CAPÍTULO 28
Segure Minha Mão
(Me diga)
(Que você precisa de mim, sim)
Segure minha mão
Tudo vai ficar bem
ALEX
A forma como Alice está me olhando, me deixa intrigado. É algo que varia entre surpresa e até mesmo decepção. Ver o nome de Adam na tela do seu celular não é uma surpresa, levando em conta as circunstâncias. Uma senhora se aproxima de onde estamos e a reconheço como sendo a mãe de Alice.
— Fecha a boca meu amor. — falo dando um rápido beijo no canto da boca de Alice. Afinal me ver ali não deveria ser algo tão espantoso. Ou seria?
— Filha. — Alice parece sair do transe ao ouvir a voz da mãe. Ela olha para a mãe, que nos encara em expectativa.
— Mãe... É... — Alice gagueja e volta a me encarar.
— Senhora Mônica, sou Alexander. — me apresento e estendo a mão para cumprimentá-la. — Esperava encontrar a senhora e sua família em circunstâncias diferentes. — a senhora sorriu concordando, e olhou preocupada para Alice.
— Tia, o médico. — a moça que estava importunando Alice quando cheguei, fala chamando a atenção de todos.
— Quem está acompanhando o senhor Paul Benson?
— Doutor como ele está? Sou a esposa. — a mãe de Alice foi até o médico que se aproximou para atualizar o quadro.
— Seu marido passou por alguns exames onde foi descartado o infarto, mas na tomografia apontou que ele está com um quadro de dissecção aórtica. — o médico começou a olhar no prontuário que ele segurava.
— O que é isso? — Alice perguntou. — Eu sou a filha.
— As veias são compostas de três camadas, interna, média e externa, e quando a camada interna da aorta se rompe permite que o sangue entre através da lesão, criando um novo caminho na camada média, isso causa a dissecção da aorta, a cirurgia consiste em colocar uma prótese tubular na região afetada.
— A cirurgia é de risco?
— Toda cirurgia tem os seus riscos, mas não tenha pensamentos negativos, o quadro do seu pai é bom, na maioria dos casos, eles são fatais, pela demora na prestação de socorro.
— Ainda bem que eu estava lá, então. — Alice olha para a moça que sorri enquanto a mesma a encara. — Não precisa me agradecer agora, prima. — depois de falar isso ela se afasta e volta a sentar.
— Eu preciso que a senhora assine a autorização para cirurgia.
— Tudo bem, onde eu faço isso? — Mônica perguntou enquanto tentava se acalmar.
— No final do corredor tem o atendimento, eles vão imprimir os documentos necessários. — ele segurou no ombro dela e a animou. — Vai dar tudo certo, tenha fé.
O medico saiu, e Alice me encarou e voltou a olhar para a mãe.
— Mãe, vai se sentar deixe que eu cuido disso. — ela segurou meu braço e seguimos para a cabine de atendimento. — Eu estou tentando falar com Adam faz tempo e só cai na caixa postal, eu preciso do dinheiro do contrato, minha mãe não tem condições de pagar os gastos até aqui, quem dirá uma cirurgia. — ela ficou nervosa e começou a chorar.
— Ei. — parei de andar e a segurei de frente para mim. — Calma vai dar tudo certo, eu estou aqui.
— Eu sei que vai passar do valor que tenho, mas agora trabalhando eu posso ir pagando, eu só preciso do dinheiro. — ela estava tremendo.
— Alice esquece o contrato. — falei a abraçando.
— Não posso simplesmente esquecer, eu preciso dele. — ela estava nervosa demais, para essa conversa.
— Depois falamos sobre isso.
Segui com ela até a cabine e ela deu todos os dados do pai. Quando Alice terminou de passar os dados a atendente olhou com pesar.
— Eu sinto muito mais o plano de saúde dele, não cobre os procedimentos.
— Eu sei, só preciso que você me passe os valores. — a moça lhe entregou um papel. — Cento e setenta e cinco mil dólares? — Alice falou assustada.
— E, mais dois mil trezentos e setenta e dois dólares, por dia de internação após a cirurgia.
— Prepare os documentos, por favor. — pedia á atendente que me olhou sem jeito. — Tem algum problema?
— Eu preciso de um cartão para registrar. — peguei minha carteira e entreguei a ela meu cartão. — Desculpe, são as normas, já que o valor é muito alto precisamos de uma garantia, senhor. — ela leu o nome no cartão e me olhou novamente. — Senhor Colth?
