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Capítulo 11 - Terra


     Gaia abriu os olhos mas não quis se levantar, estava muito confortável enrolada em seus cobertores de pele. Porém, sua mãe não deixaria a preguiça lhe distrair de suas obrigações na Coleta, então a garota levantou-se relutante e se aprontou para mais um dia de trabalho.

     Após um banho quente, ela se vestiu e começou a organizar seus equipamentos dispostos sobre uma prateleira em seu quarto. Haviam seus goggles especiais, grandes e com lentes grossas e riscadas, uma pistola artesanal acoplada com cordas e ganchos, dois outros modelos menores com a mesma funcionalidade fixados em braceletes, e o seu inseparável bumerangue. Os goggles foram postos no rosto, os braceletes nos braços, e a pistola foi guardada numa bolsa a tiracolo com algumas unidades reservas de rolo de corda, pequenos ganchos e seu cantil, seu bumerangue sempre vinha em mãos ou amarrado na altura da cintura.

     Só faltava mais uma coisa essencial, sua capa que estava depositada num cabide no canto do quarto. Geralmente os coletores usavam as capas para se protegerem das rajadas ferozes do vento árido no deserto, mas Gaia achava que ela atrapalhava sua mobilidade na hora de explorar terrenos mais remotos e de difícil acesso, por isso ela geralmente a usava amarrada na cintura como uma saia longa com uma abertura na frente.

     Enfim ela estava preparada, com seus equipamentos e a vestimenta adequada. Enquanto comia algumas frutas com leite quente e cereal, sua mãe trançou seu cabelo com a perfeição que só ela sabia fazer. Sempre que Gaia tentava replicar o penteado da mãe acabava com um amontoado de cabelo embaraçado. Por fim ela saiu de sua caverna, o serviço na Coleta era difícil, mas pelo menos ela tinha a companhia de Sacha Carlevan, seu mestre coletor.

***

     — Eu já falei mil vezes! É assim que se usa uma capa — Sacha a repreendeu com um sorriso no rosto, exibindo sua capa disposta sobre seus ombros, cobrindo todo o corpo, e com o capuz sobre sua cabeça. Gaia sempre soube que ele só falava essas coisas para provocá-la, ela era uma das suas melhores alunas.

     Gaia tinha dezesseis anos, e Sacha já havia chegado na casa dos vinte e quatro. Ele era alguns palmos mais alto que ela, tinha a pele morena bronzeada pelo ardor do deserto e os cabelos pretos sempre espetados e aparados tão curtos que pareciam pintura fosca na calvície, mas sua maior característica era o sorriso frouxo, penetrante e discretamente libidinoso.

     Eles estavam no ponto de encontro padrão para o começo de suas explorações, no topo de uma colina arenosa. Em volta, um grande amontoado de sucata tomava conta da vastidão amarelada. Haviam pilhas de ferro por toda parte, algumas enterradas pela areia e outras empilhadas como estranhas pirâmides de lixo compostas por carcaças de carros e máquinas, latas e contêineres. Em meio a ferrugem e a sujeira se destacavam as cores brilhantes das capas quadriculadas dos coletores, sempre penetrando cada vez mais fundo nas entranhas de velharias em busca de qualquer coisa útil para a cidade. Assim funcionava a Coleta, com pessoas como Gaia, Sacha e tantos outros caminhando pelo lixão avaliando tudo que havia sido descartado pelas cidades do céu e que ainda poderia ser reutilizado ou transformado em outra coisa.

     — Eu andei pensando — Gaia disse, observando a movimentação abaixo do declive — A gente sempre anda por aqui e já faz tempo que não achamos nada legal — Geralmente os coletores recebiam um salário fixo e um adicional por inovação ou por encontrarem itens raros, e a busca pela raridade sempre foi mais atrativa para Gaia — Tô pensando em ir dar uma olhada naquela direção — Ela apontou rumo a uma formação rochosa mais afastada, além de uma pilha de carros retorcidos.

     — Vê se não se mete em encrenca — Sacha orientou.

     — Pode deixar!

     Gaia desceu a colina com destreza e caminhou pelo aterro, atravessando as pilhas de sucata, chutando latas e rastejando por contêineres abertos. Logo ela saiu do agrupamento de descartes e viu-se a vagar pela vastidão árida do deserto. Ela deslizou-se pelas dunas, indo sempre adiante. Tudo sempre era quieto no deserto, a movimentação mais frequente era a dos coletores, além de pequenos animais, cobras e outros répteis que se escondem pela areia escaldante. Vez ou outra ela podia ver pássaros sobrevoando, sempre com grandes asas e penas multicoloridas, mas ainda era mais comum encontrar abutres à espreita de carniça apodrecida.

