CAPÍTULO 3
ALICE
Quando Adam me deixou em casa, ele me falou para não ligar para o jeito meio seco do amigo, que ele estava passando por dias difíceis. Eu realmente não me importei pela forma desinteressada que ele agiu, além de curiosidade.
Mas tudo não passa de um contrato.
Sento na cama olhando para o cartão de crédito que me foi entregue.
"Compre o que for preciso para ir à vernissage"
Bom, eu nunca estive em um evento assim, mas com uma rápida pesquisa na internet, eu consegui as informações que precisava, para não fazer feio. Eu já estava terminando quando a porta do meu quarto foi aberta e Tina colocou a cabeça para dentro.
— Obrigada pelo retorno. — falou magoada, então lembro que fiquei de ligar e não liguei.
— Me desculpa amiga, é que eu estava ocupada. — ela entra encosta-se na parede cruzando os braços.
— É. Eu sei. — seu olhar para mim é de decepção. — Eu vi com quem você chegou. — entendo sua magoa.
— Não é o que você está pensando. — falo e ela revira os olhos.
— Eu entendo, ou vou me esforçar a entender. — ela me olha e um sorriso fraco surge em seu rosto. — Afinal ele é gato e vive dando em cima de você. — largo o que estou fazendo e vou até ela. — Só corta o papo que não vai rolar, assim ninguém engana ninguém. — paro em sua frente e sorrio. Como eu a amo.
— Eu não saí com Adam. — ela levanta uma sobrancelha. — Não, espera. Eu saí com ele, mas dessa forma como você está achando. — ela bufa e revira os olhos. — Ele me arrumou um trabalho, extra. Era isso que fui resolver com ele. — o semblante dela se suaviza. — Eu não poderia estar te falando isso, mas não vou conseguir dormir se pensar que fiquei com Adam sendo que eu sei que você é apaixonada por ele.
— Não sou apaixonada por ele. — minha vez de revirar os olhos. — Ta bom vai, esqueça isso.
— Sei, eu que sou então.
— Não vai mais trabalhar no bar? — ela pergunta algo que eu realmente não tinha pensado.
— Não sei. — respondo e volto para perto da cama onde está o cartão. — Isso eu vejo depois com ele, mas antes eu preciso que me ajude a encontrar uma roupa ideal para uma, vernissage. — ela faz uma careta.
— Seu trabalho extra é esse? — ela se aproxima. — Geralmente os organizadores do evento que escolhem as roupas a serem usadas pelos empregados. — eu sorrio.
— Eu sei, mas eu não vou trabalhar dessa forma, vou acompanhar um amigo dele. — ela me encara séria.
— Você não está se prostituindo, está? — ela me pergunta alarmada. — Se ele te ofereceu algo assim, eu mato ele em dois tempos.
— Não! Calma. Porque pensou isso?
— Trabalho extra, acompanhante de um amigo dele, os amigos dele estão acostumados com isso, pagar por sexo. — ela dá de ombros. Jogo um travesseiro nela. — Mas quem é esse amigo? — penso em Alex.
Quando estive em sua cobertura, estava tão tensa com tudo que nem consegui reparar nele direito. Pego meu celular e digito seu nome, e quando uma foto dele aparece, vejo como ele é mais bonito do que pude reparar. Tina arranca o celular das minhas mãos.
— Puta que pariu Alice. — ela senta-se ao meu lado. — Que gato. Mas até agora eu não entendi esse negócio de trabalho extra. — eu sei que não poderia contar a ninguém, mas ninguém não se aplica a minha amiga.
Então conto a ela tudo que me foi proposto, e passamos os próximos trinta minutos conversando sobre o assunto. Foi bom eu ter contado a ela, dividir essa ideia doida com alguém, ajudou a me sentir mais segura.
— Vamos aproveitar a tarde e ir atrás do melhor vestido que esse cartão possa pagar. — ela segura o cartão como se fosse uma espada.
— Não posso demorar, ainda trabalho meio período. — lembro do que falei a Tyler sobre seu irmão ter me chamado para jantar, mas ali foi somente uma desculpa para não aceitar o convite dele.
