A dor do arrepedimento
Residência dos Tierry...
Camus
Após eu ter ligado para o meu primo, eu resolvi ligar para Saga, para pedir para ele vir aqui em casa. Porém, o mesmo me avisou que agora ele não poderia vir, pois ele estava junto com a sua namorada, na lanchonete que eu trabalho — fato que me fez lembrar que eu havia me esquecido de avisar o que tinha acontecido comigo ontem. Mas Saga me tranquilizou, dizendo que o Milo já tinha avisado os nossos patrões sobre o meu quase afogamento, o que me deixou aliviado. Após isso, eu me despedi do meu amigo.
Porém, eu estava me sentindo o pior ser da face da Terra, ao pensar nas maldades que fiz com o Milo. Mesmo após tudo o que eu fiz a ele, o mesmo me ajudou nessa questão de trabalho. E, ao me lembrar de tudo o que fiz com ele, e pelo fato de eu estar me sentindo triste e também de consciência pesada, eu comecei a chorar a terrível dor do arrependimento — uma dor que mais parecia uma facada no peito...
— Como eu pude ser tão desgraçado como eu fui? — me questionei em pensamentos.
Murilo
Cheguei na casa do tio Degel, e depois de me despedi da doce Madelaine, ela seguiu para um lado e eu segui subindo as escadas até chegar na suíte do meu primo. Bati na sua porta por três vezes, e após ele autorizar a minha entrada, eu entrei no interior de sua suíte o vendo esfregando os olhos. Isso me deixou um pouco surpreso, pois parecia que ele estava chorando.
— Camus, eu acho bom que seus motivos de me chamar até aqui sejam realmente importantes, pois você me tirou de um passeio agradável. — soltei sério e irritado por ele ter estragado o meu passeio com Mad.
— Mu, me desculpe, e eu sinto muito por atrapalhar seu passeio romântico com a minha empregada. — comentou com a voz meio embargada.
— O que está acontecendo com você? Por que você está querendo chorar?! — o indaguei preocupado ao me sentar ao seu lado.
O mesmo me olhou com os olhos tristes e levemente marejados, mas no momento que ele ia começar a dizer o motivo de sua tristeza alguém bateu na porta de sua suíte. Após ele autorizar a entrada da pessoa, Madalaine entrou no interior da suíte para poder avisá-lo que estavam á sua procura, porém ele começou a gritar...
— Saiam já daqui! E eu não desejo ver ninguém! Vai lá, sua imprestável, e mande a merda da pessoa ir embora, agora! — ele gritava ao nos enxotar de sua suíte, batendo a porta na nossa cara.
Após sermos enxotados da suíte do meu primo grosso, sem educação e surtado, a pobre moça, que nem deveria ter vindo avisar a esse desgraçado, começou a chorar.
— Eu só quis avisar. Eu não entendo o porquê do senhor Camus me tratar assim. — a pobre moça se questionava chorando.
— Mad, você não tem culpa de nada. O meu primo que é um desgraçado grosseiro. — eu soltei irritado, enquanto segurava sua mão. Eu tomei a liberdade de tirar seus óculos e enxugar suas lágrimas com um lenço. A mesma agradeceu meu gesto, que foi tão natural. Após ela me agradecer, seguiu descendo as escadas e eu segui até a minha suíte para ler um pouco.
Madelaine
Depois da gentileza do bondoso senhor Murilo, — e mesmo que eu não esteja trabalhando hoje. — eu fui até a sala de visitas para dizer ao cafajeste do senhor Santiago, que o senhor Tierry não iria recebê-lo.
Ao entrar na sala, o desgraçado me rendeu, me puxando para si. E, em seguida, o mesmo tapou a minha boca. Eu até ia lhe morder, porém o cafajeste apontou uma arma para minha cabeça e me mandou ficar de boca fechada. O mesmo me mandou sentar, enquanto ele trancava a porta e apontava a arma em minha direção. Eu sentia minhas lágrimas escorrer, pois eu estava apavorada.
—O q-que o s-senhor irá fazer comigo? — eu questionei, gaguejando de medo.
— Agora, sua gracinha. Você vai é me satisfazer, e dessa vez acho bom você não tentar nenhuma gracinha como aquele dia. Senão, eu serei obrigado a estourar seus miolos. — disse enquanto apontava sua arma para mim.
— O que você vai fazer? — indaguei chorando. Em seguida, aquele monstro me beijou de forma selvagem e voraz, enquanto colocava sua mão livre e imunda entre as minhas pernas.
Eu chorava desesperada.
