Capítulo 34
Meu coração batia desenfreadamente e pela primeira vez, assumi que o amava e esse sentimento me dominou por completo. Era incrível como por mais que nos negaceemos a aceitar os sentimentos que em nosso interior duelam, quando eles finalmente conseguem se libertar, eles simplesmente fluem como água em uma cascata.
Bromo encerrou o beijo com um selinho e olhou para mim.
Meu Deus! Agora a ficha caiu, estou morta de vergonha.
Um sorriso tímido adornou os meus lábios e envergonhada clareei a garganta antes de falar ao mesmo tempo em que me levantava para entrar:
— Acho que está muito frio por aqui.
Ele, nada disse, apenas me acompanhou silenciosamente até ao quarto. Entramos no cômodo e eu fui diretamente para o banheiro. Após sair do banheiro segui até a cama e me deitei nela, me cobrindo totalmente e por fim, fechei os olhos na esperança de dormir rapidamente. Não estava com vontade alguma de ter qualquer que fosse o tipo de diálogo que podia surgir naquele momento.
Não acredito que fiz aquilo — pensei e por incrível que pareça, não me arrependo de nada do que fiz.
— O que foi? Você está muito pensativa. – Perguntou Bromo deitando na cama, já eu, fingi que estava dormindo. O que resultou em um suspiro dos lábios alheios. – Sinceramente não sei como agir com você. Estávamos bem agora a pouco, você é muito bipolar. – Confessou parecendo irritado.
Ok! Estou sendo um pouco bipolar. Mas você tem que me entender, de uma hora para outra você virou minha cabeça. Te odiava, agora te amo, não sei o que pensar estou confusa. Mas quem é o mestre da bipolaridade é você, e isso é irredutível.
Claro que não falei isso, mas não custa pensar.
Vou tentar me acalma, afinal, quero muito que ele me leve para essa reunião.
Sentei na cama, já que não poderia ficar virada para ele, por causa da barriga.
— Acho que é os hormônios da gravidez ou não estou sabendo lidar com tudo isso. – Respondi passando a mão no rosto, respirando profundamente.
Ele sentou na cama e virou-se para mim.
— Sei que você tem raiva de mim pelo que aconteceu antes, entretanto tente conhecer o meu outro lado, para pelo menos amenizar essa raiva que sente de mim. – Pediu Bromo pegando a minha mão e se aproximando. – Posso mostrar que posso ser um ótimo esposo, não é assim que falam no seu mundo? – Um sorriso surgiu em seus lábios depois de tais dizeres e ele o meu rosto. – Só não misture as coisas, sou líder de um reino posso ser completamente diferente como seu companheiro. Sou assim, preciso ser assim e nada vai mudar. – Acrescentou com o semblante sério desmanchando por completo o sorriso que tinha no rosto.
Olhei para ele, sabia que se existisse um relacionamento entre nós dois, existiriam também os prós e contras. Mas se os contras forem maiores que os prós, deveria ariscar?
— Que tal irmos devagar, dar tempo ao tempo? – Sugeri meio que fugindo da situação.
— Pelo menos é melhor que nada. – Concordou após morder os lábios.
Assenti com a cabeça.
Não tínhamos mais assunto e ficamos um olhando para o outro.
— Acho melhor dormimos. – Tornei a sugerir me deitando novamente.
=— Discordo do seu ponto de vista. – Contradisse dando o meio sorriso e ficando quase em cima de mim.
Assim percebi ele já estava em cima de mim, com os cotovelos apoiados na cama, para que seu peso não me machucasse. Tentei me mexer para sair deu ser aperto, toques e beijos, porém nada do que eu fazia pareceu funcionar. Quando desisti de resistir as suas investidas, o puxei para perto de mim e acariciei seus cabelos enquanto ele beijava a minha boca e pescoço. Após algum tempo assim, ele quis partir para a outra fase.
— Não!!! – O empurrei, o fazendo parar.
— Não acredito que você vai me deixar nesse estado. – Reclamou parecendo indignado com minha súbita rejeição.
— Claro que sim. Você já viu o tamanho da minha barriga. – Apontei me afastando um pouco dele.