— Vou agendar um horário para você no salão da Beth, assim você pode dar um jeito nessa juba que você chama de cabelo. — reviro meus olhos.
— Eu gosto do meu cabelo.
— Eu também amiga, principalmente quando ele esta penteado. — ela abre a porta. — Vamos levanta essa sua bunda grande daí, as horas estão passando, e temos um vestido para comprar.
Respiro fundo e sigo minha amiga.
ALEX
Eu estava terminando de analisar um relatório quando Tyler e Sara, entraram em minha sala conversando, sobre alguma coisa que não dei atenção. Continuei o que estava fazendo e mesmo que eu não olhasse, sabia que era alvo dos olhares dos dois quando o silêncio se fez presente.
— O que fazem aqui? — perguntei sem tirar os olhos das folhas.
— A pergunta correta seria o que você ainda faz aqui. — meu irmão fala ao se sentar a cadeira a minha frente. Encaro seu sorriso ordinário. — Você não esta esquecendo de nada, por um acaso? — penso e nada me vem a mente.
— Aqui estão os convites do vernissage, Adam disse que você mudou de ideia. — a menção do evento me faz lembrar, de algo.
"Seu irmão já me convidou para jantar"
"Eu saio as 20"
Olho no relógio e vejo que falta 20 minutos para o horário. Eu nem me lembrava, ou não levei a sério, estava na dúvida.
— Sara, consiga uma reserva em algum restaurante. — escuto meu irmão resmungar e Sara sorri batendo em seu ombro.
— Você me deve cem dólares. — ela diz a ele.
— Isso não vale. Você falou do evento. Ele não ia lembrar. — ele reclama, e ela revira os olhos.
— Vocês estão apostando, de novo? — pergunto mesmo já sabendo da resposta.
Os dois não perdem essa mania de apostar sobre as mulheres que eu saio. Como se vou lembrar o nome, dia, ou qualquer outra coisa da sortuda da vez. Essa é a forma como minha secretaria se refere a elas.
— Claro, gosto de ganhar dinheiro fácil. — Sara responde sorrindo para mim. — Já fiz uma reserva no Marea para as 20:30, já que ela sai as 20. Sei que gosta de massa, e um Italiano com frutos do mar é sem dúvida a melhor escolha. E minha dica de sobremesa são os bombolini. São uns mini donuts que mergulhados num creme caramelizado de banana, são simplesmente maravilhosos. — minha secretaria coloca a mao no peito como se precisasse respirar, então olha no relógio do pulso. — Também já pedi a Dilan que a buscasse no trabalho, assim você tem tempo de terminar isso aí, e assinar esses documentos aqui. — ela me entrega duas pastas. — São os dois contratos que você pediu, mais cedo. Faça tudo isso, e, eu deixo você curtir sua noite tranquilamente.
— Posso saber como conseguiu todas essas informações? — ela revira os olhos.
— Você acha que consegui esse cargo pelo meu belo sorriso? — pergunta com ironia.
— E que belo sorriso, diga-se de passagem. — meu irmão complementa, e recebe uma encarada dela. — Só estou te elogiando, calma. — ele levanta as mãos em defesa.
— Tenho meus meios de fazer meu trabalho com eficiência. Agora assine os contratos ou vai se atrasar. O que não é de bom tom.
Faço o que tenho que fazer e entrego tudo a ela, que sorri.
— Obrigada. Tenha um excelente encontro, e por favor Alex, não me ligue hoje.
— O que você tem de tão interessante hoje? — meu irmão pergunta, e da mesma forma que eles entraram, os dois começam a sair.
— Não é da sua conta, Ty.
— Não me chama assim, você sabe como eu fico. Ainda mais porque você recusa todos os meus convites.
Não escuto mais nada quando a porta é fechada. Olho para o relógio e fecho o notebook. Respiro fundo, me levantando sem animo algum para encarar um jantar com Alice. Era por esses e outros motivos que não me envolvia por mais de uma única noite.
