Boa Noite...

Como foram de fds?

Aqui tranquilo.

Só estou vendo e lendo as mil teorias que vcs tem colocado aqui...🤭

ALICE

Eu tinha gasto um bom tempo enrolando lá em cima, mas já não tinha mais o que fazer, e nem desculpa plausível do porque tanta demora.

Alex queria conversar, e isso estava me deixando nervosa. Talvez a seriedade dele quando chegou era o que estava me deixando incomodada. Será que ele não havia gostado do que fiz hoje? Eu nem tinha tempo para ele se explicar, sobre ter saído ontem a noite.

Seja o que fosse, eu teria que saber o que era.

Procurei Alex no escritório, mas estava vazio, e para minha total surpresa, o encontrei na cozinha. Ele estava de costas, mexendo em seu celular que estava sobre a bancada. Aproveitei seu momento de distração e dei uma boa olhada em sua bunda, que ficou em evidencia quando se inclinou para pegar uma taça de vinho que estava do outro lado.

Ele ainda vestia a mesma roupa que usava no escritório, mas agora estava mais a vontade. As mangas dobradas, cabelo estava bagunçado. Me, pergunto quantas vezes é necessário passar os dedos neles, para chegar a esse ponto?

Ele estava exageradamente sexy.

— Eu não sei quando vou conseguir ir novamente. — ele falou, e dei uma rápida olhada por tudo, mas não vi ninguém. Ele deveria estar falando ao telefone. — As coisas são um pouco diferente agora, Rachel. — Rachel, quem era Rachel? — Você terá que ter um pouco de paciência.

Seria a dona do batom?

— Foi bom ver você ontem. — que merda, era a própria. — Agora eu preciso desligar, tenho um assunto a resolver, nos falamos depois. — ele mexeu no celular, e tirou os fones do ouvido, deixando na bancada. — Achei que tinha se esquecido.

Nesse momento eu sabia que ele falava comigo, mas como ele sabia que eu estava ali? Eu não fiz barulho algum. Dando dois passos para dentro, reparei que ele me via, pelo reflexo do vidro da janela.

Mas que bela merda.

— Não quis atrapalhar a conversa. — justifiquei dando a volta na bancada e parando de frente a ele. Notei que tinha uma tábua de queijo, e algumas frutas secas servidas para duas pessoas. — Esperando alguém em especial? — brinquei pegando uma uva.

Alex continuava meio estranho.

— Achei que poderíamos conversar, mais a vontade aqui do que no escritório. — ele disse me servindo uma taça de vinho.

— Se for sobre o beijo, eu não queria...

— Porque acha que é sobre o beijo? — ele perguntou e eu notava que tinha algo de errado. Só não sabia o que era. — Está arrependida?

— Não, mas sei que ultrapassei um limite que você impôs. — ele pegou um queijo e jogou na boca.

— Você costuma ultrapassar os limites, Alice? — eu fiquei em silêncio, não sabia o que responder. Alex respirou fundo.

— Não. — disse por fim, e era a verdade. — Mas com você é diferente. — ele sorriu.

— Eu sei. Eu vejo nos seus olhos. — minha garganta ficou tão seca, que tomei um pouco de vinho para umedecer, ou engasgaria. — Mas porque você acha que ultrapassou o limite que impus?

— Você disse que não buscava se envolver com ninguém. — ele concordou.

— Sim, eu disse. Que não era o que eu estava buscando. — concordei pegando mais uma uva. — Você acha que me tornei celibatário depois da Shofia? — neguei, porque isso era fato.

Onde um homem como ele, ficaria anos sem sair com alguém?

Acho que nem em marte, quem dirá aqui.

— Sei diferenciar muito bem uma coisa da outra, Alice. — ele olhou nos meus olhos, e senti um frio na espinha. — Eu ceder a um desejo, não quer dizer que eu esteja envolvido emocionalmente. Compreende a diferença? — concordei.

— E, como. — como havia dito eu estava ferrada.

Ele bebeu o restante do vinho em sua taça, e voltou a abrir a garrafa se servindo de mais. Alex estava comunicativo hoje, o que já era para ser estranho. Ele costuma ser mais fechado, mas eu sentia que tinha algo de estranho e não era isso. Talvez minha insegurança, vinha pela forma como ele me olhava. Como se não quisesse deixar passar nenhum detalhe. Desviei a atenção para uma pasta que estava ao seu lado.

— Trouxe trabalho para casa? — perguntei enquanto me servia de queijo. Alex olhou para a pasta.

