CAPÍTULO 49
Boa Noite...
Estamos numa fase onde algumas coisas não se encaixam e parecem desnecessária... mas nada nunca é por acaso...
ALICE
Duas horas mais tarde eu estava entrando na casa dos meus pais, em New Jersey.
— Alice? — Paul ficou surpreso ao ver-me entrar na sala. —Mas eu pensei... — o abracei.
— Eu não iria aguentar ficar lá sem saber o que realmente está acontecendo. — falei. Meu padrasto olhou para trás de mim, e sorriu.
— Você deve ser a Tina, amiga. — minha amiga abriu os braços como se ambos já se conhecessem há anos.
— Euuuuu! — Tina abraçou Paul com tanta força que achei que não soltaria mais. Aproveitei o momento deles, e dei uma rápida olhada pela sala, e cozinha.
— Se está procurando Thomas, ele saiu com sua mãe, recebemos uma ligação e eles foram averiguar. — Dilan entrou no momento em que me sentei no sofá.
— Ele foi encontrado. — informou. Senti o alívio me dominar. Tina veio me abraçar.
— Está vendo? — ela falou. — Vai ficar tudo bem. — quis muito acreditar, mas pelo pouco que conhecia do chefe de segurança do Alex, seu olhar não dizia o mesmo.
Não demorou para o carro parar na frente de casa, eu sai de encontro e meu irmão pulou do carro assim que me viu.
— Ben! — o abracei.
— Você veio. — me abaixei.
— Claro que vim, como vou ficar lá sabendo que você estava desaparecido? — ele sorriu.
— Eu não estava desaparecido, ela disse que era sua amiga, e que você chegaria logo, mas você demorou, então ela teve que ir embora. — ele falou rápido e sorriu. Fiquei confusa.
— Ela quem? — perguntei.
— Eu não sei, mas mamãe falou com ela. — ele falou olhando para onde nossa mãe vinha conversando com Thomas, e Dilan. — Eu preciso usar o banheiro, eu tomei muito suco. — meu irmão saiu correndo em direção a casa, e eu me levantei.
— Filha! — minha mãe me abraçou.
— Quem estava com ele? — perguntei. Ela se afastou e desviou o olhar para Thomas.
— Uma mulher o encontrou na praça e ligou avisando, não a conheço. — olhei para os seguranças que se mantinham sérios. — Vamos entrar, conversamos lá dentro. — começamos a entrar. — Estou precisando de um banho. — deixei com que ela fosse na frente, e antes de entrar perguntei para Thomas.
— Quem era ela?
— Eu não a conheço, mas as características são idênticas com as da Sofhia. — olhei para Dilan.
— Senti que minha mãe foi evasiva. — falei. — Quero descobrir o que não estão me falando.
— Vou descobrir. — Dilan afirmou.
Entrei e fui para a sala onde todos deveriam estar, mas não encontrei minha mãe nem Paul. Pedi para Tina fazer um daqueles chás calmantes que ela faz, e subi para o andar de cima. Eu sabia que algo estava errado. Ao chegar perto da porta do quarto dos meus pais, escutei o choro baixinho da minha mãe.
— Isso foi um aviso. — ela falava com desespero. — Eu sei que foi.
— Como alguém poderia saber o que conversamos aqui? — era a voz de Paul.
— Eu não deveria ter tocado nesse assunto. Não deveria. — ela voltou a chorar.
Que assunto?
Seria sobre o que eles e Alex conversaram na vinda dele aqui?
— Não se culpe, você fez o que seu coração falou para fazer. — meu padrasto a consolava. — Vamos esperar ver o que ele vai fazer, vai dar tudo certo.
— Eu não deveria ter ouvido meu coração. — senti um cutucão na perna.
— Você não perde essa mania? — meu irmão falou baixinho ao meu lado. Fiz sinal para que ele fizesse silêncio e me abaixei.
— Te dou uma barra de chocolate se não falar nada. — ele concordou. Voltei a escutar.
— Eles são o que mais tenho de importante na vida, não vou fazer nada que coloque a vida deles em perigo. — ela estava falando de mim e Ben?
O que estaria colocando as nossas vidas em perigo?
Ou quem estaria os ameaçando?
— Eu vou preparar um chá, tome seu banho e desça, Alice está aqui e vai querer conversar. — segurei a mão de Ben e seguimos em silêncio para seu quarto. Assim que fechei a porta ele me encarou.
— Eles estavam brigando de novo? —neguei.
— Eles brigaram esses dias?
— No dia que Alex esteve aqui, eles discutiram depois que ele foi embora, e depois quando mamãe soube do acidente, ela chorou muito. — me sentei no chão ao lado de sua cama.
