40- O amor em silêncios.
Olá, meus amores! Serei extremamente breve pois esse capítulo está imenso! E quero os dar tempo o suficiente para lê-lo de maneira tranquila, pois, confesso, ele foi o mais complicado de ser escrito até agora e o mais longo. Por isso, respirem fundo, bebam uma água, se acomodem, façam um docinho e leiam com calma, sem pressa, por favor!
Avisos:
1) Lembrem-se da playlist dessa história. Está na descrição do meu perfil. Ela possui músicas muito importantes para esse capítulo! E, caso vocês achem divertido, quero os ver desvendando quais são essas músicas.
2) Tentarei interagir melhor com vocês nesse capítulo, por isso, comentem, surtem, gritem, enviem sinal de fumaça! Eu prometo responder e gritar junto com vocês!
3) Esse título é um tanto enigmático (em comparação aos outros) pra o capítulo em si. E, ao fim dele, para as que se sentirem confortáveis, peço que compartilhem comigo o que vocês acham que ele significa e em qual/quais cenas ele se encaixa. Prometo responder a todos e confirmar as que estiverem certas ;)
4) Lencinhos. Muitos lencinhos. Uma caixa deles, se puderem. Duas, para garantir. E água. Bastante água. Já falei sobre os lencinhos? Talvez três caixas sejam o suficiente, ok?
É isso, meus amores! Ótima leitura, amo vocês imensamente!
...
Addison Montgomery,
Mesma hora;
- Ich höre - Murmuro em alemão para um dos representantes da empresa germânica à minha frente, o indicando que eu estava o escutando, enquanto me recostava na minha cadeira e sentia a minha cabeça dar indícios de uma iminente enxaqueca insuportável.
- Nun, Lady Montgomery, Da Sie einen ökologischeren Ansatz verfolgen, haben wir über die Einstellung eines neuen Vertriebspartners nachgedacht... - Bem, senhora Montgomery, como a senhora possui uma abordagem mais ecológica, nós pensamos em contratar uma nova distribuidora...
O seu discurso fora interrompido pelo celular executivo de Kepner tocando em um volume alto e irritante.
- Kepner! - A repreendo, sentindo-me mais estressada do que o normal.
- Perdão, senhora, eu vou atender lá fo...
- O que quer que seja pode esperar até a reunião acabar!
Ela assentiu, se sentando novamente.
- Weiter reden - Profiro para o homem, para que ele continuasse a falar.
Ele o fez, me apresentando as opções de distribuidoras que havia minunciosamente pesquisado.
- Unser Ziel ist es, dass Montgomery's zu einem wird - O nosso objetivo é que a Montgomery's se torne um...
Novamente a sua fala fora cortada pelo celular de Kepner, sendo seguido do toque insuportável inúmeros sons de notificações logo a seguir.
- Kepner, desligue esse inferno desse celular antes que eu o jogue na puta que pariu!
- Me desculpe, senhora, mas é... Pode ser imp...
- Eu disse para desligar! - Profiro, já sem paciência.
Ela assentiu, o fazendo.
Suspirei, puxando os meus cabelos para trás e me recostei na cadeira novamente, puxando as mangas do meu blazer.
- Bem... Continuando...
- Auf Deutsch - Murmurei para que ele continuasse em alemão e ele o fez, mas não durando muito tempo, pois, logo em seguida, fui novamente interrompida.
Murmurei um palavrão assim que ouvi o iPad de Kepner tocar.
Antes que eu pudesse esbravejar com ela para que desligasse aquele inferno, ouvi batidas na porta e autorizei a entrada, vendo Alex e Carter adentrarem a sala de reunião em que eu estava atônitos.
- Que porra está acontecendo? - O indago, passando, agora, a sentir um incômodo insuportável no peito.
Aquela agitação toda não era normal.
- Senhora... - Alex começou, porém, sendo interrompido por Kepner.
- Senhora Montgomery! A sua esposa...
Por um segundo, ou talvez alguns milésimos de segundo, o meu corpo pareceu possuir uma iminente e insuportável sensação semelhante a um rápido desligamento, assim que meu olhar se encontrou ao olhar assustado de Kepner e eu rapidamente me levantei, sentindo, por um milésimo de segundo, as minhas pernas desejarem falhar sobre os meus saltos.
Meu peito pareceu se inundar de qualquer outra coisa, menos ar, quando ouvi-la mencionar Meredith com aquela feição.
- O quê? A minha... Esposa... O que, Kepner? - Indago de maneira engasgada, sentindo um bolo insuportável se formar em minha garganta.
- Ren Kinley escapou - Alex soltou depressa, fazendo o meu coração pular do peito no mesmo momento e as minhas vistas rapidamente escurecerem.
- Meredith... - Fora a primeira coisa em que ousara sair dos meus lábios, conforme eu sentia o meu sangue parecer deixar o meu corpo e a sala ao meu redor se tornar gradativamente escura, conforme uma tontura insuportável me tomou.
- Addison, calma! Ela está bem.
Senti um alívio o qual nunca havia tomado o meu corpo antes, assim que Alex eliminou aquele pensamento da minha cabeça e, por um breve momento, me permiti fechar os meus olhos rapidamente.
- Senhora, é uma funcionária da sua sogra. A sua esposa não está passando bem - Kepner me indicou e eu, sem sequer filtrar qualquer pensamento na minha cabeça, alcancei o meu celular e rumei para fora daquela sala, sendo seguida por Alex e Carter.
Ignorei completamente o elevador e desci as escadas do terceiro andar, onde eu me encontrava, até o térreo da minha empresa.
- Dirija - Murmurei para Alex, adentrando o outro lado do carro.
Ele rapidamente deu partida no carro e saiu do estacionamento o mais veloz que conseguiu.
- Addison... Esse homem espalhou ameaças contra você em sangue de porco em uma praça próxima ao condomínio. Precisarei aumentar a sua segurança e...
- A minha segurança? - O indago incrédula. - Eu não preciso de mais segurança, Karev!
- Você bateu com a cabeça ou algo do tipo? - Ele proferiu irritado, me encarando. - Não está ouvindo o que eu estou dizendo? O homem mais filho da puta que você prendeu conseguiu escapar do corredor da morte e está ameaçando você!
- E você acha que eu me importaria se essa fosse a real situação?! Eu estou pouco me fodendo para mim, Karev! Você realmente acha que ele vai vir atrás de mim? Ele é um desgraçado, mas é inteligente. Ele vai buscar o meu ponto fraco, Alex! - Murmuro a última frase, puxando os meus cabelos para trás, sentindo o meu corpo estremecer internamente e a minha garganta secar.
- Addison...
- Ele vai buscar o que mais me importa! Filho da puta! Filho da puta! - Murmuro recostando a minha cabeça no apoio do meu banco, puxando os meus cabelos para trás.
- Addison... De qualquer forma, eu preciso aumentar a sua segurança. Não acho, inclusive, seguro que você trabalhe no tribunal esses...
- Alex, você por um acaso está me ouvindo, porra?! - Praguejo irritada - Não sou eu que importa, caralho! Porra!
- Addison, eu estou ouvindo você, mas...
- Porra, Alex! Porra! A primeira pessoa em que esse desgraçado vai tentar algo é Meredith. É ela que importa aqui. E eu não me importo que a porra da Swat seja necessária, ou que aquela porra de condomínio e a academia sejam rodeados de seguranças ou policiais. Meredith é a prioridade.
- Addison, me escute, porra! Meredith não vai mais ser a prioridade se você for morta à vinte facadas e tiver as porras dos seus órgãos comidos por esse psicopata do caralho!
Fecho os meus olhos, sentindo-me em uma porra de um pesadelo.
- Addison... Me escute. Eu vou fazer o impossível por Meredith, mas também por você. Eu posso fazer os dois.
Mantenho os meus olhos fechados, resolvendo não mais discutir com Alex, pelo menos não agora, enquanto o meu peito parecia estar sendo esmagado por alguém cem vezes maior do que eu.
Cinco minutos depois, Alex parou o carro e eu abri os meus olhos, visualizando a Academia cheia de paparazzis em sua porta.
- Eu vou cuidar disso, espere aqui - Ele murmurou para mim e eu suspirei, sem possuir tempo ou paciência para esperar que Alex os afastasse, todos, dali.
Alcanço os meus óculos de sol no porta-luvas do carro e abro a porta, saindo dele rapidamente e sentindos os flashs e as câmeras doerem os meus olhos.
- Addison! Porra! - Ouvi Alex murmurar irritado, enquanto eu subia as escadas rapidamente. Ele passou a me seguir, junto com outros cinco homens, abrindo espaço, enquanto eu sentia os meus olhos doerem, mesmo por trás dos óculos, com tantos holofotes.
Mas nada daquilo me importou. Eu precisava chegar até Meredith.
- Senhora Montgomery! Juíza Montgomery! Como a senhora se sente diante dessas ameaças? Como pretende agir diante de tudo isso? Senhora? Senhora Montgomery! Está com medo de que ele faça algo à sua esposa? - Sinto o meu peito arder com aquela pergunta, porque sim, esse era o meu maior medo - Senhora? Senhora Montgomery?
Segurando a minha vontade de explodir na frente de todos eles, eu consegui chegar até a portaria, sendo recebida por uma funcionária da Academia.
- Onde está a minha mulher? - Pergunto, sem rodeios, a lançando a minha expressão mais fechada, mesmo sabendo que Meredith desaprovaria aquilo.
Ela me acompanhou até um corredor e abriu a porta que indicava "Diretora Miller" em letras douradas.
Puxei os meus óculos até o topo da minha cabeça e passei o meu olhar pela sala.
Apenas a minha sogra e Lisa estavam nela, junto a Meredith, que estava sentada no sofá, com os cotovelos apoiados nas pernas e as mãos cobrindo o seu rosto, tendo Flora e Lisa sentadas, uma a cada lado seu, acariciando as suas costas.
- Minha nora! Graças a Deus!
Meredith rapidamente me encarou e, sem que eu sequer pudesse calcular, em um momento ela estava sentada no sofá, e em outro os seus braços estavam envoltos ao redor do meu pescoço, me apertando com força, enquanto tremia.
