O estádio minado
Jack e Clara estavam em uma das mesas ao canto. O homem manuseava uma caixa metálica bem tecnológica em formato de paralelepípedo. E Clara do lado, com um notebook sobre a mesa e o aparelho estava conectado na caixa por meio de um cabo.
— Chegamos — Anunciei.
— Ótimo — Jack disse — logo nós já vamos para a ação.
— Por quê?
— Porque achamos esse fragmento do servidor — Clara respondeu — Então eu quebrei o Azcore e com isso descobri que vai ter um ataque ao estádio da cidade.
— Que tipo de ataque? — Lara perguntou.
— Bombas. Acho que existe a possibilidade do Bombardeiro estar envolvido. Eu tenho a planta do estádio, com isso eu consegui ter uma ideia de onde as bombas estarão. Tem que ter ao menos 12 para derrubar o estádio inteiro.
— E quando vai ser? — Perguntei.
— Hoje a tarde, no jogo que vai ter — Jack respondeu — Mas não podemos deixar de pensar que pode ser uma emboscada.
— É pode ser — Eu assenti — Mas temos que salvar as pessoas que estarão lá, são inocentes correndo perigo.
— Eu sei — Jack concordou — Nós não vamos deixar de ir.
O homem logo guardou a caixa e seguiu para seu carro. Lara logo foi atrás e eu também segui, mas por algum motivo alguém segurou minha manga.
— Querido... você está confortável comigo? — Por um momento eu vi traços de esperança nos olhos de Clara, mas logo desapareceu com o meu silêncio — Filho?
— Por favor, não me chame assim — Clara sentiu como se eu a esfaqueasse em seu peito — Pelo menos não ainda.
Então saí do local.
Nas poltronas traseiras do carro, olhando os prédios se movimentando, acabei pensando em algumas coisas. Eu deveria ter respondido, mas hesitei. Se ela soubesse o quanto eu queria abraçá-la e chamá-la novamente de mãe... mas uma parte de mim quer se afastar. É como se eu estivesse em uma gangorra, quanto mais eu penso em perdoar mais motivos eu acho para não fazer isso. Seria tão mais fácil se ela pedisse desculpas por ter partido... talvez assim essa voz em minha cabeça desapareça...
Enquanto Jack dirigia o carro, Clara olhava fixamente, com um olhar triste, para o retrovisor interno, que estava refletindo meu rosto. A todo momento ela parecia estar tentando falar, mas nunca dizia uma palavra. Lara estava do meu lado. Ela parecia totalmente entediada. Levantava e abaixava o vidro do carro para tentar se entreter.
Após o sinal abrir, Jack trocou de faixa e parou no estacionamento de uma lanchonete, priorizando uma vaga com carros a volta.
— Chegamos — Jack anunciou.
— Aqui? — Perguntei — Não parece ser o local mais adequado para isso.
— Vai ter que ser.
O homem pegou uma das plantas do estádio de uma bolsa e colocou entre as poltronas
— Prestem atenção — Jack falou com a feição séria — São doze bombas e o estádio tem vigas de estrutura importantes. Estas estarão com as bombas. São 3 no primeiro andar, 3 nas arquibancadas e 6 no topo do estádio.
— E como vamos desarmar as bombas? — perguntei.
— Vou chegar lá, Wayne, apenas escute — Jack continuou — Lara e Clara estarão no primeiro andar, use seu poder para destruir as bombas de dentro para fora. Se fizer direito, as bombas não vão explodir. Clara estará lá para te orientar — As duas confirmaram com a cabeça — Eu estarei no segundo andar. Vou desarmar as bombas lá. Wayne, você tem o trabalho mais difícil. Não tem como subir no topo do estádio sem um andaime ou uma escada imensa, então você vai ter que subir no topo do prédio ao lado e saltar. Você vai continuar lá em cima e eu vou pular para dentro do estádio. Para desarmar as bombas, apenas dê uma descarga elétrica nelas. Entendido?
— Sim — todos falaram ao mesmo tempo.
