Um encontro agradável
Não sabia ao certo o que responder, estava em choque. Os poderes podiam matá-lo... E sua filha e esposa... Não conseguia se quer pensar em um consolo.
Lara estava chorando no ombro da Clara e a mesma também parecia chorar, porém não demonstrava muito.
— Entendo... — Eu baixei a cabeça e cerrei o meu punho, mas logo respirei fundo e voltei a olhar para Jack — Fico feliz que você tenha contado.
Jack confirmou com a cabeça, logo depois se levantou em seu natural rosto neutro.
— Muito bem — Ele ajeitou a roupa — Eu e Clara vamos levar a Lara para treinar perto da base antiga da Lupus. O poder dela é muito destrutivo e aqui teríamos problemas. Fique à vontade para ter o dia inteiro de folga.
— Boa sorte — respondi.
Eles saíram da casa com um carro.
Eu aproveitei a situação para ligar para a Elisa, afinal, agora era um tinha um tempo livre que podia usar.
— É o Wayne. Lembra quando você pediu para sair, então... aquele dia não tive tempo, mas hoje eu tenho. Você quer sair comigo?
— Ah, Wayne! Que ótimo ouvir sua voz, posso ir agora sim.
— Ok. Encontre-me na frente da cafeteria.
Eu coloquei uma elegante blusa branca, uma calça preta que tinha acabado de sair no mercado e um tênis negro para combinar com a calça. Segui até a garagem, peguei o carro e fui rapidamente para frente da cafeteria.
Fiquei apoiado com o pé esquerdo no carro, o direito no chão e os braços cruzados. Tentei parecer como aqueles galãs ricos de filme.
Porém, quem acabou ficando impressionado foi eu. Elisa estava com um lindo vestido branco que tinha um babado nas mangas e no pescoço. Usava com um brinco vermelho e seu cabelo amarrado em algumas pequenas tranças na lateral do rosto. Fiquei completamente boquiaberto.
Quando ela chegou perto, olhou-me de cima para baixo e mostrou um belo sorriso.
— Você está bonitão.
as bochechas coraram e sorri de volta.
— Obrigado... você também.
Nós entramos na cafeteria. Um homem servia os clientes. Eu e Elisa sentamos em um dos bancos próximos a uma janela e pedimos um café para tomar. Olhando para ela, consegui ver o vento da janela batendo no seu cabelo liso... seu belo rosto me olhando... ela era simplesmente incrível.
— Então o que você faz quando não está trabalhando?
De repente eu gelei. Como estava de férias não tinha muitas desculpas. Quando não estava trabalhando, estava batalhando contra a Lupus ou treinando. Não sabia o que falar.
Então corri para dizer qualquer coisa que passou pela minha cabeça no momento.
— Eu vejo Animes!
— Ah sim — Deu uma leve pausa — Animes... são legais!
— E você? — perguntei rapidamente enquanto massacrava minha resposta na mente.
— Eu componho músicas e estudo, também tenho vontade de aprender a lutar, mas ainda não consegui.
É claro, intelectual, bonita e forte. Não podia ser melhor!
— Então por isso se interessou em luta de robôs?
— Em partes... — A feição dela mudou de repente, como se lembrasse de algo ruim.
— O que foi? — perguntei curioso.
— É que... a última vez que vi meu pai foi na sua última ida para um ringue de lutas de robôs. Já faz tempo que ele desapareceu... Mas eu nunca tive um robô de combate, muito menos segurança para ir naquele local...
— Então conte comigo que eu te protegerei naquele lugar perigoso e te levarei lá! — Afirmei confiante, e Elisa riu.
— Você é muito fofo — Elisa se aproximou levemente de mim — Sabe, Wayne... eu sempre achei você bem legal. Somos amigos a alguns anos sabe, e você sempre tão gentil comigo... Por mais que não gostem muito de você ou tirem sarro. Você é diferente e isso é bom. Também acho impressionante que você ainda não tenha virado a mão na cara do Matias.
Elisa riu baixinho.
— Espera, você sabe que ele implica comigo? — perguntei surpreso.
— Ele acha que eu não sei... ele sempre faz pelas minhas costas e por mais que eu saiba o motivo que ele faz isso, é bom deixar que você se defenda. Matias é muito egocêntrico, então faz bem ter alguém que o confronte, talvez o dê um choque de realidade, afinal o seguem como se fosse uma celebridade. Porém ainda assim é impressionante que você apenas revide palavras.
O homem que atendia trouxe o nosso café e deixou sobre a mesa. Elisa pegou a xícara e tomou um pouco.
— É que eu não acho que valha muito a pena dar umas porradas nele. Ainda mais porque traria uma legião de gados para cima de mim.
— É verdade — Ela riu, alisava levemente as bordas da xícara — você de fato é muito interessante.
O meu rosto corou e no momento que abri a boca, meu celular tocou. Eu coloquei no ouvido com vontade de socar que atrapalhou esse momento tão especial, mas fiquei paralisado quando escutei a voz do Eduardo, afinal, se ele souber que eu estou em um encontro com a Elisa, vou ter um problema gigante.
