CAPÍTULO 36
ALEX
Sigo até o labirinto, fazendo aqueles caminhos como sempre fiz. Apesar de ter vários caminhos, sei de cor os que levam para o centro, e se Alice viu minha irmã entrando, sei para onde ela deve ter ido. Quando viro a quarta entrada, vejo Dilan vindo com alguém no colo. Ao me aproximar vejo se tratar de Sam.
— O que aconteceu? — pergunto.
— Não sei ao certo, ela estava desacordada quando a encontrei. — puxo seu rosto, mas é impossível ver algo por causa da pouca luz.
— Você viu se ela estava machucada, quando a encontrou? — Dilan demora a responder. — Tinha alguém com ela? —Tiro os olhos da minha irmã e o encaro.
— Acredito que não, senhor. — ele diz por fim. — Ela pode ter se perdido. Não seria a primeira vez. — concordo.
— Parece que ela não perdeu a mania. — ele concorda. — Bom leve-a para um lugar seguro, e espere ela acordar, vou ver o que aconteceu com as luzes.
Saímos do labirinto, enquanto Dilan vai em direção a casa, eu vou procurar meus pais, e saber o que aconteceu. Encontro meu pai conversando com Tared o chefe da segurança.
— Certifique-se de que todos estejam bem. — ele fala. — Peça para colocarem uma música leve de fundo, vamos tentar tranquilizar os ânimos.
— Sim, senhor. — Tared sai e nos deixa a sós.
— Sabe o que aconteceu? — pergunto.
— Alguém andou brincando com os disjuntores. — ele ri sem vontade.
— E, como alguém teve acesso a isso?
— Ainda não sabemos, mas vamos cuidar para que a noite não seja toda estragada, isso significa muito para sua mãe. — ele aperta meu ombro.
— Será que isso tem haver com a moça que entrou sem ser convidada? — pergunto, ele respira fundo.
— Acredito que não, ela é somente uma repórter. — ele me olha. — Está tudo bem com Alice?
— Sim, ela está na sala secreta, Sam foi encontrada desacordada no labirinto, mas parece estar bem, provavelmente se perdeu. — ele fica sério. — De novo. — enfatizo. — Dilan a levou para a dentro da casa, vamos esperar ela acordar. — Tyler e minha mãe se aproximam de onde estamos.
— Não fale nada para sua mãe, por enquanto, vou ver como ela está. — concordo.
— Pela primeira vez acontece algo interessante num evento promovido pela mamãe, não acha? — meu irmão me pergunta todo sorridente.
— Tyler! — nossa mãe o repreende puxando sua orelha.
— Aí... Só estou sendo realista, ver as pessoas correndo achando que iriam morrer foi o ápice da minha noite. — ele ri, e todos ficam sérios.
— Saiba que você é o principal suspeito.
— Pela primeira vez meu evento foi um verdadeiro desastre. — sua assistente nega e olha em seu tablet. — Como vou conseguir reverter isso?
— Não foi tão ruim assim. — ela mostra o tablet para minha mãe. — Os números nunca foram tão altos. — a moça sorri e minha mãe analisa.
— Mas amanhã o que irão falar? Esse é meu medo.
— Eu cuido da imprensa, mãe. — me aproximo e beijo sua cabeça. — Vou falar com a segurança, e você. — aponto para meu irmão. — Vá falar alguma coisa para os convidados, e vê se não faz merda.
— Eu nunca faço merda. — reviro meus olhos.
Saio dali indo em direção a sala secreta, precisava falar com Adam para que ele fizesse as ligações necessárias para barrar qualquer notícia. Assim que entrei na sala, vi Alice sentada em um dos sofás, Adam estava ao telefone e Georgina, a qual eu nem me lembrava mais, estava encarando Alice.
Alice veio ao meu encontro.
— Alguma novidade? — ela me abraça, retribuo.
— Até o momento parece que alguém andou brincando com os disjuntores. — olho para Adam e ao mesmo tempo olhamos para Georgina. Ela sorri.
— Em minha defesa eu estava com você.
— O que pra você, é a desculpa perfeita, não é mesmo? — Adam solta vindo até onde estou com Alice. — Sinceramente Alex, ela deveria ser barrada em qualquer evento.
— Ah Adam, é melhor superar o que aconteceu no passado, eu mudei. — ela beija os dois dedos, e se levanta. — Devolva meu celular, que eu tenho mais o que fazer. — ela sorri para Alice, e não me olha.
— Nos vemos nos Hamptons. — o segurança entrega a ela o celular e Georgina sai da sala.
— Que mulher intragável. — Alice fala olhando para mim e Adam. — O que ela fez no passado para essa animosidade toda?
