CAPÍTULO 17
Boa Noite povo lindo!!
Boa Leitura.
ALICE
Eu fiquei encarando a porta por alguns minutos após a saída de Alex. Ele não duvidou do que falei, na noite passada. Puta merda!
— Se você o odeia, está sozinha nessa amiga. — tina falou se sentando ao meu lado na cama. Ela também olhava para a porta. —Não posso odiar alguém que queria e quer humilhar aquele verme do seu ex-chefe. — eu ainda estava assimilando tudo.
— Como eu ia saber?
— Você ao menos tentou perguntar a ele sobre isso? — neguei. — Imaginei. — ela riu batendo na minha perna. — Eu tenho que ir trabalhar, mas se quiser eu falto. — neguei.
— Não precisa, eu vou embora. — me levantei indo pegar minha bolsa que Alex deixou em cima da cômoda.
— Ele chegou rápido não acha? — ela pegou suas coisas, e veio para perto de mim.
— O segurança avisou quando saímos do parque. — ela segurou meu ombro.
— Vocês são tão bonitinhos brigando, mas deveriam tentar se entenderem, dissipar essa tensão sexual entre vocês. — revirei meus olhos.
— Tina...
— Estou falando sério, vocês estão vivendo a pior parte de um relacionamento, as brigas.
— Não existe um relacionamento de verdade. — comecei a ir em direção a porta.
— Se essa briga é de mentira, já imaginou como seria transar de mentira também?
— Cala a boca! — falei segurando o riso. — Você só fala bobagem.
— Eu falo o que penso. — ela deu de ombros, e demos de cara com Dilan parado no corredor. Nossa vizinha depravada o encarava, como se ele fosse sua próxima refeição. — Fecha essa boca, credo! — Tina falou com ela, enquanto fechava a porta.
— Vai se fuder. — a velha resmungou antes de fechar a porta.
— Acabei de te salvar de ser devorado pelo monstro do 32. — segui para as escadas rindo.
— Acho que devo agradecer então. — Dilan falou escondendo um sorriso. — Obrigado.
— De nada bonitão. — ao chegarmos do lado de fora, Thomas estava com o carro a nossa espera. — Ei você! — Tina entrou ao lado do motorista e começou uma conversa com Thomas, sobre episódios de alguma série de zumbis.
Dilan abriu a porta de trás para mim, e entrou pelo outro lado. Deitei minha cabeça encostando no vidro, fechei meus olhos, só queria apagar e esquecer que esse dia aconteceu. eu estava cansada, e deixei meu corpo se entregar.
Escutei vagamente a conversa entre Dilan e Tina, quando eles a deixaram no trabalho.
"Se ela não estiver melhor amanhã, me liga que eu vou lá cuidar dela"
Eu amo minha amiga de um jeito inexplicável. Chegar ao prédio de Alex, descer e cair na minha cama, não passava de um borrão em minha mente. Nem a roupa fui capaz de tirar. Somente deitei e puxei as cobertas me cobrindo.
No dia seguinte estava desperta antes das sete da manhã. Tomei um banho, coloquei uma roupa de ginástica, e iria sair para correr. Já tinha muito tempo que não fazia isso, e meu corpo estava sentindo falta.
Imaginei que encontraria Alex em algum lugar da cobertura, mas tudo estava silencioso demais. Encontrei com Mary na cozinha.
— Vai querer algo especial para o desjejum?
— Não, na verdade não vou comer nada agora, vou correr. — ela sorriu concordando. — Sabe se Alex já saiu? — ela me olhou de forma estranha.
— Ele não dormiu em casa essa noite. — respirei fundo. Concordei e saí para correr.
Saber que ele não tinha dormido na cobertura me deixou com raiva. Eu já não sabia dizer se tinha o direito de sentir raiva, mas eu sentia, e quanto a isso não poderia fazer nada. Quando cheguei ao térreo vi Thomas de terno e gravata.
Ele segurava uma caneca de café, olhou para minhas roupas em seguida para as deles.
— Merda! — falou jogando o copo de café na lixeira e vindo atrás de mim.
Ri quando comecei a correr e ele vinha xingando logo atrás. Fui em direção ao central park. Depois de correr por alguns quilômetros, diminui a velocidade aos poucos e comecei a caminhar entre as pessoas. Ouvi os passos de Thomas ao meu lado.
— Desculpa por não ter avisado que iria correr.
— Sem problemas. — disse ele quase sem voz, com a respiração irregular. — Só me diz que isso não é um habito? — comecei a rir. — Imaginei.
Fiquei mais um tempo andando pelo park e quando voltei para a cobertura, me tranquei no quarto e aproveitei meu momento reclusão e coloquei algumas séries que tinha abandonado por falta de tempo, em dia.
