No meio da floresta sozinha, indo andando até no meio das árvores aparece um homem de meia idade, todo corpo laranja e listras pretas, segurando uma lança.

Olhou pra mim e disse:

- Acha sua origem.

Acordei com o som do alarme, pela primeira vez é sonho estranho que não é igual ao pesadelo.

O que será que o homem quis dizer sobre: "Acha a sua origem".

Levantei da cama indo por banheiro e lavando o rosto, lembrei que hoje é passeio por museu.

***

Chegando ao Museu de Arte Indígena no centro de Curitiba, separamos em grupos formando as duplas, Ana e eu formamos duplas e seguimos o guia com os outros.

- Bem-vindos, espero que gostem do passeio e aprendam muito - disse o guia nós mostrando as coisas indígenas.

Foi explicando a história deles, sua cultura, tradições, atividades de caça e pesca, armas e fotos de tribos de índios. Quando ele falava, eu fiquei olhando para as fotos e objetos, até que vi uma foto que me fez ficar sem ar, a foto do índio ao lado do homem pesquisador... É aparecido do homem do meu sonho.

Levantei a mão chamando o guia e perguntei aprontando pra foto.

- Senhor, quem é esse índio?

- É o pajé, foi um século atrás. - foi falando - O pesquisador foi nessa tribo aprendendo cultura deles, o costume e até anotou as histórias que eles contavam a gerações sobre a floresta e espíritos guardiões.

- Como era essas histórias?

- Uma das histórias contam sobre os guardiões que moravam escondidos na floresta, poderes da natureza e sempre acompanhados com almas animais. Os índios acreditam que eles protegem a floresta e que nunca são vistos.

- Entendi, muito obrigada.

- De nada, moça. - disse sorrindo - Espero que goste do passeio.

- É, estou gostando muito.

Quando voltamos para o ônibus, não paro de pensar do pajé aparecido muito com o homem que sonhei. Pajé é que tem habilidade de cura, fala com os espíritos e poderes supernatural. No sonho o homem disse sobre minha origem, será esse pajé tem alguma ligação com o meu sonho?

Sábado

Acordei às 10 horas da manhã e senti algo peludo no meu braço. É Sábio dormindo ao meu lado.

- Sábio, acorda.

"Acordei, acordei Clarisse."

- Como entrou aqui? - perguntei curiosa - Quem bom que essa hora minha mãe está dormindo e pai está trabalhando.

"Entrei quando seu pai saiu de manhã, fechar as portas, mas não fechar as janelas pequenas. Estava chovendo e entrei aqui."

- Ok, vou fazer café da manhã.

Fui à cozinha, fiz torradas e ovos mexidos. Dei por Sábio a tigela com carne de peixe que tinha guardado do jantar para dar pra ele.

- Ontem eu tive sonho diferente.

"Como foi o sonho?"

Contei sobre sonho, Sábio estava ouvindo com atenção e com ar de bem sério e preocupado.

"Nossa, acho que já tá na hora."

- Hora de que?

"Conheço umas pessoas que podem ajudá-la"

- Me ajudar?!

"Vou esperar na frente do portão depois do almoço"

Correu na janela.

- Sábio.

" Eu explico mais tarde", disse antes de ir embora.

***

Depois do almoço, falei para minha mãe que irá por centro para passear. Sábio me esperando no portão e falou pra seguir, andamos por três bairros até chegamos num barro pouco afastado dos outros. Ele parou em frente de uma casa de madeira longe das outras casas.

"É aqui"

Aproximei na porta e quando ia bater, abriu de surpresa e apareceu idosa, cabelo preso loiro, pele clara e usando vestido verde florido.

- Oi... Boa tarde - falei quase gaguejando.

- Minha nossa - disse animada - Você deve ser a famosa Clarisse.

- Como sabe meu nome?

- Sou como você, querida - disse olhando por Sábio no meu lado - Entendemos os felinos, ele fala tanto sobre você e avisou sobre sua visita.

- É mesmo?! - falei encarando o Sábio, e ficou com cara de inocente.

- Venha, querida - abriu mais a porta - Entre.

Entrei olhando em volta, três gatos em cima do sofá e dois debaixo da mesa, fiquei bem feliz que encontrei alguém como eu de falar com felinos. Ela me ofereceu uma cadeira e sentei segurando Sábio no colo.

Na cozinha apareceu uma outra senhora, pele morena, cabelos pretos curtos, vestido vermelho e usar óculos.

- Gina, quem é essa garota? - perguntou.

- É Clarisse - respondeu Gina - Ela vem nos visitar.

- Que ótimo, faz anos que não temos visitas.

- Desculpa, esqueci de me apresentar - disse sorrindo pra mim - Meu nome é Gina, e essa é Mônica.

- Prazer, então conhecem o Sábio - falei enquanto fui acariciando as costas do Sábio.

- Querida, não faz ideia como seu gato é especial - disse Gina sentando na minha frente e Mônica me entregando um xícara com chá - E sabemos que está aqui por causa dos sonhos, podemos ajudá-la... Beber o chá, mas não tudo.

Fiz o que ela disse e entreguei a xícara pra ela. Mônica abriu a gaveta do armário e pegou uma agulha fina entregando pra Gina.

- Estenda sua mão - disse Gina.

Estendi devagar a mão e rapidamente ela fez pequeno furo no meu dedo, pegou minha mão e jogou um gota do meu sangue dentro da xícara. Mônica me deu lenço pra limpar meu dedo enquanto Gina mexia a xícara.

Elas são pouco estranhas, mas sinto confiança nelas.

- Me fale do seu pesadelo - disse Gina olhando dentro da xícara.

- Eu estou correndo numa floresta escura, tentando seguir um tigre correndo na minha frente. - fui contando - O perdi de vista na escuridão, de repente apareceu uma figura longa rastejando na minha direção.

Gina ficou quieta pouco tempo até dizer com voz firme:

- Você tem grande destino pela frente, tem algo dentro de você que está bloqueado. Está cercada no desconhecimento e tem uma grande sombra do mal no futuro que vai tentar atacar sua alma.

Essas palavras deram grande nó de medo dentro de mim. Algo bloqueado dentro de mim? Uma sombra do mal?

- Viu Gina - disse Mônica preocupada - Assustou a garota.

- Não, está tudo bem

- Ok - Gina mexeu dentro da xícara - E seu outro sonho.

- Um homem aparecido como índio, corpo todo laranja e listras pretas. - continuei - Olhou pra mim e disse: Acha sua origem.

Gina já disse depois que falei:

- O espírito guerreiro está te ajudando a desbloquear o que está bloqueado dentro de você. Está mostrando um lugar que terá todas suas respostas da sua origem e seu destino - chamou Mônica - Pegue o mapa.

Mônica pegou mapa do Brasil e colocou na mesa. Gina jogou chá restante nele, mapa ficou todo machado e onde está mais escuro é...

- Amazônia - Gina e Mônica falaram ao mesmo tempo.

- Isso significar?!

- Vá para Amazônia e descobrirá todas suas respostas - disse Gina.

Fiquei sem fala, estou bem confusa o que vou fazer e principalmente o que tenho que fazer nessa situação. Olhei por relógio e vi que já são quase 16 horas.

- Obrigada, mas tenho que ir para casa - levantei - Muito obrigada.

- Ficamos felizes que ajudamos - disse Mônica.

- Lembrasse Clarisse - disse Gina firme - Cuidado com as sombras escondidos na escuridão.

- Vou me lembrar.