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C A P Í T U L O 30

Dias frágeis

          Lá fora o calor e o brilho da manhã envolviam os carros que fluíam pela pista, e as pessoas que se movimentavam apressadas pela calçada. Nos afastamos da avenida principal, e seguimos por uma ruazinha pitoresca, repleta de restaurantes à beira rua, pequenos empórios, e casarões requintados para uso comercial.

          Estávamos quase chegando.

          ― O que aconteceu com seu carro? ― Olhei para Ava, me perguntando como que ela sabia sobre isso. ― Eu o vi na garagem ontem, quando fui ajudar Sophia a descer as compras enquanto te esperava tomar banho.

          ― Foi só uma batida ― respondi sem dar muita importância.

          ― Quando? Você se machucou? Por que não me disse nada? ― Seu tom tinha se alterado sutilmente.

          Mesmo depois de tantos anos, e embora respeitasse, Ava nunca se conformara em não estar tão presente na minha vida. Fato esse que, dada as últimas semanas, me fez entender que todo seu empenho com aquele casamento, não se tratava de um mero passo importante na vida de sua filha, mas sim, uma forma dela se reaproximar de mim.

          ― Isso já faz três semanas, mãe. Estou bem, e fora os amassados do carro, não aconteceu nada demais. ― Seus olhos se apertaram como se não estivesse satisfeita com a minha resposta.

          ― E quem bateu em você, fugiu? Podemos fazer uma busca pelas câmeras da cidade, e entrar com um processo alegando...

          ― Mãe ― a interrompi ―, eu fui a culpada, e já está tudo certo. Não se preocupe.

          ― Hum... ― Ela voltou a se concentrar na direção, parecendo pensar. ― Seu pai e eu podemos te dar um carro novo de presente...

          ― Eu não quero ― a cortei novamente. Ava sabia bem que eu dispensava os presentes ou ajuda que ela e meu pai quisessem me dar.

          Desde quando saíra da casa da minha avó, me mantive sozinha, sempre fazendo o que podia para não depender deles. No início foi difícil para aceitarem, mas com o tempo perceberam que apesar da nossa relação complicada, não era orgulho ou ressentimento da minha parte, era uma questão de autoafirmação.

          Ela deu um sorriso fraco como se estivesse sido derrotada antes mesmo de começar uma batalha.

          ― Tudo bem ― disse estacionando em frente a Maison de Mariée. ― Preparada?

          Exalei fundo, me liberando do cinto de segurança.

          Não, eu não estava preparada para nada que dizia respeito àquele casamento, mesmo faltando só uma semana para ele. Na verdade, acho que nunca estaria. Após o meu último encontro com o Anton, eu simplesmente não conseguia mais deixar de pensar em suas loucuras, e no que havia acontecido. Cheguei à conclusão de que não iria sobreviver por muito tempo.

          ― Vamos, filha. Eleonora já chegou e Ophélie nos espera ― falou Ava, já saindo do carro.

          A acompanhei até a entrada da loja, onde Eleonora nos aguardava com seu habitual sorriso condescendente. Depois de cumprimentá-la, entramos na Maison e, como das outras vezes, fomos recebidas com um abraço caloroso de Ophélie.

          ― Está tudo bem, mon cher? ― indagou ela me analisando, apreensiva. ― Você e seu noivo estão bem? Ele é o seu noivo, não é? Aquele moço que veio buscar suas coisas me garantiu que aquele rapaz era o seu noivo, mas confesso que se ele não tivesse os olhos parecidos com os de Eleonora, eu teria chamado a polícia. Fiquei muito preocupada ― suspirou colocando as mãos sobre o peito.

          Um riso nervoso me assolou, ao mesmo tempo que minha face formigava e ruborizava. A que ponto eu tinha chegado! Não tinham palavras, pensamentos ou o que quer que fosse que explicasse o que ocorrera.

          ― Estou e... sim, ele é o meu noivo. ― Eu queria chorar.

          ― O que aconteceu? ― perguntou Eleonora, seu semblante já sustentava os primeiros sinais de preocupação.

          ― Também quero saber ― declarou Ava.

          ― Um rapaz entrou aqui perguntando pela Liz, e como minhas assistentes não podem ver um homem bonito, se deixaram levar e acabaram falando onde ela estava. Ele entrou no vestiário, a pegou e saiu com ela pendurada em seu ombro, sem a...

          ― Não aconteceu nada demais! ― a interrompi com tom alto, explodindo uma exasperação confusa aos olhos delas.

          Não sabia qual seria a reação das duas caso Ophélie soltasse os piores detalhes do que aconteceu. Talvez minha mãe desmaiasse, ou ficasse muito nervosa ao ponto de contar para o meu pai, e se caso o fizesse, a situação ficaria mil vezes mais complicada. Acredito que Petre seria capaz de me levar para outro país a fim de impedir o casamento.

