Raiva, tristeza e ódio
Paris, França, domingo a noite, por volta das 19:30 Universidade de Paris...
Milo Adamastor
Chegamos de volta a Paris por volta das 19:30. Nossa viagem até que não foi tão demorada. Nós viemos de avião, na primeira classe. Nossa viagem foi toda paga pela a nossa universidade. Confesso que essa viagem teve seus altos e baixos. Por um lado, aprendemos muitas coisas e, eu pude ficar com Shoko — escondido, é claro.
A parte chata foi dividir o quarto com o metido e mauricinho do Camus Tierry. O riquinho esnobe e egoísta ficou reclamando de tudo, desde o lugar para se sentar nas horas das refeições, até por conta de termos que dividir o mesmo quarto.
Ele e eu discutimos por diversas vezes, porém, eu fiz valer a lei de ignorá-lo. Mas na verdade, eu estava mesmo querendo quebrar à cara de arrogante e presunçoso dele. Para completar, viemos juntos no avião e tivemos de dividir nossas poltronas, tanto na ida quanto na volta.
Ufa! Graças aos deuses, finalmente retornamos para nosso país e, agora, poderemos ir para nossas casas. Eu só vou ter que ver a fuça dele só amanhã à noite, na entrada da universidade e na hora do intervalo.
— Como alguém consegue ser tão chato feito esse cara? — pensei comigo mesmo.
Já estando na universidade, um por um foi indo embora para suas casas. Eu peguei minha bicicleta e levei a Shoko comigo. Na saída, vi o Tierry entrando num carrão chique, que eu deduzo estar sendo dirigido por seu motorista, pois era o mesmo senhor que o trouxe antes.
Segui pedalando com cuidado, em minha bicicleta, até que fui alcançado pelo carro que o motorista de Camus estava dirigindo. O riquinho nojento estava com o vidro de sua janela abaixado, olhando para mim e para Shoko com aqueles olhos azuis escuros que transbordavam ódio. Ao passar por nós, percebi que ele havia fechado sua janela, pois começou a chuviscar naquele exato momento, obrigando assim, Shoko e eu parar em uma lanchonete para nos proteger da chuva. Por sorte nossa, a mesma não demorou a cessar e pudemos seguir até nossas casas.
Antes, eu deixei Shoko em sua casa e, depois, segui as presas para a minha, pois eu estava morrendo de saudades do meu pai e do meu cachorro. Além de estar necessitando de um bom banho e uma boa comida, pois minha barriga estava roncando e meu estômago doía de fome.
Ao chegar em casa, já fui recebido no quintal pelo nosso cachorrinho que ainda é um filhote. O mesmo veio até mim já fazendo festa. Após eu deixar a minha bicicleta encostada em um canto do quintal, o peguei no colo e ele começou a me lamber. Eu fiz carinho nele, depois segui com ele no meu colo, para depois adentrar a nossa casa. Já estando dentro da mesma, senti o delicioso cheiro da comida do meu pai que me guiava até a cozinha. Adentrei no interior da mesma, o vendo de costas para o meu lado e, de frente para o fogão.
— Pai, boa noite... Tudo bem? O senhor deseja alguma ajuda?
Kardia
Ao ouvir a voz de meu filho, fiquei extremamente feliz e grato aos deuses, por ele ter retornado são e salvo para a nossa casa. Então, me virei de frente para ele, para poder abraçá-lo com o mesmo retribuindo o meu abraço repleto de saudade e carinho.
— Meu filho, como é bom lhe ter aqui novamente. Confesso que fiquei preocupado com você, mas graças aos deuses deu tudo certo. — eu dizia enquanto o abraçava. — Milo, vai lá tomar um bom banho e pode deixar que eu termino tudo aqui. Você, além de estar cansado da viagem, deve estar faminto. — comentei, nos fazendo rir de meu último comentário.
Logo depois, o vi seguindo rumo ao seu quarto, com o nosso filhote o acompanhando. Depois, eu retornei para o fogão para terminar o nosso jantar. E, por um breve momento me perdi em meus pensamentos ao pensar na Saori, no piquenique e no fato de quase nos beijarmos. Porém, esse breve tempo, na verdade, acho que foi bem mais além do que eu imaginei, pois me desfiz de meus devaneios ao escutar a voz de meu filho me chamando...
— Terra chamando o senhor Kardia, 1, 2, 3. — retornei a realidade, ficando um tanto sem graça. Milo começou com suas brincadeiras e especulações. Eu tentei manter o disfarce, me fazendo de sério, mas não consigo mentir para meu filho e acabei lhe contando sobre a Saori, sobre o final de semana e sobre o quase beijo.
Ele logo de cara ficou feliz e me incentivou a investir na minha colega de trabalho. Porém, eu lhe disse que não é bem assim, pois eu nem sei se ela sentia o mesmo por mim. Além de eu não desejar amar novamente, não podia criar expectativa para vir quebrar minha cara mais uma vez e me decepcionar, pois já basta o que Sara me fez no passado.
— Pai, com todo o respeito, mas se o senhor continuar a ficar focado no passado e no que minha mãe te fez, se continuar a rotular todas as mulheres como ela e, o pior, se o senhor não se der uma chance para ser feliz, como ficará, senhor Kardia?! — meu filho dizia sério. Fato que me deixou pensativo, pois na verdade ele estava coberto de razão...