A abracei contra mim, sentindo, apenas naquele momento, a agonia que havia me preenchido nos últimos minutos me dar uma breve trégua.
Senti o seu cheiro de rosas misturado com alguma fragrância de morango, as quais eu já estava tão acostumada, e encostei o meu nariz no topo da sua cabeça, inspirando calmamente o seu aroma que tanto me trazia paz.
- Meu anjo, o que aconteceu? - Sussurro delicadamente para ela, a sentindo estremecer contra o meu corpo.
- Eu... Eu... - Senti o meu peito se apertar ao ouvir a sua voz tão embargada tentar explicar.
- Você viu o noticiário? - Sussurro, tentando manter-me calma.
Ela assentiu contra o meu pescoço.
Suspirei, a abraçando mais fortemente.
- Nada vai acontecer, eu prometo. Você estará protegida, eu prometo.
Apenas a ouvi suspirar e me abraçar mais forte.
- Sinto muito que tenha visto... O que quer que ele tenha feito para tentar me ameaçar. Mas eu prometo que serão apenas isso: ameaças.
- Você... Promete mesmo?
A abraço mais fortemente, afagando os seus cabelos devagar, possuída de uma ternura que apenas ela era capaz de me fazer sentir.
- Sim, eu prometo, querida - Murmuro, depositando um beijo no topo da sua cabeça - Vamos para casa.
Ela assentiu e a minha sogra rapidamente me ofereceu a bolsa de Meredith, eu a peguei, sem soltar a loira e a agradeci com um olhar, recebendo outro cheio de ternura de volta, guiando Meredith para fora da sala.
Abri a sua bolsa rapidamente, ainda tendo-a grudada ao meu corpo e peguei os seus óculos de sol, a oferecendo.
- Coloque-os. Não quero que seja vista dessa maneira pelos ratos que estão lá fora.
Ela assentiu e colocou os óculos, eu fiz o mesmo e, assim que chegamos à porta da academia, eu encostei a sua cabeça no vão do meu pescoço, buscando a proteger ao máximo de todos aqueles holofotes.
Sutilmente, cobri o seu ouvido exposto, esperando que ela não ouvisse, ou pelo menos não entendesse as perguntas bárbaras realizadas por aqueles vermes.
A porta dos fundos da Mercedes fora aberta e eu a ajudei a entrar, o fazendo logo em seguida.
- Dirija até a nossa casa, Alex - Murmurei para ele, que assentiu, dando partida no carro.
Meredith apoiou a sua cabeça no meu ombro e eu suspirei, sem saber, ao certo, o que se passava na sua cabeça.
Eu sabia que ela estava com medo, e que temia pela sua vida, e, até mesmo, pela dos seus familiares.
E, naquele momento, me senti a pior pessoa do mundo por ter a enfiado na porra da bagunça que é a minha vida.
Mas, resolvendo não tocar naquele assunto, apenas envolvi os seus ombros com o meu braço e suspirei, encarando as ruas lá fora, enquanto sentia o meu peito parecer se apertar um pouco mais a cada segundo.
Em poucos segundos, a SLR parou em frente a escadaria da mansão e, após ter a porta aberta por Alex e auxiliar Meredith a descer, nós subimos juntas e adentramos a nossa casa, assim que a porta reconheceu a minha digital. Fomos recebidas pelos olhares surpresos de Miranda e mais uma empregada, que rapidamente se prontificaram à nossa disposição.
- Senhoras!
Meredith retirou os seus óculos de sol e foi até a governanta, a abraçando calorosamente, sendo retribuída no mesmo momento, recebendo um beijo da governanta na sua bochecha.
- Imaginei que, talvez, pudessem vir almoçar em casa. Por isso fiz a sua lasanha favorita, madame Montgomery.
Meredith sorriu e eu, internamente, agradeci à Miranda por aquilo.
- Obrigada, meu anjo. Iremos apenas subir para tomar um banho e já descemos para o almoço, ok?
Miranda assentiu e, sem precisar de comandos explícitos seus para aquilo, eu segui Meredith pelas escadarias até o nosso quarto.
A loira apenas suspirou e se sentou no sofá, retirando os seus saltos e prendendo os seus cabelos em um coque mal feito.
Sem dizer nada, ela caminhou até a porta do nosso closet e, a seguindo, a vi caminhar até o nosso banheiro, ligar o chuveiro e começar a se despir.
Ela soltou um suspiro longo e se virou para mim, vestindo apenas um conjunto de lingerie branca, que caía perfeitamente bem ao seu corpo e acentuava ainda mais o aspecto angelical que ela exalava como sua própria essência.
- Amélia chegará pela tarde - Anuncio, esperando quebrar todo aquele silêncio.
- Podemos buscá-la no aeroporto? - ela me indagou apreensiva e eu assenti.
- Vou resolver algumas coisas com Alex e Kepner - Murmuro, enfiando as minhas mãos nos bolsos da calça do meu terno, sentindo-me desconfortável com o clima que pairava sobre nós.
- Tudo bem, já estarei descendo para o almoço.
Assinto, a observando adentrar o box do chuveiro e se colocar de cabeça debaixo dele.
Suspirei, saindo do banheiro e rumei para fora do quarto, sentindo-me mais do que culpada por toda aquela merda a qual Meredith estava sendo submetida, e, por isso, decidida a fazer de tudo para que a sua segurança fosse garantida.
Desci as escadas, me dirigindo até o meu escritório e o adentrei, vendo Alex, Warren e Kepner conversarem entre si.
Me servi de uma dose de Whisky e a tomei em um gole, sentindo o líquido provocar a ardência a qual eu tanto já estava acostumada a sentir em minha garganta.
Os três me olhavam, aguardando por comandos.
Respirei fundo, retirando o meu blazer e o apoiando na poltrona próxima ao mini bar do meu escritório.
Desabotoei as mangas da minha camisa e me sentei na poltrona, os encarando.
- Kepner, remarque a minha reunião com Schäfer para hoje, no fim da tarde. Às cinco.
Ela assentiu, prontamente abrindo o iPad e digitando freneticamente ali.
- Addison, eu e Warren estávamos discutindo a respeito da sua segurança e da sua esposa, e chegamos a uma conclusão de que podemos, facilmente, fazer algumas mudanças. Warren continuará com Meredith, junto a Logan, James, Carter e Daniel. E você ficará comigo e os de sempre, além de Helen, Rogers, Boggs e Victor, o da empresa. Ele é muito bom e confio muito em seus serviços. Entrei em contato com o chefe da segurança da empresa e iremos ter uma reunião agora pela tarde para definir as medidas protetivas enquanto você estiver lá. Porém, eu acho mais viável que você trabalhe em casa, pelo menos pelo resto da semana. Os seguranças da sua mãe e do seu irmão já estão cientes de todas as medidas e eu mandei mais alguns da empresa para a casa dela, estou tentando entrar em contato com Mark, mas não consigo. Mas acho que seja mais viável pra ele que fique por San Francisco esses dias. Mais seguro. Você possui alguma outra recomendação?
Respirei fundo, dando um longo gole na minha dose de whisky.
- Esqueça - Murmurei, descartando aquele plano automaticamente. Aquelas eram as prioridades erradas.
- Como? - Alex indagou, em um tom de voz duvidoso.
- Eu disse para você esquecer esse plano.
- Você possui algum melhor? Porque eu posso garantir que todos os seguranças que nomeei são competentes o bastante para...
- Eu sei disso, e não estou pedindo para que os troque - Me levantei, indo até o mini bar novamente, enchendo mais um copo de whisky e tomando mais um gole - Você, Warren, Carter, James, Helen e Victor ficarão com Meredith - Sua expressão mudou no mesmo momento, mas eu não me importei com aquilo - Warren dirige, você o acompanha. Helen e Victor ficarão juntos. James e Carter também. Meredith não irá dirigir, sob hipótese alguma, não é seguro que ela o faça. Quero que selecione os quatro melhores seguranças da linha laranja para que fiquem na Academia, e dois para que acompanhe a minha sogra. Os de Amélia continuarão os mesmos, e ela irá para Luanda o mais rápido possível.
- Espera... Como? - Alex me indagou confuso.
- Você ouviu, esse é o plano, não irei repetir.
Ele me lançou um olhar mortal.
- Warren, retire-se, por favor. Avise aos homens que começaremos a reunião daqui há alguns minutos - Alex murmurou em um tom de voz contido, mas que eu já conhecia como quase irritado.
- Ok, Karev - Warren pediu licença para mim e saiu.
Alex, com apenas um olhar, faz com que Kepner saísse também.
- Eu preciso apenas ter certeza se você bateu com a cabeça ou algo do tipo - Ele falou, se encostando na minha mesa.
- Não entendi - Respondo a sua ironia, mesmo sabendo o que ele estava querendo dizer, enquanto bebia mais um gole do conteúdo no meu copo.
- Que porra você está pensando? Em se suicidar ou algo do tipo?
- Não entendi.
- Colocar os seus seis melhores seguranças em um único lugar? Com apenas Meredith? Você quer se matar?!
- Alex, não tenho tempo e nem paciência para...
- Não! Não me venha com essa porra, Addison! - Ele esbravejou, me surpreendendo - Eu estou tentando como um inferno fazer isso dar certo, e já disse que eu irei proteger ambas de vocês duas! O meu plano é ótimo! Eu sou o chefe, eu fico com você, você sabe que eu seria capaz de dar a minha vida por você. E eu sou o único que faria isso.
- Sim, eu sei. E é exatamente por isso que você ficará com ela! Não só você, como os outro cinco melhores. E, se preciso for, você dará a sua vida por ela.
- Você está se ouvindo? Está entendendo a gravidade dessa situação? Esse cara é um maluco, mas um maluco muito inteligente.
Ele parecia estar se dirigindo a alguém mentalmente instável, pela forma a qual se dirigia a mim.
Eu conseguia visualizar a minha insanidade desenhada em seus olhos quase pretos de tão dilatados.