— Vem cá. — ele sentou-se em meu colo, e comecei a acariciar seus cabelos. — O que a moça de hoje falou com você?
— Ela me mostrou uma foto de vocês juntas, e disse que queria te fazer uma surpresa, mas que para isso eu precisaria ajudar ela. — fiz uma busca mental entre as pessoas que eu conhecia, alguém que tivesse as mesmas características que Sofhia. Mas não encontrava nada.
— E, você foi assim? — ele deu de ombros. — Quantas vezes falamos sobre não ir com estranhos, e nem aceitar comida?
— Eu achei que ela fosse legal. — segurei em seu rosto e o fiz me olhar.
— Nunca mais vá com alguém que não conheça, mesmo que diga que é minha amiga ou amiga dos nossos pais, entendeu? — ele concordou. — Você deu um susto muito grande em todos nós hoje, mocinho. — ele abaixou a cabeça.
— Ela não é uma boa pessoa.
— Não, até agora não sei quem era.
— Desculpa. — beijei sua cabeça. —Ela conversou com a mamãe, elas discutiram, foi ai que percebi que ela não era sua amiga.
— O que elas discutiram?
— Não sei ao certo, mas era pra se afastar ou não seria somente um susto. Algo assim. — do que minha mãe teria que se afastar?
Alguém bateu a porta. Tina entrou.
— Seu pai me disse em que porta bater. — ela me entregou uma xícara de chá. — Ei mocinho, você é muito mais bonito assim do que em vídeo chamada. — meu irmão se levantou e foi abraçá-la.
— Você continua bonita do mesmo jeito. — acabamos rindo.
— Tão pequeno e tão galanteador. Tão homem. — a careta que minha amiga fez, em outro momento teria me arrancado alguma risada, mas eu não sentia vontade de rir.
— Vá tomar seu banho. — falei, e meu irmão saiu do quarto, nos deixando sozinhas. Tina sentou-se ao meu lado no chão.
— Alguma novidade?
— Ao que me parece isso que aconteceu com Ben, possa ter haver com algo que meus pais conversaram com Alex quando ele esteve aqui, mas minha mãe foi evasiva quando perguntei, então sei que é bem provável que ela não me fale nada. — Tina pegou a xícara da minha mão e tomou um gole do chá.
— Que merda. — concordei.
— Vou conversar com Dilan e Thomas sobre o que sabemos, e vou tentar conversar com meus pais, mas se ela estiver com medo, não vai falar.
— Talvez seja até melhor você não insistir, fingir que não sabe de nada. — olhei para ela e ri.
— Eu realmente não sei de nada. — ela revirou os olhos.
— Sabe que a mulher era parecida com Sofhia, sabe que Alex esteve aqui falando com eles, sabe que a vaca da sua prima o chantageou, não sabemos o motivo, mas sabemos que está acontecendo algo, e talvez se você não pressionar, seus seguranças consigam descobrir com mais facilidade.
— É uma possibilidade.
— Não sabemos o que aconteceu aqui, mas para a sua prima ter arrancado do Alex esse valor altíssimo, algo sério é, e os médicos não falaram que a perda de memória dele é temporária? — concordei. — Então, vamos esperar ele lembrar de tudo.
— Não vou conseguir fingir que nada aconteceu.
— Não finja, mas finja que acredita no que seus pais falarem. — pensei por um minuto.
— Você pode estar certa.
— Eu sempre estou. — olhei para ela, e estreitei os olhos lembrando de um fato.
— Afinal, o que rolou entre você e Adam? — ela desviou o olhar, e voltou a beber o chá.
— Descobri que ele é um idiota. — segurei o riso, e puxei seu braço para que ela me olhasse. — Ah qual é Alice? Bebi demais naquele dia e falei algumas merdas, e ele falou outras. Só não enfiei minha mão na cara dele, porque recebemos a notícia do acidente do Alex.
— Aí vocês param de brigar para se unirem a meu favor? — ela me mostrou o dedo do meio e se levantou. — Valentina, senta essa bunda aqui e me conta direito o que aconteceu!
— Não vou falar nada. — ela rebateu segurando o riso. — Vai se lascar, eu não vou te falar nada, Adam ainda é apaixonado por você, conversar com você sobre isso é humilhante demais. — minha amiga estava rindo, mas eu sabia que isso a machucava. Se ela não quisesse me falar nada sobre agora, eu esperaria.
Esperar está se tornando minha rotina.
Quando sai do quarto do meu irmão, parei em frente a porta do quarto da minha mãe, bati. Logo em seguida ela abriu.
