Sinopse
— O que farei sem o senhor? — A voz é amarga e soluçante, cheia de desespero em ver o rei Carlos nas últimas, devido um problema no coração.
Algo negligenciado por ele mesmo no qual está deixando sua amada esposa e três filhas, sendo uma delas a sucessora de seu reino.
Ana Elaiza, está a um passo de se tornar a primeira rainha da Escócia, porém sua preocupação no momento é com seu velho pai que mal consegue pronunciar as palavras pela fraqueza iminente.
— Por favor, meu rei, meu pai, lute! Não nos deixe, não vá, te imploro. — Carlos sorri, uma coisa estranha já que quase está trilhando o caminho da eternidade e sua filha implorando para que fique.
Contudo, Carlos não fazia por mal, seu sorriso era por gratidão e de certa forma tranquilidade, sabia que seu país que tanto ama estaria em boas mãos.
— Filh- Filh... — Gagueja, de fato Ana entende, pois na mesma hora segura forte a mão dele o fazendo tentar falar novamente. — Seja... boa para o, povo...
No melhor quarto do hospital de Edimburgo, Ana ouvia choramingo dos leais lords e colaboradores de seu pai, todos amavam o rei. Havia sido um dos monarcas mais respeitados e queridos de toda a monarquia escocesa.
Seu legado era de muita honestidade, empenho, fim de guerras e grande prosperidade. Carlos tinha sido um rei que não se importava em trabalhar no meio do povo, mesmo sendo contrário aos lordes, que achavam um absurdo um rei no meio dos plebeus como se fossem seus iguais, porém Carlos era homem e rei, então fazia o que queria e como queria, e sabia que sua filha, sua prole, a próxima líder, era igual a ele.
— Me - Me - me perdoe meu amor por deixá-la assim! Masssss saiba que - que sempre... — com dificuldade toma fôlego —, estarei com vo - você em seu coração.
Ana sempre foi ensinada a não demonstrar sentimentos para nunca transparecer fraqueza, entretanto como dito, era igual ao pai, por isso chorava de soluçar, não se importando com olhares reprovadores de alguns lordes.
Seu pai estava indo embora para sempre e seu sentimento era de luto eterno.
— Pai. Te amo tanto, te imploro, fique e reine! — Carlos levanta um dos braços trêmulos para descansar o rosto da filha em sua mão. Seus olhos estão parados e focados no rosto dela, que puxará os traços da mãe.
Carlos pensa e reúne todas as suas forças. — Chegou... — Ana segura firme a mão do pai. — sua vezzzzz...
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Uma melodia era emitida por toda a antiga Catedral. Melopéia embargada em tristeza, morte e solidão. Enquanto o som era feito por sete violinos, três violoncelos e um belo piano de cauda, o caixão preto de um brilho incomum adentrava a magnífica catedral cristã chamada Suthercó, de Sutherland, Escócia.
Ana estava na primeira fileira de poltronas cor vinho com alguns detalhes em madeira preta. Seu semblante era de cansaço e amargura.
Ao seu lado, estava sua mãe que, somente naquela hora, havia notado o quão seu vestido, um Dior tubinho com decote canoa, sinto do mesmo tecido em preto até os tornozelos caía bem na matriarca. O rosto quase sem maquiagem devido às excessivas lágrimas, entretanto ainda a deixava bela e sofisticada.
Gabriely Elaiza se casará com Carlos quando ainda nem havia completado 18 anos e logo se tornara mãe de Ana, Deborah e Sarah. Sua vida era perfeita, e não porque havia se casado com um rei, mas pelo amor que ele próprio fazia questão de demonstrar a cada segundo para com ela.
Ana sabia que queria um casamento igual ao deles. Ela exigia isso, um amor como o deles, nada além disso, não menos que isso.
— Mamãe? — Diz baixo — Pegue meu lenço, o da senhora já está muito sujo devido as lágrimas. — Afetuosamente entrega o pequeno pano com as iniciais A.E.C, em linho dourado de seu nome completo.