— Ela quase matou uma pessoa com suas brincadeiras sem graça. — comento e Alice fica de boca aberta.
— Puta que pariu, e você deixa ela entrar, Alex? — Adam ri.
— Eu já falei o mesmo para ele algumas vezes depois do que aconteceu. — solto o ar e esfrego o rosto.
— Não conseguimos ligar ela ao o que aconteceu, você como advogado deve saber disso. — falo sentindo o cansaço bater.
— Eu sei, mas isso não anula o fato dela ter admitido para nós. — olho para ele. — Eu e você sabemos da verdade, isso já deveria ser o suficiente para no mínimo barrar ela.
— Georgina gosta de fazer joguinhos, e somente o fato de estarmos discutindo sobre isso, já a deixaria feliz. — enfio a mão no bolso para pegar meu celular que vibra com a chegada de uma mensagem.
Dilan: ela esta bem, seu pai acabou de conversar com ela, vou levá-la para casa com sua permissão.
Alex: Ok
— Vamos deixar ela de lado, e sua irmã, ela está bem? — guardo o celular.
— Sim, Dilan a encontrou desacordada no labirinto. Deve ter se assustado com o apagar das luzes e desmaiou.
— Deve? — Alice pergunta.
— Eu não falei com ela, quando eu a vi, ela estava desacordada, meu pai foi cuidar disso. — ela parece se tranqüilizar. — Ela está bem Alice. Não é a primeira vez que ela se perde lá dentro, ela encara isso como um desafio.
— São anos se perdendo. — Adam complementa. — Só não entendo como ela até hoje não conseguiu aprender a saída.
— E, hoje deve ter calhado de acontecer justo no momento do apagar das luzes. — ela concorda. — Mas Dilan vai levá-la para casa.
— Ele já foi? Eu gostaria de ir embora também, se você não se importar.
— Claro que não. — olho para o relógio, e mando uma mensagem para Dilan. — Ainda tenho algumas coisas para resolver antes de ir.
— Já liguei para algumas pessoas, creio que não vai vazar nada. — Adam fala olhando para seu celular.
— Mas teve uma pessoa que entrou sem convite, e ela é jornalista. — ele faz uma careta.
— Que merda. Mas será somente uma pessoa, mesmo que leiam, vai cair no esquecimento rápido.
— Assim espero. — Adam olha para mim e Alice, e sorri.
— Se me derem licença, tenho alguns telefonemas e fazer. — ele sai da sala, nos deixando a sós.
— Que noite. — Alice comenta voltando a me abraçar.
— Vá para casa descansar, logo eu chego e podemos terminar o que começamos no banheiro. — ela estreita os olhos para mim e sorri.
— Eu não comecei nada. — dá de ombros. Seguro seu queixo e beijo seus lábios. — Acho que a bebida afetou minha memória.
— Só me espere acordada. — ela sorri.
— Não demora, ok?
— Ok.
ALICE
Que noite, meu Deus!
Desço as escadas até o estacionamento onde Dilan está esperando, e assim que chego ao jardim, decido tirar meus saltos. Meus pés estão em frangalhos. Sigo descalça, e noto que pela quantidade de carros, ninguém decidiu ir embora. Bom para mãe do Alex.
Assim que chego na garagem da casa, escuto vozes alteradas, e meu coração se aperta. Olho para os lados e não vejo ninguém. Me sinto naquelas cenas de filmes de terror onde a personagem toma sempre aquela decisão idiota de ir para onde não se deve.
Mas reconheço uma das vozes.
Dilan.
E, ele parece estar furioso.
Será que está comendo o toco de algum segurança?
Sigo para dentro e quando me aproximo do carro, vejo Sam sentada na parte traseira do carro, com a porta aberta. Ela está de cabeça baixa, abraçada ao próprio corpo .
— Que merda você achou que estava fazendo? — Dilan volta falar furioso.
— Eu não sei ta bom? — ela devolve aos gritos. — Isso é culpa sua!
— Está tudo bem? — falo ao me aproximar. Dilan me olha, passa a mão nos cabelos e se afasta. Me aproximo de Samantha, e passo a mão em seu braço. — Ei, o que aconteceu? — ela não me olha, apenas enxuga as lágrimas.
— Estou bem, só preciso ir para casa. — ela não parece nada bem. Está tremendo.
— Seus pais ainda estão aqui, quem vai ficar com você? — ela ri sem muita vontade.
— Não que se eles estivessem lá fosse fazer alguma diferença. — ela passa o braço no nariz. E me olha. — Eu vou ficar bem. — ela sorri.
— Eu sei que vai, você vai pra casa do seu irmão comigo. — ela me encara espantada e olha para Dilan que permanece como uma estátua.