     Mesmo com suas botas afundando na areia e com o sol forte castigando seu corpo, Gaia continuou em frente. Aos poucos o terreno tornou-se cada vez mais irregular, com protuberâncias de rochas pontiagudas se revelando quando o vento levantava ondas de areia. Ela imaginou estar próxima de uma ravina ou um desfiladeiro, pois sentia uma descida cada vez mais acentuada no relevo. Alguns minutos depois, Gaia contemplou aquilo que havia chamado sua atenção dias antes. A formação era composta por três rochas gigantescas de formato semelhante a pilares que se projetavam rumo ao céu aberto. Geralmente era em lugares como aquele onde os coletores mais ousados encontravam itens raros, resquícios de antigas civilizações.

     Atravessando as pilastras rochosas rumo a planície arenosa logo adiante, Gaia esperava achar alguma relíquia ou aparato mecânico, mas acabou encontrando algo ainda mais surpreendente. Havia uma grande nave em forma de tubarão parcialmente enterrada na areia. Ela caminhou cautelosa observando cada detalhe da lataria daquele estranho veículo que parecia um foguete remendado pelas grossas placas metálicas que cobriam todo o seu exterior. Era realmente grande e azulada, e se estendia como um cilindro reto onde na traseira havia um conjunto de turbinas arredondadas. A parte da frente possuía um largo para-brisa curvo que recobria do meio para cima a partir do nariz da nave, a parte de baixo tinha um sorriso torto com dentes afiados pintados com tinta spray. Nas laterais, dois círculos desproporcionais pintados da mesma forma simulavam olhos com um par de "X" servindo de pupilas. As asas e demais artifícios aerodinâmicos do veículo se parecem com barbatanas retas e grosseiras, tornando-o ainda mais semelhante à lendária fera marítima. Logo atrás havia outra nave, bem menor e mais futurista, de formato triangular e com detalhes dourados na fuselagem. Essa, ao contrário da anterior, estava perfeitamente pousada na areia. Os múltiplos escapamentos de ambas as naves denunciavam que elas funcionavam à base de vapor.

     Os boatos de que a nave Tubarão havia sido vista caindo do céu nos dias anteriores logo se espalhou pelos coletores, alguns até diziam que os tripulantes, dois homens, haviam sido enclausurados nas cavernas. Gaia percorreu o entorno das naves pensando numa maneira de adentrar nelas e explorar seus interiores em busca de algo valioso, mas o receio de acabar presa falou mais alto e ela decidiu abandonar essa empreitada, deu meia volta e voltou pelo mesmo caminho de antes. Atravessando os rochedos perpendiculares, Gaia seguiu em frente sem perceber o leve desvio para leste que fez-se acentuar ainda mais rumo aos fundos da depressão arenosa. Não tinha como se perder mesmo distante das regiões familiares, o básico da formação de um coletor era decorar os mapas e conhecer as áreas, e sempre tinham pontos de referência no deserto, bandeiras e postes de sinalização ou grafismos talhados nas rochas.

     Ao perceber o tempo que demoraria para voltar tudo e corrigir sua trajetória, a coletora decidiu seguir em frente, forçando seu corpo para conseguir escalar as dunas cada vez mais íngremes e apoiando seu peso em rochas para evitar deslizamentos. Ao final da escalada, finalmente pôde avistar algo que valesse a pena prestar atenção. A descida no outro lado da duna deu-se numa corrida rumo a uma planície de dunas menores, onde a areia se movia vagarosa com o vento. Não havia nada em volta, nem rochas, nem as bandeiras dos coletores, muito menos o lixo metálico. O único elemento que se destoava da quietude amarelada era uma estranha máquina cilíndrica semelhante a uma cápsula. Ela estava tombada na areia, inclinada para a esquerda de forma tão firme que parecia ter estado ali há anos.

     Gaia se aproximou cautelosa com a curiosidade de uma exploradora, passou sua mão sobre o vidro da cápsula para limpar a grossa camada de poeira desértica e fuligem que se formava e se surpreendeu com o que viu. Lá dentro havia uma garota que devia ter mais ou menos a sua idade, usava um vestido rosa chique, porém esfarrapado, com trechos rasgados em sua saia volumosa, o cabelo solto e bagunçado, e ela parecida desacordada, como uma princesa enfeitiçada em seu sono profundo. Tomada pelo impulso de resgatá-la de sua prisão de metal, e estranhando o fato de uma garota bonita estar dentro de uma coisa estranha no meio do nada, Gaia analisou a parte inferior da máquina e encontrou o que parecia ser uma alça de abertura. Com um pouco de esforço, a porta cristalina foi aberta, possibilitando que a beldade esteja ao alcance de suas mãos.

     A bela adormecida despertou num pulo, com a respiração ofegante e tomada pelo horror desesperado.

     — Ei, calma aí! — Gaia tentou tranquilizá-la — Tá tudo bem agora. Como você se chama?