Gabriely pega retribuindo com um sorriso de pura tristeza, porém de gratidão, assim volta a sua posição inicial de frente vendo seu amado sendo carregado por seis guardas reais, todos trajados de preto e azul marinho.
Como protocolo exigido nas cerimônias fúnebres de um monarca, a vossa senhoria Paulo, o antigo adueiro da igreja aparece se posicionando em frente ao púlpito e ao caixão. Ali começa a sua pregação.
— O Senhor é o meu pastor e nada me faltará. Me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranquilas. O Senhor renova as minhas forças e guia por caminhos certos, como Ele mesmo prometeu...
Ana encarava o velho, se lembrando de muitas vezes estar naquele mesmo corredor, onde agora seu pai estava, correndo sozinha pelos inúmeros bancos de madeira envernizado a brincar, enquanto seu rei conversava com vossa senhoria a respeito dos cultos.
Ana sempre se sentiu à vontade com o adueiro, a experiência do homem a fascinava. Sempre o pegava questionando sobre os ensinamentos e os textos bíblicos que tanto a cativava. Hoje, porém, pela primeira vez, olhava para ele e seu desejo era desaparecer daquele pesadelo, desejando o mais forte possível que tudo aquilo acabasse e que seu pai voltasse à vida. Entretanto, seria um desejo impossível de ser realizado.
— Ainda que eu ande por um vale de sombra e da morte não terei mau algum...
— Vossa alteza? — Ela estava longe, pensando ainda nos bons momentos com o pai não notando que seu amigo e futuro conselheiro, Ravier Viturino estava a chamando. — Vossa alteza, está bem? — Enfim, Ana se vira para observá-lo, vendo como ele estava elegante e triste, porém com um singelo sorriso acolhedor.
— Estou bem meu amigo, agradeço vossa preocupação. — Em respeito, Ravier faz um movimento de aceno com a cabeça e volta a sua posição de antes, obrigando Ana a fazer o mesmo.
— E a tua casa, oh Senhor, morarei todos os dias da minha vida!
Paulo desce um pequeno contingente de escadas para se aproximar do caixão.
— Vossa majestade, Carlos Elysium Carolino, foi um dos mais aclamados e amado rei desta grande nação. Hoje é um dia de muita dor, porém de uma grande reflexão, de como devemos seguir o exemplo do nosso finado rei, assim como em particular, o vi tentar a todo custo se aproximar da essência do nosso Senhor Jesus Cristo. Carlos Elysium Carolino, será lembrado para sempre, como rei de coração valente e uma compaixão incrível. Descanse em paz... senhor.
A melodia recomeça, ordenando que cada lorde, lady, parlamentar e plebe, em respeito poça se levantar e prestar suas últimas homenagens ao vosso rei morto. Ana, Gabriely, Deborah, Sarah, Ravier e toda uma pequena parte dos parlamentares, também se levantam fazendo reverência ao caixão que passa naquele instante em vossas frentes.
Gabriely, a rainha Mãe, tentava se controlar, mas apesar de tudo era humana e com sentimentos, portanto chorava, sendo amparada por suas filhas, em especial Ana que procurava ao máximo se fazer forte por ela.
A ataúde já se aproximava da grande porta de entrada da igreja. Atrás dela, todos os súditos que haviam sido convidados, os parlamentares e os adueiros. A família do rei, junto com os conselheiros eram os últimos, uma etiqueta criada pelo próprio rei antes de morrer, de que o povo seguiria atrás dele, pois ali mesmo depois de sua morte, mostraria que o mais importante era o seu povo, até mais que sua própria família.
O cortejo se estenderia por toda o condado de Sutherland até o aeroporto de Inverness, de lá seguiria até Edimburgo, onde terminaria no cemitério Dean, lar final dos vários ancestrais do rei e agora dele próprio.
Por onde o carro fúnebre passava, podia-se ouvir palmas e se ver choros de todo povo que até dias atrás era o bem mais precioso de Carlos. Isso era um conforto para Ana, em ver o quão o pai era amado.
