei. Só parei de cansaço, ouvi alguém se aproximando e a voz do Léo me chamando.

Léo me viu, virei de costas pra ele não olhar meu rosto. Léo foi até mim e sentou ao meu lado.

- Clarisse, sei que quer ir pela Lisa e as crianças - disse com calma - Mas é melhor ficar aqui, em segurança.

- Claro - murmurei - Afinal sou fraca, não nasci na floresta e cidadã, você me odiava e agora está bonzinho só por que foi Ursão que mandou ou por pena?

Surpreendi que ele ficou quieto e depois foi falando:

- Quando minha mãe biológica morreu no pacto,  nossa babá, esposa do Ursão, cuidou de nós. Ela era bem incrível, gentil e corajosa, nós a adorávamos, foi como se fosse nossa verdadeira mãe - deu pausa antes de continua -  Eu tinha 8 anos quando ela morreu, ela foi na cidade para pegar roupas de doação, uns cidadãos bêbados a atacaram e soube que atiraram nela. Desde então fiquei com muita raiva dos cidadãos e achei que todos fossem iguais, fiquei cego de ódio. Quando você apareceu, achei que fosse como eles e quando virou Humanimal, cada vez que olhava pra você... Me lembrava dela.

- Lembrava da morte dela. – interrompi.

- Não – Léo pegou meu queixo pra eu olhar pra ele – Porque você é como ela, inocente, corajosa e gostar de proteger as pessoas. Quando me salvou na lutar dos Sombrios, você curou meu ódio, vi que você não é como cidadãos e... quis ser seu amigo.

Fiquei sem palavras que de repente chorei, Léo limpou minhas lágrimas.

- Para de chorar, não gosto de ver seus olhos vermelhos.

Apoiei minha cabeça no seu tórax e senti seu calor, Léo me abraçou e fez carinhos no meu cabelo como se eu fosse uma menininha.

- Léo – sussurrei – Eu posso pedir um favor?

- Claro.

- Consiga remédios o mais rápido possível e volte são em salvo.

- Claro, tigresa irritante. – disse Léo fazendo cócegas em mim.

- Ora, seu leão chato.

Bati leve no seu ombro e ele riu. Léo me levou de volta à aldeia, encontramos Ursão na entrada. Fui até ele e me surpreendeu acariciando meus cabelos e disse:

- Vai na cabana pra descansa, Clarisse.

Assenti, quando eu andava no centro da aldeia, as pessoas sussurrava baixo enquanto me viam. Entrando na cabana encontrei Tara parada na minha frente e em seguida me abraçou.

- Léo te contou? – Tara murmurou.

- Sim – respondi.

- Clarisse - disse segurando meus ombros - Lembrar que você é como uma irmã pra mim, não importar de onde você veio.

- Obrigada – abrasei de volta. - Você também é como uma irmã pra mim.

Tara e eu ficamos dentro da cabana e mais tarde nós fomos almoçar juntas.

- Hoje à noite – disse Tara  – A equipe já vão.

- Eles vão de avião?

- Sim, um dos aviões particulares.

- Particulares?

- Nós temos alguns Humanimais que trabalham escondidos no aeroporto, eles cuidam das viagens dos Humanimais pois outros estados e até outros países.

- Bom saber - falei e olhei na cabana do Curandeiro - Vou ver como Lisa está.

- Eu vou com você.

Tara e eu irmos até cabana do Curandeiro e ele estava na entrada.

- Eu queria ver a Lisa.

- Coloque as luvas antes de entrar – nos entregou uma caixa com luvas de hospital – Lisa está mesmo querendo muito de ver.

Colocamos as luvas e entramos, agora tinha nove crianças tossindo sangue e cobertas de ervas no corpo. Vi Lisa deitada coberta de ervas, ela fez longo sorriso quando me viu, eu fui até ela e fiz carinhos no seu cabelo.

- Como está Lisa? – falei devagar.

Lisa fez sinais de mãos falando que está com muita dor.

- Eu sei – sussurrei – Por favor, aguentar até chegar os remédios.


***


Á noite, a equipe já estavam se preparando pra irem, Tara, Ursão e eu fomos até Léo. Ursão deu longo abraço nele.

- Boa sorte, filho.

Tara abraçou Léo e disse modo de irmã engraçada.

- Ver se volta, moleque.

Ele rosnou e depois riu. Fui até Léo, ele me abraçou forte.

- Sou trazer os remédios logo.  – prometeu Léo - Eu prometo

- Toma cuidado, Léo – sussurrei.

Léo beijou minha testa e sorriu.

- Não se preocupa.

Léo se juntou a equipe e vi Raoni se aproximando deles.

- Que os espíritos dos nossos ancestrais os acompanham e der forças pra voltam sãos e salvos da missão, junto com os remédios, a salvação pra nossas crianças. – falou Raoni pra equipe e saíram da aldeia.

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