Capítulo 15
Olá pessoal, espero que gostem do capítulo. Não esqueçam de dizer o que acharam do capítulo, então, boa leitura.
— Minha...!
Senti algo macio sob meus pés. Quando olhei, notei serem flores brancas, que, para mim, eram desconhecidas.
Ao erguer novamente os olhos, havia um lobo branco à frente, e adiante, a floresta noturna. Ele era grande, entre três ou quatro metros de altura, de quatro.
Ele ameaçou dar um passo em minha direção, sua pata, erguendo-se minimamente do chão.
— Afaste-se! – sussurram ao meu ouvido, baixo, porém urgente.
Fiz como me pediram e dei um passo para trás. Mas a voz feminina não se calou, pelo contrário, a urgência havia aumentado.
— Afaste-se!
Só então notei que o lobo havia andado mais que três passos. Um forte vento ergueu meus cabelos, a visão sendo fechada por eles. A corrente era forte e veloz, quase me fazendo flutuar...
— Corra, agora! – dessa vez ela gritou.
O vento era incrivelmente forte, e com isso, a paisagem começava a se alterar, mas não me lembrava de estar correndo. Não conseguia enxergar as pernas, entretanto, com certeza estava em movimento.
Levantei na mesma velocidade do vento, notando o suor escorrendo pela minha testa, as mãos e pernas tremendo, o coração disparado e respiração irregular.
Levei alguns segundos para assimilar onde estava.
Com a respiração normal e os membros tremendo menos que antes, decidi me levantar e seguir até a janela.
A abri, sendo cumprimentada pelo Sol nascendo ao longe.
— Bom dia... – bocejei.
Segui até o baú de onde tirei a camisola na noite anterior. Peguei um vestido qualquer, que aparentasse ser relativamente leve.
Mal amanhecia e já estava fazendo calor.
Saí do quarto, sendo recebida pelo silêncio. Com certeza Nora estava fora, procurando pelo o que precisasse para me ajudar.
Segui até o banheiro.
Com certeza, uma das coisas que mais sinto falta, é de poder tomar banho de ducha, mas por enquanto, a banheira de madeira serve para me manter limpa.
Sorri fracamente, e comecei a me lavar.
§
Ao sair, trombei fortemente contra o corpo – um pouco mais alto – de Nora.
— Cuidado por onde anda, Rosalho.
Corei levemente.
— Bom dia, Nora. Como está?
— Cansada, porque passei boa parte da noite pensando no que devo fazer, aonde estão certas coisas... E você?
Devo contar a ela sobre o sonho?
Novamente com a sobrancelha arqueada na minha direção, ela comentou:
— Precisa me dizer algo?
Sacudi a cabeça de um lado ao outro.
Sério, como ela faz isso?
Outro sorrisinho convencido.
— Precisa de ajuda? Me sinto culpada por fazer você ficar até tarde...
— Não se culpe. Ossos do ofício. Só preciso buscar algumas coisas, então passarei boa parte do dia fora de casa. – dito isso, sua expressão tornou-se sombria – Rosalho, não sou como Rafi, então, acho melhor que não saia desta casa hoje. Entendeu?
Concordei rapidamente, de forma afobada.
Céus... O que essa mulher é? Parte demônio?
— Sabe, costumavam dizer que minhas ações eram tão afiadas quanto uma lança de diamante. – comentou de forma leviana.
Eu não sabia o que aquilo significava, mas com a luz brilhando em alerta na minha mente, decidi permanecer calada e torcendo para não descobrir.
— Parece que estamos realmente entendidas. – disse – Bem, para o feitiço funcionar da forma que precisa, ele tem que ficar em repouso durante vinte e quatro horas. Deve estar utilizável em dois dias, não se preocupe.
— Há chances de não funcionar?
— Existe prós e contras em tudo, a magia não é diferente, Rosalho.
Ela continua com seu caminho, me deixando apreensiva e insegura.
Então, como pode ter tanta certeza de que seu feitiço funcionou?
Encarei meus braços, esperando encontrar qualquer coisa que fosse diferente, até mesmo lodo. Mas não havia nada.
Engoli em seco.
§
Com a devida liberdade dada por Nora, furtei um livro de sua coleção, e há mais ou menos três horas estou sentada no mesmo sofá de ontem, o lendo, mas não compreendendo.
Qualquer coisa para me manter ocupada.
É o que digo a mim mesma desde que Nora desapareceu. E em todo este tempo, nada além do meu tédio se revelou.
Em algum momento entre ler e bocejar, adormeci.
Via Bromo à minha frente, de costas, olhando através da janela.
— Bromo?
Não era possível, como eu estava no Castelo?
Ameacei dar um passo para trás e fugir, quando uma segunda voz me travou.
— Senhor?
Ele se virou, com as mãos unidas às costas.
— Lamento, mas não conseguimos encontrá-la.
Ele socou sua mesa com força.
Seus olhos brilharam em um vermelho incandescente.
— Como é possível, me diga?! – vociferou. Seu tom era quase feral – Me diga como uma simples humana foi capaz de escapar de um Castelo cheio de soldados bem treinados!?
— Senhor, nós não...
— Alguém a ajudou, com toda a certeza! Sequer posso sentir seu cheiro, e nós dois sabemos as capacidades de um humano, e ocultar o próprio odor não é uma delas! – ele concordou, com o olha baixo e uma expressão de dor nos olhos – Então encontre quem a ajudou!
— Senhor... A única pessoa em sua companhia era aquela serva.
Sua púpilas retraíram como as de um felino.
Céus... O que estava acontecendo com ele?
Sua postura tornou-se levemente curva, o maxilar um pouco proeminente além do normal.
— Tragam-na, agora! Sala do trono!
