
Capítulo 2
Terminei de descer a escada e segui até o salão principal, de onde já ouvia as conversas e risadas baixas.
— Aí está ela! — A rainha sorriu assim que me viu.
— Estávamos falando sobre sua ausência. — Nolan comentou.
— Me atrasei um pouco. — Justifiquei sorrindo meio amarelo.
— Pelo visto por um bom motivo. — Deu um pequeno sorriso e me olhou dos pés à cabeça — Está linda. — Elogiou.
— Está mesmo... Deslumbrante! — Alexander concordou enquanto andava em minha direção.
— Obrigada. — Agradeci enquanto Alexander segurava minha mão e a beijava delicadamente.
Observei melhor o salão e notei Victor mais ao canto, conversando com Ian. Ele me olhou e deu uma piscada discreta. Em outro sofá vi Amanda, Kelly, Betina e Alisson, que também conversavam baixo. Já Bianca permanecia parada a poucos passos de Alexander e eu, nos encarando de forma avaliativa.
— Tudo bem? — Ele sussurrou e assenti concordando.
Rei Philliph apareceu logo em seguida e chamou os homens para que se reunissem em seu escritório antes do jantar. Assim, acabei ficando sozinha e quando pensei em ir até as garotas no sofá notei que a rainha andava em minha direção.
— Tão bom ver meu Lorenzo feliz. — Confessou sorrindo.
— Que bom que ele está feliz. — Afirmei.
— Obrigada. — Agradeceu pegando minha mão e a apertando gentilmente.
— Não agradeça, — Neguei — É totalmente reciproco.
Ela assentiu concordando e beijou minha bochecha de forma carinhosa. Pediu licença e seguiu até Bianca. Aproveitei para sentar no sofá junto com as outras garotas, que conversavam coisas aleatórias e sem muita importância.
Algum tempo depois a rainha nos chamou para irmos ao salão das refeições. O jantar foi tranquilo, com assuntos normais e cordiais, então apenas me limitei a ficar observando discretamente Nolan, que era a simpatia em pessoa. Agora mesmo ele dava risada de algo que o rei tinha dito.
Já tinha notado que haviam dois guardas mais próximos de onde ele estava e isso devia ser obra de Victor, que conversava com Betina e Amanda, enquanto Ian e Alisson se lançavam olhares durante todo o jantar. Estava sendo difícil para eles esconderem a paixão e entendia bem isso.
— Um licor ou um café seriam muito bem-vindos agora. — Nolan comentou quando o jantar terminou.
— Mas é claro... Vamos! — O rei prontamente concordou.
Seguimos todos de volta ao salão principal e logo duas criadas entraram trazendo o licor e o café, nos servindo e se retirando em seguida. Sentei novamente no sofá e bebi com calma da minha xícara.
— O jantar estava ótimo, não acha? — Bianca perguntou enquanto sentava ao meu lado.
— Estava. — Concordei tomando mais um gole e olhei pelo salão a procura de Alisson.
— Elisabeth pediu para que eu conversasse com cada uma de vocês, convocadas. — Explicou bebendo mais de seu licor.
— Hm. — Murmurei sem disfarçar meu desinteresse nela.
— Já conversei com todas e sinceramente não sei como chegaram até aqui. — Confessou dando de ombros.
— Se acha tão superior assim? — Questionei arqueando uma sobrancelha.
— Eu nasci no berço Mabel. — Sorriu presunçosa — Têm coisas que você não se aprende e sim já nasce com.
— Concordo. — Dei um sorriso de canto — Isso inclui caráter, personalidade, bondade, inteligência, entre tantas outras coisas.
Ela sorriu mais, claramente não se abalando com minhas palavras. Olhou distraidamente pelo salão por alguns minutos e depois virou novamente em minha direção.
— Só espero que Lorenzo não perceba a burrada que está fazendo quando for tarde demais. — Lamentou com ar de superioridade.
Nos encaramos por alguns minutos até ela se levantar e seguir em direção a rainha. Já eu continuei ali, pensando em suas palavras. Eu estava me esforçando para ser uma boa futura rainha e não iria decepcionar nem Alexander, ou Thompson.
Já era um pouco tarde quando Amanda e Alisson pediram desculpas, se despedindo e subido para os quartos. Alexander conversava com seu pai e Nolan. Já Bianca estava sentada em um dos sofás com Victor e Ian, e eu pensava seriamente em me recolher também.
Levantei indo até a rainha Elisabeth e avisei que subiria, pois já estava com um pouco de sono. Ela concordou e beijou minha bochecha, desejando-me boa noite. Olhei para onde Alexander estava e notei que ele ainda conversava com seu pai, mas desta vez sem Nolan. Não quis atrapalha-los, então apenas caminhei em direção a escada e comecei a subir com calma.