— Já que meu nome te faz alguma menção, quando o paciente sair da cirurgia, transfira-o para ala particular.
— Sim senhor. — ela me entregou o cartão.
Depois de tudo resolvido fiquei ao lado de Alice até a enfermeira vir avisar que Paul estava entrando em cirurgia. Que poderia durar até 6 horas. Alice conseguiu convencer a mãe, a ir tomar um café, e a prima se ofereceu para ir. Quando estávamos sozinhos ela me olhou.
— Como você está se sentindo? — perguntei.
— Não sei dizer. — ela ficou me encarando. — Ainda não acredito que está aqui. — estiquei a mão colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha.
— Vai dar tudo certo, não se preocupa. — um sorriso fraco surgiu em seus lábios.
— Achei que estava bravo comigo. — ela falou esfregando o rosto.
— Fiquei puto da vida se quer saber, mas não estou bravo. — ela voltou a me olhar. — Adam é meu amigo também, Alice. — ela concordou. — Me senti na obrigação de falar com ele, já que sei que ele tem sentimentos por você.
— Eu gosto dele, mas não da forma que pensa. — uma lágrima desceu por seu rosto e eu enxuguei-a com o dedo.
— Vamos deixar essa conversa para depois. — ela concordou. — Gostou da orquídea? — ela sorriu.
— É linda. Obrigada! — agradeceu e me deu um tapa na perna. — Não ameace mais minha assistente. — lembrei da moça que gaguejou após me identificar ao telefone. — Isso não é justo.
— Talvez.
— E, quem coloca feliz primeiro dia em um cartão? — dei de ombros.
— Sempre foi Sara quem escreveu, então. — ela balançou a cabeça em negativa.
— Você não pode fazer essas coisas Alex. — ela voltou a chorar. — Não pode. Não é justo. — Alice voltou a bater na minha perna. Eu puxei e a abracei.
— Filha? — sua mãe chegou e ela escondeu o rosto em mim.
— Ela só está nervosa. — justifiquei. A mãe concordou e sentou ao lado da filha e lhe fez carinho.
Não demorou, para que Alice dormisse. As horas passaram, e após quatro horas a enfermeira avisou que tudo tinha corrido bem e que logo o médico viria conversar com a família. Vez, o, outra peguei a tal prima olhando para Alice.
ALICE
Eu sorria.
Não tinha certeza de onde eu estava, mas estava feliz. A sensação quentinha, o cheiro, era tudo tão reconfortante. Inclusive a carícia que senti em meus cabelos, seguido de um toque em minha bochecha.
— Alice. — uma voz baixa me chamou.
— Hum? — gemi enquanto me espreguiçava.
— Você está babando de novo. — a voz eu reconheci sendo de Alex.
Alex. Pensar nele me trouxe novamente a situação. Meu pai. Hospital. Fiquei desperta em segundos, mas minha visão estava embaçada, e sentia um gosto amargo na boca. Me, sentei ajeitando-me no lugar, e vi que minha prima ainda estava aqui, estava distraída no celular.
Olhei para Alex.
— Que horas são? — ele olhou no relógio.
— Cinco e quarenta. — me recostei sentindo meu corpo reclamar da má posição que dormi.
— Não acredito que dormi, com meu pai estando na sala de cirurgia. — falei esfregando o rosto.
— A cirurgia acabou daqui a pouco o médico vem para conversar com vocês, mas seu pai está bem, não se preocupe. — olhei para minha mãe que andava de um lado para o outro, com as mãos, no peito. Eu sabia que era o jeito dela, de agradecer em orações. — Reservei dois quartos no hotel aqui em frente, assim podemos descansar.
— Dois quartos? — perguntei sem entender.
— Um para nós e um para sua mãe. — ele respondeu e sorriu. — A não ser que você queira dividir a cama comigo e sua mãe. — eu ri.
— Besta.
— Seu pai provavelmente vai ficar na UTI, então não adianta ficar aqui, ir descansar é o melhor, e quando ele for para o quarto, ai vocês podem ficar com ele. — virei á cabeça e encarei Alex.
— Você parece entender bastante do assunto. — o sorriso dele sumiu, e ele tirou a mão que estava estendida no sofá, atrás das minhas costas.
— Acerte tudo com sua mãe. — ele respondeu enfiando a mão no bolso e puxando dois tickets, e me entregou um. Seu celular começou a tocar.
Estiquei as pernas, testando para ver se não estavam dormentes, e me levantei. Quando fui em direção onde minha mãe estava o médico apareceu. Escutei com atenção tudo que ele explicou, e fiquei aliviada ao ouvir dele que a recuperação seria tranquila, se as recomendações forem seguidas.