Aquilo era insano, eu sabia disso. Mas eu não poderia arriscar a segurança de Meredith. Não mesmo.
- E é exatamente pelo fato de ele ser tão inteligente que ele não irá vir diretamente para mim.
- Ah é? Como você sabe disso? Você tem uma porra de uma bola de cristal agora?
Elevo as minhas sobrancelhas, não gostando do seu tom.
- Reveja o seu tom, Karev - Murmuro de maneira ácida.
- Ele é tão inteligente, que pode muito bem estar te fazendo pensar que ele viria atrás do que mais te importa, e te fazer mirar nisso e aí... Ele vem até você! - Ele proferiu irritado, me ignorando por completo.
- Meredith é o que importa aqui. A segurança dela virá em primeiro lugar! - Profiro firmemente, desejando não abrir espaços para objeções, mas eu estava falando com a pessoa mais teimosa que eu possuía na minha vida, além de Meredith. Alex era a porra de um pé no saco.
- Ela não vai mais importar quando você estiver morta, com vinte facadas enfiadas no seu corpo!
- Não, não irá, porque serei eu quem correu perigo, e não ela.
Ele riu, mas sem nenhum pingo de humor visíveis em seu rosto, enquanto puxava os seus cabelos para trás, visilmente desequilibrado.
- Você está louca! Pare um pouco e se ouça, Addison, porra!
- Não, eu estou sendo racional! Esse é o plano e...
- Racional? Você praticamente está se jogando nos braços desse homem! Está com a porra de uma mira apontada para a sua testa!
- Alex, eu já disse, esse é o plano, cabe a você...
- Não! Eu não vou deixar que você faça uma merda dessas! Você sabe o tanto de perigo que correu da última vez em que um maluco igual a esses resolveu se rebelar contra você! E nós tínhamos os melhores seguranças conosco! E, ainda sim, você quase morreu!
- Não estou...
- Não! Eu não vou assinar a porra do seu atestado de óbito, Addison!
- Alex...
- Pare de ser burra! - Elevo as minhas sobrancelhas, me surpreendendo com a sua fala - Me diga o porque esta fazendo tudo isso!
Me calei.
- Me diga, Addison, porra! Por que está fazendo tudo isso?! Você enlouqueceu?
Desviei o meu olhar, bebendo o resto do meu whisky, sentindo o meu peito parecer desejar explodir em uma ansiedade insuportável, diante da ínfima imaginação de Meredith correndo algum tipo de perigo.
Meredith.
Fecho os meus olhos por um segundo, sentindo a minha garganta parecer diminuir de tamanho de maneira brusca, enquanto o meu peito parecia encher-se d'água.
- Me diga, porra! Me diga! Me diga agora que merda está se passando com você para inventar a porra de um plano de merda desses? Que porra é essa, Addison? Por que, de uma hora para a outra, você está querendo se matar? Essa não é a porra da Addison que eu conheço, essa...
- PORQUE EU NÃO POSSO E NEM IREI PERDÊ-LA, KAREV! PORRA! - Esbravejo, sentindo o meu sangue ferver dentro das minhas veias em uma raiva insuportável e, sem sequer calcular aquela ação, jogo o meu copo na parede.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos para, logo em seguida, soltar uma risada sarcástica.
- Para um casamento de mentira, você me parece bem disposta a dar a porra da sua vida por uma suposta qualquer.
Sinto as minhas vistas embaçarem em um repleto ódio por ouvi-lo se referir a Meredith daquela maneira e, sem sequer pensar, avanço sobre ele, acertando um soco no seu rosto, o pegando completamente de surpresa.
- Você irá fazer o que eu quero que você faça! - Rosnei contra o seu rosto, socando o seu peito, o fazendo caminhar para trás, enquanto limpava o sangue do seu nariz, assustado - Porque eu ainda sou a porra da sua chefe! - Repito o ato, tendo o mesmo efeito, enquanto avançava, cada vez mais, sobre ele, que andava para trás - Essa é a porra do meu plano, e você irá seguir com ele sem me contestar, porque eu ainda pago a porra do seu salário! - Murmuro a última frase, novamente socando o seu peito, sem me importar se doeria ou não, o tendo encurralado contra a minha mesa, sentindo que poderia socar a porra da sua cara novamente com força, repetidas vezes.
Seguro a gola da sua camisa e o encaro, encostando a minha testa à sua, contemplando a fúria em seus olhos, enquanto rosnava contra o seu rosto, em uma raiva nunca sentida antes, não destinada a ele:
- Nunca mais ouse a chamar de uma qualquer, ou, eu juro, foda-se se você é o meu melhor amigo e o pai de Luke, eu acabo com você! Essa é a porra do plano, agora trate de ir até os seguranças, o explicar e o colocar em ação, antes que eu quebre a porra da sua cara de merda, seu filho da puta maldito!
- Você não precisará fazer isso - Ele murmurou em completa cólera, segurando a minha mão bruscamente e a tirando violentamente da sua gola - Porque eu não vou sentar e assistir você ser a porra de uma burra dos infernos e tentar se matar com esse caralho de plano que você tirou da puta que pariu por uma mulher que é nada além do que a sua sócia. - Rosno, elevando a minha mão para acertar outro soco na sua cara de merda, mas ele a segura com força, a afastando bruscamente - Me considere fora de toda essa porra! - Ele me empurrou para longe do seu corpo e saiu do escritório em passos firmes, batendo a porta com força, me deixando completamente atordoada para trás.
Fora? Como assim fora? Fora de quê?
Ele realmente havia... Se demitido? Ou eu estava imaginando coisas?
Puxo os meus cabelos para trás, sentindo-me irritada e confusa ao mesmo tempo.
Alcanço a primeira coisa perto de mim e a jogo na parede com força, soltando um grunhido alto, sentindo-me mais impotente do que achei que jamais me sentiria em uma situação dessas.
- Addison! O que aconteceu?
Me virei, vendo Meredith adentrar o meu escritório e respirei fundo, puxando os meus cabelos para trás, em uma vã tentativa de me acalmar.
- Nada - Murmuro irritada, caminhando até a minha mesa.
- Não minta para mim. Posso saber por que Karev saiu daqui parecendo desejar matar alguém, com o nariz sangrando e sequer olhou para mim?
Me calo, sentando-me na minha cadeira.
- Addison?
Puxo os meus cabelos novamente para trás, sentindo o meu sangue ainda fervilhar dentro das minhas veias, pedindo por paciência.
- Addison! - Ela insistiu e eu me senti explodir.
- Meredith, esse assunto não é da sua conta! - profiro friamente, sem sequer me dar conta, de imediato, do meu tom de voz - Você pode ir almoçar. Tenho trabalho a fazer. Me deixe sozinha!
Mesmo sem a encarar, pude sentir o seu humor mudar e, contrariando o que eu achei que ela faria, que praguejaria contra mim ou que insistiria, ela se calou e saiu silenciosamente do escritório.
Fechei os meus olhos, bufando irritada e apoiei os meus cotovelos na minha mesa, massageando a minha testa dolorida com ambas das mãos.
Resolvendo parar de pensar em todo aquele inferno que me rondava, liguei o meu computador e me forcei a mergulhar no trabalho para esquecer tudo aquilo, pelo menos um pouco.
Ás 14:00, eu recebi uma mensagem de Amélia me avisando que estaria prestes a pousar em NY. Por isso, me levantei, pegando o meu blazer e o meu celular, saindo do meu escritório.
Assim que adentrei a sala, me deparei com Meredith conversando com Miranda, enquanto a ajudava a montar um vaso de flores.
- Fico tão feliz que as suas flores favoritas sejam lírios, senhora Montgomery! A casa parece-me tão alegre com eles. São flores que exalam completamente a sua pureza.
Meredith sorriu, mas o seu sorriso morreu por completo ao me ver.
- Obrigada, meu anjo, também adoro o ar que elas deixam na casa, e o cheiro delas - Ela falou sem a mesma animação de antes, desviando o seu olhar do meu.
- Meredith, Amélia está chegando - Anuncio, a vendo assentir.
- Pode terminar por aqui, querida? Irei buscar Amélia no aeroporto.
- Claro, senhora! Pode ir, irei colocar um vaso delas no seu escritório.
Meredith sorriu para ela, agradecendo e subiu as escadas. Eu a segui, vendo-a caminhar à minha frente e adentrar o quarto, indo até o closet.
A loira apenas vestiu um blazer preto por cima da calça jeans preta e da blusa de mangas longas de seda vermelha que já vestia.
Nos pés, ela já calçava um par de sandálias de salto grosso e baixo pretas. E tinha os seus cabelos soltos e ondulados, batendo mais abaixo do meio das suas costas.
Fui até o banheiro e prendi os meus cabelos em um coque alto, deixando alguns fios soltos e lavei o meu rosto, sentindo a minha cabeça parecer desejar explodir em uma dor insuportável.
Ao sair, observei Meredith sentada na nossa cama, digitando no celular.
- Vamos - Murmurei pela ela, que se levantou e saiu do quarto à minha frente, sem sequer me encarar.
Suspirei, buscando por paciência para lidar com o quanto Meredith conseguia ser mil vezes pior do que eu quando se propunha a ficar chateada com algo.
Descemos até a entrada da casa e, assim que visualizei apenas Warren e outros seguranças lá fora, senti algo insuportável me consumir dentro do meu peito.
Onde diabos estava o filho da puta do Alex?
- Onde está Karev?
Warren deu de ombros.
- Ele saiu de moto irritado, sem dizer nada e não atende as minhas ligações. Mas eu conversei com os seguranças e já nos organizamos para ir até o aeroporto.
Assinto.
- A senhora quer que eu mande algum dos homens o encontrar?
- Ele não é a porra de uma criança. Se quer agir como tal, é um problema dele.
Warren assentiu e me entregou as chaves da Maybach, abrindo a porta para Meredith, que entrou, o agradecendo.
Nós fizemos todo o caminho até o aeroporto caladas. A loira passou maior parte do tempo encarando as ruas lá fora por detrás dos seus óculos de sol, e eu apenas me concentrei em dirigir.
