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A mãe que não me lembro

Tempo meio nublado. A luz vermelha do semáforo, que brilhava intensamente à noite, distorcia-se levemente com a leve névoa.

O celular antigo que Jack entregou em minha mão. Um aparelho de flip e por ser antigo tinha bateria praticamente infinita. Pelo menos era melhor que um celular novo torrado que eu não sei porque ainda estava no meu bolso.

De repente a buzina de um carro ecoou seguido de um arrastar de pneus no asfalto. Era Eduardo que quase acabara de ser atropelado por atravessar olhando seu celular de capa vermelha. O garoto segurava uma sacola branca na mão direita que quase caiu com o susto, e o motorista parecia xingar em seu carro.

Quando Eduardo atravessou, viu-me parado.

— Cara, você viu isso? O louco quase me matou!

— Uhum... e nem foi culpa sua.

— Foi só uma coincidência! — Eduardo emburrou e olhou para outro lado. Naquele momento pareceu se lembrar de algo — Ei onde você estava? Sempre fica dentro da sua casa! — de repente uma possibilidade passou por sua cabeça — Vai me dizer que alguma garotinha apareceu na sua vida?

Eduardo colocou o braço sobre meus ombros e levantou as sobrancelhas repetidas vezes enquanto fazia uma expressão boba.

Minhas bochechas coraram e logo empurrei-o.

— Não é nada disso! Eu só viajei por alguns dias... estamos de férias afinal.

Eduardo deixou escapar um suspiro de alívio.

— É que por um momento pensei que tinha perdido meu amigo! — Analisou-me rapidamente — pensei porque você aparenta mais felicidade sabe, não fica assim desde que Clara apareceu.

Aquelas palavras foram como um balde de água fria.

— É...

— Ei! — falou como se novamente lembrasse de algo — e a Clara? Teve mais notícias?

— Não! — Respondi rápido com a testa franzida — Faz 4 anos que eu não tenho nenhuma notícia dela! Já disse isso mais de uma vez!

— Ah mas sei lá... já tentou achar ela? Você sabe que depois que perdeu as memórias ela te ajudou muito! — Eduardo falou sem pensar e quando viu minha expressão, levou as mãos a boca. Era outro balde de água fria que mais pareceu um soco na boca do estômago.

— Eu sei, mas não precisava tocar nesse assunto...

Eduardo ficou em silêncio por um momento. Não fora a primeira vez que falou sem pensar.

— Desculpa... Eu não tive intenção de te magoar, só queria ajudar...

Inspirei fundo.

— Não tem problema, algum dia tenho que superar isso.

— Então tá, vou indo, até!

Eduardo correu sem olhar para frente e acabou batendo em um poste, o que acabou me arrancando uma risada. Não sabia se ele fez de propósito ou se foi sem querer, mas conseguiu me fazer rir.

Minutos depois, já próximo da minha casa, a conversa não saía da minha cabeça, muito menos Clara. Lembrar dela sempre era complicado, ela foi a primeira que se importou, talvez a única...



Cinco anos atrás eu acordei em uma cama de hospital. As costas da cabeça latejava como uma fogueira em chamas. E eu não fazia ideia do que tinha acontecido, não lembrava nem mesmo o meu nome. O único resquício disso estava no peito de minha roupa rasgada: "Wayne".

Eu fui encontrado sangrando no final de um barranco. As roupas que eu tinha estavam rasgadas e foram colocadas ao lado da cama, caso eu quisesse ficar com ela. Parecia com uma roupa de alpinismo. Era flexível e negra, além de um cinto de utilidades vazio. O nome

Acreditavam que eu tentei escalar o barranco que seguia numa montanha e acabei me machucando. Eles também tentaram procurar por meus pais, mas não sabiam nem mesmo onde procurar, pois eu não tinha um sobrenome. Uma gigantesca perda de tempo para quem não se importava.

Depois de duas semanas eles me deram alta e disseram que eu iria para um orfanato, mas eu não queria isso, não queria outra família, eu queria a minha. Eu queria saber quem eram os meus pais. Queria saber quem eu sou. Eles desistiram, mas eu não.