Por fim entregou comunicadores para conseguirmos conversar.
Jack deixou Lara e Clara na entrada do estádio e seguiu para o grande prédio que eu deveria saltar. Subimos as escadas até o topo, eram 50 andares. Quando finalmente chegamos no topo do prédio, estávamos exaustos. Não havia visão alguma além das montanhas ao longe, pois nada superava este prédio. Ventava muito e as nuvens pareciam próximas o suficiente para serem tocadas.
— Como funciona o para quedas?
— Ele é automático, acionará sozinho. Caso não funcione, puxe a alavanca amarela, irá ativar o reserva.
— E se o reserva não ativar?
— Aí você reza.
Olhando deste lugar, nós conseguimos ter uma visão perfeita do estádio. Ele era como uma redoma gigante. Tinha as paredes brancas, uma abertura circular achatada no topo que permitia ter visão do campo inteiro e de alguns pedaços da arquibancada. Podíamos ver também os pilares de sustentação a sua volta.
Eu subi no local que tinha que pular. Era um pequeno muro branco que servia para que crianças não caíssem deste lugar. Ele chegava até o meu umbigo e devia ter, pelo menos, um metro de espessura. Jack estava logo atrás de mim, esperando eu pular, mas só de olhar para baixo eu fiquei com um pouco de náusea.
Mesmo depois de enfrentar a Lara, podia dizer que nunca tive tanto medo como eu estou agora. O fato de ter que pular quase me fez andar para trás.
— Que foi? Não vai pular?
— Não é isso! Só estou... me preparando!
— Preparando é?
Jack deu alguns passos para frente e me empurrou. Em um piscar de olhos eu já caía muito rápido.
— Opa. Minha mão escorregou — Falou olhando para baixo.
O vento batendo no meu rosto e o chão se aproximando me deixou desesperado. Fiquei balançando meus braços e pernas como uma tentativa desesperada de me segurar em algo, porém, como estava em queda livre, não consegui me agarrar a nada. Naquele momento apenas duas coisas passaram pela minha cabeça: "Vou morrer" e "Se eu sobreviver, tenho que me lembrar de xingar Jack de todos os nomes possíveis!"
E o mesmo saltou.
— Agora é só esperar o paraquedas abrir.
— Vai se ferrar seu doido! Por que fez isso?
— Ossos do oficio.
Ainda caindo, podia ver o estádio ficando cada vez maior, conforme me aproximava. Jack estava logo atrás de mim. Por alguns segundos pensei que minha morte era certa, mas, de repente, meu paraquedas abriu e acabei ficando estável.
Estando mais tranquilo, direcionei o corpo até o topo do estado e cai com as pernas bambas no teto. Rapidamente corri para segurar no primeiro local estável que vi pela frente. Acabei me segurando em uma pequena viga de sustentação que estava próxima. Eu me agarrei como se ela fosse decidir o destino da minha vida.
— Viu? Não foi tão ruim assim!
— Tem razão, não foi tão ruim — Falei — Foi horrível!
— De qualquer jeito, cuidado para não cair.
— Eu te garanto que é a única coisa que estou fazendo no momento.
Jack seguiu tranquilamente pelo teto íngreme do estádio como se caminhasse por uma superfície horizontal, o que me deixou extremamente impressionado.
De repente uma narração do estádio invadiu os comunicadores. Provavelmente eram frequências parecidas.
— Todos em suas posições? — Jack perguntou.
— Sim — Todos responderam.
— Então, vamos lá.
Eu respirei fundo e depois adquirir um pouco de confiança, comecei a procurar as bombas. Fiquei com muito medo de escorregar e, por conta disso, andei o mais lento possível. Cuidadosamente andei em volta para procurar por uma das colunas com a bomba. Depois de alguns segundos, avistei um ponto vermelho piscando em uma viga próxima: era uma pequena bomba. Porém deveria ter um grande poder destrutivo.