Assim que estacionei o carro no acostamento da pista de pouso, observei que o avião ainda não havia pousado e, antes que eu pudesse dizer algo à Meredith, ela abriu a porta do carro e saiu.
Respirando fundo, peguei o meu celular e tirei o meu cinto, saindo do carro logo em seguida e caminhando até a loira.
Ouvi o som do seu telefone tocar e ela se afastou de mim, o atendendo, mas antes consegui a ouvir dizer:
- Oi, sogra.
Eu voltei até o carro e me recostei ali, sentindo a minha cabeça doer de maneira insuportável.
Em poucos minutos, ouvi o som do avião se aproximando e me afastei do carro, o observando, aos poucos, atingir a pista de pouso e dar a volta nela, até parar de frente para mim.
As portas foram abertas e a escada desceu, revelando a figura baixinha e morena da minha irmã a descendo rapidamente e correndo até mim.
- Mana! - Ela me abraçou apertado e eu respirei fundo, fechando os meus olhos e a apertando contra o meu corpo - Estava tão preocupada desde que vi o noticiário. Você está bem?
Suspiro, dando de ombros.
Ela se afastou e tocou o meu rosto, me lançando um olhar preocupado de irmã mais velha que eu quase nunca presenciava em seu rosto, pois ela quase nunca vestia esse papel.
- Addie...
Ouvi o som dos saltos de Meredith se aproximando e tomei uma das mãos da minha irmã entre as minhas, sussurrando para ela:
- Depois conversamos sobre isso, ok? Evite trazer esse assunto à tona perto de Meredith.
Ela assentiu, parecendo entender exatamente os motivos e correu até a minha mulher, a abraçando com força e a cumprimentando animada.
Juntas, após os seguranças guardarem as malas de Amélia, nós adentramos o carro, com a minha irmã no banco de trás, tagarelando feito uma criança animada.
- Trouxe uma mala só de doces orientais para que provemos, Mer! Você vai adorar! E tem um bolinho delicioso de blueberry que eu trouxe para que você experimentasse. É simplesmente incrível!
- Ah, cunhada! Não sabe o quanto eu a amo por isso!
Elas riram e começaram a conversar amenidades, enquanto eu me concentrava em apenas dirigir.
- Vamos jantar na minha sogra hoje - Meredith me anunciou, sem me encarar.
- Ok, irei apenas passar em casa para...
- Iremos direto para lá, ela já está nos esperando para o chá da tarde - Ela falou de maneira autoritária, sem me dar espaço para objeções. Por mais que a sua voz não houvesse mudado seu tom por completo, ele não era inteiramente doce, como sempre.
Suspiro, resolvendo não a contrariar e tomo o caminho do interior da cidade.
- Amy, você já tem alguma previsão de quando vai voltar para Luanda? Vai estrear um musical incrível na Broadway no início de outubro. Inspirado no seu filme favorito. - Meredith comentou.
- Não sei, maninha, mas eu acho que não estarei por aqui... De qualquer forma, esses musicais sempre passam uns dois meses rodando por aí. E eu definitivamente estarei aqui no fim de novembro.
- Tudo bem, irei a esperar para vermos juntas então.
Elas continuaram conversando animadas sobre várias coisas que eu não consegui acompanhar, até que eu estacionei o carro na garagem ao lado da escadaria de entrada. As duas desceram juntas e caminharam até a entrada, e eu revirei os olhos, ao perceber o quanto eu parecia invisível para elas.
As acompanhei atrás e fui recebida calorosamente por Marina, que me abraçou apertado como sempre e se demonstrou preocupada, com apenas um olhar, sobre tudo que havia ouvido no noticiário.
Eu a garanti que tudo ficaria bem e logo adentrei a casa, vendo a minha mãe abraçar Amélia calorosamente e, logo em seguida, repetir o ato com Meredith.
- Filha! Meu Deus, eu estava quase morrendo de preocupação!
A abracei, a tranquilizando e a passando as novas instruções quanto a sua segurança, enquanto Meredith e Amélia subiam as escadas correndo, feito duas adolescentes.
- Bizzy, as meninas já chega... Ah, oi, sobrinha!
Franzo o cenho, completamente surpresa pela presença daquela mulher ali.
- Ella... O que está fazendo aqui? - A indago curiosa e incomodada ao mesmo tempo.
- A sua mãe me pediu ajuda com algumas posturas de yoga que ela não estava conseguindo realizar e... Bem, ela é bem persuasiva.
A minha mãe riu, acariciando o seu braço e eu observei algo no olhar daquela ruiva maluca mudar. Para algo em que não me agradou em absolutamente nada.
Mas que porra era aquela?
- Ella é uma ótima professora, filha! Acredito ser algo de família.
- Humrum, deve ser - Murmuro incomodada com o olhar e o sorriso que ela lançou para a minha mãe e, desejando quebrar aquele seu olhar, puxei a minha mãe sutilmente até mim - Mãe, acho que Marina estava precisando da sua ajuda com algo na cozinha. Algo sobre o chá da tarde. - Minto, afinal, Marina não havia me pedido nada.
- Ah, sim! Claro! Irei lá. Ella... Fique à vontade, por favor. Eu já volto. Addie, faça companhia para a sua... Tia?
Reviro os meus olhos discretamente.
Tia.
Nem mesmo morta.
- Então, não tivemos a chance de conversar muito, não é, minha mais nova sobrinha!
- Acredito que não - Murmuro entediada, me sentando no sofá.
Aquilo era tortura, completa tortura.
- Sobre o que exatamente são os seus negócios? Digo... Que ramo?
- Tecnologia - Respondo, sem muita vontade de manter uma conversa com ela.
- Humm, mais especificamente...
- Nada que seja da sua área, eu acredito - Profiro, tentando, como um inferno, não ser grossa com aquela mulher que tanto me desagradava por seus olhares sugestivos sobre a minha mãe e a sua maneira espalhafatosa de ser.
- Não mesmo - Ela riu, parecendo sequer perceber o quanto aquilo não foi uma piada - Sou mais do time abrir cabeças e ficar em pé por vinte horas em uma sala de cirurgia caçando tumores.
- Imagino.
- Neurocirurgia. Louco, eu sei. Mas todo neurocirurgião é um pouco desequilibrado, então eu acho que, até agora, estou indo como o esperado.
- Humrum, consigo ver isso. - Murmuro ironicamente.
Ela sorriu, se sentando ao meu lado, próxima demais para o meu gosto.
- Você é o assunto mais comentado na casa dos Machetti.
Sinto um nervosismo estranho me tomar no mesmo instante. E, como um passe de mágica, eu passo a me interessar por algo que saía da boca daquela mulher.
- Sou, é? - A indago curiosa. Ela assente, tocando a minha coxa com a sua mão cheia de anéis. Mais de dez em uma única mão, eu percebi.
- Humrum. Mama Luiza gosta de você. Ela viu algumas fotos suas e da Mer tiradas de maneira espontânea e disse que a sua principessa parecia feliz. Mas Papa... É com ele que você tem que se preocupar.
- Ele me odeia? - Pergunto nervosa.
- Por aí. Disse que te acha metida, rude, mal humorada, egocêntrica e até mesmo... Uma... Porcca vacca. Palavras dele.
Suspiro, desviando o meu olhar.
- E também tinha outro... Como era mesmo...
- Já é o bastante - Murmuro irritada. Porra!
A pessoa mais importante da vida de Meredith já me odiava sem sequer me conhecer, imagine quando o fizer! Eu mereço!
- Sinto muito. Mas... Bem, eles estão abertos a tentar conhecer você.
Só se for para se decepcionarem mais. Penso.
Mas que caralho de dia infernal!
- Bem, mas a dona Vera pareceu aprovar o casamento.
Quem?
- Quem é essa? - A indago confusa.
- A outra avó de Meredith, é claro!
- Meredith nunca me mencionou outra avó. - Falo, sem sequer pensar.
- Ah... Talvez seja porque elas... Não se... Dêem muito bem. Digo... É uma longa história. Mas a matriarca exigente e chata dos Grey pareceu gostar de você. Pelo menos foi o que Luiza ouviu falar.
Claro que gostou. Pela descrição, era óbvio que ela gostaria.
- Meredith não gosta da própria avó? - A indago confusa, mesmo sabendo que aquilo era quase impossível.
- Não, nada disso. Ela... Gosta. Só... Há muito envolvido aí. E eu não sou uma mulher de fofocas, mas se quer saber... Eu não gosto nada dessa mulherzinha. Sempre foi uma metida, nariz empinado e nunca aprovou, sequer, a pobre coitada da Aurora! - Reviro os meus olhos ao ouvir aquela droga de nome dos infernos - Sempre fez a neta de fantoche, assim como o filho! Mas enfim! Espero que nunca cruze o caminho de Vera Grey, a mulher não é nada fácil. Nem mesmo o marido a aguentou.
- Talvez seja de família - Murmuro de maneira ácida.
- É, eu concordo com você, sobrinha. Os Grey são um ninho de cobras. Exceto, é claro, pelo nosso solzinho. E ali vem ela!
Meredith descia as escadas em meio a risadas com Amélia, até ver a sua tia.
- Tia Ella? O que faz aqui?
- Vim ajudar a sua sogra com algumas posições de yoga.
Elas se abraçaram e Meredith apresentou Amélia para Ella, que começaram a conversar animadas como se já se conhecessem há eras.
Na hora do chá da tarde, a minha mãe nos guiou até a varanda coberta perto da piscina e nós comemos em meio a conversas malucas de Amélia e Ella.
- Ok, vamos ver alguma coisa no cinema? - Amélia nos indagou e Meredith rapidamente aceitou.
- Vou pedir sorvetes para Marina - A loira falou saindo rapidamente da sala.
A minha mãe e Ella se encaminharam para a sala de cinema, enquanto Amélia foi rapidamente tomar um banho e trocar os seus jeans pretos, botas e jaqueta por um pijama confortável.
Eu caminhei até a cozinha, ouvindo, de longe, a risada de Meredith preencher o ambiente.