          Para a minha sorte, apesar de Ava se retrair à dúvida diante da minha reação, ela não disse nada.

          ― Querida, sinto-me demasiado envergonhada por tal conduta indigna do Anton. ― Eu sabia que sentia, assim como sabia que ela não tinha culpa do filho ser daquele jeito. Com seu olhar pesaroso, Eleonora segurou a minha mão. ― Peço desculpas por este desgosto. Tem a minha palavra de que terei um diálogo circunspecto com ele.

          ― Não se preocupe, já passou. ― Forcei um sorriso, e tentei mudar o assunto. ― Onde está o vestido?

          Abrindo um sorriso maior ainda, Ophélie me levou para a sala privativa, pedindo que Eleonora e minha mãe aguardassem. Lá dentro, retirei a minha roupa e, com a ajuda das assistentes, coloquei o vestido. Ele estava bem mais pesado, já que agora possuía um forro que evitava sua transparência em certos lugares, e também todos os cristais bordados sobre a renda.

          Uma das moças assistentes o ajustava em meus quadris e outra puxava os punhos, enquanto Ophélie terminava de fechar os botões nas minhas costas. Tudo tinha ficado perfeito, e aos olhos examinadores dela, não precisava de nenhum ajuste. Logo veio a segunda parte daquele inquietante ritual, prenderam um comprido véu nos meus cabelos, e em seguida, colocaram a sandália de cristais que também havia sido feita sob medida.

          Aquela sensação era absurdamente estranha, para não dizer desesperadora. Eu realmente queria chorar. Lá no fundo, meu coração estremeceu, e um furacão de agonia embrulhou meu estômago. Estava tudo pronto. Apenas sete dias me distanciavam da concretização de toda aquela loucura.

          A porta da sala se abriu passando por ela, Ava e Eleonora. Ambas abriram a boca, mas não conseguiram falar nada. Seus olhos me analisavam excessivamente abertos em uma mistura de emoções, que iam desde fascínio a surpresa e felicidade.

          ― Você está... ― minha mãe arriscou as primeiras palavras, mas parecera engasgada. ― Perfeita.

          Vi seus olhos marejarem, e tão logo lágrimas descerem pelo seu rosto delicado. Gentilmente Eleonora, apoiou sua mão sobre o ombro dela em um gesto reconfortante.

          ― Aquiesço da sua observação, Ava. Ela está magnífica, é uma das noivas mais belas que já vi, se não, a mais. ― Sorrindo, ela segurou a mão da minha mãe. ― Reconheço estes sentimentos, querida. Sinto-me agora, da mesma forma quando Madeleine e Katerina se casaram pela primeira vez, com uma efêmera diferença, esperei avidamente por este momento durante dois mil e seiscentos anos.

          Que Eleonora ansiava pela efetivação do Contrato de Destino há tanto tempo, eu sabia, mas agora sobre Madeleine e Katerina, fiquei completamente chocada. Provavelmente era ignorância da minha parte pensar que duas vampiras com mais de dois mil anos, nunca tivessem se casado, mas aquilo ainda parecia muito surreal na minha cabeça.

          ― Madeleine e Katerina já se casaram? ― questionei fazendo Eleonora soltar um riso sucinto ante o meu espanto.

          ― Oh, sim. A minha doce Katerina se casou apenas uma vez, ao passo que a minha indomável Madeleine é uma romântica intratável, já se casou cinco vezes.

          ― Minha nossa ― murmurei soltando um sorriso, por rápidos instantes, havia me esquecido de onde eu estava, e das lágrimas que lutava para não deixar cair.

          Repentinamente, me veio uma dúvida esquisita, será que o Anton já havia se casado antes?

          Eleonora se aproximou e parou à minha frente apoiando os dedos delicadamente no meu queixo.

          ― Careço de palavras suficientemente dignas para revelar minha felicidade de tê-la em minha família. Já a possuo aqui dentro ― sua mão pousou espalmada sobre o coração ―, como uma filha. ― Por prestos segundos ela hesitou, mas então sorriu e continuou. ― Você será muito feliz, querida. O Anton nem sempre fora tão incompreensível. Seja qual for o mundo torpe em que ele se encontra, estou certa de que você transformará suas correntes concepções e desejos nocivos em emoções puras.

          O furacão de angústia cresceu, e foi crescendo até subir pela minha garganta, estreitando-a ao ponto de me fazer parar de respirar.

          Por que Eleonora e Avigayil depositavam crenças tão incoerentes sobre mim? Elas não percebiam o quanto estavam sendo injustas comigo, ao terem esperanças sobre algo em que claramente era previsível o meu fracasso? Elas não enxergavam ou apenas não queriam assumir o quanto Anton e eu éramos totalmente incompatíveis?