Quando saio de minha sala, vejo que Sara e Tyler ainda conversam. Ela sorri e acena, depois fazendo um sinal de jóia. Fico esperando o elevador, e quando penso em chamar algum motorista da empresa para me levar até o restaurante, Adam aparece, conversando ao telefone. Ele para ao meu lado.
— Ok. Vou analisar e te retorno assim que possível. — ele desliga e me encara. — Saindo cedo hoje.
— Tenho um jantar para ir. — pela minha resposta noto que ele entendeu.
— Agora entendo as perguntas da Sara. — ele coça a cabeça. — Achei que era somente desculpa para calar seu irmão. — dou de ombros.
— A ideia não foi minha. — falo.
— Eu sei. Bom, mas já que vai, vê se melhora essa cara e procure ser simpático ao menos.
— Não precisa se preocupar, eu sei me virar. — ele balança a cabeça.
— Não estou preocupado com você, e sim com ela. — as portas do elevador se abrem. — Isso tem que durar 8 semanas, não estrague tudo hoje. — começamos a caminhar entre os carros.
— Você fala como se eu fosse a pior pessoa do mundo.
— Você não é a pior pessoa do mundo, Sofhia é. Mas digamos que você sabe ser intragável quando quer. — não respondi nada, mas eu já estava de saco cheio dessa conversa. — Cadê o Dilan?
— Foi pegar Alice. Ia chamar algum motorista, mas você pode me dar uma carona. — ele destrava seu carro e indica para entrar.
ALICE
Eu já estava terminando de guardar minhas coisas para sair, quando uma das garotas que trabalhavam no bar, parou ao meu lado e me encarou, com um sorrisinho estranho.
— O que foi? — perguntei fechando meu armário.
— Tem um bonitão parado na frente do bar, e algo me diz que ele esta esperando por você. — claro que essa informação me deixou ansiosa. Será que Alex veio?
— O que te faz pensar que seja por mim? Pode ser por outra pessoa. — ela sorriu, e saiu indo em direção a cozinha.
— É pode ser.
Terminei de pegar minhas coisas e senti aquele friozinho na barriga quando comecei a me encaminhar para fora. Quando sai, vi o mesmo homem que estava ao lado do carro na garagem do Alex. Quando ele me viu, desencostou do carro e veio em minha direção.
— Senhorita Martim, sou Dilan Ross, motorista do senhor Alexander. Vou levá-la até o restaurante, ele estará esperando a senhorita lá. — dito isso ele abriu a porta do carro para mim.
— Boa noite Dilan, pode me chamar de Alice, nada muito formal, por favor. — ele sorriu, mas não falou nada.
Entrei no carro me sentindo estranha. Aquele frio na barriga piorou quando ele fechou a porta. Eu realmente não imaginei que Alex fosse levar a sério sobre o jantar. Dei uma olhada para minha roupa, não sei aonde iríamos, mas calça jeans, e casaco de moletom teriam que servir.
Não demorou para que o carro parasse em frente ao restaurante Marea, no Central Park South. La ia eu passar vergonha com minha roupa simples. Dilan abriu a porta para mim, e deve ter notado algum receio em mim, porque mais uma vez ele sorriu de forma cordial. Desci e ele me acompanhou até a entrada, onde uma moça já me esperava.
— Alice Martim. — ele falou para ela que olhou em um tablet, e então sorriu.
— Claro, pode me acompanhar, sua mesa esta pronta.
Me, despedi de Dilan com um sorrisinho, e segui a moça até uma mesa bem discreta, em um dos cantos. E agradeci por isso, mas o detalhe era que eu estava sozinha, Alex não estava aqui.
— Quer pedir alguma coisa para beber, enquanto espera?
— Pode me trazer uma coca-cola. — ela me encarou séria, mas quando viu que eu falava sério, concordou e saiu.