     — July Harmond — Ela respondeu observando sua salvadora, uma garota magra, de cabelos castanhos brilhantes como o tronco de uma árvore e com olhos curiosos e enérgicos. Ela vestia trajes estranhos, todos com a mesma textura grossa e estampa quadriculada mas com diferentes variações de cores. A blusa de mangas longas era verde escuro, as calças rosa e as botas vermelhas, e uma capa amarela amarrada em sua cintura abaixo de uma grossa tira de couro escurecido. Todas essas colorações vinham em tons saturados e ofuscantes, intercalados com outros tons mais escuros nas estampas xadrez. Uma faixa fina marrom amarrada em sua testa mantinha uma mecha de cabelo perfeitamente alinhada com sua trança.

     — Eu me chamo Gaia — A mão direita foi estendida em direção à July — Vem! Você não parece ser daqui, de onde você veio?

     Com a ajuda de Gaia, July saiu da cápsula de fuga com os olhos espremidos para se acostumar com a claridade daquele mar de areia, e sentindo o calor escaldante possuir o seu corpo. Antes de responder ela olhou em volta por um instante, buscando algo no céu.

     — Eu vim de lá — Dali debaixo, Newdawn parecia mais um grande ponto negro e fumegante na imensidão celeste. A vista dos sistemas que mantinham a cidade flutuante, um emaranhado de canos e motores resplandecentes, não era nenhum pouco gloriosa quanto a parte de cima. July percebeu algo que ela nunca tinha reparado antes quando apontou para lá, havia uma densa cobertura de fumaça em torno de sua cidade natal, o que tirava parte da beleza do céu. Agora sim ela via o céu verdadeiro, completamente azul, limpo e imaculado, muito mais encantador do que aquele que ela via em meio a poluição do vapor. Perceber essa diferença encheu seus olhos de lágrimas e martelou seu coração com saudade. Primeiro ela se deu conta de que toda a sua vida foi uma mentira, e depois percebeu que estava bem longe de casa, e que nunca mais veria seu pai, Natasha, seus amigos, e o Ed...

     — Uau! — Gaia espantou-se, ela nunca imaginou que um dia conheceria alguém das cidades flutuantes — E como você veio parar aqui?

     — Longa história... — July se assustou quando um rugido feroz surgiu em meio ao silêncio do deserto. Ela olhou em volta, vendo gêiseres de areia sendo disparados para o alto em linha reta com uma velocidade violenta de um jato. Havia alguma fera desértica enterrada nas dunas, vindo na direção das garotas como um predador em busca de sua refeição — O que foi aquilo? — July encarou Gaia, reconhecendo os ares de cautela crescendo em seu olhar.

     — Corre!

     Gaia tomou a dianteira, correndo sem olhar para trás rumo à duna mais alta de onde havia vindo. Logo atrás, July a acompanhou, forçando seus pés para manter o equilíbrio com aqueles sapatos inadequados para correr na areia. Ela não resistiu ao impulso de olhar para trás, vendo a elevação na areia se intensificar e sumir aos poucos enquanto a criatura enterrada se revelava. Uma espécie de réptil gigantesco emergiu soltando mais um rugido assustador, seu corpo era musculoso e recoberto por escamas amareladas e rígidas como uma armadura, um par de chifres escarlates curvos adornavam o topo de sua cabeça. O monstro logo as encontrou com seus olhos assassinos e disparou atrás delas com a perícia de um dançarino demoníaco.

     — Que bicho é esse, Gaia!? — July perguntou assustada, correndo o mais rápido que conseguia enquanto gritava.

     — É um Behemoth! Lagartos carnívoros do deserto — Gaia agarrou a mão de July e a puxou para apressar a corrida, o monstro estava cada vez mais próximo.

     — Carnívoros!? — July ficou ainda mais assustada com essa afirmação, inconformada por ter sobrevivido a tanta coisa para no final acabar como o jantar de um réptil gigante.

     — Eu tenho um plano! Só fica perto de mim!

     As garotas subiram a duna mais alta e pararam de correr, com o réptil logo abaixo as analisando com a bocarra aberta e repleta de dentes afiados como cristais arruinados. Gaia sacou seu bumerangue e ativou um mecanismo oculto, projetando uma lâmina afiada retrátil escondida na ponta mais curta. Ela se posicionou e arremessou, acertando a lâmina em cheio nos olhos da fera, cegando-a momentaneamente com um corte. O bumerangue retornou para as mãos de Gaia sujo com o sangue da besta e elas desceram pelo outro lado e correram por dentro da depressão enquanto o Behemoth atravessa a duna com tudo e se debatia desorientado ao som de seus gritos furiosos, jogando seu corpo contra as paredes rochosas do declive enquanto montes de areia desabam feito uma chuva irritante com seus golpes desgovernados de garras e cauda.

     — Tem certeza que isso foi um bom plano? — July reclamava nervosa enquanto voltava a correr.

     — Ainda não terminamos! Vem!