— Wayne, eu liguei para avisar que estou indo na cafeteria.
Um calafrio correu pela minha coluna.
— Vindo para cafeteria? — Rapidamente olhei pela janela.
— Sim estou a dois quarteirões dela.
— Bem... se você veio me ver, perdeu o seu tempo. Não estou lá hoje.
— Ah que pena... mas já que estou aqui, vou pegar um café.
Droga! O que eu faço? Se o Eduardo me ver em um encontro com a Elisa, vai ficar maluco! Olhando pela janela consegui ver ele ao longe. Era minha única chance de sair sem que me veja, mas não poderia deixar Elisa do nada.
Olhei para ela e a mesma não parecia entender o porquê da minha agitação repentina.
— Wayne, o que aconteceu? — Perguntou — É importante?
— Surgiu um imprevisto. Infelizmente vou ter que sair.
Elisa aparentou surpresa, mas sorriu para mim como se estivesse satisfeita. Então se levantou e me abraçou.
— Não tem problema, foi bom falar com você esse tempinho.
Eu sorri para ela e segui para a porta, mas o Eduardo já estava do outro lado da rua. Não era mais possível sair. Espiei por cima do ombro e vi Elisa curiosa para saber o onde ou olhava.
— Olha o Eduardo — Apontei para fora.
— Ele está aqui? — Ela perguntou, procurando o garoto com os olhos.
E eu logo segui para o banheiro da cafeteria, sem dar tempo para Elisa perguntar qualquer coisa.
Eduardo, que tinha acabado de entrar no comércio, teve Elisa como primeira vista. Mesmo se estivesse tendo um assalto aqui, a primeira coisa que ele veria ainda seria ela.
As bochechas dele ficaram mais vermelhas que nunca e sem perder tempo, aproximou-se para falar.
— Oi — Falou envergonhado. Ele apoiou o braço direito na porta e olhou nos olhos da Elisa — Você vem sempre aqui?
"Meu deus! Que início de conversa terrível! Isso é tão banal que dá até vergonha!"
— Então... — Eduardo travou com o nervosismo, mas logo se acalmou — Quer sair comigo algum dia?
— Tudo bem.
Elisa era bem generosa, pois era certo que qualquer outra tinha dado um "não", como já tinha acontecido mais vezes do que dava para contar nas mãos.
Eduardo tentou se controlar, mas era nítido no seu olhar que ele queria gritar de felicidade.
Rapidamente retirei o celular do meu bolso e liguei para Elisa. Ela percebeu que a bolsa vibrava e abriu para verificar. Eduardo logo espiou com os olhos dentro dela e pôde ver alguns remédios de Zinco, mas a garota logo a fechou ao ficar envergonhada.
— Vou atender aqui, já volto — Elisa disse e se afastou um pouco — Por que você se escondeu?
— É... — Estiquei a consoante o suficiente para pensar em uma desculpa plausível — Ele acha que eu estou doente. É porque ele... me chamou para sair, mas eu estava cansado, então dei a desculpa de que estava doente.
— Entendi, seu safadinho. Quer que eu distraia ele?
— Seria de grande ajuda...
— Ta bom... mas vai ficar me devendo, hein. Saia do banheiro quando ouvir a frase "Vamos pedir um café"
Elisa desligou o celular, seguiu até Eduardo e apontou para o balconista. Abri um pouco a porta do banheiro e estiquei o máximo para pegar o cardápio da mesa.
— Aproveitando que já estamos aqui, vamos pedir um café.
— É uma boa ideia.
Ambos seguiram até o balcão. Eu escutei o código e tapei o rosto com o cardápio. O banheiro ficava praticamente do lado do balcão, então teria que ser cuidadoso.
Eduardo logo percebeu que tinha alguém saindo com um cardápio do banheiro, então decidiu perguntar:
— Por que tem alguém saindo do b... — Mas antes que completasse a frase, Elisa puxou o seu rosto com as duas mão e o olhou diretamente nos olhos — Eles sempre foram tão verdes?
Eduardo ficou tão vermelho que sua temperatura aumentou.
— Acho que sim — Disse todo bobo.
Eu saí do local e rapidamente entrei no carro.
Após pegar o café, Elisa rasgou um pedaço de guardanapo e anotou seu número. Eduardo, ainda atordoado de constrangimento pelo elogio de Elisa, assentiu quase não conseguindo conter sua felicidade e pegou o número.
A garota saiu do estabelecimento e viu o carro estacionado, prestes a dar partida. Ela logo bateu de leve sobre o vidro e perguntou se eu poderia a levar. E claro, eu a deixei entrar.
Elisa ainda estava um pouco confusa, mas não deixou de me chamar de "espertinho" em um tom cômico. Eu fiquei sem graça, mas ri com ela. Apesar de tudo havia conseguido despistar Eduardo. Seria um terrível problema se ele nos avistasse.
Após dar partida, seguimos o caminho para casa.