— Não haverá problema. – Afirmou o seu congénere voltando para cima de mim.
— Falei que não. – Declarei o encarando, esperando a sua reação.
Ele olhou para mim e saiu da cama murmurando algo inaudível, entrando no banheiro logo em seguida.
Pelou menos em um ponto ele melhorou — pensei comigo mesma.
Quando ele saiu do banheiro, estava quase dormindo, e o único que senti, foi ele a passar seu braço por cima de minha barriga e se aconchegar a mim.
§
Por incrível que pareça os dias nesse lugar passam-se rapidamente, e sem perceber uma semana havia passado, deixando-me inquieta com o tempo das luas.
Durante a última semana que se passou, as coisas ocorreram bem, pelo menos para mim. Bromo tem sido cuidadoso e carinhoso, ele está ansioso para ver o bebê já que está perto do seu nascimento e, o médico disse que a qualquer hora posso entrar em trabalho de parto. Contudo, como nem tudo são flores, em compensação, as coisas nos reinos têm ido de mal a pior. Os rebeldes, como eles mesmos falam, estão saqueando cidades e matando pessoas inocentes, o que claramente, tem deixado Bromo furioso, pois parece que os rebeldes se aliaram com o Reino do Leste, o único reino com o qual ele não conseguiu formar uma aliança.
Amanhã será a reunião onde se decidirá o destino dessa terra, e será o meu ponto de partida para ver se irei conseguir impedir essa guerra, ou não. E sinceramente, espero que tudo ocorra bem, estou torcendo para isso.
Neste exato momento, encontro-me a ler o livro de feitiços e por incrível que pareça há dois dias atrás enquanto o lia no jardim, murmurei um de seus encantos e subitamente, exatamente o que falei, aconteceu.
§
Estava deitada no jardim, tentando pronunciar uma daquelas palavras difíceis quando li no livro o encanto para fazer crescer flores. Parecia um encanto fácil então resolvi pronunciar o mesmo, e quando o fiz, uma pequena rosa branca cresceu a minha frente.
Primeiro fiquei espantada com aquilo, segundo não acreditei de primeira, então decidi repetir o que havia feito e outra rosa branca cresceu ao lado daquela.
Fiquei sem palavras. Incrédula, não acreditei que podia conjurar um feitiço.
§
Agora estou aqui novamente, deitada na cama e tentando conjurar o feitiço da página que se abriu a minha frente, da vez que Flora estava aqui comigo.
Majuris cai.
Porém, dessa vez quando pronunciei o encanto nada aconteceu.
Consternada, fechei o livro e guardei. Tinha que descobrir como fazer esse encanto funcionar.
Levantei da cama e sai do quarto. Ia a passar pelo saguão de entrada do Castelo me dirigindo ao jardim, quando a voz de Clara soou me chamando.
— Rosa poço conversa com você? – Perguntou vindo em minha direção.
— Pode, estou indo agora mesmo para o jardim.
— Ótimo, então vamos conversa lá. – Disse me acompanhando até o jardim.
Sentamos em um banquinho que havia na cobertura do jardim e então a voz de Clara soou novamente, iniciando o tópico de conversa. Ou pelo menos tentando, já que aquela parecia ser uma tarefa difícil para si.
— Então. – Pausou respirando profundamente. – Não sei por onde começar. – Confessou apertando as suas próprias mãos.
— Comece pelo começo. – Incentivei, quando vi o seu desconforto.
E novamente, ela respirou profundamente.
— Tudo bem, vamos lá. – Começou ganhando coragem. – Como tinha comentado com você, eu vim para esse mundo quando tinha 20 anos, mas não contei um detalhe muito importante. – Reprisou a conversa que tivemos algum tempo atrás. – Quando o portal para esse mundo se abriu não trouxe apenas eu, mas também o meu irmão mais velho. Ele tinha 25 anos na época em que chegamos aqui e queríamos achar uma maneira de sair desse mundo, assim como você. – Explicava ela e parou um pouco de falar respirando fundo. – Mas quando encontrei Greco os meus planos mudaram, queria ficar nesse mundo. Mas Marcos pensava o contrário, ele não suportava esse lugar, ele queria a qualquer custo sair deste mundo asqueroso como ele falava. Nisso vocês têm muita semelhança. – Não entendi quando ela falou essa frase. – Passaram-se alguns anos, e Kaito já havia nascido, quando ele conheceu uma mulher. Ela era viúva, tinha uma filha recém-nascida, porem como vou dizer? – Perguntou para si mesma. – Com o tempo ela foi mudando.