Pouco tempo depois o corpo chega ao aeroporto para o destino. Enquanto os soldados retiravam a esquife de dentro do veículo, a rainha Mãe se preocupava em ter cautela em encarregar seu amado marido. Ana ainda no carro junto com as irmãs, observava a cena da matriarca balançando as delicadas mãos para todos os oficiais que carregariam seu marido.
Ravier estava também no carro, por que como Ana se tornaria a próxima governante do país, ele não sairia mais de perto dela por se tornar o primeiro conselheiro. Ele vinha de uma linhagem de conselheiros reais. Era tradição um Vitorino suceder este precioso cargo de tamanha responsabilidade, e agora havia chegado sua hora, a hora de servir, e ele faria seu trabalho com absoluto empenho.
— Vossa alteza? O avião já está à sua espera minha senhora. — As irmãs saem primeiro, seguidas por Ana que agradece Ravier, mas sem olhar para ele. Saindo todos do Rolls Royce branco, seguem para o avião particular do rei, que agora seria da rainha, ou seja, de Ana.
O trajeto para a cidade natal de Carlos seria de aproximadamente 4 horas e meia, tempo suficiente para que futura rainha tivesse um momento a sós com seu pai, no fundo do avião em um lugar reservado para ele e seus entes queridos.
— Meu querido pai, meu amado rei. Tu não cumpriste com tua promessa. Prometestes a mim que viveria para sempre e que nunca me deixaria. Agora estás aí, debaixo desse vidro a me permitir olhá-lo e não poder toca-lo. O que farei agora? Meu professor se foi, meu mestre me deixou, sua pupila está desamparada de todos os sentidos...
Ela dá uma pausa para colocar sua testa sobre o vidro 30 x 30 para molhar a pequena barreira transparente com suas frenéticas lágrimas de desespero.
— Porque tinha que morrer pai! Porque tinha que ser tão descuidado com sua saúde meu pai. Quantas vezes mamãe e eu implorávamos para se cuidar, e você... — Para de falar limpando o vidro que embaçava por suas descompassadas respirações. —, dizia que estava bem, que sua saúde era de ferro. Que ferro é esse que se desfaz diante dos meus olhos? Ferro que enferruja e vira pó, pois você virará pó pai, retornando a sua fase original, e eu? Eu estarei aqui, sentindo o seu desaparecimento sem poder fazer nada a respeito.
Seu pai estava em uma altura em que ela conseguia se ajoelhar e ainda o ver, então fez isso para poder voltar a falar.
— Porque não faz quando era mais novo e eu apenas uma frágil criança, se finja de morto e levanta agora mesmo me dando um grande susto para depois chorarmos de tanto rir! Ande pai, levante! Me assuste, me faça chorar de rir, não de tristeza. Vamos!!!
Apavorada, ela cai no chão com desajeito a procura de um apoio encontrando as mãos preocupadas e rápidas de seu futuro primeiro conselheiro. Ana está com o rosto extremamente rubro e cansado, ela olha com tamanho ardor para o homem a sua frente, que entende o que ela sente, já que ele mesmo compartilhou esse sentimento anos antes.
— Porque ele não me faz rir Ravier, se lembra quando ele fazia isso? — Ele lhe ajuda a se sentar adequadamente em uma poltrona, fazendo o mesmo sem soltar das mãos dela que chorava compulsivamente.
— Sim minha senhora, eu me lembro muito bem, eram bons tempos aqueles... — Ela concorda chorando e rindo ao mesmo tempo. — Sei que é muito difícil vossa alteza, perder alguém ainda mais tão próximo a ti, é algo imensurável, mas vossa alteza precisa ser forte por sua mãe, pelas irmãs, por todo seu parlamento e com absoluta certeza, para seu povo! — Ana que até então estava com a cabeça baixa a levanta para encará-lo, surpresa com as palavras sábias do amigo.
Ana sempre teve um respeito acima das expectativas de todos por Ravier. Praticamente haviam crescido juntos, passavam horas brincando, lendo, estudando, criando esquemas travessos para pegar Carlos e Humberto, o pai de Ravier.