Passei o dia comendo e assistindo TV. Eu tinha que ir até bar e ver como ficaria minha situação, não queria, mas acho que teria que pedir as contas. Não consigo me ver trabalhando lá depois de tudo. Muitos que ali freqüentavam trabalhavam nos escritórios ao redor, ou seja, algumas dessas pessoas poderiam ser funcionários de Alex.
Não pegaria muito bem, a namorada do chefe servindo bebidas e escutando piadas. Eu iria precisar conversar com o senhor ranzinza e ver como tudo iria ficar, enquanto isso não acontecia, eu ficaria por aqui.
No dia seguinte acordei disposta a resolver minha vida, de uma vez por todas. Ao descer as escadas encontrei com Dilan de saída. Não tinha visto Dilan nem Alex no dia anterior, será que Alex estava em casa então?
Não ele não estava, e a noite quando encontrei com seu fiel escudeiro não agüentei e perguntei.
— Você sabe por onde anda seu digníssimo chefe? — ele me olhou com um leve sorriso.
— Na empresa. — torci os lábios, pensando.
Dilan havia escutado nossa discussão, e hoje ele sabia que tudo era mentira, então eu não precisa mais disfarçar perto dele.
— Ele sumiu, preciso resolver algumas coisas. — ele concordou.
— Tentou ligar? — ele perguntou. Neguei. — Tente, eu sei que ele não vai rejeitar. — ele olhou para os lados, e voltou a me encarar. — Você foi bem convincente quando disse que o odiava. — meu coração pesou. — Ele só está te dando espaço.
— Que merda. — xinguei, ele riu. — Ele também não facilita.
— Tudo que é fácil, acaba fácil. — encarei Dilan.
— Você é terapeuta dele também? — ele riu e abaixou a cabeça. — Não tenho cara de aparecer lá assim sem motivo. — ficamos em silêncio me encarando, então puxou uma caneta e procurou um pedaço de papel. Anotou algo e me entregou. — O que é isso?
— A senha do anexo. — ele guardou a caneta no bolso novamente.
— Porque está me dando isso? — ele riu.
— Já foi ao bar? — neguei.
— Lá você encontrará motivação de ir até ele. — ele começou a sair.
— Ei, como assim? O que você fez? — ele abriu a porta.
— Eu só cumpro ordens Alice. — ele me olhou. — Cobre do responsável pelas ordens. — eu não sabia sobre o que ele estava falando, mas já sentia um formigamento pelo corpo. Dilan saiu fechando a porta.
— Alex não fez o que estou pesando. — falei voltando para meu quarto. Eu iria descobrir isso agora mesmo.
(***)
— Cachorro! — Bruce me encarava sem entender.
— Quem exatamente?
— Não é de você que estou falando. — ele ficou aliviado. — Mas você poderia ter me ligado e perguntado, não acha? — ele deu de ombros.
— Eu não seria uma pedra no caminho do Colth. — ele ponderou enquanto limpava o balcão. Pelo visto ele ainda não tinha encontrado ninguém para ocupar minha vaga, e tinha que fazer o trabalho. Bem feito. — Não quero ter essa gente como meus inimigos, ou algo do tipo.
— Eu sei. — agradeci. Ele tinha aceitado me dar o emprego, quando contei o que aconteceu comigo. Mas ai querer que ele se metesse, era outra coisa. — Obrigada por ter me ajudado quando mais precisei. — dei a volta no balcão, e o abracei. — Eu não tenho como agradecer pelo que fez.
— Eu queria ter o poder para ter feito mais, mas quem sou eu no meio desse povo? — nós dois sabíamos que não éramos ninguém no meio deles. — Mas agora seu namorado pode fazer algo. — ele sorriu e piscou.
Meu namorado. Ah se ele soubesse da verdade. Sorri e concordei.
— Melhor é deixar tudo isso para lá, e seguir a vida. — falei.
Aproveitei que estava ali e em despedi de todos eles. Por um tempo nebuloso da minha vida, ali foi onde encontrei uma chance de recomeçar, um período que estava encerrado. Sai do bar com uma sensação estranha no peito.
Eu sabia o que era, era o medo. Eu tinha medo do que tudo isso onde eu tinha me enfiado poderia me levar. Tinha medo dos meus próprios sentimentos. Eu estava com medo, do meu futuro. Mas olhar para o Thomas parado ao lado do carro, enquanto fumava um cigarro, me fez lembrar que antes do medo, eu tinha uma situação para resolver.
— Por isso você não agüenta correr. — apontei para o cigarro. — Isso ainda vai te matar. — ele deu de ombros.
— Morrer é a única certeza que tenho nessa vida. — ele jogou o cigarro no chão e abriu a porta do carro para mim.
— Falando em morte, me leva para a empresa, e não avisa seu chefe ou eu mato você ao invés dele. — ele sorriu, mas logo ficou sério quando viu que eu não ria.