Paro diante da porta, fechando brevemente os meus olhos, sentindo tudo dentro de mim ser também preenchido por aquele riso tão puro e, sem sequer perceber, sinto um pequeno sorriso se formar em meus lábios.
O seu riso era, literalmente, música para os meus ouvidos depois de um dia tão fodidamente exaustivo.
- Então a Addie ficou uma semana indo para a escola de touca porque o Mark colocou tinta azul no chuveiro dela?
Marina confirmou e a loira gargalhou novamente.
- Ai, minha barriga, Marina! - Eu sorri ainda mais largamente, conseguindo imaginar o azul mais vivo dos seus olhos, enquanto apertados em um riso imenso, puro e avassalador.
- Pois é, Mer! Você deveria ver a cara da minha menina. Ela chorou de tanto ódio que sentiu do irmão.
- Crescer tendo Mark como irmão mais velho não deve ter sido fácil.
- E não foi. Maioria dos cabelos brancos que tenho hoje são graças a ele e a Amy. A Addie sempre foi um anjinho. Nunca me dava trabalho, nem para comer, para dormir, ou sequer para tomar remédio. Eu e Bizzy sempre nos impressionamos com o quanto ela sempre foi madura demais para a sua idade. E para o posto de caçula.
- Você me parece a conhecer bem.
- Addie é como uma filha para mim. Sempre foi. Eu amo os meus dois outros pestinhas, mas ela sempre teve e sempre terá um espaço especial no meu coração. E sempre foi a que mais me deu atenção também.
- Ela também parece a amar muito.
As duas se calaram e eu, desistindo de entrar na cozinha, rumei até o cinema, sentindo algo bom me tomar após ouvir aquela conversa.
Marina sempre foi uma espécie de segunda mãe para mim. Tendo em vista que ela e a minha mãe foram as responsáveis por me criar e me educar, junto aos meus irmãos. Já que o Capitão não possuiu uma presença tão vívida nas nossas vidas por causa do trabalho.
Eu apenas tinha direito a um de seus finais de semana por mês, quando ele me escolhia para sair consigo, o que quase nunca acontecia, pois ele sempre preferiu Mark à eu ou Amélia.
Nunca foi uma novidade para mim ou para a minha irmã que ele não desejava ter filhas meninas. Então, quando Amélia nasceu, ela foi basicamente a sua primeira decepção, pois ele esperava um outro menino. E, então, eu, como sempre, fiz o perfeito papel de nascer e aumentar aquela decepção em níveis ainda maiores.
Viver em uma casa com duas filhas com personalidades mais do que fortes nunca foi do seu agrado. E, bem, eu e Amélia estávamos pouco nos lixando para isso.
Sempre fomos ensinadas pela nossa mãe e por Marina que nunca deveríamos abaixar a nossa cabeça para homem algum. Mesmo o nosso pai.
E cá estamos nós.
Elas fizeram um bom trabalho. Pelo menos nesse sentido, ele ainda se mantém de pé. Já o resto, para comigo... Bem, nem tanto.
Mas ao menos elas tentaram.
Ouço a porta abrir e não preciso me virar para ver que Meredith havia adentrado o cinema.
A minha mãe estava nas poltronas da frente, sentada ao lado de Ella, conversando em um tom ameno.
A loira passou por mim e se deitou no grande sofá à minha frente e, já sem paciência para todo aquele seu distanciamento, me levantei, indo até ela e me sentando ao seu lado.
- Por que está me ignorando? - A indago, sem mais rodeios.
- Você me pediu espaço. Estou a dando - Ela respondeu friamente, se levantando e se afastando até o outro lado do sofá.
Respiro fundo, sentindo-me culpada pela maneira a qual a tratei mais cedo.
- Meredith... - Murmurei me aproximando - Me desculpe. Eu não deveria ter a tratado daquela maneira mais cedo. Eu apenas... Apenas estava me sentindo... Sobrecarregada. - Murmuro, sem saber, ao certo, o que dizer. Eu odiava imaginar o quanto ela estava chateada comigo.
Ouvi um suspiro pesado sair do seu nariz.
- Tudo bem - Ela murmurou em um tom de voz mais ameno.
- Mesmo? - A indaguei preocupada, ela assentiu, me encarando.
- Posso pedir uma coisa? - Ela me perguntou, se aproximando mais de mim e tocando o meu rosto com a sua mão quente e macia, eu assenti, sentindo o frio estranho e bom ao meu estômago ao sentir o seu polegar acariciar a minha bochecha ternamente - Não me trata assim de novo. Eu... Não gosto de quando você é grossa comigo, Addie. E eu não estou aqui para ser tratada assim. Quero que me veja como alguém com quem você possa despejar tudo, de uma maneira saudável, é claro, e não alguém para que você afaste toda vez que se sente mal.
Suspiro, me sentindo o pior ser humano do mundo naquele momento.
Eu não merecia Meredith. Nem em um milhão de anos poderia ser digna o bastante de a ter ao meu lado por qualquer relação que não fosse forçada.
- Me desculpe - Murmuro, desviando o meu olhar.
- Tudo bem, Addie. Eu ainda divido o meu sorvete com você.
Assinto, sem conseguir sequer sorrir para a sua piada.
- Eu não quis ser grossa com você. Eu só... Estava... Estou... Me sentindo péssima.
- Addie...
- Foi a porra de um dia de merda, eu sinto muito por ter descontado isso em você.
- Eu sinto muito por tudo que está acontecendo. Sei que está temendo pela sua mãe, pela Amy... Por você. E... Eu também estou assustada. Assustada demais, Addie.
Eu também estou. Mas não por mim, e sim por você. Sempre por você.
Foi a primeira coisa que se passou na minha cabeça, mas, é claro, eu não a externalizei.
- Eu sei - Murmuro, a puxando para mim e depositando um beijo terno no topo da sua cabeça - Mas eu prometo que estou fazendo tudo que posso para que fiquemos bem.
- Eu sei que está, Addie - Ela murmurou docemente contra o meu pescoço, deitando a sua cabeça no meu ombro e apoiando as suas pernas no sofá, se mantendo deitada em meu peito. - Posso perguntar o que aconteceu entre você e Alex?
- Nós brigamos - Murmuro rodeando o meu braço pela sua cintura e me recostando no braço do sofá.
- Você bateu nele?
- Não quero falar sobre isso, tudo bem?
Ela assentiu e Amélia chegou, trazendo três baldes de pipoca junto a Marina e algumas taças de vinho.
A minha irmã se sentou em uma poltrona ao meu lado e pegou o controle do enorme telão, o ligando.
- Eu voto em vermos Shrek. Um, dois e três.
- Nem morta - Murmuro revirando os meus olhos - Cresça, Amélia! Vamos ver O Exorcista.
- Nem morta! Estou fora desse cinema no momento em que esse filme começar - Meredith se pronunciou e eu revirei os olhos novamente, tirando os meus saltos e colocando os meus pés no sofá. A loira se ajeitou e deitou a sua cabeça no meu ombro novamente.
Eu segurei um sorriso, sentindo o meu corpo relaxar de maneira intensa ao sentir o seu tão próximo.
- Humm, e o que acham de Shrek três? - Amélia nos indagou enchendo a boca de pipoca.
- Nada de Shrek, Amélia! - Profiro sem paciência.
- Ela odeia esse filme desde que eu disse que ela é o Shrek, eu sou o burro e o Mark é o rei baixinho de pau pequeno.
Meredith gargalhou e eu sorri, revirando os meus olhos.
- Ok, me passe o controle, eu e Ella, as verdadeiras adultas dessa sala, decidimos o filme - A minha mãe se pronunciou, erguendo a sua mão para pegar o controle.
- A tia Ella? Adulta? - Meredith riu incrédula e eu compartilhei da mesma ironia.
- Mas eu não acho Shrek uma má opção, Biz...
- Céus!
Após alguns minutos de discussão, a minha mãe acabou aceitando as chantagens de Amélia e colocou Shrek para passar, apenas porque era a semana do seu aniversário.
A minha irmã praticamente pulou na poltrona ao meu lado de tanta felicidade e eu revirei os meus olhos, sorrindo assim que vi Meredith tentar esconder o quanto havia gostado daquilo também.
- Addie? Quero pipoca! Você está comendo tudo sozinha! - A loira murmurou em um tom de voz manhoso e eu não precisei a encarar para saber que ela fazia um bico.
- Achei que fosse tomar sorvete - Me defendo, a apontando o vaso.
- Vou comer os dois.
Nego com a cabeça, a entregando o vaso e ela passou a comer, se concentrando no filme.
- Esse burro é tão insuportável quanto você, Amélia. - Murmuro em certo momento, já não suportando mais as falatórias daquele burro.
Senti os meus cabelos serem puxados e dei um tapa forte na sua mão.
- Ai! Mamãe, a Addie me bateu na semana do meu aniversário!
- Addison! - A minha mãe me repreendeu.
- Ela puxou meu cabelo! - Me defendo.
- Ela puxou o meu cabelo! - Amélia me imitou, em um tom de voz irritante - Insuportável!
- Vá à merda, Amélia!
- Vá à merda, Amélia - Ela repetiu aquele tom de voz que profundamente me irritava.
- Sua...
- Por Deus, ou vocês param ou você, Amélia, irá vir sentar aqui comigo.
- Por que eu? Ela é a rebelde chata, e eu sou a mais velha!
- Exatamente por isso!
Reviro os meus olhos, sentindo os meus cabelos serem puxados novamente e bufo irritada.
- Amélia eu juro que se você fizer isso de novo, eu...
- Eu não fiz nada!
- Sonsa! - Rosnei para ela, irritada.
Ouvi Meredith conter um riso contra o meu pescoço e me afastei, vendo o seu braço o rodear o bastante para que ela puxasse os meus cabelos.
- Sua...
- Esposa maravilhosa, engraçada, a mulher mais incrível da sua vida? Humrum, sou sim, meu amor.
Reviro os meus olhos, me deitando novamente e vendo a loira se levantar, pegando o seu sorvete. Ela se deitou contra mim novamente mas, dessa vez, ao meio das minhas pernas e deitando a sua cabeça no meu peito, enquanto dividíamos um pote de sorvete de morango sem açúcar.