A expressão de dor no rosto do soldado era clara, agora. Bromo o estava machucando, mas como?!
Ele não mediu tempo para sair da sala, e então finalmente percebi, ele iria atrás de Flora.
— Bromo, por favor! – corri em sua direção – Bromo, não faça isso, Flora não teve nada...
Ele se virou na minha direção, aparentemente sem me ver e arremeçou um vaso.
— Flora! – grito.
O livro bloqueava minha visão. Me sentei e o atirei para longe. Pouco me importava o que Nora faria comigo por isso, Flora estava em apuros e eu era a culpada!
Lágrimas brotavam nos cantos dos meus olhos. Me levantei com pressa e corri para a porta, sendo surpreendida por Nora.
— Rosalho! – quase bati contra seu corpo – Rosalho, o que aconteceu?
O desespero deveria ser nítido em meu rosto, pois Nora estava verdadeiramente preocupada.
— Bromo! É o Bromo! – Falei em choque.
— O que tem ele? – Uniu suas sobrancelhas.
— Ele... Ele descobriu...
— Que você fugiu? Cedo ou tarde isso iria acontecer. – Não deu muita importancia.
— Não, não entende! Flora...
— Ah... – sua expressão pesou – O que aconteceu com ela?
Neguei com a cabeça, deixando que as lágrimas caíssem. Derrotada, deixei que Nora me puxasse para dentro e me colocasse novamente no sofá.
— Como sabe disso? Ele o ameaçou? Veio aqui? Como descobriu onde estava?
— Eu o vi... Em um sonho.
— Sonho? – assenti – Pode me dizer como isso aconteceu?
— Eu estava lendo um de seus livros e então, caí no sono e depois eu estava lá...
— Qual livro?
Apontei na direção de onde o lancei. Nora o pegou, checou a capa e depois seu conteúdo.
— Este livro não me pertence. – disse, voltando para perto de mim – É o diário de Selena.
Nessa hora olhei para ela.
Diário? Não, tenho certeza de que...
Encabulada o tomei de suas mãos, vendo ali, o nome da falecida filha de Rafi.
— Nora, eu tenho certeza de que não... Eu juro que estava... Não era esse!
— Ei... Shhh... – tocou suavemente meu ombro – Eu sei, okay? Acredito em você.
Funguei o nariz algumas vezes, antes de gaguejar um agradecimento.
Nora permanecia de pé, com o indicador batucando contra o queixo. A expressão profunda intregava seus pensamentos.
— O diário... – soltou.
— Nora, o que posso fazer para ajudar Flora? Me diga! Não posso deixar que ela sofra por minha causa! Você não viu como Bromo estava, ele nem parecia humano!
— Isso é porque ele a quer de volta, seu lobo a quer... Ele não vai sossegar enquanto não a encontrar... Isso nos resta duas escolhas: volta, salva Flora e fica presa lá... Ou, fica aqui e deixa que Flora sofra, e você volta para sua casa.
— Não pode me colocar nesta situação.
Seus olhos se tornaram opacos.
— Eu a coloquei nesta situação? – seu tom elevou-se – Tem certeza? Por que não obedeceu Rafi de uma vez?! Se você nunca tivesse saído de sua casa, nada disso estaria acontecendo. Estou apenas consertando o erro de vocês!
Abaixei a cabeça com a consciência pesada. Nora tinha razão, isso era culpa minha, tudo isso era culpa minha... Mas não poderia deixar que Flora sofresse por meus atos, não, de modo algum.
Ouvi um suspiro pesado sair de Nora.
— O que foi? – perguntei.
— Rosalho, entenda que quando Flora lhe ajudou, ela sabia muito bem o que estava fazendo. Ela sabia dos riscos, e que isso incluía ser morta.
Meu estômago pesou.
— Morta? – minha boca amargou com a pergunta.
Ela assentiu, com o semblante triste e sombrio.
— Eu entendo que se voltar, ficarei presa lá e que isso significa nunca mais voltar e ver minha irmã, mas... Eu não posso deixar que ela morra por minha causa. Nora, eu preciso ajudá-la. Fugi uma vez, posso fazer isso de novo, caso o contrário, prefiro morrer.
Ela soltou algo entre uma bufada e um riso.
— Você é como ela. – diz lentamente, me olhando de cima a baixo.
— Como quem?
Ergueu novamente a sobrancelha, me encarando com um meio sorriso. Balança a cabeça de um lado ao outro, negando.
— Esqueça sobre isso. Prometi à Rafi que...
Me pus de pé, com a coluna tão ereta quanto uma agulha. A encarei fixamente.
— Eu sei muito bem o que prometeu, e caso Rafi venha falar algo, diga que foi minha escolha.
— Sabe que isso não vai funcionar, mas... – ela seguiu até a cozinha – também é escolha minha, Rosalho, então, não posso te mandar para a forca sem te dar uma faca.
Forca? Forca? Do que ela está falando?!
Quando voltou, tinha um colar e dois vidros pequenos.
— O que é isso?
Ela indicou a primeira na minha direção, era azul e límpida.
— Esta é para quando estiver na floresta. Beba e será levada até o Castelo. – me entregou. Quando a peguei, Nora passou o colar pelo meu pescoço e o abriu – E quanto a esta... Não está completa, mas é a poção para quebrar sua ligação. Se esperar um pouco, posso prepará-la... Mas, você sabe, ela precisa ficar um dia em descanso.
— Ou seja, mesmo que eu a leve e beba, pode não funcionar. – concordou – Esperarei, porque será melhor do que nada.
Ela concordou novamente e disparou de volta à cozinha.
Pronto, agora chegou o momento de enfrentar Bromo.
📖 Recomendação para revisão: 📖
Beta/Revisor: BeatrixHeloise
DarTaLivros,com os agradecimentos.
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