Contra a parede
Madeleine
Após eu ter saído do café Flore, deixando o senhor Shion para trás, antes da minha Uber chegar, eu me sentei em um banco qualquer da praça, que é do outro lado da rua, e ali eu chorei de forma doída e copiosa, pois me sentia arrasada com a atitude do pai do meu namorado.
Ele, de fato, é arrogante, e pelo jeito ele jamais irá aceitar o nosso relacionamento. Porém, eu amo meu doce e sensível Mu, e eu não abrirei mão dele.
Logo a Uber encostou, e após eu enxugar as lágrimas, eu entrei no carro e me sentei no banco da frente do lado do motorista. Ele me olhava parecendo estar preocupado, pois o homem de cabelos grisalhos logo desejou saber o porquê de eu estar com os olhos vermelhos, fora que ele me viu limpando as lágrimas.
— Moça, está tudo bem com você? Tenho a impressão de vê-la chorando. — o simpático senhor que aparentava ter uns sessenta e poucos anos me indagou preocupado.
— Não é nada não, senhor. Agora já passou. — comentei esboçando um sorriso forçado.
— Está bem! Se a moça está dizendo, quem sou eu para insistir. — ele dizia com os olhos voltados para frente, e prestando a atenção no trânsito. Meia hora depois, cheguei à residência dos senhores Tyerri, desci do carro e paguei pela corrida. Em seguida, adentrei no imenso quintal da casa, passando pelo imenso jardim da frente, e segui entrando ao interior da casa. Ao chegar à sala de TV, Mayana estava limpando por lá.
— Mad, onde você estava, amiga? — a loira me indagou curiosa.
— Eu saí para resolver algo. — comentei com a voz embargada.
— Você está bem, Mad? — a loira questionou vindo em minha direção.
— Estou bem, não é nada demais. — soltei sentindo os olhos marejados.
— Ah! Você não está bem não. E você não sabe mentir. — afirmou me puxando pelo braço.
— Por favor, May, eu não desejo falar sobre isso. — comentei sentindo as lágrimas brotarem.
— Pode confiar em mim, me conte o porquê dessas lágrimas sofridas. — ela dizia me abraçando.
— Primeiro, me prometa que você não irá contar a ninguém o que eu irei te contar a seguir. — pedi chorando.
— Pode falar. Eu sou uma boca de túmulo. — ela comentou, levando sua mão direita até a sua boca. Eu comecei a contar o lamentável fato ocorrido; a mesma me olhava horrorizada e com indignação. — Mais quem esse cara arrogante pensa que é? Ele acha que pode comprar a todos com o seu dinheiro?! — comentava perplexa e com seu tom de voz um pouco mais alto.
— De quem vocês estão falando, meninas? Que história é essa? — o senhor Degel nos questionou sério. E eu ia tentando inventar uma mentira, porém Mayana acabou soltando toda a verdade para o nosso patrão, e o senhor Degel me questionou para que eu relatasse todo o terrível fato ocorrido. Eu tive que dizer toda a verdade a ele, e para piorar, meu amado Mu ouvira a nossa conversa, pois o meu fofinho adentrou a sala já irritado...
— O quê?! O meu pai queria comprá-la com vários malotes de dólares, para você terminar comigo?! Isso é verdade, Mad? — ele indagou incrédulo, e nervoso.
— Sim, amor. Ele queria me comprar, pois ele acha que eu estou com você só por dinheiro. — comentei entre lágrimas.
— Mas isso não tem cabimento, tio! Quem o senhor Shion pensa que é?! Ele me paga! — meu amor dizia extremamente nervoso.
— Calma, Mu. Ficar assim não irá adiantar de nada. Primeiro, temos que nos acalmar. E temos que descobrir onde seu pai está hospedado. — o senhor Degel comentou de forma calma.
— O hotel, eu já tenho em mente qual seja. E eu vou atrás dele agora, tio. — meu namorado soltava irritadíssimo e nervoso.
— Murilo, eu já lhe falei. Da maneira que você está, só irá piorar as coisas. Mayana, por favor, dê um calmante ao meu sobrinho e também para a Madelaine. — nosso patrão pedia calmamente.
Enquanto isso, café de Frore...
Shion
— Que raiva dessa mulherzinha! Como ela pode me deixar falando sozinho, e rejeitar a minha generosa oferta?! — eu pensava comigo mesmo, enquanto tomava mais uma xícara de café.
Por volta das 11:30, eu saí do café e fui até um restaurante para almoçar.
Lanchonete aonde Camus e Milo trabalham...
Milo
Agora que eu passei a ser gerente, eu tenho muito mais trabalho e responsabilidades. Só espero conseguir um tempo para poder falar com meu namorado, pois ele deve estar triste e bem chateado comigo.
Pior que hoje essa lanchonete está bombando, muito mais do que nos outros dias. Estamos cheios de clientes, e todos estão trabalhando a todo vapor. Agora, eu tenho uma sala exclusiva para mim. E por esse fato, eu mal consigo me aproximar do meu francês, ainda mais que temos que fingir sermos só amigos. Eu adoraria contar ao mundo que ele e eu somos um casal que se ama de verdade, mas eu sei que isso não será possível. De fato, corremos risco de sofremos preconceito não só de desconhecidos, mas principalmente de nossos próprios pais e amigos.