- Humm, olha que fofo! Eu sou o burro e você o dragão! - Meredith murmurou para mim e eu revirei os meus olhos.
- Se você fosse essa coisa chata e irritante pode ter certeza que não teria isso aqui - Seguro a sua mão esquerda, apontando para as alianças.
- Ei, não fale assim do meu personagem favorito! - Ela murmurou entrelaçando os nossos dedos e eu fechei os meus olhos, sentindo um cansaço insuportável me consumir e os efeitos do seu perfume doce e dos movimentos circulares em que ela fazia em meus braços ao redor da sua cintura cooperarem para que eu caísse em um sono leve durante todos os três filmes.
- Impressionante! - Acordei com Meredith sentada sobre a minha cintura, com os braços cruzados, me encarando - Bom dia, Bela adormecida!
Revirei os meus olhos, vendo a sala silenciosa demais.
- Onde estão as outras? - A indago, segurando a sua cintura.
- Estão na sala jogando, eu vim chamar você para jogarmos também. Link acabou de chegar - Reviro os meus olhos no mesmo momento - E vamos jogar em dupla, por favorzinho. - Ela uniu as mãos e fez um bico, fazendo aquele pedido em um tom de voz manhoso, que no mesmo momento me fez querer sorrir.
Suspiro, pegando o meu celular e me assustando com a hora.
- Eu tenho uma reunião em vinte minutos.
- Ah, tudo bem, então - Ela murmurou em um tom de voz decepcionado, saindo do meu colo e eu suspirei, praguejando um xingamento na minha cabeça.
- Qual o jogo?
- Um de detetives. A Amy não queria que você jogasse porque disse que você era boa demais nele.
- Me espere na sala, vou mandar uma mensagem para Kepner.
Ela sorriu de maneira iluminada.
- Você vai jogar?
- Não perderia a oportunidade de chutar a bunda da minha irmã mais velha em um dos meus jogos de tabuleiro favoritos.
Ela riu e deixou um selinho em meus lábios, saindo do cinema.
Eu liguei rapidamente para Kepner e a pedi para remarcar a reunião, alegando problemas de força maior e ela rapidamente o fez.
Saí do cinema e visualizei a mesa de centro da sala com o tabuleiro organizado e a minha mãe e Ella sentadas lado a lado, Amélia e o pediatra de cabelos de gel de outro e Meredith com um lugar vago em seu lado.
Me aproximei, tirando os meus saltos e me sentando ao lado da loira.
- Ah, não! Ninguém chamou você aqui, sua insuportável! - Amélia murmurou irritada - Você sabe muito bem como roubar nesse jogo.
- Falando assim, nem parece uma Montgomery, frangote.
- Frangote é a minha mão na sua cara, sua...
- Meninas! - A minha mãe nos interrompeu e Amélia me mostrou a sua língua. Eu revirei os meus olhos e, fora da visão da nossa mãe, a mostrei o dedo do meio.
- Mamãeeee, a Addie... Ai, porra!
Chutei o seu pé por debaixo da mesa e a ofereci o meu olhar mais mortal, a fazendo se calar.
- Amélia Montgomery! - A minha mãe a repreendeu, irritada - Você sabe o quanto eu odeio palavrões!
- Desculpa, mamãe - Ela encolheu-se e eu, internamente, me diverti com aquilo.
Eu tirei o meu blazer e bebi um pouco do vinho depositado na taça única para mim e Meredith.
- Vou pedir uma para você.
- Não precisa, não quero beber muito.
Ela assentiu, se fazendo confortável ao meu lado e começamos a jogar.
- Você anota as informações porque é bem mais organizada que eu - Murmuro para ela, que assentiu, pegando um dos bloquinhos e escolhendo a caneta vermelha, a cor do nosso time.
O jogo foi se desenvolvendo e, conforme nós recebíamos pistas, ou eu ou Meredith observávamos a jogada de todos os jogadores, que poderiam ser verdadeiras ou não, a loira construiu uma linha e foi eliminando ou adicionando as possibilidades conforme sussurrava no meu ouvido ou eu o fazia ao seu.
- Ok, sobrou isso - Ela me apontou o bloco e eu analisei as duas possibilidades.
- Time Bella, desejam fazer o chute final sobre o local, a arma usada, o assassino, o álibe dele, a vítima e a história? - Amélia indagou a minha mãe e Ella, que se encararam profundamente, parecendo pensar arduamente.
- Não, passaremos a vez para o time "Amélia e um fã" - A minha mãe disse, sem que elas precisassem discutir sobre, como se houvessem decidido apenas por um olhar.
Amélia assentiu, jogando o dado e, assim que ela parou em um local, eu a vi riscar algo do seu bloquinho e sorri, vitoriosa, já tendo matado o seu jogo e, consequentemente, o nosso. Xeque-mate!
- Time Amelink... Digo, Amélia e um fã, - Mereditn riu baixinho - Querem fazer o chute final? - Meredith os indagou.
- Não, passaremos para o Time Meddison.
Meredith me encarou apreensiva.
- O que faremos, Addie? Acho melhor pularmos, apesar de termos só duas opções, se chutarmos a errada, nós perdemos e a sua mãe e Ella vão ganhar. - Ela sussurrou.
- O assassinato não foi na mansão - sussurrei de volta para ela, ao seu ouvido.
- Oi? Como você sabe?
- Amélia acabou de riscar a mansão do seu bloco.
- Como você sabe? O dado parou no restaurante. Você está roubando? Addison! - Ela me encarou perplexa.
- Claro que não! Amélia sempre anota as informações da rodada anterior antes de jogar o dado da rodada presente. E na rodada anterior ela recebeu informações sobre a mansão. Porque só haviam mais três cartas: a mansão, o restaurante e a floricultura. O único que ainda não saiu, até agora, foi a floricultura. O restaurante não faz sentido, já sabemos disso desde a primeira rodada. A nossa dúvida era: mansão ou floricultura. Agora ela acabou de fazer um risco no papel. Ou seja, não é a mansão.
Meredith sorriu vitoriosa para mim.
- Como você consegue ser tão sexy sendo uma completa nerd, eu nunca saberei explicar - Ela sussurrou contra os meus lábios, me surpreendendo ao morder o meu lábio inferior.
Eu me surpreendi com a sua fala, sentindo o meu estômago parecer fervilhar e o meu cérebro parecer perder a sua linha de raciocínio por alguns segundos.
- As honras são suas, querida - Murmurei, afastando uma mecha de cabelo do seu rosto.
Ela sorriu ainda mais, depositando um beijo rápido nos meus lábios.
- O Time Meddison deseja fazer o chute final - Respondo, apoiando o meu queixo no ombro de Meredith para observar melhor as suas anotações tão bem organizadas, em uma caligrafia tão legível, que eu nunca seria capaz de performar, já que a minha própria era um completo desastre.
- O autor do crime foi o senhor Rogers, o policial. A arma do crime utilizada foi um machado. A vítima foi a senhora Elisa Blythe e o local do crime...
Amélia ainda tinha um pingo de esperança em seu olhar, que vi morrer no segundo em que Meredith falou:
- Foi na floricultura. As detetives Montgomery acreditam que a motivação do assassinato tenha sido por um caso extra-conjulgal, já que a senhora Blythe era casada e o policial realizava inúmeras visitas na floricultura, demais para manter a casualidade e possuía alergia a margaridas, portanto, não poderia sequer passar perto do local. Essa poderia ser uma motivação para que ele não fosse o assassino, mas esse foi exatamente o seu álibe, uma ótima desculpa, mas, nas suas roupas, haviam uma quantidade exorbitante de anti-hístaminicos e mais outros inúmeros remédios para alergia. O que corroboram para todas as suas visitas na floricultura.
- Droga! É claro, anti-hístaminicos! Como eu não pensei nisso? - Link murmurou irritado e Amélia socou o seu braço com força.
- Seu... Argh! - Ela grunhiu irritada.
- Ouch!
A minha mãe pegou o cartão contendo o real crime, que nenhum de nós havíamos lido, e tirou do envelope, lendo, exatamente, tudo que Meredith havia acabado de dizer.
A loira me encarou e ergueu a sua mão, eu repeti o seu ato e nós batemos no mesmo toque que eu fazia com Luke.
- Meu Deus, vocês são geniais! - Ella falou impressinada - Para nós faltava apenas o local e a arma. Mas essa parte dos anti-hístaminicos estava bem óbvia, Link.
Ele revirou os olhos, mas aceitou a derrota.
- Como se sentem, sogra e cunhada, tendo pares médicos ao seu lado e sendo vencidas por uma professora e uma juíza entendem tanto de medicina o quanto entendem de... Sei lá, cozinha? - Um mínimo sorriso surgiu em meus lábios pelo quão Meredith era ainda mais competitiva do que eu.
- Metidas! - Amélia e a minha mãe murmuraram ao mesmo tempo e Meredith riu, se recostando ao meu ombro novamente.
...
Meredith Montgomery,
Mais tarde;
- Estava com saudades de passar tempo com a sua família. - Falo para Addison, saindo do banho e me enrolando na toalha, sendo observada por ela. - Eu e a sua mãe estamos planejando a festa surpresa de Amélia esse fim de semana, e o aniversário de George é essa sexta, você acha que consegue ir? - A indago um pouco apreensiva.
- Farei meu melhor - Ela falou tirando a sua lingerie preta e adentrando o chuveiro, mudando o jato quente para o frio.
Eu me troquei, vestindo um conjunto de baby doll vermelho e penteei os meus cabelos, que caíam enormes e brilhosos pelas minhas costas. Passei todos os meus cremes e fui até a cama, me deitando, esperando por Addison.
Em poucos minutos a ruiva apareceu vestindo um robe preto longo e com os cabelos presos em um rabo de cavalo.
- Hoje acho que terminamos a primeira temporada da nossa série - Falo animada para ela, a lançando um sorriso.
- Podemos deixar para amanhã? Eu preciso resolver algumas coisas do tribunal.
Assinto, um pouco decepcionada e preocupada com o seu sono.