Agora crescidos e maduros o suficiente, ele a consolava com palavras que ao longo de sua vida, aprendera com o pai em como ser o melhor conselheiro para os monarcas reais, e até aquele momento Ravier já mostrava sinais de que seria um excelente conselheiro para a enlutada ao seu lado.
— Você deve estar certo meu amigo, devo ser forte para todos... — Tenta acreditar em suas palavras, porém é traída pelos sentimentos, e com certa dificuldade engole o choro para concluir. —, do reino, e serei o que eles precisam que eu seja, vossa rainha!
O homem a sua frente vê um brilho magnífico no olhar de sua majestade. Ele nota o quão ela está sendo uma muralha e isso o deixa orgulhoso e ainda mais leal a ela. Porque por ela ele iria até o inferno para vê-la feliz.
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O avião pousa e os primeiros a descer são os mesmos guardas que carregaram o caixão da igreja. Cautelosamente, um por um, cada guarda pegava com uma de suas mãos uma das alças cravejadas de pedras preciosas e ouro para poder conduzir seu rei para fora da aeronave e levá-lo até outro Rolls Royce Phantom rearse B12 também branco, pois o único desejo do finado rei era que quando sua morte chegasse, que ele fosse conduzido para seu destino final em um veículo branco, não queria que usassem o preto já que sempre foi sua cor favorita e não gostava do que diziam, que o preto era cor do luto.
Gabriely a rainha Mãe, dessa vez seguiria no mesmo carro que o marido, as filhas no primeiro após ela, junto com Ravier, Donovan Tremblay o segundo conselheiro e Daniel Tremblay o primeiro-ministro e pai de Donovan.
Ravier, como sempre educado estende a mão para Ana, Deborah e Sarah entrarem, quando segue para ser o próximo, Daniel trata de entrar na frente sem um pingo de educação, seguido por seu filho. Ravier conhecia as peças e já estava acostumado à falta de decoro dos dois para com ele. Sabia que ambos como alguns outros lordes, odiavam o fato de por escrito a família Viturino ainda estar no cargo de primeiro conselheiro.
Educadamente ele sorri com uma expressão divertida e entra se sentando ao lado de sua rainha e das princesas que absolutamente abaladas como de se esperar não notaram o ocorrido.
Os veículos começam a andar e mais uma vez toda a família real e chegados políticos ou não puderam ver o quão Carlos havia marcado uma era no país, por que como em Sutherland, uma grande multidão empurravam-se uns os outros nas ruas onde o carro fúnebre passava em busca de agradecer todos os anos bons do reinado do amado rei Carlos.
Ana que hora acenava sutilmente em forma de agradecimento, hora se esquivava do vidro transparente para não mostrar suas lágrimas ao público, era todas as vezes amparada por Ravier e observada pelos Tremblay's, que aparentavam um certo desdém pela cena toda.
Por fim, depois de uma hora de exibição, o então: RRPRB12 entra no cemitério Dean de Edimburgo, seguindo para capela número um a permanecer por mais quarenta minutos para os familiares terem seu momento com o rei.
Ana entra na sala fúnebre sem a companhia de Ravier, mesmo exigindo que entrasse, pois segundo ela, o considerava como da família, porém os Tremblay's, os constant's, os Manflower's, e os Frozen's, o proibira, já que era decreto do próprio rei de que, somente familiares de sangue devesse ficar na última parte do cortejo, e para não questionar, pois não era hora e muito menos o lugar para isso, Ana aceitara.
Ao entrar, a filha mais velha do rei, pôde ver sua mãe sentada ao lado de seu pai que a pedido dela sugeriu caixão aberto para poder o ver pela última vez. Ana sempre achou a mãe muito forte, obstinada e excelente para suceder o cargo que até então seria dela. Gabriely era mil vezes mais preparada para ser rainha sem o título de mãe, do que Ana.
Suspira ao pensar que o decreto era... "Com a morte do rei, o sucessor ou sucessora prole será o próximo a reinar". Ana se aproxima de sua mãe sem alarde, ficando ali por um tempo, enquanto seus tios, tias, primos e primas iam até elas para dar os pêsames ou chorarem discretamente, juntos. Todo instante era um grande pesadelo para a pobre moça que no seu íntimo gritava para o mundo ouvir, mas por fora era pura educação e etiqueta.