Logo depois, eu mudei de assunto, lhe perguntando sobre a viagem. Ele me contou tudo nos mínimos detalhes. Ele me contou a parte boa e a parte ruim de sua viagem. Conversa vai e conversa vem, o telefone tocou e eu me levantei da cadeira para atender. Do outro lado da linha, era Shoko, desejando falar com meu filho. Eu lhe dei o recado e, enquanto os dois ficam ali conversando, eu retirei a mesa, guardei as panelas e fui arrumar a cozinha. Após encerrar a ligação, meu filho veio me ajudar e continuamos conversando.
Residência dos Tierry, por volta das 20:40...
Camus
Cheguei em casa por volta das 20:40, após ter pego um transito infernal e ter ido até o Studio de tatuagem de meu amigo Shura Santiago. Eu fui até lá para combinar algo com ele, pois é Shura que faz certas coisas para mim que aos olhos de meu pai é errado.
Cheguei em casa extremamente cansado e estressado com a merda dessa viagem da minha universidade, pois fui obrigado a passar mais tempo com o petulante do Milo Adamastor. Eu e ele dividimos a droga do quarto, comíamos praticamente juntos na mesma mesa e em quase todas as refeições, até as drogas das poltronas do avião tivemos que dividir — fora o banheiro, pois aquele horroroso demorava muito no banho e aparecia se exibindo no quarto com a toalha vermelha que ele usava, enrolada na sua cintura. Deus me livre de ver tal cena horrível novamente...
Nós discutimos muito nas primeiras horas do primeiro dia, até que aquele chato resolveu me ignorar, fato que eu odiei. Porém, o pior foi vê-lo com aquela vadia ruiva se pegando na minha frente, isso me doeu um pouco e feriu o meu ego. Por isso, contratei o Shura para me ajudar a separar os dois. Eu quero tirar a vaca do meu caminho e fazer o Milo sofrer e se rastejar aos meus pés. Eu vou fazê-lo se apaixonar por mim e, depois que eu curtir bem ele, eu o descartarei como os outros que já cruzaram meu caminho e eu os quis por mero capricho.
Shura, meu segundo melhor amigo, por diversas vezes é bem melhor que o Saga que vive me cobrando e me julgando. Ele é mais parecido comigo — um playboy que vive da fortuna de seus pais. A única diferença que ele tem de mim, é que ele resolveu trabalhar por conta própria, mesmo o dinheiro não sendo problema pra ele. Meu amigo vive sua vida de forma intensa. O mesmo pratica automobilismo, fato que deixa dona Antunieta e o senhor Pablo com o coração na boca.
Shura ganhou recentemente de seu pai um apartamento duplex e um Camoro, só pelo fato de ter descoberto uma pequena traição dele com uma das empregadas de sua casa. Meu amigo chantageou o próprio pai para não contar sobre a traição a sua mãe.
Meu pai é contra a minha amizade com ele, pois diz que o mesmo é má influência para mim. Porém, eu não dou a mínima para as chatices de meu pai, pois sou maior de idade e tenho amizade com quem eu bem entender.
Ao chegar em minha casa, me senti pior ainda, pois flagrei meu pai aos beijos com a nova vadia que ele chama de namorada. Ao passar pela sala e vendo essa cena de putaria dentro da minha própria casa, segui subindo as escadas às presas até chegar à minha suíte, batendo a porta com força — fato que chamou a atenção do meu pai, pois o mesmo logo veio até a minha suíte para conversar comigo.
— Camus, tudo bem com você? Como foi a viagem? — ele perguntava alegre.
— O que você acha, pai?! Foi uma merda! Porém, isso não lhe importa. Agora sai daqui e volta lá pra vadia da sua namorada, pois ela, os empregados, seus negócios, sua vida particular tudo tem mais importância do que eu. — eu dizia com meus olhos já lacrimejando. E a reação dele me desmontou, pois eu esperava por um soco ou surra, porém meu pai me abraçou apertado e afagou meus cabelos escuros, me fazendo chorar ainda mais.
Degel
Confesso que ver meu filho da maneira que ele estava, me fez sofrer, pois eu sei perfeitamente que toda sua raiva e rancor, na verdade, era só um escudo para esconder sua tristeza e dor por algo ou alguém. Meu filho anda triste por esses dias. Eu penso que Camus está sofrendo por amor não correspondido.
Fiquei ali conversando com ele, lhe afagando os cabelos, até que o mesmo pegou no sono, devido a chorar demais.
Após ajeitá-lo em sua cama, eu acendi o abajur, tirei seu tênis e o cobri com um fino lençol de algodão. Ao retornar até a sala, não vi mais minha namorada e, Madelaine, logo veio me avisar que meu motorista havia a levado para seu apartamento.
Agradeci a ela por me avisar. Eu ia até ligar para Pan, mas pelo fato de já ser tarde, não o fiz. Depois, segui até a biblioteca para ler um pouco e tomar uma dose de uísque para tentar relaxar.
Fiquei lendo por uma hora e meia e, depois, segui para minha suíte na tentativa de tentar dormir, fato que não consegui por ficar pensando no meu filho...
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