Com as duas mãos na bomba e respirando fundo, eu soltei uma rajada agressiva de eletricidade, fazendo a bomba inchar. Por alguns segundos achei que ela explodiria, mas nada aconteceu. O contador desligou e a bomba parou de fazer barulho. Então segui para desarmar as outras.
Jack continuou se arrastando pelas arquibancadas, tentando passar pelo espaço apertado que tinha embaixo delas. As pessoas sobre ele saltavam enlouquecidas de empolgação com a partida que ocorria no campo, o que impedia Jack de ouvir quaisquer barulhos que as bombas poderiam fazer.
E depois de procurar um pouco, ele encontrou uma delas. Ela estava em um dos suportes da arquibancada, que saía do chão e provavelmente ele descia até o primeiro andar.
O homem retirou uma das baterias do meu descarregador e a conectou na bomba. A caixa ficou totalmente descarregada e a bomba inchou, então guardou a caixa no bolso e pegou outra carregada.
Naquele momento a torcida fez silêncio quando um jogador foi gravemente ferido no campo. Esse curto espaço de três segundos permitiu que Jack ouvisse uma das bombas, e quando seguiu até ela, percebeu que o explosivo não estava conectado a uma viga de sustentação, mas sim a arquibancada e havia várias delas.
Lara e Clara, no primeiro andar, procuravam pelas vigas importantes, andando por um longo corredor. Elas procuraram por locais mais próximos delas. Esses eram banheiros, camarins e refeitórios.
— O Wayne fala de mim? — Clara perguntou de repente.
— Não, mas acho que ele quer te perdoar.
Clara assentiu com a cabeça. Não era exatamente o que queria ouvir, mas ficou feliz com o final da frase.
— E o que você acha dele?
Lara sorriu e cruzou as mãos na frente da barriga.
— Ele é gentil, legal e acolhedor. Desde o dia que ele ficou amarrado na cadeira, era como se pudesse falar tudo com ele que o mesmo entenderia. Sinto-me confortável e segura perto dele. Ele é como um irmão mais velho para mim.
Clara sorriu como se tivesse uma nostalgia.
— Sim, sim. Acho que sei de onde ele tirou isso.
De repente elas se depararam com uma bomba na parede. Ela estava próximo a um pequeno corredor que levava até a saída dos jogadores.
— O que eu faço agora?
— Coloque a mão na bomba e use o seu poder para cortar o ativador. Ele fica neste exato lugar — Clara colocou o dedo no meio da bomba — Concentre-se, você consegue.
Lara engoliu em seco. Suando frio, colocou o dedo onde a Clara apontou. Ela se preparou, respirou fundo e rapidamente invocou uma pequena estaca no interior da bomba. E logo elas escutaram um som, como se um palito tivesse quebrado. Para felicidade de ambas, a bomba não explodiu.
Nós corremos atrás das próximas bombas e conseguimos, com muito cuidado, desativar até a última bomba. Seu contador estava em 3 minutos e 54 segundos.
— Desativei as minhas bombas — Falei.
— Nós também — Lara disse.
— Acabei as minhas, mas tem algo estranho — Jack continuou — tem diversas outras bombas menores acopladas na arquibancada.
— Como assim? — perguntei assustado.
De repente a narração que estávamos ouvindo parou. A partida estava apenas no início, não havia porque parar. Foi quando a voz de um homem diferente testou o microfone.
— Parece que está funcionando — Bombardeiro disse. Ele tinha acabado de matar o narrador e agora sentava-se em sua cadeira, esticando as pernas sobre os painéis de controle — Vocês desativaram parte de minhas bombas... isso é muito feio sabiam? É pecado dispensar uma boa explosão... mas não se preocupem, porque não foram todas. As arquibancadas ainda estão recheadas de bombas. Vocês vão preferir não ter intrometido...
De repente meu corpo gelou ao imaginar o que ele estava se referindo. E antes que eu pudesse gritar, em uma tentativa inútil de impedi-lo, diversas bombas explodiram, levando com elas centenas de vidas inocentes.