— Sempre trago. — ele sorriu. — Conversei com Adam hoje, ele me disse que você foi á empresa porque precisava de dinheiro. — me remexi no lugar, não sei porque não gostava de falar com Alex sobre isso.

— Sim, eu estava. — ele concordou.

— Resolveu o que precisava? — confirmei. — Que bom.

— Você disse que queria conversar. — sem que eu esperasse, ele empurrou a pasta para mim.

— O que é isso? — perguntei abrindo, e quando vi sobre o que se tratava, senti meu sangue se esvair. — Nossa! — falei colocando a mão na boca, sem acreditar. Alex tinha um relatório sobre mim. — Bom não precisamos mais conversar, você já sabe tudo sobre mim. — fechei a pasta e empurrei de novo para ele.

— Eu quero saber de você o que não está aí. — o que ele queria saber?

— Como o que exatamente?

— Como em que consiste sua relação com Charles, seu ex-chefe. — só em ouvir esse nome já me sentia enjoada. Voltei a abrir a pasta, e apontei para onde estava escrito que eu havia trabalhado para ele.

— Como você pode ler, ex-chefe. — fechei a pasta com tudo. — Não tenho relação com ele Alex. — fiquei de pé.

— Adam disse que você... — ouvir mais uma vez que ele e Adam estavam falando sobre mim, me deixou nervosa.

— Se quisesse saber algo sobre mim, tivesse vindo conversar comigo. — Alex segurou minha mão antes que eu pudesse sair.

— Acha que estou fazendo o que? — ele disse, eu olhei para sua mão segurando a minha. — Notei que você agiu como se não conhecesse Sofhia. — eu não compreendi seu comentário.

— E porque eu deveria conhecê-la? Ela é sua ex-noiva, não minha. — falei revirando os olhos.

— Porque ela é filha do Charles.

Eu continuava encarando Alex, mas não ouvia mais nada do que ele dizia.

Ela era filha do Charles?

Não poderia ser, algo tinha que estar errado nisso tudo. A mulher que nocauteou Alex, era filha do cara que eu mais odiava na face da terra. Tudo o que eu mais queria era que Charles se fodesse, e eu estivesse na platéia aplaudindo.

Mas agora descubro que não bastasse somente ele ter acabado de ferrar minha vida nessa cidade, eu me encontrava sendo o obstáculo entre Alex e sua adorável filha.

E, eu toda inocente achando que eu estaria ferrada, porque estava gostando do Alex.

Mas que merda!

Pobre não tem um minuto de paz!

— Alice? — escutei Alex me chamando e senti que ele apertou minha mão na dele. Mas que merda. Merda. Merda. Olhei para nossas mãos unidas, minutos atrás eu tria gostado do toque, mas agora, não.

Puxei minha mão da dele.

— Oi? — sai das minhas divagações. Alex continuava me encarando.

— Você nunca fez a ligação entre Sofhia e Charles? — ele parecia incrédulo, mas eu garantia que não mais que eu.

— Claro que não. — voltei a me sentar no banquinho.

— Sempre digo que gosto da sua sinceridade, e serei sincero também. — eu peguei minha taça e tomei todo o liquido de uma só vez. — Quando vi que tinha trabalhado para ele, cheguei apensar que você poderia estar de alguma forma trabalhando para ele. — encarei Alex.

— A troco de que cara pálida? — ri sem vontade.

— Sim, eu sei que isso foi idiota da minha parte. — ele dá de ombros. — Porque você não trabalha em sua área, já que é formada em administração? — bati o dedo na pasta.

— Aqui diz, você não leu? — abri a pasta e procurei a parte que dizia que eu havia fraudado documentos, e Charles havia descoberto e me demitido com justa causa. — Olha, aqui está. — empurrei para ele. — Você contrataria alguém com isso no currículo? — Alex negou. — Então você já tem sua resposta.

— Você fez isso? — eu abaixei a cabeça. Tudo o que mais queria era sumir.

— O que você acha?

— Acho que você tem que ser sincera. — eu levantei minha cabeça e o encarei. Neguei.

— Não eu não fiz. Mas isso não importa, afinal é minha palavra contra a dele, quem acreditaria em mim? — desci e empurrei o banquinho para debaixo do balcão. — Podemos terminar essa conversa outro dia? — Alex concordou. — Obrigada.

Sai da cozinha e me tranquei no quarto. Eu sentia que estava por um fio. Como posso ter me enfiado no meio disso tudo?

