Capítulo 22
Mais um dia acordei junto com a luz do sol nascendo, levantei da rede e vendo que Tara ainda está dormindo. Vesti uma blusa de calor vermelho e short jeans, fui até saída da aldeia, onde Ursão sempre me esperar, e está junto com Léo.
- Clarisse, hoje você e Léo vão caça juntos - disse Ursão e encarou Léo com cara bem sério - Nenhuma gracinha, entendeu vocês dois?
- Tá bom - resmungou Léo.
- Entendi - suspirei.
Também não gostei da ideia, sempre que nos encontramos, nós só encaramos e ele com aquela cara de leão nervoso. Mesmo não gostando da companhia dele, Ursão pediu pra mim muitas vezes, pra eu tentar fazer as pazes com o Léo (que parece que vai ser impossível).
Andando lado a lado, afastados um com outro e em silêncio, nós fomos ao norte primeiro, no caminho achei rastros de onça.
- Tem uma onça por perto - falei.
- Ela não vai atrás de nós. - disse olhando em volta - Mas por causa dela, os animais estão pouco longe ou escondidos.
- Alguma ideia? - perguntei séria.
- Me siga. - disse indo na frente.
Ele continuou e reconheci o terreno que Ursão me ensinou nos treinamentos.
- Léo, nós estamos no território dos Humanimais Lobos - falei quase gritando. - Não podemos caçar aqui.
- Não se eles descobrirem primeiro. - Léo correu no território, tentei segui-lo, mas de repente sumiu de vista.
Que garoto teimoso, pensei com raiva, como ele é irmão do Raoni?
É os dois tem mesmos olhos, mesmo corpo forte...
De repente senti cheiro de sangue de animal, significa que Léo caçou um, corri na direção do cheiro e o encontrei matando um porco do mato.
- Qual é, Léo?! - falei brava - Vai que alguém apareça.
- Pelo mesmo peguei uma boa presa.
Eu ia dar mais uma bronca nele até ouvi algo se aproximando de nós, Léo também ouviu, se transformou na forma leão humano e fazendo posição de ataque.
Atrás das árvores, pareceu um lobo preto e bem grande, bem maior que um lobo comum, com certeza tem uns dois metros de altura e está rosnando pra nós.
O lobo desse tamanho, por acaso é o próprio lobisomem?!
Léo o atacou primeiro, antes do lobo com sua mordida o pegou pelo braço e o jogou pra longe.
O lobo me encarou e veio na minha direção, rapidamente transformei na tigresa humana e fiz minha posição de ataque. Isso fez o lobo ficar parado e me encarando, se aproximou bem devagar e notei seus olhos se transformando em...
Olhos humanos, castanhos claros.
Ele é...
Um Humanimal Lobo.
Ele não está me ameaçando com o rosnado e nem mostrando dentes, só me encarando e olhamos um por outro.
Fomos interrompidos por Léo atacando por cima dele, lobo o jogou no chão, mostrando seus dentes grandes, afiados e pontos para mordê-lo.
Por instinto voltei na minha forma humana e peguei o porco.
- Ei – gritei jogando o porco no chão e o lobo me olhou confuso - Desculpa, vamos embora e não caçaremos mais nada no seu território.
Aproximei bem devagar e empurrei Léo com força, fomos embora deixando o lobo parado e nos olhando.
Bem longe do território dos Humanimais Lobos, nós fomos ao oeste sem dizer nada. Léo pegou dois porcos do mato enquanto pesquei cinco peixes e peguei um cacho de bananas.
Voltamos na aldeia quando sol estava alto, Ursão apareceu na nossa frente.
- Então, se divertirão? - perguntou Ursão, Léo entregou os alimentos pra ele e foi embora sem falar nada.
- O que aconteceu, Clarisse? - me perguntou Ursão pouco confuso.
- Nada, ele ficou assim o tempo todo. - menti, não queria falar que agente invadiu o território dos Humanimais Lobos.
Fomos juntos no armazenamento de alimentos e entregamos os alimentos para as mulheres.
- Faz um descanso, Clarisse - disse Ursão.
Depois do almoço fui ao lago das mulheres pra tomar banho. Quando cheguei não tinha ninguém no lago, então fiquei só de sutiã e calcinha, me banhei e vi Indira também se banhando.
- Clarisse, quase me assustou, pensei que ninguém estava no lago. - se assustou me vendo.
- Queria tomar um banho também, hoje fui na caçada com Léo. - murmurei.
- Sério, como foi? – perguntou Indira. – Pegam muitas presas?
- Sim, enquanto ele só ficava mal humorado e chato comigo – resmunguei – Ainda não entendo como Léo e Raoni são irmãos.
- Léo passou por momentos difíceis, desde que babá dele morreu.
