𝐂𝐎𝐍𝐓𝐎 𝐍𝐎𝐕𝐄 - 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐏𝐑𝐎𝐈𝐁𝐈𝐃𝐎
Há muito tempo, em uma aldeia escondida entre montanhas nebulosas e florestas densas, viviam duas famílias rivais: os Norvan e os Elthar. A rivalidade entre eles era tão antiga que ninguém sabia ao certo como começou. Algumas versões falavam de terras roubadas; outras, de um amor não correspondido. O que todos sabiam era que a paz entre eles era tão inalcançável quanto as estrelas do céu.
Íris Norvan era a filha mais nova do patriarca Gregor Norvan. Tinha olhos de esmeralda e cabelos negros que dançavam ao vento como uma cascata de seda. Sua graça e inteligência faziam dela uma jovem admirada na aldeia, mas seu espírito rebelde desafiava as tradições rígidas de sua família.
Caleb Elthar, por outro lado, era o filho mais velho de Lucian Elthar. Seus cabelos dourados e olhar firme escondiam um coração que ansiava por liberdade. Caleb não acreditava no ódio que sustentava a disputa entre as famílias e sonhava com um futuro em que pudesse viver além das montanhas, longe dos conflitos que aprisionavam sua alma.
O destino, porém, tinha planos próprios.
Certa tarde, enquanto caminhava pela floresta para escapar da opressiva presença de sua família, Íris ouviu o som de um riacho. Atraída pelo murmúrio da água, seguiu-o até encontrar um pequeno lago escondido. A luz do sol penetrava pela copa das árvores, criando reflexos dourados na superfície cristalina. Ela não percebeu que estava sendo observada.
Caleb, que costumava ir ao lago para escapar das obrigações familiares, ficou surpreso ao ver alguém ali. Ao reconhecer Íris, seu instinto inicial foi afastar-se. Mas algo nele hesitou. Talvez fosse o brilho nos olhos dela, ou a maneira como parecia tão à vontade naquele lugar.
Quando Íris percebeu a presença dele, seu coração disparou. Reconhecia Caleb, e sabia que ele representava tudo o que sua família odiava. Mas havia algo em sua postura tranquila que a fez permanecer onde estava.
- Pensei que esse lugar fosse só meu - ela disse, com um tom de desafio.
- Talvez ele pertença a quem precisa de paz - respondeu Caleb, com um meio sorriso.
Foi assim que começaram a conversar. As palavras fluíram como o riacho ao lado deles, leves e naturais. Descobriram que compartilhavam mais do que o desejo de liberdade: ambos eram prisioneiros de um ódio que não era deles.
Os encontros no lago se tornaram frequentes. Cada momento juntos era como uma trégua no caos de suas vidas. No início, eram apenas conversas, mas logo perceberam que estavam se apaixonando. Íris via em Caleb um refúgio, alguém que a compreendia de uma forma que ninguém mais conseguia. Caleb, por sua vez, sentia que Íris era a luz que iluminava seus dias sombrios.
Sabiam, porém, que seu amor era proibido. Se fossem descobertos, as consequências seriam desastrosas. Ainda assim, não conseguiam ficar longe um do outro. Decidiram que manteriam seu relacionamento em segredo, acreditando que, de alguma forma, poderiam encontrar uma maneira de ficarem juntos.
O segredo, no entanto, não duraria para sempre. Uma noite, enquanto Caleb voltava para casa após um encontro com Íris, foi seguido por um dos capangas de seu pai. Lucian Elthar ficou furioso ao saber do romance e decidiu que aquilo era uma afronta que não podia ser ignorada.
Gregor Norvan, ao descobrir através de rumores, teve a mesma reação. Ambas as famílias decidiram que era hora de acabar com a rivalidade de uma vez por todas, mas não pela paz - e sim pela guerra.
Íris e Caleb souberam do confronto iminente e decidiram agir. Encontraram-se pela última vez no lago, sob a luz de uma lua cheia. Lá, prometeram que jamais permitiriam que o ódio de suas famílias destruísse o amor que compartilhavam.
Na manhã seguinte, enquanto os Norvan e os Elthar se preparavam para a batalha, Íris e Caleb se colocaram entre os dois exércitos. Com vozes firmes, declararam seu amor diante de todos, implorando por paz. Mas as famílias, cegas pela raiva, não deram ouvidos.
Foi então que Caleb ergueu uma adaga e, com um olhar de despedida para Íris, a cravou em seu próprio coração. Íris, consumida pela dor, fez o mesmo. Seus corpos caíram lado a lado, unidos pela eternidade.
O sacrifício dos jovens foi um choque para ambas as famílias. O sangue derramado naquela manhã não foi o de inimigos, mas o de dois inocentes que só desejavam amar. Lentamente, a culpa e o remorso começaram a corroer os Norvan e os Elthar.
Aos poucos, as famílias abandonaram a rivalidade. O lago onde Íris e Caleb se encontravam tornou-se um santuário, conhecido como o Lago do Amor Eterno. Dizem que, em noites de lua cheia, é possível ouvir o sussurro de suas vozes, como uma lembrança de que o amor verdadeiro é mais forte que o ódio.
E assim, a lenda de Íris e Caleb permaneceu, não como uma tragédia, mas como um lembrete de que, mesmo em meio às trevas, o amor tem o poder de iluminar o mundo.
Fim.
Escrito pela Autora Júlia (AutoraLorenzin)
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