— Ok.
Ele fechou a porta e seguimos viagem em silêncio. Não demorou para que chegássemos ao prédio. Tudo estava no maior silencio. Não havia quase ninguém ali, somente alguns poucos funcionários que ainda se encontravam conversando.
Segui com Thomas até o elevador privativo, e após dele digitar o código de acesso a cobertura, ele saiu me deixando sozinha. Quando cheguei a cobertura, senti um frio na espinha ao ficar de frente para a porta do anexo.
Ele não estava me esperando, não que eu soubesse. Será que Dilan o avisou?
Não. Ele não faria isso. No dia que saí daqui as pressas ele demorou a avisar onde estávamos. Peguei o papel onde tinha a senha, e digitei pedindo para que ele não estivesse pelado com alguém aqui dentro.
Refiz meu pensamento, só pedindo que estivesse sozinho, e não ligaria se estivesse pelado. Definitivamente não me importaria com isso. Quando ouvi o clic da trava, empurrei. A cozinha estava vazia, mas tinha algumas embalagens de comida na mesa de dois lugares.
Fui em direção ao quarto, e além da cama bagunçada nem sinal dele. Abri a porta de anexo do escritório, e ouvi sua risada. Ah, ele estava bem, estava rindo. Quando pensei em entrar ouvi uma voz masculina diferente.
— Isso seria interessante. — a pessoa que falava tinha um sotaque diferente na voz.
— Mas pretende ficar por mais tempo além do período do simpósio? — Alex perguntou.
— Talvez, tudo vai depender da vontade da minha esposa. — hum... Gostei de ouvir isso, a esposa dele era uma mulher de sorte. — Não é fácil tirar Jasmim do nosso país, então quero aproveitar e mostrar alguns lugares a ela. — que fofo.
Eu iria esperar eles terminarem a conversa, para aparecer, mas ao fechar a porta esbarrei em algo que caiu no chão. Que merda. Quando olhei para o espelho que tinha visto Sofhia no dia em que ela esteve aqui, vi Alex me encarando.
Que raiva eu estava de mim mesma agora. Puta que pariu. Eu poderia fechar a porta e recolher os cacos da minha cara que se quebrou, mas preferi outro caminho. Já que tinha pagado de enxerida que fizesse o trabalho direito.
Entrei no escritório de Alex na maior cara de pau. Sorrindo.
— Boa noite, não queria atrapalhar. — olhei para a figura sentada no sofá ao lado do Alex, e puta que pariu duas vezes.
Que homem lindo era esse?
Entendi por que do sotaque estranho, ele era árabe. Deduzi pelo turbante na cabeça. Alex se levantou e veio até mim. Olhei para ele quando o mesmo parou em minha frente tapando a linda visão.
— Zayn essa é Alice. — Alex abaixou em minha direção, e pensei que ele fosse me beijar, mas não o fez. — Fecha a porra da boca. — ele rosnou baixo ao meu ouvido.
Eu estava de boca aberta?
Passei a mão nos lábios, e agora eu já não sabia.
— Alice esse é Zayn Abdullah, um amigo. — Alex passou o braço ao redor da minha cintura, e me levou para sentar ao seu lado.
Como ele é territorialista. Após se sentar, Alex colocou a mão sobre minha coxa perto do joelho, e apertou.
Que abusado!
Mesmo que ele não tenha dito quem eu era exatamente, com seus gestos ele deixava isso mais que claro. O tal Zayn olhou e sorriu discretamente.
— Bom, eu vou indo. — o amigo se levantou.
— Mas se for por minha causa, podem continuar a conversa, eu espero... — me levantei também, e Alex continuou sentado.
— Não precisa se preocupar, já conversamos o suficiente por hoje, o que faltou podemos tratar durante a viagem no fim de semana. — Zayn respondeu de forma educada. Ele olhou para Ale. — Nos vemos no sábado. — ele começou a sair e eu encarei Alex. — Tenham uma boa noite. — falando isso o amigo gato saiu.
— Que mal educado você. — falei ainda olhando para a porta. Quando olhei para Alex ele me observava. — O que foi?
— Estou me perguntando o que está fazendo aqui. — foi então que lembrei, do que vim fazer.
— Que história é essa de você ter pedido minhas contas no bar? — ele pareceu ficar confuso, mas pela mudança de feição, havia se lembrado.
— Adiantei algo que você faria. — ele respondeu se levantando, eu cruzei os braços e o encarei. — Antes que você surte e queira me xingar ou bater novamente. — a forma calma e cansada que ele falou isso quebrou minhas pernas. Ele parecia péssimo. — Não teria a mínima de você continuar trabalhando naquele bar. — eu saiba disso.
— Mas você não tinha o direito de fazer isso por mim. — falei em um tom mais baixo.