Babá?!
Bem que lembrei que a Tara disse que a mãe dela cuidava do Raoni e Léo quando eram crianças. E além de ser mãe da Tara, também era esposa do Ursão.
- Como ela morreu? - perguntei curiosa.
Ela deu uma pausa antes de responde:
- Eu não posso dizer e ninguém na aldeia falar por causa do Raoni. Mãe do antigo líder morreu quando Raoni e Léo nasceram e a babá, que era esposa do Ursão, cuidou muito bem deles... E ela morreu quando eles tinham só oito anos.
Como será que ela era?
***
Mais tarde as mulheres me pediam pra eu cuidar das crianças, acertei e fui ao espaço onde está as crianças, não havia ninguém e senti os cheiros deles, estão escondidos nos arbustos.
- Nossa, cadê as crianças? - perguntei alto, fingi está preocupada. - Pra onde será que eles estão?
De repente muitas crianças pularam em cima de mim.
- Ataque de Sombrios - gritaram todos eles. Eu cair no chão fingindo está morrendo.
- Oh não, vocês me pegaram.
Fiquei parada alguns segundos e quando eles me soltaram, dei um ataque de cócegas pra cada um, eles riram muito alto como loucos até ficarem exaustos de tanto rir.
- E Clarisse atacar de novo - falei com vitória. - Um ponto pra guerreira Humanimal Tigresa.
- Não vale Clarisse, a gente pegou você - reclamou Nicolas.
- Regra mais importante dos guerreiros, não deixa seu inimigo enganar você. - lembrei que Ursão me falou isso no treino.
- Vou ser um grande guerreiro - disse João – Quando minha alma animal vai ser bem incrível.
- Eu é que vou ser grande guerreiro como Raoni - disse Nicolas por João.
- Raoni é melhor guerreiro do mundo - elogiou João e discutiu com Nicolas - Ele é bem forte e você não chegaria nem perto dele.
Enquanto os dois brigavam, pelas nas árvores vi Lisa se escondida atrás da árvore.
Levantei e fui até ela.
- Vem brincar Lisa. - falei sorrindo, ela fez não e sentou no chão escondendo o rosto.
Lisa é muito tímida, tentei animá-la pra ela brincar com as crianças.
- Escutar Lisa, não deixa que o medo te controlar. - acarecei seus cabelos ruivos - Você precisar fazer amizades, como eu tenho amizade com as garotas e você, entendeu?
Ela mostrou rosto com grande sorriso e assentiu, estendi minha mão e ela deu a sua mão, levei Lisa até as crianças.
- Crianças, melhor vocês ajudarem a Lisa - fingi ser um Sombrio perigoso - Porque tem uma Sombria carnívora que vai pegar vocês.
Eles correram e gritando enquanto corri atrás deles, Nani ajudou Lisa e se esconderão nas árvores. Encontrei Nicolas e João em cima de uma árvore e dei umas grandes cócegas neles, demorei muito tentando encontrar as meninas e não conseguia acha-las. Até que elas pularam em cima de mim.
- Ti pegamos - gritou Nani, e Lisa agarrou meu braço.
- Como vocês conseguiram, não conseguir encontrá-las - perguntei.
- Lisa ajudou - disse Nani agarrando meu outro braço.
Pisquei pra Lisa e ela sorriu, brinquei mais com as crianças até que as mães os buscaram para jantarem.
- Vai Lisa, você também – sussurrei no ouvido dela e dei grande abraço nela - Vou te trazer uns morangos.
Lisa sorriu e seguiu as crianças.
Fui ao norte colhendo morangos com uma pequena cesta, passando muito tempo encontrando e pegando os morangos, vi que está quase anoitecendo. Indo voltando pra aldeia, até que de repente ouvi barulho de um gaveto quebrando e senti cheiro estranho e vem na minha direção.
- O que uma bela gata está fazendo sozinha aqui na floresta? - perguntou uma voz feminina e desconhecida.
Entre as árvores apareceu uma mulher jovem, pele branca, magra e bem alta, cabelos morenos longos e bem despenteados, vestido roupas pretas e curtas, tem cauda preto parecendo que é de lobo.
Ela é Humanimal.
Mas não a reconheço e pelo cheiro ela não é da aldeia.
- Quem é você? - perguntei, fazendo posição de ataque.
- Ora, bela gatinha. - foi se aproximando de mim e me encarando dando sorrisinho - Não está me reconhecendo?
Mesmo sendo desconhecida, fiquei parada e o rosto dela ficou bem perto do meu. Me afastei até que olhei com atenção, principalmente nos olhos delas, foi que não acreditei que vi pra quem está na minha frente.
Olhos humanos...
Castanhos claros.
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