— Como o mundo é injusto, e preconceituoso. A sociedade, de fato, é hipócrita, e pessoas como Camus e eu somos presas fáceis de preconceito. — fiquei perdido em meus tristes pensamentos, até escutar alguém bater a porta da minha sala. — Pode entrar! — eu pedi estando de costas.
— Adivinha quem é? — a inconfundível voz do meu amado suava como música aos meus ouvidos.
— Hum... Quem será que é? Será que possa ser o amor da minha vida? — perguntei enquanto colocava as minhas mãos, sobre as mãos dele que estavam tapando meus olhos.
— Bom, depende quem seja o amor da sua vida. — ele soltou sussurrando em meu ouvido.
— Se for o Camus Tyerri, eu digo com todas as letras que é o amor da minha vida.
— Eu mesmo! — sorriu após tirar suas mãos de meus olhos.
— Sim, Camus Tyerri. Você é o amor da minha vida. E eu te amo muito. — comentei de frente para ele.
— Me desculpe por ontem. — meu moreno falava desviando suas lindas orbes azuis dos meus.
—Camy, eu é que devo um pedido de desculpa. — falei ao erguer seu rosto, ficando de encontro ao meu. Logo depois, começamos a nos beijar, dando um beijo repleto de carinho e amor, que só viemos cessar na ânsia de ar. Logo ficamos nos olhando ofegantes, com nossas respirações aceleradas.
— Ops! Eu estou interrompendo alguma coisa, Milo?! — minha amiga Yula questionou intrigada.
— Não, Yu. Você não está interrompendo nada não. Não é, Camus? — soltei me sentindo embaraçado.
— Não está interrompendo nada não, ruiva. — meu moreno comentou saindo da minha sala.
— Pode entrar, Yu. Venha cá e me dê um abraço. — comentei me sentindo sem graça, pois na verdade, ela poderia ter nos flagrado de fato. E minha amiga é muito esperta.
— Milo, você se tornou amigo do indecente do Tyerri? — ela indagou taxativa.
— O Camus é um cara legal, e ele nem possui mais resquício do antigo Camus. — comentei sério.
— Hum... Você que me parece estar mudado, Milo Adamastor! O que é? O francês te corrompeu?!
— Ele não está em julgamento agora. Mas me fale de você e do Aiolia. Como vocês estão? — indaguei curioso.
— Estamos bem. O Aiolia é incrível e bem intenso. — disse sorrindo maliciosamente.
— Nossa! Imagino como vocês dois são intensos. Já que você é do signo de escorpião, e o Olia é de leão, uma combinação quentíssima. — comentei piscando com um olho só.
— É sim. Você tem toda a razão. Agora, só falta você arrumar uma namorada, pois você é um gato, meu amigo. — falou ao me abraçar.
— Eu já tenho alguém. — avisei.
— E quem é essa pessoa sortuda? Me diga. — pediu curiosa.
— No momento certo todos irão saber. — sorri.
— É alguém que nós conhecemos, seu danadinho? — novamente questionava curiosa.
— Eu já disse, no momento certo todos saberão. — comentei continuando sério.
— Se você diz, quem sou eu para ficar duvidando. Agora, eu vou indo, pois vou me encontrar com o Oli para irmos ao cinema. Tchau, meu amigo! Se cuida. — a ruiva dizia me abraçando. Em seguida, meu amor entrou a minha sala, logo depois da minha amiga sair.
— O que ela queria, amor? — ele indagou direto, me olhando no fundo dos olhos.
— Ela só veio me visitar, e me dizer para arrumar uma namorada. — comentei olhando nos olhos dele.
— Vish! Deixa-a saber que você e eu somos namorados. Ela vai querer a minha cabeça. — Camy soltou enquanto seus braços entrelaçavam o meu pescoço.
— Amor, você sabe que por mim, eu já haveria contado ao mundo sobre nós dois. — eu disse animado.
— Eu também queria fazer o mesmo, mas você sabe muito bem como as coisas funcionam, e que a sociedade não admite, nem veem com bons olhos casais como nós. — o francês comentou sério.
— Eu sei, querido. E isso é triste. — falei acariciando seu belo rosto. Ele segurou minha mão entre a sua, depositando um leve beijo.
— Mi, vamos embora? Já acabou o expediente e quase todos foram pra casa já.
— Nossa! Eu perdi a noção das horas, amor. Já devem ser 12:00 dia, não é? — indaguei sorrindo.
— Já são 13:10, mocinho. Que tal irmos almoçar juntos no restaurante da esquina?! —ele convidava galanteador.
— Está bem. Mas hoje serei eu que pagarei o almoço, ok? — comentei piscando com um olho só.
— Deixa que eu pago. — insistiu.
— Amor, vamos rachar a conta então. Pode ser? — o questionei animado.
— Ok, Mi. Assim, eu aceito. — ele disse após me dar um beijo. Depois, seguimos até o restaurante. Meu amor foi na moto dele, e eu no meu carro que ele me deu de presente de aniversário do nosso 1º mês de namoro.