Foi nesse momento que tomei uma decisão: fugir durante a noite. E quando finalmente descobriram que tinha escapado, já estava a quarteirões de distância. Desde então eu segui procurando por informações, pesquisando o meu nome, listas de nascimento, pessoas que poderiam me conhecer, mas nunca encontrei nada. Nem mesmo um "Wayne" havia nascido em MoonLight. Até que chegou o momento que a fome tornou a pesquisa por minha família irrelevante.

Durante quase um ano inteiro me alimentei de comida largada ou estragada, revirando latas de lixo durante as noites e dividindo camas de caixa de papelão com ratos. Haviam raríssimos dias que eu encontrava uma nota de dois reais no chão, mas acabava quase sempre comendo o lixo.

Com o tempo eu tentei arranjar um emprego, mas ninguém queria dar trabalho para um garoto inexperiente que tinha quase 15 anos.

E pouco tempo depois eu me encontrei no limite. Passava tanta fome que minhas pernas falhavam e minha barriga implorava por qualquer coisa comestível. A pele era puro osso e a garganta já não mais sabia o que era uma comida descente. Cambaleava pelas ruas escuras, implorando para alguém me dar algum tipo de comida. Batia as portas que se fechavam antes que pudesse pedir por algo.

Andei por tanto tempo, passei em tantas casas, mas não consegui nada. Até que cheguei em um beco escuro. Não havia saída lá, nem mesmo latas de lixo, então dei meia volta, mas, quando me virei, três garotos bloqueavam meu caminho.

— Entregue tudo que você tem.

— E... E... eu não t... tenho nada.

E os garotos não acreditaram. Eles me pressionaram cada vez mais, empurrando me contra a parede, gritando e xingando. Davam tapas que faziam o meu corpo magro quase cair. Eles se estressavam mais a cada segundo que eu ficava em silêncio e quando um deles revelou uma faca, entrei em desespero e tentei correr. Foi quando eles perderam a paciência. Alcançaram-me, jogaram-me no chão e chutaram de todos os lados. Apenas consegui chorar com a voz falha e proteger a cabeça com os braços enquanto eles riam e me xingavam aos chutes.

Conseguia sentir meu sangue escorrendo para fora do corpo e eu estava crente que meu fim chegaria. Era tão injusto morrer assim, sem se quer poder me defender...

E então a minha salvação apareceu. Através de meus dedos magros eu vi um homem alto se aproximando. Ele utilizava grandes roupas brancas. Mal assimilei o que aconteceu naquele dia, eram rápidos flahes daquele homem atacando os garotos. Ele era tão ágil que mesmo contra os três se quer era golpeado. E no fim os agressores fugiram ao perceber que não tinham chance.

O meu herói logo correu para me socorrer e se agachou verificando minha testa com a mão. Eu ainda tentei ver seu rosto, mas minha visão estava muito turva e foi piorada por conta das lágrimas e sangue que escorriam, impedindo-me de visualizá-lo por completo. Apenas um sorriso que eu tive certeza que conhecia quando eu disse "obrigado."

Segundos depois um carro parou no fim do beco e o homem alto rapidamente deixou o local. Em seguida uma mulher saiu de dentro do veículo e correu até onde eu estava. Eu tremia e os ferimentos latejavam de tal maneira que pareciam queimar de verdade. E quando a mulher me pegou nos braços e levou até o carro, tudo ficou preto.

No outro dia eu acordei em uma cama. Mal entendia o que havia acontecido. Encontrava-me em um quarto muito bem-arrumado. Tinha alguns computadores, um belo carpete azul no chão, uma textura de madeira nas paredes. O cheiro era extremamente agradável e uma suave música tocava ao fundo.

A mulher, que esperava em uma poltrona ao lado da cama, logo percebeu que eu havia acordado. Ela tinha cabelos ruivos, olhos verdes e pele branca como a neve. Era a Clara. A moça deixou o livro sobre a poltrona e levantou-se para me verificar.

— Oi, bom dia. Você lembra o seu nome? — Perguntou com uma voz suave e doce.

— Quem é você? — perguntei ainda desnorteado.

Ela se sentou na cama e me fez um leve cafuné. Seu sorriso agradável era notável no rosto e suas mãos macias pareciam nuvens passando por meu rosto.