- Tudo bem, só não durma muito tarde, ok?
Ela assentiu e veio até mim, segurando o meu rosto de maneira delicada e depositando um beijo terno nos meus lábios.
- Boa noite, Addie - A desejo, selando os nossos lábios novamente.
- Boa noite - Ela respondeu, mordendo o meu lábio inferior e se retirou do quarto.
Eu escolhi outra série para passar na TV e diminuí o volume, me ajeitando na enorme cama e não gostando nada de dormir nela sozinha, mas, mesmo assim, agarro um dos travesseiros de Addison e o levo até as minhas narinas, sentindo o seu cheiro me acalmar por completo e o meu cansaço vencer, me levando até um sono turbulento.
...
"Hoje, a juíza e empresária Addison Montgomery foi encontrada morta a facadas em seu gabinete no Tribunal Superior de Nova York, vestindo a sua toga e com o martelo em uma das mãos. A mulher deixou para trás um patrimônio líquido em bilhões de dólares, ocupando a sétima posição na lista de pessoas mais ricas do mundo. A juíza era casada com a professora ginasta e bailarina Meredith Montgomery há quase sete meses e ambas possuíam um relacionamento digno dos tablóides. A ginasta ainda não apareceu em público após o assassinato, e acreditamos que não o fará por muito tempo. Agora, nos resta saber... Quem entrará no lugar da presidência da Montgomery Enterprises? Façam suas apostas!"
...
Sou despertada de maneira abrupta após aquele pesadelo, sentindo o meu peito subir e descer de maneira insuportável, enquanto eu lutava para respirar e repetia, incansávelmente, a voz daquele noticiário na minha cabeça.
Sentindo os meus olhos marejarem e o medo me tomar como a sombra de um possível monstro embaixo da cama, encaro o meu entorno, me vendo completamente sozinha no quarto.
Alcanço o meu celular, limpando as lágrimas que insistiam em cair de maneira amedrontada dos meus olhos e visualizei a hora: 3h47 da manhã.
Precisando me certificar de que Addison estava segura, eu me levantei e fui até o closet, me enrolando em um robe preto seu e peguei uma manta, a envolvendo nos meus ombros por causa da brusca queda de temperatura da madrugada.
Saí do meu quarto rapidamente e desci as escadas da casa meio escura até chegar à sala, que estava iluminada apenas por dois abajures ao lado do sofá e de uma poltrona.
Caminhei rapidamente até o escritório e bati na porta, esperando ansiosamente por uma resposta. Mas, assim que não ouvi uma, senti o meu coração parecer desejar pular para fora do meu peito pela minha garganta.
Sentindo as minhas mãos estremecerem, toquei a maçaneta da porta e a abri, temerosa com a voz insuportável da apresentadora da TV que habitou os meus sonhos. Mas, assim que abri a porta por completo, senti como se um peso houvesse sido tirado das minhas costas.
Addison estava sentada na sua cadeira e possuía a sua cabeça apoiada em um dos braços que estava em cima da mesa, em uma posição extremamente desconfortável, parecendo dormir profundamente ali.
Sorri, sentindo o meu peito se aquecer assim que me aproximei e vi o mínimo bico em seus lábios e a expressão fechada e um pouco brava em que ela possiuía, mesmo no sono.
Sentindo a temperatura tão fria, alcancei o controle do ar e o coloquei para aquecer o ambiente e tirei a manta dos meus ombros devagar, temendo a acordar, pois eu sabia que se ela o fizesse, não dormiria mais.
A coloquei ao redor dos seus ombros e, sentindo o meu coração se inundar de amor por um grunhido baixo soltado por ela, eu sorri, me esticando e depositando um beijo suave na sua bochecha.
- Durma bem, ruivinha - Sussurrei para ela, acariciando os seus cabelos já soltos e sorri, me esticando e, sentindo o cheiro delicioso que emanava dos seus cabelos, depositei outro beijo terno no topo da sua cabeça, saindo do escritório logo em seguida.
Sentindo-me um pouco inquieta e desejando não ocupar a minha cabeça com aquele sonho e os últimos acontecimentos, subi novamente até o meu quarto e me troquei, vestindo uma calça de yoga preta, um top e um moletom da mesma cor por cima. Peguei o meu celular e os meus fones e me dirigi até a academia.
Comecei a ouvir algumas músicas da minha playlist em francês, tirei os meus tênis e as minhas meias e me concentrei nos meus alongamentos, começando a praticar os movimentos já escolhidos para a minha primeira apresentação logo em seguida.
Após suar bastante, me sentei no chão macio da academia e tirei o meu moletom, ficando apenas de top e bebi a minha água, me propondo a observar o azul escuro do céu se tornar, gradativamente, mais claro, conforme a aurora ia surgindo e Hey jude, a minha música favorita no mundo inteiro, tocava na minha playlist.
- Bom dia - A voz de Addison soou atrás de mim e eu me virei, a observando vestir um short de academia minúsculo e um top de alcinhas finas, ambos pretos. Seus cabelos estavam presos em um coque bagunçado e a sua feição emanava cansaço.
- Bom dia - Respondi sorrindo, a observando vir até mim e se sentar ao meu lado, pegando a minha garrafa e bebendo o resto da água, selando os seus lábios aos meus logo após.
- Treinando para as competições?
- Humrum.
- Como está indo?
- Até agora tudo bem.
- Ótimo - Ela murmurou de volta, se levantando e fazendo o seu alongamento, indo, primeiramente, até a esteira.
Eu me propus a apenas observa-la, já que havia finalizado meu treino da manhã.
A ruiva, alguns minutos depois, saiu do equipamento, já suando, e foi até uma barra de ferro suspensa, se pendurando nela e começando a fazer uma série de flexões.
Após isso, a ruiva rumou para uma barra de peso imensa e, naquele momento, eu senti o meu estômago ferver de maneira deliciosa, ao vê-la se agachar e se levantar, de costas para mim, inúmeras vezes.
Mordi o meu lábio inferior, contemplando a sua bunda tão bem desenhada naquele short e as suas coxas posteriores tão definidas.
Seus braços fortes e os bíceps contraídos... Os grunhidos que saíam da sua garganta involuntariamente durante os seus movimentos...
Céus! Não eram nem seis da manhã ainda!
Se controle, Meredith Montgomery!
Mas, assim que vi a ruiva terminar o seu treino, trinta minutos depois, parecendo alheia ao mundo ao seu redor, vestir as suas luvas e passar a socar com força um boneco de boxe, senti o meu centro pulsar em uma agonia deliciosa ao presencia-la de maneira tão bruta, socando aquele boneco como se não houvesse amanhã, enquanto alguns palavrões saíam da sua boca da maneira mais suja possível, mas que eu, alguém que sempre odiou com todas as suas forças todos os tipos de palavrões do mundo, adorava os ouvir na sua voz. A deixava tão mais sexy!
Outros muitos torturantes minutos depois, eu senti o fino suor escapar entre os meus seios enquanto eu tentava, veementemente, apertar as minhas coxas uma contra a outra e controlar todos os pensamentos que vagavam a minha cabeça naquele momento.
Addison socou o boneco uma última vez, com uma força tão grande, que o fez bater contra a parede e voltar, sendo contido de bater em seu corpo por ela mesma.
Ela soltou as suas luvas e as colocou de lado, indo até o frigobar, com os cabelos quase caindo do coque e o suor caindo pelo seu corpo de maneira deliciosa.
Assim que ela abriu a garrafa d'água e a bebeu por completo, eu mordi o meu lábio inferior, me divertindo com o quanto Addison possuía um poder inenarrável sobre mim. E não havia nada em que eu pudesse fazer para evitar isso.
Eu estava a desejando da maneira mais suja o possível durante os seus exercícios físicos. As cinco e meia da manhã. Na nossa academia.
E tudo que eu sentia diante daquele fato era uma vontade imensa de rir.
Meredith Montgomery, a mulher menos ousada do mundo ao que se abrangia a sexo, pelo menos há alguns meses atrás, desejando o fazer em uma academia inteira de vidro, intensamente, as cinco da manhã.
Porém coisas mudam, e graças aos céus que elas o fazem!
Addison me encarou e eu senti a minha pele parecer fervilhar diante do seu olhar sobre mim. Ela claramente me percebeu a encarando durante os seus cinquenta minutos de treino.
Seria impossível não perceber.
Sentindo uma ousadia tão inusual me tomar, apoiei ambas das minhas mãos ao chão, sustentando o meu tronco e a encarei ainda mais intensamente, com um sorriso leve nos lábios.
Ela caminhou calmamente até mim e eu engoli em seco, visualizando o delicioso brilho de suor em seu corpo. Addison se abaixou, ficando sentada ao meu lado e eu fechei os olhos assim que senti o cheiro do seu perfume ainda mais acentuado e tão próximo do meu rosto.
- Há alguma coisa no meu rosto... Ou melhor... Na minha bunda, para que você esteja me fodendo tanto com os olhos desde que comecei a treinar, querida?
Engasgo, sentindo a minha respiração falhar e a minha garganta também falhar no ato de produzir qualquer som, mesmo que os meus lábios se abrissem e se fechassem em uma tentativa tão vã de o fazer.
- Hum? - Ela mordiscou o nódulo da minha orelha e eu gemi baixo, mordendo o meu lábio inferior. - Deseja alguma coisa, querida?
Ela tocou o meu queixo sutilmente, me fazendo a encarar e eu abri os meus olhos, obedecendo ao seu pedido não verbal.
- Sim - Murmurei contra os seus lábios.
- Me diga o quê - Ela ordenou, traçando o contorno dos meus lábios com o seu polegar, me fazendo fechar os olhos brevemente diante daquele ato tão carinhoso - Me diga, agora.
Me levantei minimamente, apenas para me sentar em seu colo e levar a minha boca até o seu ouvido:
- Quero muitas coisas, Meritíssima.
- Comece a lista-las para mim, Professora Montgomery - Ela murmurou, espalmando as suas mãos na minha cintura e traçando o ponto fraco do meu pescoço com a sua língua, me fazendo fechar os meus olhos com força e passar as minhas unhas pelos músculos contraídos do seu braço.