Mu
— Eu preciso pedir desculpas para a Mad, pois de fato, eu fui um tanto abusado em meu gesto. E o que será que ela deve estar pensando de mim? — me questionava em pensamentos. Em seguida, fechei meu livro e me levantei da poltrona para ir à procura de Mad, para me desculpar. Ao sair do interior da minha suíte, comecei a descer as escadas; Mayana passou por mim, e após cumprimentá-la, eu perguntei a mesma sobre Madelaine. A moça me respondeu que ela havia ido à sala de visitas para dispensar o crápula do Shura Santiago. Eu nem fazia ideia de quem era esse cara, porém achei estranho Mayana chamá-lo dessa maneira. Mas achei melhor não aprofundar no assunto. Segui em direção á sala, e comecei a chamar por Madelaine. — Mad, você está aí? Por que a porta está trancada? — perguntei, achando estranho a porta trancada por dentro, e tudo em silêncio.
Eu já ia seguindo para outros cômodos, para procurá-la, mas ouvi um barulho estranho lá dentro e novamente, eu tentei abrir a porta até que ouvi alguém sussurrando baixinho.
Mayana desceu as escadas, e ao me ver tentando abrir a porta, a mesma me entregou uma chave que era a chave mestra. Ao entrarmos no interior da sala, senti meu sangue ferver devida a cena de ver aquele desgraçado filho da puta estar passando suas mãos imundas em cima de Madelaine. E, o pior que o covarde maldito apontava uma arma para ela.
Shura
Ao perceber que tinha gente na sala, eu rendi a empregadinha gostosa, a segurando pelo pescoço enquanto eu apontava a arma na cabeça da mesma.
— Se vocês tentarem algo, eu atiro nela. Acho bom, vocês não se aproximarem, só me deixem fugir e finjam que nada aconteceu. Caso contrário, eu não tenho nada a perder e matarei todos vocês.
Mu
O desgraçado empurrou a pobre moça em cima do sofá e saiu pulando a janela. Eu ia seguindo, apressado, atrás do desgraçado, mas Madelaine me pedia entre lágrimas para eu não ir atrás dele.
— Mayana, por favor, traga um copo de água e um calmante para Madalaine. — eu pedi educado, me sentando ao lado da bela moça que ainda chorava amedrontada. Em seguida, a abracei, e enquanto afagava seus cabelos longos e castanhos; eu tentava lhe acalmar. Após se acalmar um pouco, me relatou seus momentos de horror em que o desgraçado tentava abusar da mesma. Ela me contou que essa era a segunda vez que o filho da puta tentava abusar dela, mas graças a Deus o desgraçado covarde não obteve êxito, em nenhuma de suas tentativas. Eu estava com tanta raiva! Raiva não, ódio, que se eu pudesse o espancaria até a morte. Mayana retornou a sala com o copo de água e o calmante, dando a doce e sensível Madelaine. Depois, eu a pedi para levá-la para o quarto dela. — Esse desgraçado vai pagar caro... Ah, se vai! — jurei a mim mesmo, em pensamentos.
Residência dos Adamastor...
Milo
Passei em casa para poder pegar minhas coisas e seguir para a universidade. Hoje, eu novamente passei a tarde toda com a minha mãe, lá no seu hotel, e ao entrar em casa vi que o meu pai já estava na mesma com Saori.
— Filho, onde você passou à tarde? — ele perguntava calmamente após eu desejar boa noite para ambos.
— Pai, eu passei a tarde junto da minha mãe. — falei naturalmente, enquanto subia correndo as escadas. Após pegar tudo o que eu iria precisar, eu desci rapidamente, passando por eles. Me despedi dos dois, para finalmente seguir até a universidade.
Kardia
— Você viu só, minha Agapite?! Ele passou à tarde com ela e nem me avisou. — eu falei um pouco enciumado.
— Amor, não precisa ficar assim, pois tenho certeza que se o Milo não avisou antes, é porque ele deve de ter seus motivos. — me explicou calmamente enquanto passava sua mão delicada em meu rosto.
Enquanto isso, na universidade de Paris, 18:30 da noite...
Milo
Como sempre, eu cheguei cedo e um pouco antes dos portões da universidade se abrirem. Ao chegar à mesma, deixei minha moto estacionada perto dos guardas e um deles, que se tornou um amigo meu, me perguntou se eu queria guardar a minha moto lá dentro da universidade. Ao afirmar que sim, Demétrio liberou para eu colocar a mesma lá. Mas ele pediu para ficar do lado externo da universidade, até dar a hora de entramos. E assim eu fiz.
Ao eu retornar para o lado de fora, dei uma esbarrada sem querer numa moça bonita, de longos cabelos ruivos alaranjados. Devida a forte pancada, a mesma quase veio cair, se não fosse o fato de eu segurá-la firme.
— Moça, me desculpe. Eu sou um pouco desajeitado e desligado. Mas você está bem? — questionei um pouco sem graça.
— Sim, eu estou bem, moço. E a culpa foi minha também por estar com a cabeça nas nuvens e por não prestar a atenção em nada. — comentou educadamente.