— Mudando?
— Ela era uma manipuladora de uma figa que destruiu a vida do meu irmão. – Disse e o ódio em sua voz era claro. – Preferia que ele tivesse ido embora do que vê-lo morrer por causa dela, mas isso não importa agora. – Acrescentou. – Continuando, ele se apaixonou por ela e os dois começaram a se relacionar mesmo isso sendo extremamente proibido por aqui. Logo após ela engravidou, quando a menina nasceu meu irmão foi o homem mais feliz do mundo, entretanto, como nada é perfeito, o relacionamento deles foi descoberto. Neste mundo, não pode haver a união de um casal sem ter o laço de companheiro, por isso é proibido. Como meu companheiro era o futuro soberano na época, ele tentou intervir, mas não sei o que aquela mulher tinha na cabeça que se meteu com as bruxas das trevas, destruindo de vez a possibilidade de ainda haver algo de bom nela, complicando ainda mais a situação deles. Ela fugiu e meu irmão foi preso e sentenciado a morte. – Clara parou de falar quando uma lágrima solitária correu pelo seu rosto. – Após quase um ano, ela enviou a criança para o outro mundo, não me pergunte como, porque não sei, só ela pode te dar a resposta. Sei que ela amava meu irmão de verdade, porém infelizmente nem tudo sai como imaginamos. – Dalou olhando diretamente para mim.
— Sinto muito. – Proferi não sabendo como consolá-la e pegando em sua mão.
— Você não precisa me consolar. Você já é o consolo que preciso. – Disse enxugando as lágrimas do rosto.
Não entendi. — Uma expressão de dúvida tomou lugar na minha face.
— Por que você contou essa história toda? – questionei deixando para lá a dúvida que tinha.
— Você realmente não entendeu? – Assenti com a cabeça. – Você é o bebê de que falei. – Declarou um pouco relutante de qual seria a minha reação.
— O quê? – Perguntei pasma.
Bebê, bebê, mas como?
Esse homem é meu pai. Mas como? — pensei com a mão na cabeça.
— E essa mulher, onde ela está? – Inqueri esquecendo a minha frustração, por um instante.
— Não sei nunca mais a vi.
Fiquei algum tempo sem falar nada e com a minha mente em confusão.
Então meu pai, meu verdadeiro pai não está mais vivo e a minha mãe está viva, porém não sei como encontrá-la.
Feridas que achei que estavam cicatrizadas, foram abertas abruptamente.
— Você está zangada comigo? – Perguntou Clara com medo pela minha resposta.
— Não, como poderia ficar brava com a senhora? – Falei a abraçando. – Obrigado por me contar, mesmo que um pouco tarde.
— Não é a mim que você deve agradecer, foi Bromo que me colocou contra a parede.
Quando ela falou isso, tudo ficou claro em minha mente.
— Ele já esteve no meu... No nosso mundo e sabe tudo sobre mim. Há quanto tempo ele me conhece? – Perguntei saindo de seu abraço, a encarando.
— Não sei, isso só ele pode responder.
Suspirei, claro que ela não ia me contar.
Mas tem um problema, quem condenou meu pai a morte, se na época que isso aconteceu o pai de Bromo já havia morrido e ele era muito novo para governar?
— Quem matou ele?
— Sabia que você faria essa pergunta, mas não posso te dizer. – Deixou claro seu posicionamento sobre essa questão.
— Sou a filha, tenho o direito de saber. – Disse indignada pela sua resposta.
— Sinto muito, mas esse assunto não me compete. – Asseverou saindo do jardim, me deixando sozinha com meus pensamentos.
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