     Gaia guiou July pelas profundezas da depressão, onde a areia ia aos poucos sendo substituída por rochas alaranjadas, descidas cada vez mais íngremes e o percurso cada vez mais estreito. A corrida foi substituída por uma caminhada apressada, os berro do Behemoth, cada vez mais furiosos devido à desorientação e a cegueira, assustavam July, ele estava próximo delas, mas ocupado demais com seus golpes aleatórios para perceber as suas presenças. Ter a mão áspera de Gaia agarrada na sua fazia July se sentir segura, e vez ou outra elas tinham que se abaixar ou se esconder para despistar a aproximação do monstro.

     — Acho que eu esqueci de falar — Gaia disse quando elas saíram da depressão por uma passagem arredondada num paredão rochoso, elas estavam de volta numa planície de dunas arenosas — Os olhos do Behemoth se regeneram com o tempo.

     — Quanto tempo?

     — Hm... — Gaia olhou para trás, vendo o Behemoth enfiar sua cabeça pela abertura. Seus olhos leitosos lacrimejavam, derramando gotas densas de um líquido enegrecido. A visão do réptil colossal havia sido restaurada — Acabou de acabar.

     — Ainda não entendi nada desse seu plano! — A perseguição recomeçou. July e Gaia correram pela planície enquanto o Behemoth disparou contra elas em alta velocidade, alargando ainda mais o buraco no rochedo e se enterrando na areia para atacá-las por baixo.

     — Vai entender agora — Gaia parou de correr e segurou July para que parasse também. Agora elas estavam na margem de precipício profundo, um abismo escondido na areia do deserto. O solo começou a tremer e a gerar oscilações, alertando as garotas sobre o ataque derradeiro do Behemoth. Gaia tirou a pistola da bolsa e disparou contra a parede do outro lado do precipício, fixando uma corda firmemente com o gancho da ponta. Com a corda esticada, ela agarrou July pela cintura e se jogou no abismo, arrancando-a um grito de adrenalina enquanto July se agarrou em seu pescoço. O corpo da forasteira tremia por completo, agora temendo a possibilidade de se esborrachar na parede pedregosa e despencar nas profundezas do cavidade repleta de rochas pontiagudas, mas os reflexos de Gaia foram mais rápidos, e ela flexionou suas pernas para absorver o impacto do encontro contra a parede. Elas estavam penduradas alguns metros abaixo da margem, mas ainda seguras, e lá em cima a fera do deserto rosnou antes de recuar derrotada — Behemoths morrem de medo de altura — Gaia respondeu com um sorriso no rosto, alternando seu olhar entre avaliar a firmeza da corda e encarar a assustada July Harmond empoleirada em seu braço.

     — Ah!!! — July suspirou, aliviada com o esclarecimento mas ainda assustada com a manobra efetuada por sua salvadora.

     — Segura firme!

***

     A corda foi solta aos poucos pelos mecanismos da pistola, levando as garotas em segurança até os fundos do abismo. Lá embaixo, o céu era apenas uma listra azul entre dois imensos paredões rochosos. Agora elas poderiam caminhar despreocupadas, mas com July olhando sempre em volta pronta para correr novamente caso mais algum bicho aparecesse, mas tudo o que encontrou foram pequenos répteis, aranhas e alguns ratos. Seu comportamento atento e desconfiado arrancou risadas de Gaia, que escalava facilmente as rochas e avaliava as paredes, à procura de marcações e referências de direção.

     — Para onde estamos indo? — July perguntou quando elas pararam para descansar sentadas em grandes rochas, com Gaia dividindo a água de seu cantil.

     — Para a minha casa, as pessoas de lá vão saber o que fazer com você — Gaia respondeu — E você precisa de um belo banho.

     — Verdade — Elas riram juntas. De fato, July estava fedendo, a fita dourada de seu cabelo havia simplesmente sumido, havia escoriações por todo o seu corpo, as marcas do puxão em seu pescoço ainda incomodavam, e tinha areia por toda parte — Acho que tem alguém vindo — July comentou ao ouvir passos ágeis se aproximando calmamente. Gaia olhou para trás e viu Sacha saindo de um túnel.

     — Ei, Gaia! Onde você se meteu? — Ele perguntou chegando mais perto. Ao perceber a presença de uma garota nova, seu sorriso logo se formou — Ah, oi.

     — Essa é July Harmond — Gaia a apresentou — Ela caiu do céu.

     — Sei... Encantado em conhecê-la — July retribuiu ao cumprimento, mas algo nele ainda a deixava desconfortável.

     — E esse é Sacha Carlevan. Meu mestre coletor.

     Agora acompanhadas por Sacha, elas retornaram a caminhada adentrando no túnel. A passagem através de um corredor rochoso e escuro, iluminado por cristais luminosos pendurados em cestas de cordas, foi mais tranquila do que a fuga do Behemoth. Agora Gaia e Sacha estavam num território já conhecido, estavam praticamente em casa. July ainda estava abalada pelos últimos acontecimentos, mas precisava seguir em frente, relaxar e organizar seus pensamentos. Por sorte, era revitalizante estar com pessoas novas num lugar novo, seja lá onde ela tenha chegado. Toda a travessia foi percorrida enquanto Gaia e Sacha explicavam a dinâmica da Coleta, desde a formação dos coletores até as jornadas de exploração. Mas ainda havia uma dúvida no ar.

