Uma péssima noticia
No outro dia, quando amanheceu, eu e Lara saímos dormitório para ver como as coisas estavam. Para nossa surpresa nos deparamos com 7 viaturas da polícia paradas na entrada do resort, além de vários policiais e peritos vasculhando todos os locais.
Agora que já era dia, podia ver um enorme rastro por alguns locais que passei. Várias marcas queimadas de passos e alguns arbustos danificados.
— Eduardo, o que aconteceu? — Perguntei ao ver ele e Elisa conversando com um professor.
— Parece que um Alterado invadiu o resort e destruiu algumas das câmeras de vigilância, além de ter ateado fogo no dormitório dos professores. Mas felizmente ninguém se feriu.
Suspirei aliviado.
— Sim — Elisa continuou — Esse Alterado invadiu o resort e destruiu o meu celular no incêndio que teve. Se ele aparecer na minha frente, vou dar um soco no meio da cara. Eu tinha coisas importantes no meu celular.
Eu gelei naquele momento.
— O culpado vai ser responsabilizado, não se preocupe. Agora vamos voltar a nos divertir!
— Não vai dar — Eduardo falou com um olhar triste — Eles vão nos mandar mais cedo para casa por causa do ataque. Este lugar foi considerado perigoso depois do que aconteceu ontem.
Agora eu me senti mais culpado do que nunca. Acabei com o final de férias deles.
— Na próxima nós vamos nos divertir mais, ok? — Tentei consolar.
Eles confirmaram com a cabeça.
Ao chegar em casa, deparei-me com a Clara desesperada, correndo de um computador ao outro e derrubando o que estava em seu caminho. O cabelo todo bagunçado e as roupas amarrotadas.
— O que aconteceu Clara?
No mesmo momento que ela ouviu a minha voz, sentiu um grande alívio. A mesma correu na minha direção e me abraçou com força.
— Graças a deus, vocês chegaram!
— Onde está o Jack? — Eu perguntei depois de não encontrá-lo com os olhos.
— Ele foi preso. Jack estava indo atrás do Santiago, quando algo aconteceu e ele simplesmente começou a alucinar... ele apenas recuperou os sentidos depois que já estava cercado por policiais.
— Vamos tirar ele de lá então.
— Isso que eu estou bolando.
Clara seguiu para o interior da casa, em direção da sala tecnológica, para falsificar alguns documentos. Depois de duas horas, ela voltou totalmente eufórica.
— Cheguei! Esses são os documentos, nós somos a família Runan agora.
Eu olhei as identidades que ela colocou sobre a mesa da sala. Estavam tão bem-feitas que se colocasse do lado de uma real não teria nenhuma diferença.
— Se bem que eu gostei do nome.
— Eu também — Lara concordou.
— Muito bem — Clara disse — Vamos salvar o Jack.
Nós nos arrumamos para parecermos uma família de verdade e encaixar mais nas novas identidades. Clara colocou um vestido vermelho, um batom cor de pele, uma bolsa azul e prendeu o cabelo. Ela vestiu a Lara com uma roupa de colégio, composta por saia azul e blusa branca. Clara também penteou seu cabelo e colocou presilhas e um tênis estiloso. Já eu coloquei um terno social e penteei o cabelo para trás, para parecer com um aspirante a advogado, que foi uma profissão inventada para encaixar na identidade falsa.
Logo em seguida nós corremos até MoonBricks, no centro da cidade. Foi construída com o intuito de prender criminosos de ocorrências menores ou portar temporariamente para transferência.
Como era de manhã, o local estava vazio. Passamos por algumas cadeiras azuis que estavam na nossa esquerda e nos direcionamos até uma cabine embutida em uma das paredes do local. Do outro lado estava de pé uma funcionária que mexia em um computador.
— Bom dia — Clara cumprimentou — Onde nós temos que ir para falar com os responsáveis pelos detentos?
— Qual prisioneiro em específico?
— Jack Runan.
A moça mexeu no computador enquanto mascava um chiclete, de vez em quando ela fazia uma pequena bolha e depois estourava.
— Achei, seu responsável: Neitam. Para se comunicar com ele é só passar por esse corredor e entrar na segunda porta da esquerda — Ela entregou uma ficha para Clara — Para não se confundir é só entrar na porta que tem um policial vigiando. Entreguem essa ficha para ele.
— Muito obrigada, moça — Clara agradeceu.
Seguimos pelo corredor e paramos na segunda porta da esquerda. O policial que estava de pé parecia encarar a minha alma com sua feição assustadora.