— Ana, minha filha, venha! Venha ver seu querido rei pela última vez meu amor? — Pede e Ana engoli em seco com o pedido de sua mãe.
Não aguentava mais essa tortura e não sabia se seria capaz de continuar se mantendo firme, porém obedece se ajuntando a ela, fazendo ambas se abraçarem enquanto cada uma acariciava um lado do rosto gélido do homem amado.
— Ele está tão frio, mãe! — Ana indaga com amargura e Gabriely concorda pegando na mão da garotinha que já era uma mulher.
— Mãe? Faça ele voltar por favor. —Sarah a casula suplica e Gabriely não sabe o que dizer.
— irmã, ela não é Deus para fazer isso, por mais que a gente gostaria que fizesse! — Débora, a do meio responde secando as lágrimas e todas olham para ela nesta hora.
— Mãe, como farei isso agora? Como seria a rainha para este povo? Não estou pronta minha mãe, eu... — Gabriely na mesma hora tira a mão do rosto do esposo, afim de com autoridade pegar as duas mãos da filha.
— Minha menina, você está mais que pronta para governar e levar este país para uma nova era, uma era gloriosa. — Apesar da autoridade, suas mãos tremem, mas são firmes.
— Não diga isso irmã! — Deborah repreende brava a Ana.
— O pai confiava em você irmã e se ele confiava, você está pronta! — Sarah diz pegando no queixo de Ana que mais uma vez chora. Gabriely pega nas bochechas vermelhas de sua filha para concluir
— Escute suas irmãs, meu amor. Você será uma excelente rainha, ouso dizer... até melhor que este homem ao nosso lado, sabe por quê? — Ana nega com a cabeça. — Pois este homem lhe ensinou tudo que sabia e sei que ele descansa em paz agora, pois sabe que seu país será governado por uma grande líder!
Ana agarra com ímpeto força a matriarca, agradecendo o empenho e nesta hora as portas e janelas são fechadas e os preparadores que irão dar o destino final ao rei entram reverenciando primeiramente a rainha Mãe, as princesas e o rei, por último Ana, para assim fecharem o caixão e poder levar ao fim.
O motivo do fechamento do ambiente, era para que a rainha Mãe, a futura rainha e as filhas pudessem chorar abertamente e colocar todos os seus sentimentos para fora, contudo nenhuma delas fizeram o que se esperava ser feito.
Tanto mãe quanto filhas estavam eretas e com suas cabeças erguidas, mostrando que resistiam ao momento com força e determinação.
Em um carrinho elétrico desses que levavam os esquifes pelo cemitério, o caixão é depositado, para andar muito devagar até o mausoléu da família real. Era visível o grande número de pessoas e fotógrafos do lado de fora das residências eternas, todos batendo palmas e cantando com louvor o hino da Escócia.
Gabriely e as filhas seguidas por uma parte do parlamento, andavam devagar e com uma elegância impressionante atrás do veículo até a parada no mausoléu.
Em uma perfeita marcha, os seis guardas carregam pela última vez seu rei, para dentro da impressionante morada, um mausoléu estilo grego todo branco e cinza com colunas redondas, para depois reaparecerem, e fecharem a grande porta de carvalho e o portão de grade grossa pintado de preto, para se virarem e baterem continência pela primeira vez para a nova rainha, Ana Elaiza Carolino da Escócia e entregarem com respeito a bandeira com o selo real nas mãos da rainha Mãe, Gabriely Elaiza Carolino.
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— A senhora está tão linda! — Uma das criadas chamada Janete que auxiliava a rainha, diz empolgada enquanto ajeitava o vestido de Ana.
— Verdade majestade, será a primeira rainha da Escócia e será a mais linda. — Brumete, outra criada acrescenta sorrindo.