— O difícil será manter o tio na cama. — Suzy comentou rindo. — A senhora tem um trabalhão e tanto pela frente tia. — nós três acabamos rindo, porque sabíamos que era uma verdade.
Alex se aproximou de onde estávamos então lembrei do hotel.
— Mãe, Alex reservou um quarto para a senhora ir descansar. — ela já começou a negar. — Dona Mônica, não adianta á senhora ouviu o que o médico falou, ele está sedado e depois irá para a UTI, onde ninguém vai poder visitá-lo.
— Li, tem razão tia, vá descansar. — eu odiava esse apelido, mas não era o Momento de questionar.
— Eu preciso ver o Ben, ele estava tão nervoso ontem.
— Falei com mamãe, ele está dormindo, ele está bem tia, criança não entende tanto assim.
— Eu vou e fico com ele em casa, não se preocupe. — falo segurando sua mão. — Agora pegue esse cartão, e vá descansar. — minha mãe me abraçou.
— Obrigada filha, eu não saberia o que fazer se você não estivesse aqui. — pensei no valor de tudo, e sei que minha presença não faria a diferença. A sorte foi Alex ter aparecido. Ela se afastou e olhou para ele. — Obrigada Alexander.
— Não precisa agradecer.
— Não repare a casa é simples, mas é bem cuidada.
— Ah não, o Alex vai ficar no hotel. — falei sem pensar, e minha mãe estranhou.
— Porque acha isso? — Alex perguntou, eu dei de ombros. Ele riu. — Acho que ela ainda não acordou direito.
— Bom eu vou indo. — Suzy se despediu. Eu queria dizer que ela ia tarde, mas ouvir do medico que o socorro prestado fez toda a diferença, me impedia de fazer isso. — Quando Ben acordar eu levo ele até sua casa tia.
— Obrigada meu amor. — minha mãe a abraçou e Suzy sorriu para mim. Revirei meus olhos. — Serei eternamente grata a você.
— Que isso tia, eu fiz porque amo todos vocês, e pode contar comigo sempre. — ela falou e senti que era uma cutucada para mim. — Até depois. — ela seguiu para os elevadores e eu dei graças a Deus.
—Então vamos, ou durmo ali mesmo. — Alex falou e acabei rindo.
— Seria interessante ver você roncando ali. — falei.
— Pelo menos eu não babo na camisa de ninguém. — ele apontou para sua camisa onde tinha uma marca. Fechei meus olhos ele riu.
— Vocês são tão fofos juntos. — olhei para minha mãe que falou, e fiz uma careta.
Seguimos para casa, já que Alex insistiu. Quando chegamos, eu fiquei um tempo olhando ela de dentro do carro, antes de descer.
— Parece que sai daqui ontem — falei abrindo a porta do carro. — Está tudo igual.
Segui para porta e ela fez o mesmo rangido.
— Meu pai já consertou essa porta inúmeras vezes, mas esse barulho não sai. — falei sorrindo com as lembranças.
— Pode ser a forma dele saber quando alguém entra e sai. — olhei para ele que bocejava. — Eu preciso dormir. — ele olhou no relógio. — Tenho uma reunião por vídeo daqui a quatro horas.
Subimos as escadas e entrei no meu antigo quarto, creio que minha mãe realmente estava me esperando, porque está tudo limpo.
— A cama é de solteiro, vai ter que servir. — falei indo até o armário pegar umas roupas, porque eu precisava tomar um banho.
— Durmo até no sofá se fosse o caso. — Alex falou começando a tirar a roupa.
— Poderia ter ficado no hotel. — ele jogou a camisa no chão e se sentou tirando os sapatos.
— Poderia, mas o que sua mãe pensaria de mim se deixasse você sozinha? — olhando por esse lado realmente fazia sentido.
— Aqui não temos um banheiro em cada quarto, tem um no corredor e um que fica no quarto dos meus pais. — dei de ombros. — Se quiser usar.
— Certo. — ele respondeu mexendo no celular e deitou. Sozinho ele ocupou quase toda a cama.
Voltei a mexer no meu armário, eu queria uma roupa confortável para me trocar. Depois de mexer um pouco vi que quase nada mais me servia. Mas por agora iria servir. Quando fechei a porta, vi que Alex já dormia pesado. Fui até a cama e puxei a manta para cima dele.
Nós precisávamos realmente conversar.
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