Respirei fundo e esfreguei minhas mãos na calça, dissipando a ansiedade. Logo que um garçom trouxe o que pedi, eu vi Alex entrar, e foi nesse momento que consegui olhar e dar aquela checada básica no homem que começou a caminhar em minha direção. E foi justamente aqui que passou pela minha mente que eu possivelmente assinei minha sentença com o pecado.
Ele não era somente um homem que chamava atenção pela beleza, era também intrigante e instigante. Com esse seu jeito todo fechado, despertava curiosidade.
Ele falava ao telefone, e estava meio distraído. Mas seu semblante continuava fechado, como hoje mais cedo.
— Desculpe o atraso. — ele falou ao se sentar a minha frente.
— Você sabe que não precisava desse jantar, foi somente uma desculpa para seu irmão, então não precisa se desculpar. — ele me olhou em silêncio por um minuto, e por fim concordou.
— Se eu falar que não marquei esse jantar, você acreditaria? — ponderei o que ele falou analisando os fatos.
— Claro, seu motorista foi me buscar por pura coincidência, como conseguir essa reserva de ultima hora, enfim. — ele não falou nada, mas vi seu lábio se mover num leve sorriso, quase imperceptível. — Mas se analisarmos por você ser quem é, isso não é nada demais, basta um telefonema e esta tudo resolvido.
— Costumo ter pessoas competentes trabalhando para mim. — ele olhou para meu copo de refrigerante.
— Isso eu não tenho a menor dúvida.
O garçom chegou trazendo o cardápio, e fez algumas explicações sobre alguns pratos. Alex escolheu a entrada, sendo ostras gratinadas. Não seria minha escolha, por ser algo afrodisíaco, mas não disse nada. De prato principal escolhi um tal elogiado pelo garçom, nhoque com camarões a moda da casa, Alex fez seu pedido e o garçom escolheu um proseco que combinava com os pratos. Depois disso o silêncio pairou no ar, e foi estranho.
— E, então. — comecei uma conversa qualquer. — Você não é de falar muito, pelo que vejo.
— Não, não sou. — pensei em puxar algum assunto, mas o que ele falou a seguir, foi o mesmo que jogar um balde de água fria. — Podemos cortar essa parte de se conhecer, não tem necessidade.
— Claro. — respondi e tomei um pouco do meu refrigerante. — Só precisamos ser vistos juntos. — eu mal terminei de falar e senti alguém se sentar ao meu lado e passando o braço por meu ombro.
— Ainda não acredito que me trocou pelo chato do meu irmão. — acabei sorrindo ao me deparar com Tyler ao meu lado. — Essa vai ser difícil de superar, Bela. — ele fez uma cara de choro.
— Já cansou de perturbar a Sara? — Alex perguntou, e parecia meio chateado. O que parecia ser uma característica dele.
— Na verdade não, mas ela tinha "algo" para fazer. — o clima estava estranho.
— Se me derem licença, vou ao banheiro. — me levantei.
— Se importa? — Tyler apontou para o restante da coca-cola da garrafa.
— Vai fundo. — ele sorriu, e piscou.
Segui para o banheiro, e pela primeira vez eu não tinha a menor pressa em voltar.
ALEX
Assim que fiquei sozinho com meu irmão, fui direto ao ponto.
— O que faz aqui? — indaguei.
— Minha esperança era que você tivesse desistido, e eu salvaria a noite dessa pobre donzela, em passar um tempo ao seu lado. — ele falou sorrindo.
— Você não se cansa disso? — perguntei.
— De tentar tirar meu irmão de dentro dessa armadura que você se enfiou? Não eu não me canso. — ele falou sério, colocando a garrafa na mesa. — Agora eu te pergunto. Você não se cansa de ser assim? Eu sei que foi uma merda o que aconteceu, mas porra Alex, já se passaram anos, chega. Eu dou em cima das mulheres que você sai, não pra sair com elas, mas pra ver e consigo arrancar de você alguma reação. Eu sou seu irmão, eu jamais faria isso com você. — nos encaramos por um minuto em silêncio. — Eu vi aquela merda de matéria, sobre você e cadela da Sofhia.