As arquibancadas arderam em chamas e os jogadores evacuaram assustados.
— Poxa... alguns correram — Bombardeio disse nenhum pouco preocupado, muito pelo contrário, parecia sentir prazer ao ouvir os gritos de agonia — Infelizmente parece que pouco mais de cem sobreviveram... eles devem estar contentes... olha só! Tem um se arrastando com o quadril estourado! Que cena incrível!
Fui tomado pela fúria naquele momento. Bombardeiro acabara de cometer um ato imperdoável.
— Clara e Lara, corram para cabine do narrador! E Wayne de um jeito de guiar os sobreviventes para fora! — Jack ordenou ofegante.
— Entendido — Todos responderam.
De repente o som de centenas de passos começaram a se aproximar. Eu logo acenei para todos, mas eles pararam abruptamente ao me ver.
— Não se preocupem, não vou machucá-los. Apenas me sigam, sei onde é a saída.
Todos se entreolharam, mas sem muitas escolhas, decidiram me seguir e guiei toda multidão para fora.
Quando Jack, Clara e Lara chegaram à cabine do narrador, apenas havia um homem estourado no chão. Bombardeiro já não estava mais.
— Jack! — Gritei de repente no comunicador — Ele está aqui! Na saída.
— Já estou indo! — Ele respondeu rapidamente — Não faça nada precipitado!
Bombardeiro tinha um lança-granadas em suas mãos e sorria sadicamente. Esbanjava seu sobretudo negro e correntes de prata pendiam de sua calça.
— Seu arrombado! Não sente nenhum remorso pelo que fez?!
Bombardeiro fingiu pensar por um momento. Uma feição de deboche em seu rosto.
— Não... na verdade eu me sinto incrivelmente bem! Sabe qual é o som de carne humana rasgando? É um deleite.
rangi os dentes.
— Você não precisa ser assim... se entregue que será melhor.
Bombardeiro riu malignamente.
— Como você é ingénuo, eu faço porque quero! Não há nada que me controle, eu apenas gosto, me sinto bem, sou bom no que faço. Pessoas existem para serem quebradas, elas são frágeis, eu apenas equilibro a equação! E isso é extremamente prazeroso!
— Você só é um psicopata... um assassino! E eu vou te fazer pagar por tudo!
Rapidamente corri em sua direção, os braços pulsando uma furiosa eletricidade. Porém Bombardeiro apenas apontou o lança granadas em minha direção e atirou.
A bomba caiu tão próxima que a onda de impacto me arremessou para trás. Ele não iria colaborar de jeito algum.
Então o homem acenou em despedida e seguiu correndo para saída. Não consegui me conter e corri desesperadamente em sua direção, no mesmo momento que Jack, Clara e Lara apareceram.
— Wayne não vá! — Clara gritou para me impedir, mas continuei seguindo.
Naquele mesmo momento uma bomba de tamanha magnitude, capaz até mesmo de balançar o estádio inteiro, detonou a esquerda deles, impulsionando todos contra a parede e abrindo totalmente o diâmetro de sua explosão.
Jack e os outros levantaram desnorteados e com ouvidos zunindo. Jack pareceu ter machucado o quadril, Clara as costas e Lara bateu a cabeça, mas conseguiu se reerguer, mesmo que sangrando.
— Meu deus — Jack falou incrédulo ao ver o rombo imenso causado pela explosão. Um sexto do estádio já não existia mais e no epicentro da explosão havia algo que o deixou sem ar. Uma escada parcialmente destruída que levava a uma base secreta — Já faz tanto tempo, porque voltar aqui?
Lara e Clara se aproximaram da escada e naquele momento perceberam o que era: a entrada de uma das bases antigas da Lupus.
Eu corri em direção ao Bombardeiro, que seguiu para um estacionamento imenso, cheio de carros. Várias pessoas corriam desesperadas enquanto tentavam sair com seus veículos. Bombardeiro logo seguiu em direção de um automóvel branco, quebrou sua janela e fez uma ligação direta, forçando a ignição do carro.