     — De onde vocês são mesmo? — July perguntou, curiosa.

     — Não é óbvio? — Sacha respondeu — Somos sandalitas.

     Sandalitas? Impossível! Esse povo não passava de um boato, borrões em fotos, rabiscos em mapas e vídeos desfocados, ninguém conseguiria viver fora da zona de conforto das cidades flutuantes, ainda mais naquele mundo devastado. Porém, agora July sabia que era verdade, que Sandal realmente existia, haviam dois de seus habitantes bem na sua frente e eles a estavam levando para sua sede, o berço da esperança no deserto.

     — Mas como vocês vivem aqui!? Como ninguém nunca conseguiu rastrear vocês!? De onde vocês vieram!? — July os bombardeou de perguntas, extremamente curiosa. Provavelmente ela era a primeira pessoa lá de cima a ter contato com as pessoas de baixo. Uma grande descoberta feita por puro acaso. A dupla de sandalitas riu diante de tanto entusiasmo.

     — Nossos anciões dizem que somos os descendentes daqueles que não conseguiram embarcar no foguete — Sacha explicou — Foi uma ação elitista, muitas pessoas de poder monetário foram salvas acreditando que suas posses seriam o suficiente para abandonar o mundo que elas mesmas destruíram. Enquanto isso, outras pessoas sem esperança sobreviveram apenas pela vontade de sobreviver, na insistência de não morrerem em vão.

     — Então — Gaia assumiu a narrativa — Nossos poetas dizem que assim como a água que nasce da fonte serena do mundo nós voltamos humildes para os fundos do planeta Terra.

     Eles pararam diante de um portão de ferro que se abriu com a autorização dos guardas encapuzados ao reconhecerem Sacha. Assim, eles chegaram numa gigantesca caverna, um poço esférico escondido nas montanhas rochosas. O local não era completamente escuro pois havia uma luz azul fluorescente e cristalina que embalava todo o ambiente. July seguiu em frente, se apoiou num barranco e olhou para baixo, e lá estava ela, Sandal, a cidade esquecida. A cidade era formada por diversas elevações que se alternavam de altitude entre si como uma grande favela, composta por casas quadradas de pedra cinzenta com diferentes tamanhos. Haviam cores por toda parte, bandeiras, flâmulas, bandeirolas, faixas, pôsteres, tecidos, toldos e placas, tudo com suas cores vibrantes e seu padrão de textura quadriculada. Muitas pessoas podiam ser vistas, caminhando pelas avenidas largas e pelas vias estreitas, desde crianças até pessoas de mais idade. Porém, o mais impressionante era o grande lago que contornava a cidade, com seus afluentes invadindo o espaço urbanos como ruas aquáticas por onde pequenos barcos a vapor navegavam vagarosos. E era dali de onde vinha a luz que iluminava a cidade, das águas que brilhavam refletindo os cristais cintilantes no fundo de seus leitos.

     — Bonito né? — Os coletores se aproximaram de July, com as águas luminosas refletindo em seus rostos — É aqui onde a gente vive.

     — Bem mais legal do que viver no céu, hein? — Sacha comentou com sarcasmo.

     — Muito mais legal — July olhou para o topo da caverna, vendo superfícies lisas por onde seres diminutos com asas incrustadas de pedras brilhantes voavam livremente.

     — São os Carbúnculos — Gaia disse ao notar a atenção da amiga nos bichos alados — Pode ficar tranquila, esses são inofensivos.

     — Então os monstros entram aqui? — O encantamento foi substituído por preocupação.

     — Só de vez em quando — Sacha respondeu, caindo no riso em seguida.

     — Deixa de ser idiota! — Gaia se aproximou de July, passando as mãos pelos seus ombros — Vem, ainda tem muita coisa para ver.

***

     Gaia guiou July por toda cidade, explicando sobre o modo de vida dos sandalitas. Basicamente tudo era feito na caverna, desde fazendas para o cultivo de alimentos, indústria farmacêutica, serviços gerais, até fábricas para desenvolvimento tecnológico baseado em tudo que era encontrado pelos coletores. Sandal não era muito diferente de Newdawn, era como uma versão protótipo experimental da cidade do vapor em terra firme, só que com uma população mais amigável e prestativa, um pouco semelhante com a política de cooperação de Manifesto. De fato, a Coleta fez de Sandal uma colcha de retalhos, reaproveitando tudo que era descartado das outras cidades, desde matéria prima industrial até conceitos e filosofia. Ninguém lá em cima sabia para onde ia seu lixo, mas July imaginou que muitos ficariam felizes ao saberem que muito ainda era reaproveitado.