— Não deveria dar atenção a essas coisas. — e la estava eu fingindo mais uma vez, ser algo que não era. Só não admitia o medo que todos tinham.
— Eu não dou. — falou meio contrariado. — Ainda mais depois que vi você com Alice. Gostei dela, apesar da semelhança dela com sua ex, Alice parece ser normal e legal.
— E você descobriu isso tudo hoje, com uma simples olhada e cinco minutos de conversa? — acabei rindo sem vontade.
— Nas olhadas pode acrescentar meia dúzia, e de simples não tiveram nada. — ele piscou. — Sou um cara observador, você sabe. E não é possível que você não tenha reparado nela com aquela roupa de ginástica. — ele fez um bico e respirou fundo.
— Pare de falar dela assim, ela é uma pessoa... — ele me cortou.
— Exatamente. Uma pessoa. Que sente, que tem desejos e necessidades que vão além de uma noite de foda.
— Falou o cara que não pode ver um rabo de saia, e que já saiu com metade da cidade.
— Pois é, justamente por ter esse vasto currículo que sei que do que estou falando. — o silêncio voltou. — Enfim, só tenta recomeçar, de uma chance a ela de verdade, tenta viver a vida com se deve. Eu tenho saudades do meu irmão, aquele que ria das minhas piadas, que enchia meu saco nos almoços de domingo na casa da mamãe. — suas palavras me acertaram como um soco na boca do estômago. Ele segurou a garrafa em sua mao e balançou. — Ela pediu coca-cola, Alice nem é gente é um anjo. — ele riu, e acabei rindo junto.
— Suma daqui. — falei chamando o garçom para pedir outro refrigerante, e o telefone dele começou a tocar e ele olhou a tela, e o sorriso dobrou de tamanho.
— Eu vou, mas vê se aproveita a noite e não fode com tudo. — ele parou quando começou a se levantar. — Você entendeu que parte não é pra foder, certo?
— Tchau, Tyler. — ele riu e atendeu o celular.
— Lana. Acredita que eu estava pensando em você nesse exato momento, que sintonia sinistra essa nossa gata. — ele se afastou, no momento em que Alice se aproximava. Tyler deu um beijo em seu rosto. — Cuida direito desse mala pra mim. — falando isso se foi.
— Não acredito que me senti especial em algum momento. — ela comentou rindo. Lembrei do que ele falou a seu respeito.
— Mas deveria, ele realmente gostou de você. — notei que o que falei a deixou constrangida.
O garçom se aproximou trocando seu copo de bebida. Aproveitei esse momento para observá-la melhor. Tentei ver o que meu irmão disse ter visto. Mas tudo que via, era uma jovem, que tinha sim, alguns traços que lembrava Sofhia. Será que esse era o motivo de não me sentir a vontade na presença dela?
— Posso te fazer uma pergunta? — falei chamando sua atenção.
— E, todo aquele papo de vamos pular essa parte de se conhecer? — não respondi e ela somente sorriu, balançando a cabeça. — Pode perguntar.
— O que te fez aceitar? — ela bebeu um pouco de refrigerante, e sorriu.
— O mesmo que te levou a me contratar. — ela disse respirando fundo. — Uma necessidade. Pode ser diferente dependendo do ponto de vista que se olha, mas não é. Você precisava de alguém, e esse alguém aqui. — ela aponta para si mesma. — Precisa de uma oportunidade.
— E, de dinheiro. — comentei por comentar, e ela me encarou séria.
— É, e de dinheiro. — pelo tom de sua voz, ela não gostou. — Você não esta se achando superior por não estar precisando do dinheiro, não é mesmo? Porque independente da sua conta bancaria ser bem gorda, aqui estamos no mesmo nível. — o garçom trouxe as entradas, e Alice sorriu agradecendo e sendo gentil com o homem. Ela ficou encarando as ostras.
— Já comeu?
— Já.
Ficamos em silêncio enquanto começamos a comer. Ela comeu somente duas e parou.
— Não gostou? — eu estava curioso.