Já estava quase na metade quando ouvi um cochicho. Subi mais alguns degraus e me debrucei um pouco no corrimão, olhando para baixo. Vi dois vultos parados ali em baixo, na parte mais escura, o que não me deixava ver muito mais do que um pouco das suas silhuetas.
— Já disse para ter um pouco de paciência. — Sussurrou um deles.
— Já tenho isso a algum tempo, mas agora quero os resultados. — Insistiu o outro.
Apertei os olhos tentando enxergar melhor, mas estava realmente escuro naquele canto. Me inclinei e debrucei mais no corrimão, tentando escutar melhor a conversa.
— Então está combinado. Faça como falei e tudo dará certo. — Sussurrou um deles e então os dois começam a sair do esconderijo.
Subi o resto da escada literalmente correndo e segui até o quarto antes que alguém me visse. Assim que entrei fechei a porta e a tranquei. Respirei fundo algumas vezes tentando normalizar minha respiração e caminhei devagar até a cama, sentando a beirada.
Quem eram aqueles dois vultos? Não tinha conseguido reconhecer a voz em meio aos sussurros. Talvez Nolan, já que ele não estava no salão quando sai. Sim, era uma boa opção, mas e o outro? Quem era ele, ou ela?
Ouvi o barulho de movimentos e então a porta da varanda se abriu, me fazendo levantar da cama em um pulo.
— Você sumiu de repente. — Alexander comentou enquanto entrava no quarto.
— E você ainda vai me matar um dia. — O acusei sentindo meu coração disparado.
— Nem brinque com isso. — Bateu na madeira da porta da sacada, isolando.
— Achei que estivesse lá no salão. — Comentei ainda meio assustada.
Ele estava incrivelmente bonito usando aquele conjunto social preto, que contrastava bem com a gravata vermelha.
— E estava, — Concordou sorrindo levemente — Pelo menos até ver que quem eu queria não estava mais lá. — Explicou me desarmando completamente.
— Que pena... Espero que encontre. — Sussurrei sorrindo de canto.
— Obrigada, mas... — Agradeceu enquanto andava em minha direção — Acho que já encontrei.
Segurou minha cintura e puxou para mais perto de si. Apoiei as mãos em seu peito e o acariciei distraidamente por cima da camisa social. Levantei os olhos e encontrei com os seus, fitando-os intensamente.
— Estive pensando, — Sussurrei subindo as mãos ao seu pescoço e o enlaçando — Queria mandar uma carta aos meus avós, será que...
— Mas é claro. — Alexander concordou imediatamente — Sei que sente saudade deles.
— Sinto. — Suspirei baixo.
— Quando nós casarmos poderá traze-los para morarem no palácio. — Comentou tocando minha bochecha.
— Posso? — Arregalei os olhos surpresa e feliz com a ideia.
— Amor, sua família vai ser a minha, e vise versa. — Explicou dando de ombros.
— Obrigada. — Agradeci sorrindo.
— Não agradeça. Só quero sua felicidade. — Beijou a ponta do meu nariz.
— Todos já subiram? — Questionei.
— Sim. Aproveitei que ficou apenas meu pai e Nolan conversando e vim te ver. — Explicou me puxando para mais perto.
— Seu pai está com Nolan? — Franzi a testa um pouco preocupada com isso.
— Sim... Então vamos aproveitar. — Sussurrou buscando já meus lábios.
Retribui seu beijo de bom grado. Seus lábios massageavam os meus de um jeito que só ele sabia fazer. Ficamos assim por algum tempo, até o ar se fazer necessário.
Quando nos reparamos Alexander beijou minha testa e apoiei a cabeça contra seu peito. Fechei os olhos e inspirei seu perfume meio amadeirado que eu tanto gostava.
— Queria te contar uma coisa. — Comecei, mas parei indecisa entre continuar ou não.
— Estou ouvindo. — Murmurou contra meus cabelos.
Sai dos seus braços com certa relutância e segurei sua mão, puxando-o até a cama. Sentei na beirada e fiz com que ele sentasse de frente para mim.
— Vou contar desde o começo, mas quero que me escute e só fale no final. — Pedi encarando seus olhos.
— Está me deixando preocupado. — Comentou com seriedade.
Suspirei baixo e comecei a contar a ele sobre meu sonho com Nolan, assim como fiz com Victor. Expliquei tudo em detalhes enquanto Alexander me olhava atentamente. Quando terminei continuei sentada, em silêncio, esperando alguma resposta sua, mas ele permanecia quieto encarando a parede oposta.