     Primeiro elas foram para a casa de Gaia, onde July pôde tomar banho e relaxar numa banheira termal, aliviando a tensão de seu corpo. Em seguida, uma refeição foi devorada, impressionando July com os temperos e a sofisticação prática da culinária local composta sobretudo por saladas, ensopados e guisados. Depois, July já não parecia mais a mesma de antes, agora vestindo um traje típico emprestado de Gaia e pronta para uma nova aventura. Voltar para casa seria complicado, mas se apegar a uma nova experiência poderia mascarar a tristeza que sentia por enquanto. Todos na caverna estavam curiosos com a chegada da menina, mas July foi recepcionada com danças e cantos hospitaleiros ao invés de fofocas e julgamentos, o que aqueceu ainda mais seu coração sofrido.

     July e Gaia adentraram num pequeno bote e remaram rio abaixo, passando por canais subterrâneos até chegarem em mais um túnel, de onde saíram novamente no lixão, sendo surpreendidas por um Carbúnculo aquático na forma de um jacaré esguio. Sacha se encarregou de conseguir uma autorização para que July se tornasse uma coletora, e no momento ela conseguiu permissão para acompanhar Gaia na Coleta enquanto estudava os mapas que registravam cada trecho conhecido do deserto.

     A tarde de Coleta fora tão produtiva quanto a manhã. A presença de July mudou tudo. Como ela já conhecia muitas das máquinas descartadas naquele ferro-velho, ter ela por perto fez ser bem mais fácil saber o que seria útil para a cidade, e isso chamou a atenção dos outros coletores. Em pouco mais de duas horas eles já tinham um carro sennita que funcionava de verdade, televisões cujo único defeito eram as telas quebradas, antenas com fusíveis queimados, mas que poderiam ser facilmente substituídos, comunicadores sem baterias, dentre tantos outros novos recursos.

     Mas ao cair da noite, foi impossível esquecer a aflição que lhe consumia. Gaia encontrou July num barranco, observando Newdawn a céu aberto. As luzes da cidade estavam acesas, transformando-a na estrela que mais brilhava no céu noturno. Lágrimas corriam solitárias em seu rosto, não de desespero ou de medo, mas de tristeza e conformidade. July sabia que nunca mais voltaria para casa, e lhe doía mais ainda a incerteza a respeito dos que ela mais amava.

     — Ei — Ver a melancolia da amiga comoveu Gaia, que sentou ao seu lado — O que houve? Tá tudo bem?

     — Não tá nada bem — July observou novamente Newdawn no céu — Eu nunca mais vou voltar para casa, nunca mais vou ver meu pai, meus amigos, nem sei se eles estão vivos. Você e o Sacha têm sido tão legais comigo, me deram um novo lar e um emprego! Me resgataram, salvaram minha vida...

     — Pera aí! — Gaia interrompeu, inconformada — Eu salvei sua vida! Aquele ali só riu e falou asneiras o dia todo!

     — Pouco importa! — July gritou, com lágrimas mais agressivas encharcando seu semblante — Tudo mudou muito rápido! Eu não sei o que fazer! Não sei mesmo! Como posso seguir em frente sabendo que meus amigos estão em perigo lá em cima? — A conversa prosseguiu com July resumindo os fatos para Gaia, desde a revelação de Ed no bistrô até a noite em que ela foi ejetada da cidade na cápsula de fuga. Antes deslocada no assunto, Gaia agora parecia entender tudo, e mesmo vendo a situação só por cima ela fez aquilo que qualquer pessoa sensata faria: odiar Leonard Roberts!

     — É uma situação bem complicada mesmo, eu não sei o que falar — Gaia abraçou July.

     — Não precisa dizer nada — July enxugou as lágrimas — Talvez seja melhor assim, recomeçar num lugar novo, longe de tudo. Pelo menos assim eu sobrevivo. Mas eu só queria uma chance de voltar, reencontrar o Ed, salvar todo mundo...

     — Olha lá! — Gaia apontou para uma estrela cadente que cruzou o céu — Guarda esse pedido, quem sabe agora ele se realize.

     — É, quem sabe? — O sofrimento nas palavras de July perdeu parte de sua intensidade, assumindo um tom contemplativo na voz. Seus olhos marejados seguiram a trajetória do aerólito.

     — Tive uma ideia! — Gaia levantou-se animada, puxando July para se levantar também — Vamos ver os prisioneiros!

     Dois homens com comportamentos suspeitos foram encontrados no deserto e abordados pelos coletores anteriormente, o estado alterado e o comportamento agressivo de ambos os fizeram serem levados para a cidade como prisioneiros, além do carregamento de armas pesadas que possuíam. Após meia hora de conversa e um litro de cachaça, Gaia conseguiu convencer o guarda da carceragem a liberar uma visita rápida. Aparentemente o contato com os prisioneiros foi restrito devido à curiosidade local. Mas, ao entrar no recinto, July ficou pasma ao reconhecer quem eram as figuras misteriosas enclausuradas.