Olhei em volta e, entre a multidão, avistei o carro do Jack parado na esquina, perto do estacionamento. Corri com dificuldade entre as pessoas, mas consegui chegar ao carro e acabei tendo que quebrar sua janela. Então não perdi tempo ao ativar minha eletricidade na entrada da chave, forçando a ignição. Bombardeiro não estava longe, pois a multidão dificultava passagem. E ele não deixaria assim. Com uma arma que retirou do bolso, o homem efetuou três disparos para cima, fazendo toda multidão se afastar, liberando uma passagem privilegiada para o asfalto.
Eu logo consegui acompanhá-lo, mas como um louco no volante, Bombardeiro trocou de faixa várias vezes, tentando fazer com que os poucos carros na rua batessem em mim. Felizmente eu consegui desviar por pouco de quase todos.
Aproximei-me cada vez mais, até que já estava do lado do Bombardeiro. Eu virei o volante para a direita e tentei tirá-lo da rua, mas o seu veículo era diversas vezes mais potente que a lata velha que eu dirigia, o que me fez perder a troca de forças nas investidas e ficar atrás na velocidade.
Ainda assim não desisti e fiquei na cola dele até que chegamos na MoonBridge, uma gigantesca ponte que atravessava um imenso canal cheio d'água. E, para meu azar, um barco estava passando naquele exato momento: forçando a ponte se abrir.
No desespero eu apertei o freio, quando já subíamos a ponte diagonal, pois acreditava que não seria capaz de saltar e acabou que não fui rápido o suficiente e o carro saltou.
O veículo do Bombardeiro ficou um pouco a frente e pela janela conseguia ver o sorriso de satisfação em seu rosto: estava adorando a perseguição. Eu, por outro lado, estava em puro desespero. Meu carro perdia cada vez mais altitude e mal havia chegado do outro lado.
Bombardeiro, por sua vez, conseguiu passar com facilidade, já o meu carro acabou batendo na ponta da outra parte da ponte, destruindo as rodas traseiras. No fim apenas consegui ver aquele homem saindo vitorioso com o sorriso no rosto.
A raiva ferveu ainda mais naquele momento. Eu tinha acabado de deixar fugir um homem que retirou centenas de vidas por puro prazer. A fúria era tanta que bati com os punhos no volante... Que péssima ideia para se ter agora, pois gasolina do carro estava vazando e uma faísca da minha eletricidade saltou do meu braço, dançou pelo ar enquanto lentamente caía, até que tocou a gasolina. Uma imensa chama explodiu, incinerando o carro por completo.
Felizmente consegui sair a tempo, mas agora estava com dois problemas gigantescos. Teria que voltar para cafeteria andando e aguentar a surra que Jack provavelmente vai me dar.
Jack, Clara e Lara desceram pela escada que encontraram com a explosão. O ar abafado dificultava a respiração e tudo era escorregadio, cheio de musgos e rachaduras.
No final da escada havia uma porta de metal emperrada. Mas por sorte uma grande rachadura na parede passava logo ao lado. Era apertada e eles tiverem que se espremer, mas foi possível passar.
Do outro lado era apenas um corredor escuro. Lara ainda tentou ligar a luz, mas nada parecia funcionar. Então eles se iluminaram com lanternas seguiram em frente, até que deram de frente com uma sala com um gerador, ele não era usado há muito tempo, mas podia ser útil.
— Está bem enferrujado... será que ainda funciona — Clara perguntou.
— Não sei — Jack respondeu.
Ele viu uma pequena alavanca do lado do gerador. Quando puxou, o mesmo fez um baixo barulho de motor, mas de repente engasgou e voltou a ficar em silêncio.
— É parece que não — Lara comentou — Será que ele precisa de algum incentivo?
Clara pensou nas palavras da garota por um momento e teve uma ideia:
— É isso! — Lara ficou surpresa e constrangida ao perceber que tinha razão — Talvez uma das caixas de bateria do Wayne possa dar partida nesse gerador.