— O que vocês querem? — perguntou rispidamente.
— Nós falamos com a moça ali atrás. Ela disse que para falar com o Neitam tem que vir aqui.
— Onde está a ficha.
Clara entregou e o policial abriu a porta para que possamos passar. Neitam estava assinando alguns papéis sobre uma mesa. Na frente da mesa tinha duas poltronas e o resto da pequena sala não tinha nada, com exceção da parede da direita onde havia o quadro de um cachorro branco.
— Bom dia — Neitam falou enquanto olhava os papéis — Sentem-se, por favor.
Fizemos o que ele pediu e o mesmo guardou os papéis em uma gaveta para olhar em nossa direção.
— Então, o que uma família inteira está fazendo em um lugar como este?
— É que o meu marido foi preso... nós queremos saber se podemos soltar ele com a fiança.
— E quem é?
— É o Jack Runan.
De repente a expressão de Neitam mudou completamente. O homem olhou por cima das folhas com a testa franzida e seus dedos cruzados apertaram mais forte.
— Desculpe, mas este não tem fiança.
— Sério? Porque? — Eu intrometi.
— Porque ele é um Alterado que poderia apodrecer dentro dessa cadeia — Neitam rosnou.
— Tem certeza? — Eu insisti e mostrei um cheque pelo terno — Sabe, de repente alguns milhões podem aparecer na sua conta.
— Você está tentando me subornar? — Ele perguntou com um tom agressivo na voz e se ergueu com os punhos apoiados na mesa — E já te vi em algum lugar antes, garoto?
Rapidamente tapei o rosto com a mão e encolhi.
— Não podemos fazer nada mesmo? — Lara perguntou com um olhar de piedade e uma voz fofa.
Mas Neitam ignorou sua tentativa, o que deixou a garota cabisbaixa, e continuou negando.
— Não podem e ponto final. Agora saiam, tenho mais o que fazer.
Eu fechei o meu punho com muita raiva, mas Clara encostou na minha mão, tentando me acalmar.
— Vamos sair daqui — Ela sussurrou.
Clara estava visualmente estressada após sair daquele lugar. Não havia muito o que pudéssemos fazer ali o jeito era voltar para casa e arranjar outra empreitada.
Jack foi vestido com uma roupa negra que tinha um número nas costas: "1548". Ele estava há horas em uma sala de interrogatório por um policial. Seus pés estavam presos por uma corrente muito apertada que mal permitia sua locomoção, e suas mãos com as novas algemas de Crizalia, um novo cristal encontrado nos arredores do laboratório destruído. Foi descoberto ao perceberem que o material repele o AMC, da mesma maneira ele inibi os poderes dos Alterados. O material também aparenta ter sido afetado pela Antimatéria Carregada.
— Por que você e seu grupo queriam roubar o conteúdo que tinha na maleta? — Neitam perguntou pela milionésima vez
Jack não abriu a boca.
— Não se faça de mudo! — o policial gritou — O conteúdo que vocês roubaram era um medicamento para retirar pessoas de comas, várias famílias precisavam deste material. Várias crianças... Você sabe muito bem que no mercado negro isso valeria uma fortuna!
Jack permaneceu em silêncio, apenas continuou encarando Neitam sem nem mesmo fazer um barulho.
— Responda!
Mas Jack não reagiu e Neitam socou a mesa branca com o braço direito.
— Não vou entrar no seu joguinho, levem ele. Amanhã será transferido para Glade Stone — Mas antes que retirassem Jack, Neitam se aproximou de seu ouvido direito — Você tem sorte de ser transferido, caso você continuasse desse jeito aqui, com certeza eu arrancaria seu pescoço. Por culpa sua, várias pessoas não vão ter o privilégio de viver novamente.
Dois outros policiais entraram na sala e levaram Jack até sua cela temporária.
Nós chegamos em casa, decepcionados. Depois de nos arrumar e ir até aquele local para tirar o Jack da cadeia, era um pouco frustrante não ter dado certo. Em horas como essa que eu podia afirmar que odiava policiais decentes.
— Eles não nos deixaram pagar a fiança... tudo bem... vamos tirar ele de lá de outro jeito — Clara organizou seus pensamentos — Vamos tirar ele com a ajuda da força. Mas temos que esperar. Se tentarmos resgatá-lo agora, vai dar problema, afinal todos lá viram nossos rostos e mesmo se formos lá de máscaras, eles devem ter reforçado o policiamento até o máximo para impedir que ele seja resgatado até a transferência.
