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Conversa franca entre pai e filho


Residência da família Adamastor...

Milo

Eu estava na cozinha, preparando o café da manhã para o meu pai e eu. Enquanto fazia o café na cafeteira, eu também fazia panquecas de avelã e goiabada. Eu estava pensando na conversa que tive ontem com a minha mãe, pois ela foi até o meu trabalho, e após o meu horário de sair, nós fomos almoçar num restaurante. Ela me contou sobre sua doença terminal e que também veio me pedir perdão...

Eu fiquei feliz e surpreso, porém triste, devido ao tumor maligno em seu cérebro. Eu a questionei o motivo dela ter me abandonado e feito o que ela fez ao meu pai, que a amava na época. Ela me relatou tudo, e ao pedir o meu perdão as lágrimas escorriam de seus belos olhos, que continham um misto de sentimentos, entre o amor, ternura e arrependimento. Eu a perdoei, porém fui taxativo em dizer que, o que ela fez ao meu pai foi muito cruel, pois ele a amava demais.

Com o que eu disse, ela chorou ainda mais e a mesma me contou que já havia ido até a nossa casa, na tentativa de me ver e pedir perdão tanto a mim quanto ao meu pai, só que ele não aceitou e, ela nem pode me ver.

Eu a contei que não estava em casa naquele dia.

Kardia

— Bom dia, filho. Você, de pé tão cedo? Milo, eu preciso falar com você. Eu preciso te dizer uma coisa bem séria. — eu falei, após me sentar à mesa.

— Pai, bom dia para o senhor também. É sobre a minha mãe que o senhor quer falar, não é? Eu já sei que ela voltou, pois ela foi a minha procura, no meu trabalho. — ele me disse ao se sentar junto de mim.

— O que, Milo? Quer dizer que, aquela vadia ordinária foi atrás de você? — perguntei surpreso e irritado.

— Pai, por favor, não xingue a minha mãe. Eu sei que, o que ela fez com você e comigo foi errado. Porém, ela está doente, sabia? Ela está morrendo. Por que o senhor não havia me dito antes que ela veio até a nossa casa, atrás de mim? — questionou num tom sério.

— Milo, você não vê que sua mãe está tentando te colocar contra mim? E eu ia lhe dizer ontem mesmo. Porém, eu cheguei tarde em casa e você já tinha saído para ir à faculdade! Eu não pude lhe dizer.

— Está bem, pai. Eu te entendo. Mas, por favor, se for possível, perdoe a minha mãe, pois ela está morrendo e o senhor me ensinou que sempre devemos ser benevolentes e saber perdoar. Agora, se o senhor me der licença, eu já vou indo para o trabalho, pois não devo e nem posso me atrasar. Tenha um bom dia e saiba que eu te amo muito. — comentou sério, e em seguida o vi sair. Depois que meu filho foi para o seu trabalho, enquanto eu terminava de tomar o meu café, eu estava pensando em tudo o que ele me disse. Porém, eu acho que essa história da Sara estar doente é pura mentira só para convencer meu filho a ficar com dó dela. Eu preciso descobrir onde aquela vaca mentirosa está hospedada, e ao descobrir, eu vou lhe falar umas poucas e boas...

Agora, eu preciso ir trabalhar, pois eu também não posso me atrasar. Ainda mais hoje que o senhor Pierre me pediu para ajudá-lo a presidir uma reunião de suma importância.

— Bom, vamos nessa, Kardia! — eu disse em pensamentos, seguindo para pegar meu carro, para assim ir para o meu trabalho.

Empresa Tierry, sala do senhor Pierre...

Pierre

Eu estava em minha sala, checando algumas papeladas e assinando alguns documentos, até que minha secretária Uanilla veio me avisar que Kardia já havia chegado e que ele estava a minha espera, na sala de reuniões. Ao entrar na sala, cumprimentei a todos e nós iniciamos a reunião.

Saori

Fui até a cozinha da empresa para poder beber um café, enquanto pensava se devia ou não contar para meu namorado onde sua ex estava hospedada. Sem querer, eu descobri o hotel e até o número de seu quarto. Se eu contar, ele pode ir lá para brigar com ela, pois Kardia me disse sobre a conversa que ele e seu filho tiveram. Porém, se eu não contar e ele descobrir de outra forma, e pior, ainda se ele descobrir que eu sabia e não lhe falei nada, é bem capaz dele se magoar comigo e eu perdê-lo já que ele não suporta mentiras, muito menos que lhe escondam algo. Sinto muito pela Sara, mas eu vou falar a verdade para ele, pois eu o amo e não posso perdê-lo.