Ana que estava de frente ao espelho que se fundia ao chão, sorri grata se encarando e observando uma singela maquiagem e cabelos castanhos acinzentados presos em um coque alto, bem espesso, de altura certa para o encaixe da coroa de posse.
(Aquela coroa com quatro arcos, saindo das extremidades e se encontrando no topo, acentuando ao fundo, por baixo um pano de cetim vermelho cobrindo o interior, fora em volta do círculo onde a cabeça se encaixaria, um tecido felpudo branco preso por pedras preciosas de várias cores e por fim, no topo, uma espada cravada em uma espécie de pedra fosca igual a do rei Arthur, a famosa Excalibur).
Ana segue seu olhar para o majestoso e cá entre nós, pesado e desconfortável vestido real. Sua cintura, uma cintura normal para os padrões, estava com uma ilusão de extrema fineza pela quantidade de saiotes, saias, armações e tecido, transformando em uma cintura de boneca.
O vestido era imenso, mas apesar de que Ana tinha a certeza que teria que se concentrar para andar com ele, o admirava pelos detalhes do tecido bege com riscas simétricas meio grossas em linho de ouro que tinha a função de dar o destaque a própria vestimenta, nas bordas dos saiotes, singelos bordados que também existiam no ombro, nada exuberante e sim discreto, mas visível.
Seu semblante era sereno e ao mesmo tempo tenso, afinal, pouco mais de sete dias, havia enterrado seu pai e agora seria coroada para a alegria de muitos e a incredulidade de outros. Preocupação agora era o seu segundo nome, porque o primeiro era medo. Ana sabia que esse dia chegaria, e apesar de sua idade bem madura (33 anos) ainda não se sentia capaz de exercer o ofício mais que importante.
Se lembrara de uma vez no jardim dos fundos do castelo, seu pai dizer o quanto ele ainda ficava apavorado com as reuniões do parlamento e os afazeres reais, e agora, era a vez dela estar neste barco rumo ao desconhecido.
— Meu querido Deus, me ajude a ser o melhor de mim para o seu povo! — Profere ainda se encarando no espelho enquanto respirava fundo.
— Oh céus... — Ana se vira vendo sua mãe, linda em um vestido preto (seu luto pelo que Ana podia entender, duraria a vida inteira) longo, com caimento reto e uma capa atrás lisa, também do mesmo comprimento do vestido que pregado dava um ar sofisticado.
Nos ombros até um pouco antes da cintura, pedrarias caiam em cascata, essas pedras seguiam em uma única linha pela lateral da capa até onde saia as mãos. Na linha das pedrarias a cada 5 cm se tornava redonda dando um aspecto luxuoso.
Nos pés, uma sandália simples de salto médio, já que a rainha Mãe tinha uma ótima altura, os cabelos loiros estavam soltos com singelas ondas nas pontas, no topo da cabeça uma coroa fina encaixada até metade da testa.
Gabriely usava pouca maquiagem e seus lábios estavam com batom rosado só para realçar sua pele branca e para mascarar o que apesar de ser incrivelmente lindo, um rosto cansado e cheio de dor.
— Vossa majestade está linda! — Afirma estupefata com as mãos cobrindo a boca, porém Ana não se agrada com a formalidade e na mesma hora suplica pegando nas mãos da matriarca.
— Por favor mãe, não me chames assim. Tu és minha mãe, não súdita, me trate como você ou filha ou apenas Ana. Já é um tanto desconfortável essa etiqueta toda! — Gabriely não diz nada, apenas faz uma expressão de ternura, para assim afirmar concretizando o seu orgulho.
— Você, meu bebê, está pronta. Vamos? — Ambas saem rumo à catedral de Suthercó.
Mãe e filha seguem para a parte privada do Castelo, afim de entrarem no carro, um Bentley state limousine preto com janelas grandes e transparentes para o povo poder vê-las passarem até Suthercó.
— Respire meu bem, estou ao seu lado e o seu pai também! — Ana sorri sem mostrar os dentes, um sorriso aparentemente doloroso, aquela dor no peito de pura ansiedade misturada com um pouco de medo e vários litros de pavor.