Jack assentiu e logo conectou a bateria carregada com a minha eletricidade no gerador. No mesmo instante a caixa descarregou completamente e, depois de alguns segundos, a energia foi restabelecida. Todas as luzes e aparelhos que utilizavam energia no local se ativaram. Agora com luz, eles vasculharam melhor a base, afinal, se o Bombardeiro explodiu essa entrada, era porque tinha algo que o interessava.
Enquanto vasculhavam, passaram por uma sala que Jack se lembrava muito bem. Ele olhou cada canto e parecia ver perfeitamente o que havia no local, com as lembranças retornando tão claras quanto a água. Jack observou até que seus olhos se repousaram em uma mesa metálica que tinha um buraco quadrado.
Lara, vendo que Jack estava imóvel, estalou seus dedos repetidas vezes na frente do seu rosto. E depois do quinto estalo, ele foi arrebatado para a realidade, como se tivesse acabado de reviver um pesadelo terrível.
Clara ficou preocupada e se aproximou:
— Você está bem?
Jack balançou a cabeça para recobrar os sentidos.
— Apenas lembrei de algo terrível, mas isso me ajudou. Agora eu sei o que o Bombardeiro queria abrindo novamente essa base.
— O quê? — Clara perguntou.
— As doses de AMSC. Santiago coletou em segredo um dia depois da criação do Cubo. Usaram um vidro tão forte que se caísse de 2 andares nem arranharia. Foi para garantir que nenhum imbecil quebraria. Então guardou os frascos em uma maleta. Serviria como um estoque reserva caso o Cubo fosse perdido ou parasse de produzir, mas escondi esse estoque nessa base antes de fugir.
— Então eles vieram recuperar isso? — Lara perguntou com um mau pressentimento — E para que usariam?
— Criar mais dez como você — Jack confirmou as suspeitas — Mas felizmente eu me lembro onde escondi a maleta.
O homem seguiu para um corredor específico e procurou por uma parede das paredes, uma que possuía rachaduras que cruzavam. E logo encontrou próximo a sala que estavam.
— Lara, crie uma estaca e venha aqui.
Ela confirmou com a cabeça e fez o que Jack pediu.
— Bem aqui — O homem colocou o dedo sobre o pequeno buraco onde as rachaduras se encontravam — Coloque a estaca nesse buraco e tente puxar a pedra como se fosse uma alavanca.
— Entendi.
Após utilizar um pouco de força, ela conseguiu mover o bloco por poucos centímetros, porém o suficiente para Jack conseguir usar as mãos. Ao removê-lo, uma pequena maleta prateada apareceu. Com a luz que estava vindo do fim do corredor, ela brilhou e iluminou o pequeno buraco.
— Encontramos — Jack logo retirou às pressas a maleta que estava um pouco aberta.
Então eles saíram correndo para evitar o encontro com a Lupus, afinal, se era isso que estavam procurando, em breve apareceriam.
Momentos depois da saída do grupo, Santiago desceu na base a procura do que eles levaram: uma maleta com frascos cheios de AMSC, cada frasco individual era capaz de criar outro Alterado poderoso. Santiago estava acompanhado de Zero.
Eles andaram apressados pelos corredores a procura da maleta que o Jack tinha escondido. E, após uma longa procura, encontram o buraco onde a maleta estava. Santiago se desesperou ao ver o buraco aberto: aqueles fracos era sua última esperança, se não o plano iria se perder. Mas um pequeno brilho reviveu suas esperanças.
Um pouco ao fundo no buraco um dos frascos havia caído por conta da maleta retirada às pressas.
— Apenas me pergunto uma coisa — Zero disse — por que esse esforço todo para pegar isso sendo que você já tem um frasco?
— Para aumentarmos nossa chance de chegar a GreenValley, apenas dependemos do sucesso da missão do Bombardeiro ou que ele, pelo menos, diminua o número de nossos inimigos.
— Você acha que ele vai conseguir fazer uma dessas coisas?
— Só o tempo responderá essa pergunta.
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