— Mas nós temos poderes! — Eu afirmei — Eles não tem chance.
— Vocês tem poderes, porém não são aprova de balas. Caso cerquem vocês, já era, ainda mais porque você não sabe soltar sua eletricidade para todos os lados ao mesmo tempo. O controle dos seus poderes ainda é precário. É mais fácil atacar onde eles não previram.
Eu confirmei com a cabeça. De fato essa era a melhor escolha. Por mais que tentássemos resgatá-lo, teriam tantos guardas que seriam capazes de nos levar também. Outro fato era que MoonBricks localizava-se no epicentro de todas organizações militares.
Como não havia nada que pudesse fazer, peguei o controle remoto e liguei a televisão. Parecia que algo importante estava sendo reportado. Aparecia o vídeo de um soro branco em um frasco na mão de um médico.
— Ontem uma das maiores descobertas da medicina foi roubada no aeroporto de MoonLight. A única versão do soro, que se for sintetizado e devidamente desenvolvido, pode acordar pessoas em estado de coma. Ele seria transportado no aeroporto de MoonLight até um laboratório especializado para ser multiplicado. Uma fila de crianças e adultos já estavam esperando o soro, porém o mesmo foi roubado por uma equipe com três ou mais criminosos para ser vendido no mercado negro. Um dos integrantes foi pego no local, seu nome ainda não foi divulgado, nem algumas informações pessoais, tudo que se sabe até agora é que não tem antecedentes criminais e será transferido até uma prisão de segurança máxima: Glade Stone...
Eu desliguei a televisão com tanta força que o botão vermelho quase afundou permanentemente. Clara percebeu minha indignação e não soube o que dizer. Bem na minha frente difamaram a imagem do homem que se esforçava para derrotar um inimigo que a população nem conhecia.
Lara se aproximou para colocar a mão no meu ombro e, de repente, nós escutamos um alarme.
— O que é isso? — Eu falei, olhando em volta.
Clara logo se direcionou para o celular que estava sobre a mesa.
— Isso é um aviso que eu programei. Sabia que seria útil — Ela abriu a imagem que foi encontrada — O soro que Santiago roubou precisa ser sintetizado. Não faço nem ideia do porquê ele queria isso, mas a centrífuga que ele precisa apenas está em um lugar: O laboratório da área restrita da zona industrial. Essa área é fechada com um gigantesco muro muito reforçada que cerca todo o perímetro do local. Infelizmente a única entrada é literalmente pela frente. Tem um portão que apenas deixa passar caminhões autorizados, qualquer um que não for autorizado é preso.
— Por que tanto reforço? — Eu perguntei.
— Antigamente, muitos bandidos e máfias se juntavam para infiltrar nesta área e roubar mercadorias. O local produz máquinas e utensílios que ainda não foram para o mercado. Os regentes da área, em uma resposta as invasões, construíram um muro que cerca todo perímetro, colocaram câmeras de vigilância em cada canto e, ainda por cima, colocaram policiais e agentes por todo o lado.
— Entendi. E como vamos entrar?
— Tem um jeito, mas vai ser difícil. Todas as áreas são fechadas, então a Lara vai ter que usar o poder dela para fazer uma escada para subir no muro na parte sudoeste dele. O difícil desta parte é que o muro tem 40 metros de altura. Uma vez que subirem, não vão poder descer do mesmo jeito. Tem câmeras que vigiam todas as paredes do interior, elas vão ver vocês descendo e vão acionar todos agentes próximos. Vocês vão ter que andar pelo muro. Em algum momento vão encontrar algo parecido com uma escotilha. Depois de entrar, procurem por um guarda, o derrube e pegue o crachá. Vai precisar de um para a Lara também.
— Por que pegar um crachá?
— Porque as câmeras de segurança identificam os policiais e agentes pelos crachás, ela faz um reconhecimento veloz para verificá-lo. Depois de ter um crachá, vocês vão passar pelo centro da área enquanto se movem para o noroeste, cuidado com os guardas, vão ter muitos, mas se o Wayne conseguir aumentar um pouco a força do chicote, vai ser o suficiente para nocautear qualquer policial.
— Entendi.
Eu e Lara nos aprontamos. Eu coloquei a minha roupa e Lara vestiu um traje que a Clara tinha feito tempos atrás. Era uma roupa quase idêntica a minha. A diferença que esta tinha coloração negra e no local dos detalhes azuis haviam detalhes roxos.
Logo nós seguimos para nossa missão.
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