— Eu me chamo Milo Adamastor, e eu estou cursando o curso de Administração de empresa. — me apresentei.
— Prazer, eu sou Yula Scarlat, venho da Itália. E eu vim para França continuar meus estudos, pois meus pais e eu tivemos que mudar para cá, porque ele foi transferido devido o seu trabalho. E eu irei cursar artes cênicas. — explicou num tom calmo e de forma educada. Logo Aiolia chegou, e após apresentar ele para Yula, nós três fomos comer um salgado e tomar refrigerante na lanchonete, em frente ao campus.
Após comermos, ficamos conversando sobre coisas aleatórias. Nós retornamos para entrar na universidade, pois os portões já estavam abertos. E, ao entramos no interior da universidade, ficamos no pátio, conversando até dar o sinal para seguirmos para nossas salas.
Aiolia levou Yula até próximo a sua sala, depois ele entrou na nossa sala após pedir permissão para a dona Dara.
Camus
Cheguei atrasado novamente, e pedi para que um dos guardas abrisse o portão para eu entrar com o meu carro. Porém, o filho da puta do guarda Demétrio, não queria liberar para eu entrar, iniciando assim uma pequena discussão entre nós dois...
— Oh, seu guardinha de merda. Quem você pensa que é para querer fazer graça comigo, Camus Tierry? — vociferei furioso.
— Rapaz, a mim pouco me importa se você é Camus Tierry, nem se você fosse até mesmo o rei da Inglaterra. Você é como todos os outros alunos, pois para mim não me importa seu sobrenome, ou sua fortuna, garoto arrogante. — ele dizia com empáfia.
— Que tal, se eu disser ao reitor o quão atrevido e grosso você é, e que você está me tratando mal, hein, seu maldito?! — falei com ar de superioridade.
Por sorte, o reitor estava chegando na hora e o mesmo obrigou o desgraçado do guarda a abrir o portão, para nós dois entrar, fato que me fez rir da cara do mesmo.
Estacionei meu carro ao lado da moto do Milo, e segui para a minha sala. Após pedir licença para a professora, e a mesma autorizar a minha entrada, eu entrei e fui direto para o meu lugar. Porém, a dona Aurora chamou a minha atenção diante da sala, o que fez muitos idiotas rir de mim.
Depois, tivemos mais duas aulas antes do intervalo. Mas graças a Deus, a hora do intervalo enfim chegou. Saga e eu seguimos para a cantina, para comprarmos o que íamos comer e beber. Porém, algo me chamou a atenção: vi o Milo de conversinha mole com uma ruiva alaranjada. Isso me deixou furioso, pois ela parecia estar se oferecendo para ele, e minha vontade era de ir até eles e colocar um ponto final nessa putaria. Porém, me contive, pois não podia deixar transparecer para ninguém o que eu estava sentindo.
Saga e eu, ao pegarmos e pagarmos pelos nossos lanches, fomos nos sentar na nossa mesa de costume, para podermos lanchar e conversar. Mas meu amigo de longa data parecia perceber o que eu estava sentindo, pois o mesmo me olhava sério enquanto bebericava sua latinha de Coca-Cola.
— Camus, o que você tem? Pois foi só sairmos para o intervalo que você fechou a cara, e parece que há algo lhe irritando! — ele me falou seriamente.
— Não é nada, Saga. Eu só estou com um pouco de dor de cabeça, e estou preocupado sobre o porquê do Shura não ter vindo novamente à faculdade. — soltei minhas mentiras, tentando me manter calmo. Logo depois, o sinal bateu para irmos para nossas salas, para mais duas aulas chatas que graças a Deus passaram rápido. E, enfim, chegou a hora de irmos embora. Porém, ao ir até o meu armário, vi a ruiva e o Milo passando abraçadinhos pelo corredor, fato que dilacerou meu coração e me deu até vontade de chorar. Mas eu tive que conter minhas lágrimas, pois Saga apareceu bem na hora.
Ao chegar na parte térrea da universidade, segui para pegar meu carro, e ao sair do interior da universidade para seguir até a minha casa, vi a ruiva indo embora de moto com o Milo. E, o pior: a vadia oferecida grudou nele igual carrapato que gruda em cães.
Eu segui até a minha casa, totalmente arrasado. E, ao entrar na mesma, meu primo estava a minha espera. O mesmo queria conversar, porém eu lhe disse que hoje eu não tinha sequer cabeça pra isso. Depois, lhe desejei boa noite e segui subindo as escadas até chegar à minha suíte. Adentrando à mesma, eu deixei minha mochila sobre a poltrona vermelha e me sentei sobre minha cama. Peguei meu violino, começando a tocá-lo, ao arrancar do mesmo uma triste melodia que era o espelho da minha alma e coração.
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