— Podemos conversar? — perguntei. Ela concordou abaixando a cabeça, me deu passagem para entrar.
— Como está Alex? — senti que sua pergunta foi aleatória, mesmo que tenha sido com real interesse.
— Está bem. — o que era verdade. — Está vivo. — ela concordou. — Mãe, o que está acontecendo?
— Como assim? — olhei para ela, e sem falar uma única palavra, ela sabia sobre o que eu falava. — Você sabe, seu irmão sumiu o dia todo, e eu fiquei nervosa. Quem não ficaria? — ela tentou rir, mas falhou e começou a chorar.
— Ei. — a abracei. — Já acabou, Ben está em casa. — ela me abraçou de volta e chorou mais.
Deixei que ela colocasse pra fora tudo. Depois de alguns minutos, quando estava mais calma, eu sabia que por mais necessidade eu tinha em saber o que estava acontecendo, agora eu só queria que ela ficasse bem.
Deitamos na cama, e ficamos como fazíamos antes. Eu estava de barriga para cima olhando o teto, enquanto minha mãe fazia carinho em meus cabelos. Isso sempre a acalmou, eu nunca entendi, mas deixava com que ela ficasse assim, sempre que precisasse.
— Ele te ama. — ela falou do nada. Virei o rosto e a olhei.
— A senhora está falando do Alex? — ela concordou. Eu sorri. — Eu o amo também. — falei me virando de frente para ela. — Afinal o que vocês conversaram quando ele esteve aqui? — fiquei atenta a alguma mudança em seu rosto, mas nada aconteceu. Ela continuou em silêncio por mais alguns minutos, até que falou.
— Veio pedir sua mão em casamento. — ela sorriu.
— Só isso?
— É o mais importante.
— A senhora está me escondendo algo que eu sei. — comentei.
— Ás vezes temos que fazer escolhas. E nem sempre ela vai agradar aos que estão a nossa volta. Mas são necessárias.
— Porque está falando isso?
— Porque a vida é assim. Injusta. — ela acariciou meu rosto. — Quando você apareceu aqui com esse anel, eu vi que é algo realmente sério entre vocês, eu precisava saber quais eram as intenções dele. — sorri ao imaginar Alex tento essa conversa com meus pais.
— Mãe, a senhora sabe que esconder algo nem sempre é a melhor opção, não sabe? — ela sorriu e concordou. — Porque Alex deu dinheiro para Suzy? — seu semblante mudou.
— Sua prima não presta.
— Isso eu já sei.
— Eu não sei. — ela falou desviando o olhar. — Deveria perguntar a ele.
— Eu faria se Alex não tivesse perdido a memória. — minha mãe ficou séria.
— Perdeu a memória?
— Sim, ele não se lembra de mim, no caso não só de mim. — falar isso em voz alta doía, mesmo que fosse uma situação temporária. — O médico disse ser temporário, que um quadro comum.
— Meu Deus Alice! — ela se levantou. — Como vai ser agora?
— Não sei, vamos esperar ele lembrar. — me sentei também e segurei sua mão. — Entende porque é importante que eu saiba o que aconteceu aqui, antes do acidente? — minha mãe voltou a desviar o olhar.
— Você poderia voltar para casa. — foi minha vez de olhar sério para ela. — Na verdade parece o certo a se fazer.
— Não posso simplesmente largar tudo somente porque Alex perdeu a memória. — soltei minha mão da sua. — Se a senhora não vai me falar nada, tenho que conversar com Suzy. — me levantei, e esperei que ela falasse alguma coisa, mas minha mãe parecia perdida em pensamentos.
Quando abri a porta para sair, Paul estava parado em frente á porta. Ele também desviou o olhar, e parecia não acreditar em algo que pudesse ter ouvido. Eu estava cansada e magoada por estarem nitidamente me escondendo algo.
— Acredito que você também não vá me falar nada. — meu padrasto me olhou nos olhos.
— Sua mãe pode estar certa, voltar para cá seja uma opção. — eu não conseguia entender o que estava acontecendo.
Passei por ele e segui em direção a cozinha, onde encontrei Dilan e Thomas conversando com Tina. Todos me olharam.
— Pela forma que estão me olhando, as coisas não estão melhores aqui. — Dilan se aproximou de onde eu estava e se sentou ao meu lado.
— Sua prima viajou e ninguém sabe dizer para onde. E até eu levantar os dados em rodoviárias e aeroporto, vai levar alguns dias. — olhei para ele.
— É melhor irmos embora pela manhã. — falei e ele concordou.
— Vou deixar uma pessoa aqui. — ele informou, segurei em sua mão e sorri.
— Obrigada.
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