— Não... — ela tenta negar.
— Eu não vou deixar você sozinha, ponto final. — fecho a porta e olho para Dilan. — Estamos prontas, podemos ir? — ele concorda, dou a volta e entro no carro ao lado de Sam, que continua chorando.
Dilan entra e liga o carro e assim que saímos da casa, puxo Sam para meu colo. Ela não protesta, somente se deixa levar. Durante o percurso, fico fazendo carinho em seus cabelos, e noto que vez ou outra Dilan olha para trás pelo espelho, sempre olhando para Sam. Ao olhar para suas mãos, vejo que os dedos da mão direita estão machucados.
Não demoramos a chegar, subimos em silêncio, e assim que entramos na cobertura, levo Sam para o quarto que eu uso, usava, enfim. Percebo que ela está fazendo tudo meio que no automático. Vou até o armário e pego um dos meus pijamas e lhe entrego.
— Tem toalhas limpas no armário, mas você deve saber, afinal é a casa do seu irmão. — ela continua encarando as roupas em suas mãos.
— Na verdade eu não sei. — ela sorri fracamente e me olha. — Nunca dormi aqui. — sorrio.
— Sempre tem a primeira vez. — aperto seu ombro. — E se sinta privilegiada, porque eu serei sua companhia. — agora ela abre um grande sorriso. — Não ria, se fosse seu irmão, ai sim você estaria em desvantagens, ele é chato. — rimos.
— Sim, ele é. Obrigada.
— Não precisa agradecer, só tome um banho, vou preparar algo para comer.
— Eu não estou com fome.
— Mas eu estou. — na verdade eu não estava, mas logo estaria. — Se quiser algo estarei na cozinha. — sai do quarto deixando ela sozinha e fui para a cozinha.
Eu precisava tirar o vestido e tomar um banho, mas tinha algo a fazer nesse meio tempo. Entrei na cozinha e procurei no freezer uma das lasanhas que Mary tinha feito, massa seria perfeito. Pelo menos para mim. Meu organismo necessitava de carboidrato.
Quando fecho o freezer dou de cara com Dilan parado na cozinha.
— Estou voltando para o evento, qualquer coisa que precisar é só falar com o segurança de plantão. — coloquei a lasanha na bancada e o olhei.
— Certo. — olhei para ele. Quando Dilan se virou para sair o chamei. — Dilan?
— Sim. — ele se virou prontamente.
— Alex falou que você encontrou Sam desacordada. — ele concorda.
— Sim. — olho para sua mão.
— Pelo visto você se machucou. — aponto para sua mão. Ele não olha. Na verdade ele nem se mexe. — Sabe, eu não sei o que aconteceu, mas Sam não parece ter somente desmaiado de medo, ela está abalada emocionalmente, eu sei identificar algumas coisas, porque já passei por elas. E a forma como você estava falando com ela quando cheguei na garagem, não é o jeito que um segurança falaria com um de seus patrões, seria mais a forma como Alex falaria comigo, se fizesse algo bem estúpido.
Eu o encarava, e não consegui notar nenhuma mudança em seu semblante, ou alguma emoção. Ele era feito de gelo pelo visto.
— E, também não acredito que se algo sério tivesse acontecido você esconderia do Alex, mas é algo que Sam faria sem pensar duas vezes, ela não se sente importante, pelo que vi. — pela primeira vez ele muda o peso de uma perna para outra. — Pelo visto você não tem nada a falar, não é mesmo? — ele nega.
— Não.
— Certo. Confio em você. — ele fica nitidamente surpreso. Por um breve momento noto suas sobrancelhas levantarem, mas logo ele volta ao normal.
— Confia?
— Sim confio, se você diz que não tem nada a dizer, eu acredito, mas eu realmente espero que você tenha deixado seja lá quem foi em um estado bem lastimável.
— Porque acha que fiz algo?
— Era comigo que você estava antes de entrar lá, e suas mãos não estava machucada porque eu olhei quando você pegou sua arma. — ele tenciona o maxilar.
— As luzes estavam indo e voltando. — ele justifica.
— Eu só acho que seja lá o que aconteceu lá, Alex tem o direito de saber.
— Se a Sam tiver algo para contar, ela vai fazer, eu só posso falar do que vi. — ele dá um passo para trás. — Se me der licença eu tenho que voltar. — com isso ele sai.
— Se a Sam... Sei... até agora a pouco era Samantha... Agora já é Sam.
Algo estava acontecendo, e eu não estava gostando de nada disso. Peguei a lasanha, coloquei no forno, programei o timer e subi para tomar um banho e ver como Sam estava.
Acho que os planos do meu bonitão não iriam dar muito certo essa noite. Sorri.
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