Eu precisava conversar com alguém, só que a única pessoa que sabia da verdade era Tina, mas ela estaria trabalhando a esse horário, então um banho teria que resolver por enquanto. Enquanto deixava a água quente cair sobre mim, só tentava imaginar o que Alex diria quando soubesse que o seu ex–sogro era um ser asqueroso e abusador.

Como ele reagiria?

O problema nem era a reação dele, e sim, será que acreditaria?

Pelo que sei até o momento, ele não sabe o que sente por Sofhia, e quer mantê-la afastada. Isso não é um bom indicativo, ele pode ficar puto comigo por tentar quebrar a confiança dele, em relação ao ex-sogro e de quebra entregar Alex de bandeja para a Sofhia.

Eu não queria isso, mas meu querer não estava em questão. Tinha que pensar em minha família, agora que tinha pego parte do dinheiro do contrato, só tinha que garantir que tudo desse certo.

A única coisa que eu não podia esquecer é da minha insignificância perto de pessoas poderosas como eles. Desliguei o chuveiro sentindo cansada de pensar em tudo isso. Coloquei uma roupa confortável e desci, queria saber se Alex tinha ficado com alguma má impressão.

Escutei sua voz quando estava passando pela frente do escritório. Ele parecia nervoso, mas pelo menos não era comigo.

— Eu não quero saber, Sara. — parei na porta. Alex estava com a cabeça apoiada em uma das mãos, olhando para os documentos na mesa, enquanto a outra segurava o celular. — Você sabe que não vou aceitar desculpas, se tenho que fazer o trabalho dele, então posso mandá-lo embora sem peso na consciência. — ele se recostou na poltrona, e me viu parada na porta. — Faça como preferir. — e desligou.

— Dia difícil. — comentei entrando e sentando na cadeira a sua frente. Ele passou a mão nos cabelos, um gesto que eu achava sexy.

— Dia difícil. — repetiu mexendo nos documentos. Alex estava alheio. Me, levantei, eu não queria atrapalhar.

— Não vou te atrapalhar, só passei mesmo para saber se está tudo bem entre nós. — ele levantou os olhos das folhas, e franziu a testa.

— E porque não estaria? — dei de ombros.

— Vou deixar você trabalhar. — sai do escritório deixando Alex trabalhar tranquilo.

Tive que rir, porque tranquilo era a última coisa que ele estava. Segui para a cozinha, fiz um sanduíche e tentei assistir alguma coisa, mas o tempo só passou e minha ansiedade não diminuiu em nada. Tinha que distrair minha mente com algo diferente.

Quando eu já tinha desistido de assistir, e estava indo em direção a cozinha, ouvi o toque do celular dele. Estava tocando sem parar. Fui em direção ao escritório, e o celular dele estava em cima da mesa, com uma chamada perdida na tela.

Quando me virei para sair ele voltou a tocar. Vi o nome Rachel na tela. Puxei a cadeira dele, e sentei pensando no que fazer. Eu não fazia ideia de onde Alex estava, mas para o celular estar aqui, ele não deve ter saído de casa.

O celular parou de tocar, e eu dei tchauzinho para Rachel quando o nome dela apagou da tela. Que situação a pessoa chega. Me levantei passando os olhos pelas folhas que estavam espalhadas pela mesa.

— Que bagunça.

Juntei as folhas pelos números das paginas, e depois de ler as três primeiras, entendi porque Alex estava puto com alguém. Estava tudo errado.

Será que ele ficaria muito bravo se eu fizesse isso?

Olhei para os lados, não vi ninguém me impedindo ou gritando para que parasse. Pensei rápido. Dei de ombros, peguei uma folha limpa, e uma caneta.

Já tinha um tempo que não mexia com isso, mas era algo que eu amava fazer. Mergulhei de cabeça nesses documentos, e quando terminei passava as quatro da manhã. Peguei a folha onde anotei todas as irregularidades e pontos que achava desnecessários. Por fim deixei um recadinho.

Querido Alex,

Espero que não fique bravo por eu ter mexido em suas coisas, não fiz por mal, só estava entediada, ser sua namorada é meio entediante ás vezes. Se ficar bravo me avise, assim durmo no meu apto.

Att: Alice ❣

Desenhei um coraçãozinho muito fofo ao lado do meu nome. Estava me levantando e arrumando as coisas, quando vi o celular dele. Peguei a folha novamente e acrescentei uma observação.

Obs: Ligue para sua Rachel, ela foi insistente.

Agora sim, eu tinha terminado.