     — Cornelius! Wes! — Ela gritou, surpresa e confusa ao reencontrar os amigos numa situação inesperada.

     — Oi, July! — Cornelius a teria cumprimentado com um aceno de mão caso não estivesse acorrentado pelos braços na parede de rochas. Ele se limitou a balançar os pés pendurados — Que bom te ver! — Ao seu lado, Wes revirou os olhos para Cornelius, mas também estava feliz ao rever July Harmond.

***

     A nave Tubarão vinha com tudo pelos céus, seus sistemas falhando e suas turbinas soltando fumaça enegrecida numa queda livre rumo ao deserto lá embaixo. Ao atingir o solo, ondas de areia se levantaram e se espalharam enquanto a nave se enterrava deslizando após o impacto. Por sorte, Cornelius não se machucou, e agradeceu a Jah por ter se lembrado de instalar cintos de segurança e amortecedores nos bancos. Uma rápida vistoria nos sistemas confirmou que não houvera avarias graves, apenas alguns mecanismos quebrados que não demorariam muito para serem consertados. Ao sair da nave, Cornelius contemplou sua criação, orgulhoso, mas ainda preocupado com os amassados na lataria, e com seus amigos perdidos.

     Logo, a nave dourada triangular de Wes pousou quase ao seu lado.

     — O que diabos foi aquilo!? — Wes perguntou, furioso, desembarcando de sua nave.

     — Eu precisava fazer alguma coisa! — Cornelius tentou se explicar — O Ed tá perdido por aí, a July também, e Leonard tá enlouquecendo! Pessoas morreram!

     — Você saiu de lá igual um doido! O raio da torre te pegou em cheio! — Cornelius ficou confuso com essa última afirmação, mas decidiu ignorar mediante a pressão que perturbava sua mente impulsiva — Já foi derrubado na ida, como você planeja voltar nessa... Coisa?

     — Não lembro de ter pedido a sua ajuda — Cornelius escalou o Tubarão rumo a escotilha de entrada, indiferente.

     — Ei, pera aí! Você sabe que existem três categorias de naves em Newdawn — Wes o seguiu, atraindo sua atenção — As de rank B são os alto-falantes, as de rank A são os aerobus e os zepelins, e as de rank S são as naves Maverick e os caças particulares — Wes apontou para sua nave — Eu tenho autorização para pilotar naves de rank A e S, e ainda tenho uma dessas, e a sua tá claramente danificada. Se me der um tempo, posso fundir os sistemas e atualizar seu...

     — Tubarão — Cornelius respondeu, impondo um pouco de respeito sobre a sua nave, a qual transparecia um profundo sentimento de afeto.

     — Sim, seu Tubarão — Wes prosseguiu — Aprimorar motores, refinar o gasto de combustível, substituir tudo o que não serve mais... Essas coisas. Eu também trouxe suprimentos, água, comida, remédios, itens de higiene pessoal, armamentos e tenho um plano. Você nunca vai conseguir sem mim!

     — Tá bom! — Cornelius o interrompeu, cansado demais para o egocentrismo de Wes e com o sol do deserto lhe provocando uma enxaqueca. Mesmo relutante, seria difícil discordar que o aventureiro tinha razão, ele era uma peça fundamental e Cornelius precisaria dele se quisesse rever seus amigos — Quanto tempo precisa para fundir as naves?

     — Eu termino hoje ainda, não se preocupe.

     Placas metálicas foram deslocadas, deixando em aberto os circuitos de ambas as naves que foram conectados com fios elétricos. O processo de fusão de naves era relativamente simples, tudo sendo facilitado pela engenharia automobilística sennita. Enquanto Wes retirava peças do Tubarão e as substitui por outras melhores da nave dourada, Cornelius tentava triangular a sua localização. E eles estavam exatamente no meio do nada. O céu já tomava os tons alaranjados do crepúsculo quando Wes terminou, permitindo agora que o Tubarão alcançasse o dobro da velocidade de antes.

     — Prontinho! — Wes disse realocando as placas afastadas do Tubarão.

     — Vamos embora, não temos tempo a perder — Cornelius, que estava deitado na parte superior da nave, se virou para encarar Wes lá embaixo.

     — Com certeza — Wes começou a escalar a nave pelas barbatanas até a escotilha superior — Nós... — Antes de continuar sua fala e sua subida, Wes olhou em volta ao perceber um vulto escondido nas dunas. Em instantes, eles estavam cercados por dezenas de coletores sandalitas.

***

     — Isso não faz o menor sentido — Sacha comentou quando Gaia e July lhe resumiram toda a história juntamente com o relato dos prisioneiros — Mas mesmo se tudo isso for verdade não tem como simplesmente sair libertando as pessoas, as leis de Sandal são muito rígidas em relação aos aprisionados.