O veículo real saiu das imediações do Castelo de Dunrobin e Ana respirava o que podia respirar para soltar o ar pesadamente, assim levanta a cabeça a seguir para o destino imposto a ela. O de reinar a Escócia.
— Está vendo minha filha, não é só seu pai que é amado! Fique tranquila, fique por eles... — Gabriely indaga enquanto acenava calorosamente para os súditos que gritavam, acenavam com pequenas bandeirinhas do país e batiam palmas.
A futura rainha observava tudo com um meio sorriso e um singelo quase inexistente aceno para todos. O trajeto duraria uma hora, pois era um dia especial. Em dias normais, este trajeto não duraria mais que vinte minutos.
O motivo da demora era que o Bentley andava em uma velocidade muito baixa, o equivalente a vinte quilômetros por hora, porque assim todos que haviam tirado um tempo precioso de suas vidas para ver a vossa rainha, pudessem vê-la bem.
Para segurança da realeza e do próprio povo, vários guardas reais, policiais, atiradores profissionais e de elite e até uma considerável quantia de soldados, estavam espalhados pelas ruas onde o Bentley passava, porém isso não intimidava o povo que se agitava cada vez mais, contudo com respeito e organização.
Enfim, Ana e sua mãe chegam à catedral. Ao sair e olhar primeiramente para o povo enquanto acenavw sorrindo para o delírio de todos, a nobre se vira e olha toda a entrada da igreja, ali o sentimento de tristeza toma conta de todo seu corpo, pois menos de oito dias, ela saía dali com o pai dentro de um caixão e aquilo era demais para a jovem, entretanto sua mãe percebe e no instinto materno pega na mão dela apertando forte fazendo a encarar e voltar a respirar fundo e se concentrar na ocasião solene.
Daquele ponto em diante, Ana seguiria sozinha como mandava o decreto. Gabriely se alsentaria sendo levada pelo primeiro ministro Daniel para dentro da igreja. Algumas camareiras se aproximavam da futura rainha, a fim de, ajeitar seu vestido.
Quando tudo estava em seu devido lugar, enfim Ravier, que Ana não tinha visto praticamente amanhã inteira, surge de dentro da igreja descendo as escadas para poder se juntar a ela.
Ana vê que o amigo também era muito estimado pelo povo, pois quando apareceu, pode-se ouvir muitos gritos de satisfação e cá entre nós, como ela deve ter percebido, gritos por causa da beleza do conselheiro.
— Bom dia minha senhora! — É cordial enquanto estende o braço para que ela pudesse pegá-lo.
— Está muito elegante, meu caro. — Ele sorri satisfeito e ambos começam a subir as escadas.
No topo, Ana se vira novamente para acenar para as pessoas que lhe retribuem com sorrisos, e enfim entrar na primeira parte da igreja, ou seja, o hall.
— Minha rainha, daqui por diante não poderei segui-la, terás que fazer isso sozinha, porém estarei sempre por perto, saibas bem disso! — Com a declaração do amigo de certa forma, Ana sente alívio, pois sabia que nunca estaria sozinha em nenhum ponto de sua nova trajetória.
— Obrigado por tudo Ravier, se não fosse por mamãe e você, eu já teria desabado! — É sincera com as palavras e isso faz com que ele tenha uma compaixão grande naquele momento, não que ele já não tivesse, mas ali, ela mostra uma grande força para o que logo ia seguir.
A moça estava no hall como dito, da entrada da igreja. As portas ainda estavam fechadas para o seu puro alívio, pois em um modo de tentar se tranquilizar, sacudia freneticamente os braços, respirando muito ofegante, para tentar se aliviar e ao mesmo tempo dizia para si mesma que tudo daria certo.
— Minha senhora? Vossa majestade está pronta? — Um dos guardas reais que estavam a postos um de cada lado da porta de entrada pergunta, ela o olha dando mais uma vez o seu singelo sorriso sem mostrar os dentes, afirma com a cabeça que sim e deste modo a porta se abre para o seu início de um reinado igual, ou pelo menos, um terço igual ao de seu pai.
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