— Não se preocupe, não vou te fazer mal. Encontrei você em um beco escuro, estava desmaiado... — Pegou um curativo e colocou com cuidado sobre um pequeno corte na minha bochecha — E então te carreguei até aqui. Você está em uma casa que fica no centro da cidade. Ela é um pouco barulhenta e de vez em quando pode-se escutar buzinas de carros, mas é possível viver.

Depois disso ela me deu comida e cuidou muito bem de mim. E em poucos dias eu já estava na minha melhor forma.

Clara vivia sempre sorridente. Um certo dia eu perguntei o por quê de tantos sorrisos e ela respondeu: "Sempre que você sorrir para alguém, vai demonstrar confiança e felicidade. O sorriso passa um ar positivo e traz uma boa sensação. Por isso eu estou sempre sorrindo!"

Nós brincávamos juntos, ríamos juntos e em dias que eu sentia medo, ela me colocava em sua cama e eu conseguia dormir com seu abraço caloroso.

Clara se tornou o único pilar da minha vida e com o passar dos dias comecei a chamá-la de "mãe". Sendo a figura materna que eu não me lembro, minha única família.

Todos os finais de semana meus olhos brilhavam ao assistir o desenho "Wayne, o justiceiro" na televisão. Um herói com poderes telecinéticos que salvava pessoas. O fato de ter o mesmo nome que eu sempre me encantou, o que inspirava cada vez mais as minhas fantasias heróicas.

— O que você quer ser quando crescer, Wayne? — Ela perguntou um certo dia enquanto eu assistia.

— Quero ser um herói que protege as pessoas, que nem o Wayne da TV!

— Mas por que um herói?

— Porque... eu não sei ao certo quem eu sou, nem me lembro do meu passado, mas uma vontade me restou: ser um herói que protege as pessoas!

— Entendo... — Clara sorriu para mim — Então se agarre a isso e continue lutando, mesmo que sem forças. Prometa isso para si mesmo, prometa que no mais difícil essas palavras ecoarão em sua cabeça e você irá seguir em frente, mesmo com os desafios mais intensos.

E então eu sorri de volta.

— Eu prometo!

Conheci Eduardo e Marcos cinco meses depois, em um dia que eu e Clara fomos ao shopping fazer compras. Eles estavam fazendo pedidos ao jogar moedas na fonte. Marcos pedia uma grande destreza no futebol e Eduardo que uma bela garota se apaixonasse por ele. E em poucos dias éramos melhores amigos.

Eduardo chegou a me visitar uma vez na casa da Clara e foi o suficiente para se apaixonar. Do jeito safado que ele sempre foi, eu acho que Eduardo daria de tudo para dormir na mesma cama que Clara.

Durante todo tempo que passei com Clara eu podia ter certeza que apesar de não me lembrar do passado, eu agora tinha um presente agradável. Apesar de não ter uma mãe, eu tinha quem eu poderia chamar desta maneira. Mas isso desapareceu de repente.

Em uma noite escura, onde os céus agitados trovejavam com uma chuva terrível, eu encontrei uma carta da Clara sob as chaves do apartamento e uma quantidade considerável de dinheiro próximo a ela.

"Você vai conseguir ficar bem sem a minha presença a partir de hoje. Ficar comigo não é a melhor coisa para você e por mais que nunca vá saber o porquê, eu quero que saiba que te amei como um pedaço de mim por todo esse tempo. Viva bem e use conscientemente esse dinheiro, beijos, meu filho."

A carta se borrou com as lágrimas que caíram e a voz já não saía mais depois de minutos gritando de agonia. Nunca descobrirei o porquê de ela ter ido embora e não sabia se tinha ódio de sua partida ou gratidão pelos bons momentos, mas tentei não ficar triste, pois o tempo que vivi com ela foi maravilhoso. Clara conseguiu me fazer muitas memórias felizes que sobrepuseram o imenso vazio no meu coração. Então por mais que grande parte do meu ser sinta uma extrema raiva de sua partida, uma imensa outra parte sente gratidão pelos bons momentos.



Chegando em casa apenas consegui me jogar na cama e afundar meu rosto no travesseiro. Como eu estava com saudade de uma cama confortável!

Além disso saber que lutarei amanha contra inimigos deixou-me eufórico, quase retirando meu sono. Amanhã será incrível!

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