— Alexander! — Chamei depois de alguns minutos.
— Mais alguém sabe? — Questionou finalmente me olhando.
— Victor. — Sussurrei torcendo um pouco as mãos.
— Victor? — Franziu a testa — Porque ele sabe?
— Acabei contando... Ele percebeu meu desconforto perto de Nolan. — Expliquei dando de ombros.
— Sabia que eram amigos, mas... — Negou com a cabeça.
— E somos... Só amigos. — O interrompi e peguei suas mãos.
— Sei que Victor gosta de você e nós já conversamos sobre isso. — Confessou suspirando e apertou minha mão gentilmente.
— Conversaram? — Arqueei uma sobrancelha surpresa com sua revelação.
— Sim, — Concordou dando de ombros — Sempre fomos muito amigos e sinceros um com o outro. — Suspirou alto — Ele contou que se declarou, mas que você disse que não correspondia aos sentimentos dele.
— E não correspondo. — Afirmei tentando passar a verdade através dos meus olhos e palavras.
— É bom saber disso por você. — Confessou sorrindo de canto — Tento controlar e racionalizar meus ciúmes toda vez que os vejo.
— Não precisa disso, — Neguei com a cabeça — É você que eu quero!
— Também só quero você. — Segurou meu rosto e beijou os lábios demoradamente.
— Acredita no que contei? — Questionei quando nos separamos.
— Óbvio que acredito e assim como Victor vou tomar providências. — Afirmou encarando meus olhos — Vou proteger Thompson e todos vocês. — Prometeu.
— Vai fazer o que? — Questionei interessada.
— Não quero que meu pai saiba de nada. Vou me reunir com os guardas e montar uma estratégia. — Explicou levantando — Se Nolan está pensando em fazer algo... Não vai conseguir!
— Só tome cuidado, por favor. — Pedi implorativa e fiquei de pé na sua frente.
— Sempre tomo Amor. — Assegurou tocando meu rosto com a palma da mão, fazendo com que o inclinasse em sua direção e apreciasse mais de seu toque.
Então algum tempo depois Alexander se foi, mas não sem antes trocarmos mais beijos e caricias, que sempre acabavam ficando mais quentes e perigosas. Tomei um banho demorado e quando já estava de pijama deitei na cama, pensando em tudo que tinha acontecido.
Sei que fiz certo em contar a Alexander. Confiava nele e sabia que tentaria proteger a todos, mas também temia pela sua vida.
Fechei os olhos e repeti em minha mente diversas vezes que nada de ruim aconteceria.
***
Estávamos sentadas no salão principal tomando chá. Já era de tarde e a rainha sorria enquanto contava sobre como esteve nervosa no dia de sua coroação. Como quase desistiu de tudo um dia antes porque não se achou capaz.
Eu ouvia tudo em silêncio, pois era exatamente o que pensava, mas se rainha Elisabeth, que era a elegância, generosidade, beleza e tudo mais, conseguiu se tornar a mulher que era hoje, eu também conseguiria.
— Espero que consiga ser uma boa futura rainha também. — Betina sussurrou.
Ela realmente achava que podia ser escolhida e isso me deixava triste de certa forma, porque era o sonho de uma garota. Sabia como era ter sonhos e ver os de alguém desmoronar não era nada legal.
— Mabel? — Verônica chamou.
— Oi. — Pisquei algumas vezes voltando de meus devaneios e encontrei seu sorriso gentil.
— Perguntei se quer mais chá. — Explicou sorrindo.
— Ah, não... Obrigada. — Neguei agradecendo.
Estávamos conversando a um bom tempo quando Alexander pediu licença e entrou no salão. Tinha visto ele de manhã no café e depois no almoço. Nas duas vezes recebi um lindo sorriso e uma piscada discreta, que fazia meu coração bater acelerado.
— Boa tarde senhoritas. — Nos cumprimentou sorrindo galanteador.
— Boa tarde. — Todas respondemos juntas.
— Acho que não me enquadro neste termo querido. — A rainha brincou e deu uma risada baixa.
— Como não? Está na flor da idade. — Negou beijando sua testa.
— Gentileza sua. — Sorriu.
— Bom, vim pedir a companhia de Betina para um passeio. — Alexander explicou a olhando.
— Ó... — Ela murmurou visivelmente surpresa.
— Então... — Ele estendeu a mão em um claro convite.
— Claro. — Betina concordou e rapidamente a aceitou.
— Com licença. — Alexander se despediu colocando o braço dela no seu.