— Não tinha, mas fiz. — ele foi até sua mesa e abriu uma gaveta tirando de lá um envelope. — Só quis te poupar do trabalho. — ele estendeu o envelope para mim. Olhei em seus olhos, ele me incentivou. Peguei olhando o que era.
— Obrigada. — agradeci, ele concordou. — Mas ainda estou brava por ter se metido sem eu saber.
— Também estou puto com você por ter me escondido algo. — eu sabia que ele não esqueceria o que fiz, tão facilmente. — Mas entendo seus motivos.
— É por isso que não dormiu em casa esses dias?
— Sim, e não. — olhei para ele confusa. — Não dormi lá porque quis te dar espaço, e por não saber com agir. — ele me olhou. — Como você aceitou esse acordo, se tinha passado por um trauma desses?
— Eu não tenho trauma, Alex. Tenho raiva, nojo e uma vontade gigantesca de matar aquele infeliz com minhas próprias mãos, só isso. — dei de ombros. — Mas não tenho trauma de ser tocada ou algo do tipo, se é isso que está passando pela sua cabeça.
— Mesmo assim seria interessante procurar uma terapeuta, ou algo do tipo. — eu o encarei e vi como ele me olhava. E não via pena, somente preocupação. Isso aqueceu meu coração.
— Vou pensar no caso. — falei. — Queria pedir desculpas por ter batido em você. — ele ficou surpreso. — Eu não vou me explicar, mas preciso pedir. — dei de ombros.
— Eu mereci. — minha vez de ficar surpresa. — Deveria ter conversado com você antes da reunião, mas estava ansioso por ver a cara do Charles, que não compreendi seus sinais. — ele puxou o paletó da sua cadeira e o jogou no ombro. — Mas isso não anula sua responsabilidade nisso tudo.
— Eu deveria ter perguntado como era a relação entre vocês na noite que me mostrou os documentos sobre mim. — ele concordou. — Mas quais seriam as chances de você ter me falado a verdade?
— Todas Alice, isso não é segredo para ninguém. — realmente ele tinha razão. Alex desligou seu computador e veio em minha direção. — E, eu não menti sobre você trabalhar aqui, só não tinha te feito a oferta ainda.
— Você está falando sério? — ele concordou. — Fora de cogitação. — comecei a rir sem vontade. — Vão achar que eu consegui a vaga porque estou dando para você.
— Cá entre nós, sabemos que isso não é verdade. — ele parou a minha frente. — Você fez o trabalho do diretor que ocupava a vaga, não vejo porque não pode aceitar, sei que é capaz. E quando o contrato acabar, você continua no cargo. — senti um frio na barriga ao ouvir "quando o contrato acabar"
— Não. — ele segurou minha mão e começou a sair da sala, literalmente me arrastando junto.
— Você não teria que mentir para sua mãe, quando falasse com ela daqui para frente. — fiquei de boca aberta com o que ele falou.
— Puta que pariu Alex! — falei alto sem perceber que Sara e outras pessoas nos olhavam. — Oi. — sorri envergonhada. Essa era a vantagem de subir pelo elevador privativo, não tínhamos espectadores.
— Perfeito não? — ele falou parando em frente ao elevador e apertando o botão.
— Você já tinha pensado em tudo, não é? — ele sorriu, e isso já bastou. — Você continua sendo um cretino manipulador. — entramos no elevador e quando as portas se fecharam o encarei.
— Mas são apenas sugestões, você é quem decide. — eu não iria falar nada agora. Se ele já tinha pensado em tudo, era porque já imaginava qual seria minha resposta. Eu o deixaria esperando a resposta.
— Vou pensar. — pensei no que ele falou sobre a terapeuta. — Sobre a terapeuta, eu acho que seria bom. — ele concordou. — Você já...
— Amanhã ás duas da tarde seria um bom horário, não acha? — a porta do elevador se abriu e ficamos nos encarando.
Eu sentia muitas coisas confusas no momento. Me sentia cuidada, e também invadida. Meu coração pulava no peito com o cuidado dele comigo, mas ao mesmo tempo eu já o sentia sangrar quando tudo isso acabasse.
Alex parecia inabalável.
Mas ele já havia me mostrado um ponto fraco e era justamente ali que iria torcer a faca.
— Sim, é um ótimo horário. — seguimos em direção ao carro. E ver Dilan nos observando com um sorrisinho de canto me deixou com vergonha. Entrei no carro, e quando Alex entrou me virei para ele. — Você vai dormir em casa hoje?
— Sim. — ele respondeu mexendo no celular.
— Que bom, assim você vai poder falar mais sobre seu amigo. — ele parou de digitar e me olhou. — Zayn o nome dele, não é?
Eu sabia que o cara era casado, e isso era um limite. Mas Alex não precisava saber disso.
— Alice...
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