Hotel Le Grand Quatier, suíte master de Shion...
Shion
— Que surpresa! Como foi que vocês descobriram onde eu estava hospedado? — falei enquanto abria a porta da minha suíte, para meu filho e meu irmão entrarem.
— Me poupe, pai. Como o senhor pode fingir surpresa? — Murilo soltava irritado ao passar por mim.
— Mu, mantenha a calma, pois ficar nervoso e falar dessa maneira com o seu pai, não irá ajudar em nada. — meu irmão dizia calmamente, entrando a minha suíte logo depois do meu filho entrar.
— Por favor, sentem-se. Vocês aceitam um café? — perguntei educadamente.
— Eu não quero café, nem mais nada que venha de você, pai. — retrucou com raiva.
— h, seu moleque! Veja só como fala comigo. Não é porque você não é mais adolescente que você tem o direito de falar assim comigo! — soltei severamente.
— E quem é você para querer cobrar respeito, senhor Shion?! Justo você que quis comprar a minha namorada? — ele questionou mais nervoso ainda.
— Ah, é isso? Quer dizer que a talzinha abriu a sua boca destilando suas mentiras e armações, para tentar te colocar contra mim, Murilo? — o questionei irritado.
— Não chame a minha namorada de talzinha, pois ela é uma moça direita. Ela pode ser de família humilde, porém ela tem seu valor, senhor Shion.
— É? E que valor essa vagabunda pobretona tem?! — soltei com raiva.
— Você pode ser meu pai, mas eu não irei admitir você tratar a mulher que eu amo dessa forma! — meu filho soltou raivoso, e o mesmo se preparava para me dar um soco.
— Mu, não faça isso! — meu irmão falou enquanto segurava o punho do meu filho.
— Solta ele, Degel! Quero ver se esse covarde realmente tem coragem de socar o próprio pai, por causa de uma qualquer que é morta de fome, e que só quer o dinheiro desse burro! — bradei com ódio.
— Eu te odeio, e eu nunca mais quero ver você na minha frente! — gritou chorando, antes de sair correndo para fora.
— Vai atrás dele, Shion. — meu irmão me olhava com reprovação. Em seguida, nós dois saímos do hotel, e bem no momento que meu filho foi atropelado por um carro. O mesmo estava caído no solo ensanguentado.
Ao ver Murilo inconsciente e sangrando, eu entrei em desespero. Comecei a chorar desesperadamente, enquanto meu irmão ligava para o resgate.
Não demorou muito, e a ambulância levou as presas meu filho para o hospital. E ao meu irmão e eu chegarmos lá, o médico disse que a situação de Mu era grave — ele teria que ser operado as presas, e provavelmente ele precisaria de transfusão de sangue, fato que, me deixou ainda mais aflito, pois o tipo sanguíneo dele é o A, um tipo raro de sangue que ele herdou de sua mãe. E o meu, do meu irmão e do meu sobrinho infelizmente é de outra tipagem, a qual não serviria a ele.
— E agora, Shion? O que você irá fazer? Nenhum de nós possuímos a mesma tipagem de sangue do Mu. — o mesmo soltava, me deixando ainda mais mal do que eu já estava, me fazendo me sentir muito mais culpado do que eu já estava.
— Senhor Degel, onde está o Mu? — a empregadinha indagava meu irmão fingindo estar aflita.
— Madeleine, ele está no centro cirúrgico, e será operado. O estado dele é grave, e o pior que ele irá precisar de transfusão de sangue, do tipo A. Mas nenhum de nós temos essa tipagem. — meu irmão relatava tudo a interesseira.
— Senhor Degel, eu possuo a mesma tipagem sanguínea do meu amor. Eu serei sua doadora com todo prazer. — dizia sorrindo.
— Me poupe, garota. Meu filho não precisará desse seu sangue inferior. — soltei com raiva, fato que a fez começar a chorar.
— Shion, já chega! Você já ultrapassou limites, e se o seu filho está correndo risco de vida, a culpa é toda sua. — o meu irmão caçula dizia severamente. — Mad, por favor, nos dê licença, pois eu precisarei conversar com meu irmão a sós. — pediu educadamente a empregadinha. Depois dela sair de perto de nós, o mesmo começou taxativo. — Você tem só duas opções, seu teimoso: ou você aceita a namorada de seu filho doar sangue a ele, ou você perca seu orgulho bobo e peça para a Luna doar sangue a ele. Sem bem que você corre o risco dela não chegar a tempo à Paris, e Mu morrer por culpa sua. — ele falava severo e seco.
— Ok, eu já entendi. Pode dizer para essa sua empregadinha doar sangue ao meu filho. — comentei com empáfia.
— Não serei eu que pedirei isso a ela, mano. Será você que a pedirá educadamente. Afinal, abaixo de Deus e dos médicos, a vida de seu único filho está nas mãos dela, a quem você fez o que fez. Shion, perca esse seu orgulho e arrogância, pois o dinheiro não compra tudo. — ele comentou direto, num tom calmo, porém sério.
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