O carro que Jack usou para ir treinar a Lara já estava estacionado no canto da espaçosa garagem da casa. E de repente meu celular tocou.
— Wayne! — Gritou como se ele tivesse ganhado na loteria.
— Meu ouvido! — Reclamei — O que aconteceu? Você está animado demais.
— Eu acabei de marcar um encontro com a Elisa!
— Legal cara, parabéns! — Falei mesmo que já soubesse — Estou até surpreso com isso.
— Né! Vou esperar o momento certo para ligar, apenas queria avisar para você da minha conquista!
— Conquista? Ela não é um troféu, cara.
— Ah é jeito de falar, deixa de ser chato. Até.
Ele desligou o celular, mas antes de encerrar a chamada, escutei um grito de alegria do Eduardo.
Ele também ficou assim na última vez que uma garota segurou a mão dele. Eduardo ficou tão encantado que perseguiu ela para todo canto, pois achou que estava apaixonada... foi seu primeiro boletim de ocorrência.
Na sala Lara estava quase desmaiada no sofá, Jack com as roupas rasgadas e a Clara cheia de poeira.
— O que raios aconteceu nesse treinamento?
Clara sorriu ao ouvir minha voz e logo se levantou para me receber.
— Wayne! Que bom que você chegou! — Ela parou bem na minha frente e suas mãos estavam escondidas nas costas —Consegue adivinhar o que eu to escondendo?
— Sério isso?
— Sim!
Por um momento pensei que fosse brincadeira, mas Clara estava feliz demais. Então tentei adivinhar o que ela escondia, mas com ela sorrindo freneticamente para mim ficou um pouco difícil. Porém quando fechei os olhos e respirei fundo, acabei sentindo algo parecido com um "formigamento", atrás das costas da Clara.
— É eletricidade? — Perguntei com dúvida.
— Isso mesmo! — Revelou uma pequena arma de choque — Você pode sentir a eletricidade que existe ao seu redor.
Clara correu até a bolsa que tinha deixado sobre a pequena mesa.
— Enquanto Jack estava forçando Lara no treinamento, comecei a revisar seus poderes e percebi algo peculiar, você tinha causa uma leve perturbação na eletricidade a sua volta. Nada que cause um problema, pois é muito sutil, mas também é o suficiente para você sentir. E isso pode ser amplificado! — Clara pegou o disco rígido que estava sobre a mesa. Uma luz verde ainda piscava e a caixa ainda produzia algum barulho — Você pode usar isso para rastrear servidor da Lupus!
Clara se aproximou de mim e esticou os dois braços na minha direção:
— O servidor não é ligado a internet, mas a um fornecedor de eletricidade. Tudo que você tem que fazer é tentar identificar o mesmo padrão dos elétrons desta caixa, então coloque a mão sobre isso e encoste em um fio desencapado.
— Você está maluca? E se eu queimar os fios da casa?
— Não se preocupe, seu poder não vai ativar se você só tentar sentir.
Ainda tive um pouco de receio, mas se ela afirmava é por que tinha alguma certeza. Então respirei fundo, peguei a caixa e, com muito medo encostei em um fio que Clara retirou de uma tomada. Quando isso aconteceu, senti uma força muito poderosa vindo do centro da cidade, era como se meu corpo fosse sugado para aquele local. E logo minha mão foi expelida do fio.
— O centro da cidade...
— Ótimo, nós vamos até lá. Chegando você vai ter maior precisão.
— Vamos hoje? Mas já está quase anoitecendo.
— Sim, está tarde, mas essa caixa não vai ter energia por muito tempo — Clara falou — De acordo, Jack?
— Sim — Respondeu — O amanhecer é o limite de energia que esta caixa vai ter. Até lá se banhe e descanse um pouco.
— Então tá né.
Eu subi e deitei na minha cama para dormir, nem que fosse por uma hora. Queria estar minimamente descansado para quando nós começarmos a missão. De repente acabei escutando uma batida na porta do meu quarto.
— É a Lara, posso entrar?
Lara? O que ela está fazendo aqui?
— Entre.
Ela adentrou no quarto, estava vestindo um pijama verde de dinossauro enquanto segurava um panda de pelúcia.
— Eu posso dormir aqui?
— Mas... você tem o seu quarto, Lara.
— Eu sei... — Ela pareceu tentar pensar em alguma desculpa — Eu só queria dormir aqui hoje.
Que estranho... mas não tem porque não deixar... ainda assim tenho que saber o que está levando ela a isso.
Então fui para o quarto dela, peguei o seu colchão e voltei. Eu apenas ajeitei ele no chão e deitei sobre.
— Você vai dormir aí? — perguntou confusa — Achei que eu ia dormir no chão.
— Não tem problema, pode dormir na cama.
No fim eu acabei me lembrando da Clara. Ela me deixava dormir com ela sempre que tinha medo.
"Clara..."
Logo balancei a cabeça para deixar de pensar nela e apaguei a luz.
— Boa noite, Wayne.
— Boa noite, Lara.
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