— Gostei, mas duas é meu limite. — ela voltou a beber seu refrigerante. — Gostei do ambiente, essa música ao vivo da um charme. — concordei.
A forma como ela falou e sorriu gentilmente, me lembrou das palavras do Adam: procure ser simpático ao menos.
Senti necessidade de falar algo.
— Só não quero que entenda algo errado Alice. — ela me encarou e franziu a testa. — Sobre pular a parte, não quis ser grosso ou algo do tipo. — ela compreendeu sobre o que eu falava.
— Seu medo é que eu me apaixone por você?
— Não é medo, é somente algo que não procuro. Deixando tudo em pratos limpos, acredito ser melhor para ambos. — ela concordou.
— Não se preocupe, sou adulta suficiente para saber separar as coisas. — disse, e no mesmo instante os pratos principais foram servidos e o assunto foi deixado de lado.
ALICE
Por incrível que pareça, eu achei que o clima fosse focar estranho depois da nossa conversa esquisita, mas confesso que não, acho que foi até melhor.
— Esses bolinhos são divinos. — falei limpando a boca no guardanapo.
— Foi uma indicação da minha secretária. — ele comentou e eu fiquei surpresa. — Não me pergunte como ela descobre certas coisas, isso eu não sei. — rimos. O clima estava leve, ele continuava fechado, mas ao menos respondia o que eu perguntava.
— Depois de um jantar desses, o maximo que posso querer agora é minha cama, e fazer a segunda coisa que mais amo na vida. — o garçom trouxe a conta, e notei que Alex ficou me encarando. — Dormir. — falei.
— Você parece estar cansada.
— E, estou.
Quando estávamos saindo do restaurante, eu estava a frente de Alex, mas sentia ele logo atrás de mim. Então uma moça simplesmente parou a minha frente, cruzou os braços e me encarou, para logo depois olhar para trás de mim.
— Você esta ignorando minhas ligações, e eu achando que você poderia estar ocupado com algo importante. — ela ri sem vontade. — Logo se vê com o que você esta ocupado. — senti mao de Alex apoiar na base da minha coluna.
— Aqui não Samantha. — Alex falou baixo, mas com autoridade. A moça revirou os olhos, e voltou a me encarar. — Alice, essa é Samantha, minha irma. — ajeitei a postura ao ouvir "irma"
— Porque não atende minhas ligações? — ela voltou a perguntar me ignorando por completo. Não sei se ficava feliz, ou com raiva.
— Como você pode ver, estou ocupado. — ela me encarou. — Talvez quando você estiver menos mal humorada e num nível civilizado para usar a educação que nossa mãe lhe deu, eu retorne.
— Mamae esta preocupada com você.
— Boa noite, Sam. — Alex segurou minha mão e fomos em direção a saída do restaurante. Quando chegamos a rua, Dilan estava a nossa espera. Entrei no carro, e sentia minha respiração pesada.
— Desculpa por isso. — ele falou quebrando o silêncio.
— Relaxa, conhecer quase toda sua família num único dia estava nos meus planos. — rimos, ele talvez por achar graça da situação, eu estava rindo de nervoso, mesmo. — Como podem ser tão diferentes, seu irmão parece ser legal.
— Samantha é legal. — ele ponderou. — Ela só esta brava comigo.
O silêncio voltou quando o carro começou a se mover entre os outros nas ruas da cidade que não dorme.
Algum tempo depois o carro já se aproximava da minha casa.
— Obrigada pelo jantar. — falei sentindo uma sensação estranha de agradecer. Não sei pelo que exatamente. — Foi uma noite ótima. Pelo menos para mim. — acabei rindo e olhando as horas. Já passava da meia noite. — Nos vemos amanhã certo?
— Sim, meu motorista vem te buscar. — falando isso ele olhou para fora. Creio que se dando conta de onde estávamos. — É aqui onde mora?
— Sim. Exatamente aqui. — o carro parou na frente do pequeno prédio e tratei de me despedir. — Bom até amanhã então.
— Boa noite Alice.
Boa Noite, se der na quinta eu apareço com mais... bjos 😘
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