Assim que os dois já tinham saído do salão Alisson levantou e veio sentar ao meu lado, enquanto a rainha voltava a falar.
— Ouvi Verônica comentar que a próxima eliminação será daqui a dois dias. — Sussurrou tomando um pouco do seu chá.
— Já? — Sussurrei meio surpresa.
— Ao que parece o rei quer nomear logo a futura rainha, para estabilizar um pouco as coisas. — Explicou me olhando de canto — Sabe... Os ataques. — Completou.
— Entendi. — Murmurei pensativa.
Isso quer dizer que logo o anuncio final seria feito e isso me deixava com um frio tremendo na barriga. Era impossível que Alexander mudasse de ideia em tão pouco tempo, quer dizer, impossível não era, mas acreditava que ele não faria isso, afinal nós estávamos tão longe nisso tudo.
A tarde passou rápida e quando era a hora uma criada nos chamou avisando que o jantar seria servido. Nós seguimos juntas até o salão das refeições e encontramos com Betina já nos esperando. Alexander, Ian e Victor estavam sentados próximos e conversavam baixo, e mais na ponta da mesa o rei e Nolan.
— Agora sim este salão ficou agradável aos olhos. — Nolan sorriu quando nos viu entrando.
— Sempre gentil. — A rainha comentou sorrindo.
Sentamos em nossos lugares e o jantar foi servido. Estava uma delícia e só faltei lamber meu prato no final, porém não achei educado, então me contentei em apenas raspar ele disfarçadamente.
Depois que terminamos rei Philliph se retirou para o escritório junto com os outros homens. Não gostava de saber que estavam com Nolan, mas pelo menos Victor e Alexander permaneciam em alerta.
Subi ao quarto e tomei um banho rápido, vestindo meu pijama azul marinho. A noite estava um pouco quente, então deixei um pedaço da porta da varanda aberta. Assim a brisa que vinha do jardim entrava e refrescava um pouco o ambiente.
Deitei e suspirei de contentamento. Fechei os olhos e deixei minha mente vagar em nada muito especifico.
...
Acordei assustada com o barulho de algo grande se quebrando.
Sentei na cama e olhei para os lados procurando de onde vinha aquele som. Levantei e andei até a varanda. A abri completamente e vi vários guardas correndo pelo jardim com suas armas nas mãos. Alguns homens desconhecidos usando roupas sujas e mal arrumadas também corriam.
Ouvi disparos e recuei alguns passos com o coração acelerado, percebendo enfim que estávamos sendo atacados. Voltei para dentro do quarto e corri até a porta. Andei rápido pelo corredor indo ao quarto de Alisson, mas o encontrei vazio.
Sai correndo novamente e cheguei ao topo da escada. De lá vi mais guardas e criadas passando rápido. Comecei a descê-la enquanto ouvia as vozes altas de comando entre os guardas, alguns com manchas de sangue e feridas aparentes.
— Senhorita. — Lucia chamou aparecendo ao meu lado quando cheguei ao final da escada.
— O que está acontecendo? — Questionei querendo confirmar minhas suspeitas.
— Venha comigo. — Pediu segurando meu braço e puxando em direção ao salão das refeições.
Passamos por ele e entramos em uma porta que dava acesso a cozinha do palácio, que estava vazia como já era de se esperar. Tinha muitas louças caídas no chão, junto com comidas e ingredientes.
— Onde estamos indo? — Perguntei tropeçando em meus pés.
— Deixa-la em segurança. — Disse de forma simples.
Saímos da cozinha e chegamos a parte dos fundos do jardim, que estava escuro e vazio. Lucia continuava me puxando e então de repente dois guardas apareceram e nos escoltaram.
Logo estávamos na parte lateral do palácio, onde existia uma espécie de porta no chão. Os guardas a abriram e revelaram a escada subterrânea.
— Entre senhorita. — Lucia mandou e me empurrou para frente, incentivando a andar.
Comecei a desce-la e entrei em uma pequena sala, algo como um abrigo. Notei que todos já estavam ali e assim que me viu Alisson correu para me abraçar.
— Bel... Achei que não fossem acha-la. — Confessou suspirando aliviada.
— Assim que o ataque começou nós colocamos os guardas e as Damas atrás de todos. — O rei explicou.
Ele estava abraçando a rainha, aparentemente a reconfortando.
— Que bom que todos estão bem. — Nolan afirmou me fazendo olha-lo de canto.
Ele sorria calmamente,mas isso não me enganava. Sabia que tinha mais coisas envolvidas e isso me deixava com medo, afinal podíamos estar em maior perigo ali presos com ele, do que lá fora entre os vândalos, e isso realmente me preocupava.
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