          Eu me tornava uma pessoa pior perto dele, do tipo que sempre repudiei em toda a minha vida. Me apontava um pavor pelo que eu me transformaria ao lado dele, um temor por todas as coisas que teria de enfrentar, e pela guerra que teria de viver todos os dias. Aquilo me machucava, me devastava. Me sentia sufocar sem poder fazer nada.

          Era essa a sensação da morte, uma paralisia sufocante?

          ― Quero tirar esse vestido ― declarei puxando o véu. ― Por favor, me ajudem.

          Elas me olharam sem entender, um tanto assustadas com o meu movimento brusco, mas se mantiveram em silêncio. Ophélie se apressou em pegar o véu das minhas mãos, enquanto as assistentes se aproximaram e me ajudavam com as sandálias e o vestido. Não esperei que elas saíssem da sala, não esperei nada, só passei as pernas pelo meu macacão curto, e subi suas alças sem nem conseguir fechá-lo direito. Eu não me lembrava nem de como havia conseguido calçar minhas sandálias anabela, pois quando dei por mim, já corria em direção à saída da loja.

          Eu estava sem ar, estava sufocando, sufocando, mesmo lá fora.

          Quando aquilo iria parar?

          Um urro em forma de choro emergiu das minhas entranhas com toda força. Meu corpo oscilava levando embora a minha capacidade de me manter de pé. Me apoiei na parede ao lado, e deixei que todas as minhas lágrimas descessem, até o meu corpo doer esgotado, e eu entrar em uma espécie de existência suspensa. Distante, silenciosa, como se o sangue em minhas veias dispersasse as imagens, os sons, exceto o da minha respiração.

           Fechei os olhos e ofeguei. Um par de íris invernais surgiu de repente em minha mente. Naqueles últimos dias essa droga de imagem estava sendo mais recorrente do que eu gostaria. Ela estava ali, como um lembrete, para que eu não esquecesse do que me aguardava.

          A morte.

          ― Filha? O que aconteceu com você?

          Apressei em enxugar as minhas lágrimas, antes de me virar para Ava.

          ― Está tudo bem ― assegurei tentando sorrir. ― Podemos ir embora?

          Ela se aproximou e me abraçou.

          ― Se quiser cancelar tudo, ainda dá tempo. Estaremos ao seu lado, meu amor, sempre.

          ― Eu sei, mãe, só estou cansada. Quero ir para casa, vamos embora?

          Ava se afastou com um sorriso sutil nos lábios.

          ― Eleonora nos convidou para almoçar na casa dela. Me parece que Madeleine e Katerina já chegaram para o casamento, e querem te ver.

          Eu não estava nem um pouco a fim de ir, mas sabia que se voltasse para casa, passaria o resto do dia chorando, então era melhor pelo menos tentar me distrair. Neste momento, Eleonora saíra de dentro da Maison, seguida por Ophélie.

          ― Tudo bem, vamos.

          Nos despedimos de Ophélie, e então seguimos Eleonora até sua casa. Reparei que Ava estava estranha, até pensei que seria por causa da minha reação mais cedo, mas ela parecia estar ansiosa, e não com o seu habitual pesar de quando me via triste.

          Assim que chegamos na casa de Eleonora, fomos informadas por Judite que as meninas estavam no jardim, e ao seguirmos para lá, me deparei com uma enorme tenda branca aberta sobre a grama, acomodando uma requintada estrutura de mesas e sofás.

          Estavam dando uma festa?

          Fiquei ainda mais confusa à medida que fui reconhecendo as pessoas que estavam lá. Minhas avós Louise e Agnes; tia Eva; tia Genevive, esposa do tio Ivo; e até a esposa do tio Jaron, a tia Clementine que há anos eu não via. Era impressão minha ou só havia mulheres ali? Também vi todas as minhas primas próximas, e algumas vampiras que eu não conhecia, além da Madeleine, Katerina, Sophia e a Mel.

          Até a Mel estava lá! Quase não acreditei quando a vi.

          Depois do que havia acontecido no banheiro, demorou para que ela quisesse me escutar, e mesmo quando consegui explicar toda a história, ela continuou me acusando de não ser uma amiga de verdade por não ter lhe confiado algo tão importante sobre mim. Me senti ainda mais péssima do que já andava me sentindo. Mel tinha razão de certa forma, eu não tive argumentos para me defender, e quando ela me pediu um tempo para tentar esquecer a mágoa, só me restou respeitar a sua decisão. Foram três semanas enfadonhas e tristes na Wedo. Senti falta dela, da sua companhia, de todas as suas maluquices e até mesmo das fofocas.

          Quase dei um sobressalto quando braços me envolveram e me arrastaram para si. Fui pega de surpresa por uma Madeleine animada que havia me abraçado calorosamente.

          ― O que está acontecendo aqui? ― perguntei curiosa.

          ― É o seu chá de lingerie, darling.



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