Sala de Kardia Adamastor...

Kardia

Ao terminar a reunião, eu estava em minha sala, fazendo uso do meu notebook, quando, de repente, alguém bateu na porta da minha sala e ao autorizar a entrada da pessoa, vi ser minha bela e deslumbrante namorada.

— Amor, como foi à reunião? — perguntou sorrindo enquanto entrava.

— Foi um sucesso, meu amor. — lhe respondi animado e levantei de cadeira para abraçá-la.

— Que bom, meu amor. Eu fico muito feliz por você. — disse sorrindo após me beijar. — Querido, eu preciso lhe contar algo que descobri. Mas, antes, eu vou precisar que você me prometa que não vai brigar com ninguém. — falou aflita, o que me deixou extremamente preocupado e pensando mil e uma coisas, até que eu lhe prometi o impossível, pois eu sou um homem muito impulsivo e sangue quente.

— Está bem, eu prometo que não vou agir com impulsividade. Mas o que houve? Por favor, me diga, pois eu estou um pouco aflito. O que é? Você me traiu? Pode dizer a verdade, amor. — eu dizia de forma desenfreada.

— Calma, Kardia! Respira. Eu nunca lhe trairia, meu amor, porque eu te amo. — disse convicta.

— O que é, então, minha Agapite?

— Amor, eu descobri, sem querer, onde sua ex está hospedada. — contou seriamente. 

— Então, por favor, me diga onde ela está e eu te prometo que não vou agir por impulso. — eu jurava em vão, pois minha vontade era de falar poucas e boas para aquela vadia ordinária. Após minha Agapite me revelar o endereço do hotel e o número do quarto, eu a agradeci. Depois que ela saiu, eu corri até minha mesa e anotei o endereço da piranha maldita! As horas passaram e finalmente a hora do almoço chegou. Decidi aproveitar esse horário para poder ir até o hotel da vagabunda.

Ao chegar ao mesmo, me apresentei como um suposto primo dela, conseguindo assim ir até o seu quarto.

Chegando ao andar onde é o apartamento dela, bati na porta e a vadia abriu a mesma.

— K-Kardia? O que você faz aqui? — perguntou surpresa.

— Eu quero falar com você e é agora. — avisei de forma séria, firme e direta.

— Ok. Entre, por favor. Mas como foi que você descobriu o meu endereço? — questionou, ao entramos em seu apartamento.

— Como eu descobri, não vem ao caso, Sara. O que eu quero saber é por que você foi atrás do meu filho, no trabalho dele? — indaguei severamente.

— Kardia, o Milo é meu filho também e eu tenho o direito de vê-lo, você querendo ou não. — a vagabunda falou, se achando certa.

— Agora, você quer cobrar direitos e se lembrou de que tem filho? Justo você, Sara?! — eu estava com extrema raiva.

— Kardia, eu sei que, o que eu fiz não tem perdão. Porém, todo mundo erra e ninguém é perfeito. — comentou com os olhos já marejados.

— Não venha derramar suas lágrimas de crocodilo! A mim você não convence nem um pouco. E que história é essa de você inventar para o Milo que está com câncer terminal? Você é uma mentirosa mesmo! E agora quer se dar de vítima! — berrei.

— Por favor, não me trate assim, pois me dói demais o seu desprezo. E eu não estou mentindo. Eu posso lhe provar que de fato eu estou doente. — ela disse em prantos ao me entregar alguns exames, que me recusei sequer ver. Porém, no auge da nossa discussão a mesma se sentiu mal e desmaiou.

De imediato, chamei uma ambulância com os mesmos a levando as pressas para o hospital, e eu ainda tive de ir junto.

Ao chegarmos, eu dei a entrada na papelada de sua internação e enquanto esperava na sala de espera, após algum tempo, o médico veio até a sala para conversar comigo.

— Olá, senhor Kardia... Infelizmente, minhas notícias não são nada otimistas, pois sua esposa está doente. Ela está com um tumor maligno em seu cérebro e devido ao estado avançado, ela só terá poucos meses de vida. Eu sinto muito pelo senhor. Eu não a manterei aqui por muitos dias. Primeiro, porque não é necessário e será melhor ela ficar em casa e viver o pouco tempo que lhe resta ao lado de sua família.

Após receber a triste notícia, me senti um monstro. Afinal, eu duvidei que ela estivesse dizendo a verdade.

— Pelos deuses! Como uma mulher tão jovem e ainda cheia de vida pela frente, pode ter um destino tão triste desses?! — eu questionava em pensamentos, desabando em lágrimas em seguida...

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