     — Mas nós temos que fazer alguma coisa! — July exclamava histérica — Eu não posso deixar os meus amigos pendurados aqui como frangos de padaria! — July se virou para Gaia, segurando seus braços — Gaia, você mesmo viu como eu me sentia impotente. Mas isso era sobre as pessoas que estão lá longe. Cornelius e Wes estão aqui, ao meu alcance, eu não posso simplesmente aceitar isso.

     — July, calma — Gaia tentou tranquilizá-la — Você está muito nervosa. Nada vai se resolver assim.

     — E o que você quer que eu faça?

     — Vai dormir! — Sacha a repreendeu, firme e sério — Só vai dormir e tenta se acalmar, amanhã a gente pensa em alguma coisa.

     Revoltada, July deu as costas e caminhou para o quarto de Gaia, enrolando-se nas peles que agora seriam sua nova cama. Agora ela estava odiando tudo, consumida pela ansiedade das esperanças insustentáveis provocadas pelo reencontro. Ela estava tão aborrecida que nem conseguia pensar direito. A vontade de largar a zona de conforto e sair andando rumo aos céus com seus amigos superou o seu conformismo anterior, e ela se odiou mais ainda por ter sido tão fraca e desistido tão fácil, mesmo com as confirmações do impossível. Revirando-se no leito, July tentou mas não conseguiu agarrar no sono devido ao estresse. Ela viu claramente quando Gaia entrou no quarto e se abaixou ao seu lado.

     — Vem! — Ela chacoalhou levemente July antes de perceber que estava acordada. Gaia parecia apressada, mas falava baixo e olhava para os lados como se estivesse se escondendo de alguém.

     Curiosa e silenciosa, July levantou-se das peles e foi enrolada por Gaia com sua capa, o capuz cobrindo completamente seu rosto. Elas caminharam apreensivas pelas vias secundárias de Sandal, evitando chamar a atenção, falando baixo e fugindo de qualquer luz, voz ou movimentação vinda das casas. Por fim, elas chegaram de volta ao túnel por onde adentraram horas antes. Lá estava Sacha junto de dois homens, os rostos de Cornelius e Wes podiam ser reconhecidos na penumbra sob os capuzes.

     — O que... Mas como? — July perguntou enquanto encarava os sandalitas.

     — Vocês tinham razão — Sacha disse com determinação — Vocês têm uma cidade para salvar e nunca vão conseguir daqui de baixo. Vocês precisam voltar com as naves, é o mais certo a se fazer.

     — Vocês tem que seguir em frente e... — Sacha se virou para puxar a alavanca que abre o portão do túnel, mas logo retornou para interromper a explicação.

     — Gaia, eles nunca vão entender. Você precisa ir com eles, ainda mais por causa dos monstros. E eu sei que você vai ser útil para eles, você é esperta e é treinada. Não precisa se preocupar, eu resolvo tudo por aqui enquanto estiver fora — Gaia assentiu — Toma cuidado, e por favor volta pra mim.

Gaia foi pega de surpresa por um avanço de Sacha sobre ela, resultando num beijo acalorado por parte dele, mas extremamente desconfortável por parte dela, que se afastou num empurrão, furiosa pela inconveniência. Ela virou as costas e guiou os newdianos pelo túnel, olhando para trás poucas vezes para observar a expressão dramática de Sacha. Antes de sumirem no deserto, July virou-se e acenou em despedida.

     — Que Jah lhe proteja, Sacha Carlevan! — Ele retribuiu com um aceno de mão, e o portão férreo fechou-se.

     — Mas e as nossas armas? — Wes questionou para Gaia, recebendo como resposta a afirmação de que não havia tempo dita em meio a empurrões pelo túnel.

***

     O quarteto caminhou invisível pela noite desértica, camuflados por uma forte ventania que levantava rajadas de areia e com o frio castigando-os. Em instantes, com as orientações de Gaia, eles chegaram na nave Tubarão, deitada no mesmo lugar desde sua queda. July ficou impressionada quando Cornelius a contou que havia projetado e construído a nave sozinho e que ela estava escondida na casa dele esse tempo todo. Cornelius era realmente uma caixinha de surpresas.

     Cornelius adentrou na nave pela escotilha e levantou voo quando os motores a vapor foram ativados. Uma rampa larga foi projetada na barriga do Tubarão, permitindo o acesso de seus companheiros. Gaia foi a primeira a entrar, animada por finalmente poder explorar aquela nave que tanto havia atiçado sua curiosidade. Eles decidiram deixar a nave de Wes para trás, como um presente para os coletores sandalitas.

     — Ainda não tive tempo para perguntar — July falou para Wes enquanto eles subiram pela rampa lado a lado — O que aconteceu com o Ed? Ele tá bem?

     — Ele tá bem sim — Wes respondeu com um sorriso tranquilizador no rosto, pondo sua mão no ombro de July — Nós estamos indo buscá-lo em Yara.

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