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Capítulo 3

Disparei na direção do quarto, entrando com o coração batendo forte contra as costelas. Fechei a porta e me apoiei contra ela, em uma vã tentativa de fazer peso contra qualquer um que tentasse entrar.

O desespero se abateu sobre mim, passei a ofegar, recebendo apenas um ar pesado.

O que vou fazer?! O que vou fazer?! Irão me matar! É isso, vou morrer!

Olhei em volta, procurando outra rota de fuga, mas com a mente perturbada, nenhuma mostrou-se viável.

Rosalho, acalme-se, garota! Calma... De nada adianta se eu perder a cabeça.

Vozes abafadas chegaram até mim, uma delas de Rafi e outra, irreconhecível.

— Essa não! Preciso ajudar Rafi...

Corri novamente os olhos pelo quarto, e encontrei o guarda-roupas de sua filha. Corri até ele, receosa por tirar o peso de meu corpo da porta.

Enquanto andava até ele, tratei de tirar minhas roupas.

Abri as portas com afobação, peguei a primeira peça de roupas que surgiu em meu campo de visão e a vesti: um vestido vermelho, com o tecido fino e solto.

Vou morrer de frio com isso...

Me troquei em uma velocidade assustadora e voltei para a sala.

Meu coração ainda batia fortemente contra as costelas, como duas grandes caixas de som no volume máximo. Levei uma mão ao peito e inspirei profundamente, à procura de calma.

Abri a porta e saí.

Para minha surpresa, Rafi e um homem branco conversavam de forma amistosa, até mesmo se via alguns sorrisos entre as palavras.

Logo a minha presença foi percebida pelo homem. Ele me examinou de cima a baixo, e tratando-se de uma desconhecido, falou:

— Quem é esta?

Rafi olhou para trás, na minha direção. Ao me ver em roupas comuns daqui, sorriu aliviada.

Talvez eu não esteja tão... diferente das pessoas locais.

— Esta é minha filha, Rosalho. – disse – Ela está morando em outro vilarejo, pouco conhecido. Veio me visitar.

— Por que não me disse que teve outra filha? – perguntou, com o olhar afiado em minha direção.

Rafi assumiu uma postura altiva, cruzou os braços e o encarou de forma igualitária.

— Não sabia que lhe devia satisfações da minha vida. – sua sobrancelha arqueou-se.

De afiado, seu olhar foi para amistoso e então galanteador. O desconhecido sorriu e veio na minha direção.

— É com imenso prazer que lhe conheço, Rosalho. – disse, sua voz em tom baixo – Me chamo Kaito, faço parte da alcatéia do Norte.

Tive que me controlar para não expressar tamanha dúvida.

Alcatéia? O que isso quer dizer? Talvez seja por isso que Rafi se referiu às pessoas como animais... Talvez sejam um.

— O prazer é meu. – cumprimentei, com um sorriso sem graça na face.

Rafi pigarreou, atraindo novamente a atenção para si. Sua postura continuava a mesma, quando tornou a falar:

— Pode voltar para o bando, Kaito, não há nada aqui para você.

— Sempre tão gentil... – ironizou. Ele tornou a olhar para mim e sorriu – Entretanto tenho informações para lhe dar.

— Diga de uma vez!

— As alcatéias do Norte e Sul formaram uma aliança. Temos até a próxima Lua Cheia para fazer a identificação das raças, e contar ambos os lobos como uma nova alcatéia.

Outra vez tive que me privar da dúvida.

Afinal, o que é tudo isso sobre o que falam? Isso me cheira à possível confusão.

Kaito tomou minha mão entre as suas, levou-a até os lábios e depositou um beijo quente e rápido nela. Um gesto um tanto quanto antiquado.

— Espero vê-la novamente, Rosalho. – disse, com um sorriso radiante e talvez verdadeiro – Será novamente, um prazer.

Ele se foi, finalmente me permitindo verbalizar as dúvidas.

— O que acabou de acontecer?

Ela revirou os olhos.

— Ele adora fazer estes tipos de graças, são machos como ele, que lhe mandei ficar longe. – disse, um tanto quanto sem humor – Fora que não sei o quão confiável ele é.

— Tudo bem, mas... O que exatamente ele acabou de dizer? Sinto que isso não será bom...

— Quando as alcatéias se juntarem, e for feita a identificação... você será descoberta, já que não é daqui e portanto, não possui raça.

Um calafrio percorreu meu corpo, ao mesmo tempo em que o pavor surgia. Se fosse descoberta aqui, com certeza não poderei voltar ao meu mundo e minha irmã ficará só... E se for descoberta, com certeza morrerei.

Talvez Rafi tenha percebido minha reação – tanto interna quanto externa – e logo, tratou de segurar minhas mãos e tentar me acalmar.

— Por favor, fique calma... – pediu – Nós iremos pensar em algo, não deixarei que seja descoberta e nem que algo ruim lhe aconteça.

Espero que tenham gostado, votem e comentem, quero saber vossa opinião. Tchau, tchau. 😘😘

📖 Recomendação para revisão: 📖

Beta/Revisor: BeatrixHeloise

DarTaLivros  ,com os agradecimentos.

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