- Não sei se elas são apropriadas para essa hora da manhã, vossa Excelência - Sussurro, passando a minha língua vagarosamente pela sua orelha.
A ouvi suspirar e, assim que abri os meus olhos, sorri, vendo o seu pescoço inteiramente arrepiado.
- Todas as horas do dia me parecem tão apropriadas para ouvir você gemer para mim, enquanto - Ela abaixou o seu tom de voz, o transformando em um sussurro tão baixo, que eu precisei fechar os olhos e me concentrar para entender - Eu faço o delicioso trabalho de a foder como você gosta, querida - A senti, nesse momento, espalmar as suas mãos sobre a minha bunda e me puxar para ainda mais perto, até que não houvesse um centímetro sequer de distância entre os nossos corpos.
Arfei contra o seu pescoço, sentindo-me a ponto de explodir.
- Humm, é mesmo? - O meu tom de voz saiu mais como um choramingar desesperado do que como um desafio.
- Humrum... - Senti as suas mãos subirem pela minha cintura vagarosamente, parando aos meus seios e, assim que ela os apertou de maneira nada delicada, um gemido baixo escapou dos meus lábios, enquanto eu sentia a minha calça ser danificada com o conteúdo que perpassava a minha calcinha.
Seus lábios desceram vagarosamente pelo meu pescoço e a minha clavícula, os beijando de maneira delicada, até parar ao vale dos meus seios.
- Mas você ia dizendo, querida... O que de tão inapropriado quer que eu faça com você à essa hora da manhã? - Ela murmurou contra os meus seios e eu respirei fundo, sentindo-me incapaz de sequer abrir os meus lábios para a responder. Senti os seus lábios rumarem para o meu seio esquerdo e, sem que eu esperasse, ela afastou o tecido do meu top com os seus dentes e abocanhou o meu mamilo já enrijecido em seus lábios. A minha cabeça automaticamente pendeu para trás, a fim de aproveitar mais daquela carícia, enquanto um gemido manhoso escapou dos meus lábios. - Diga, querida. - As suas mãos apertaram a minha cintura com força.
Tentando agarrar o resto de sanidade que ainda me restava, puxei o seu rosto de encontro ao meu e mordi o seu lábio inferior com força, afundando o meu polegar na sua bochecha.
Abri os meus olhos, me deparando com as suas íris verdes completamente dilatadas e carregando uma luxúria além do nosso normal. Algo dentro de mim se acendeu. Aquela parte de mim que apenas era estimulada por Addison, e para Addison.
- Quero que utilize da mesma força que estava utilizando com aquele boneco... E que me faça gritar o seu nome, Meritíssima - Sorri, ao sentir a sua respiração falhar e ao ver os seus olhos se fecharem vagarosamente, conforme ela parecia adentrar em um transe. Passei os meus lábios para a sua orelha e mordi o seu nódulo, passando a minha língua por ele e sussurrando no meu tom de voz mais baixo e mais descarado: - Quero que mande a sua delicadeza à merda e faça com força, meu bem.
A encarei novamente. Ela abriu os seus olhos e eu senti o meu centro pulsar de maneira desesperada pelo olhar que agora possuía as suas íris verdes.
Addison sabia se comunicar tão bem pelos seus olhos... Ou eu apenas aprendi a me especializar em entender essa comunicação ao longo do tempo e a compartilhar com ela da maneira mais pura e leve possível.
Algo em sua feição mudou por completo e eu senti tudo dentro de mim se contorcer assim que Addison me tomou em um beijo desesperado e eu, como resposta, cravei as minhas unhas nas suas costas, me movimentando contra o seu abdomen, buscando por algum contato.
A ruiva me afastou do seu colo sem qualquer tipo de delicadeza e segurou as minhas mãos, me fazendo levantar consigo.
Addison caminhou comigo pela academia, enquanto ainda me beijava de maneira feroz e me encostou em uma parede com força, separando os seus lábios dos meus apenas para os levar até o meu pescoço e o tomar em beijos e mordidas nada delicados.
Suas mãos desceram para o cós da minha calça e a abaixou junto com a minha calcinha de maneira desesperada. A ajudei, chutando o tecido para longe das minhas pernas e envolvi uma das minhas pernas na sua cintura, tendo a outra apoiada ao chão.
Puxei os seus lábios de encontro aos meus novamente, em outro beijo desesperado e apertei os músculos dos seus braços com força, gemendo entre o beijo assim que a minha intimidade entrou em contato com a sua coxa nua.
A sua mão direita desceu pela minha cintura, em direção a minha perna ao redor da sua e parou na minha nádega, me surpreendendo com um tapa fraco, seguido de um aperto com força, me fazendo estremecer e quase perder o meu equilíbrio, enquanto separava os meus lábios dos seus para gemer alto e jogar a minha cabeça para trás, assim que senti algo diferente me tomar por completo.
Segurei-me na pilastra da parede ao nosso lado e apertei os meus olhos, sentindo que poderia facilmente chegar ao meu ápice de prazer caso ela repetisse aquele ato novamente.
Céus! O que era aquilo?
A minha real vontade fora de a implorar para repetir aquele ato, com mais força, e me fazer gozar para si apenas daquela forma.
Mas, assim que os meus lábios se abriram, a sua outra mão desceu para o meio das minhas pernas e eu estremeci, gemendo e esquecendo de absolutamente tudo, ao senti-la me tocar como se analisasse a intensidade da minha excitação.
Sem conseguir mais conter a minha excitação, as minhas unhas fizeram o trabalho de a demonstrar, arranhando os seus braços com força, sentindo os seus músculos contraídos sobre as minhas unhas, sem me importar com a ardência em que aquele ato poderia a causar.
- Meredith... - Ela sussurrou ao meu ouvido, entre um gemido baixo e um estremecer contra o meu corpo - Porra! - Ela praguejou ao meu ouvido e, por um segundo, eu me permiti perceber algo que não havia sentido antes. A minha perna ao meio das suas estava levemente molhada, mesmo que ela ainda vestisse o seu short e a sua calcinha, o que me fizera, por um milésimo de segundo, me dar conta de o quanto eu, impressionantemente, também conseguia mexer com aquela ruiva.
Um sorriso se formou em meus lábios e eu movimentei levemente a minha perna ao meio das suas, a ouvindo gemer baixo ao meu ouvido e estremecer contra o meu corpo, prensando o seu corpo ao meu e me chocando mais contra a parede.
Eu conseguia mexer com Addison Montgomery. Eu consegui a fazer praticamente escorrer para mim entre duas camadas de pano.
Céus.
Eu não sabia como aquilo era possível, mas aquela percepção havia mexido com algo dentro de mim. Afinal, Addison parecia estar tão entregue aos nossos momentos mais íntimos quanto eu. Talvez nem tanto quanto eu, mas consideravelmente.
Mas, tirando-me de todos aqueles pensamentos, Addison me adentrou com força, fazendo-me estremecer contra si e a parede de vidro atrás de mim.
Um gemido alto escapou dos meus lábios e eu a segurei com força contra mim, sentindo os meus cabelos se soltarem do coque bagunçado que eu havia feito e caírem ao redor dos meus ombros e dos meus seios, enquanto a ruiva os afastava com o seu próprio rosto e mordiscava e chupava o meu pescoço com força.
Seus movimentos, gradativamente, se aumentavam em intensidade, enquanto eu lutava para permanecer equilibrada naquela posição, mas, assim que, poucos segundos depois, senti o meu ápice se aproximar, a segurei com força, perdendo o meu equilíbrio por um segundo, sendo segurada por ela.
Addison segurou as minhas nádegas com força, me erguendo contra a parede e colocando ambas das minhas pernas ao redor da sua cintura.
O seu nome passou a sair da minha boca em choramingos ao seu ouvido, enquanto ela marcava a minha pele com os seus lábios e entrava e saía de mim com força.
Assim que ela, entre as suas investidas, passou a estimular o meu ponto que pulsava por atenção, eu joguei a minha cabeça para trás, me sentindo tão próxima, que a tarefa de ornar a minha respiração descompassada com as batidas do meu coração e a força de Addison se tornou impossível.
- Addie... - uma série de gemidos seguidos de respirações entrecortadas escapou dos meus lábios, enquanto a ruiva mordiscava o meu pescoço e alternava os seus movimentos ao meu clitóris - Addie... Eu vou... Eu... Ah, merda... Merda... Addison...
Arranhei com força as suas costas, conforme o meu corpo se retorcia em ondas de prazer intensas, e eu grudava os meus lábios aos seus, sentindo, por um breve momento, enquanto o meu ápice ainda não havia chegado por completo e a minha linha de raciocínio ainda funcionava, mesmo que minimamente, a ruiva estremecer contra mim e gemer contra os meus lábios, se apoiando na parede ao nosso lado e continuando a se movimentar dentro de mim, enquanto me beijava intensamente.
O meu ápice chegou e, junto com ele, afastei a minha boca da sua, apenas para gemer alto o seu nome, enquanto me desmanchava completamente para ela em um orgasmo longo, intenso e arrebatador.
A senti depositar um beijo terno sobre o vale dos meus seios e sorri, abrindo os meus olhos e dando de cara com as duas órbitas verdes me encarando de maneira intensa.
Sorri, observando a pouca luz do sol bater sobre os seus olhos, os tornando ainda mais verdes e brilhantes e, por um momento, senti tudo dentro de mim se derreter em amor por aquela ruiva. Os seus cabelos bagunçados, já fora do coque, caindo ao redor do seu rosto. A sua boca inchada e avermelhada. As suas bochechas coradas. O ar tão sexy pós sexo em seus olhos.
A forma tão doce a qual ela me encarava.
Tudo aquilo me fizera, por um segundo, ceder mais uma parte de mim para Addison.
E, afinal, quantas delas essa ruiva já não possuía?
Addison já era dona de tantos pedaços de mim que eu já havia perdido completamente as contas.
Um riso escapou dos meus lábios e eu os mordi logo em seguida, assim que uma percepção me tomou.
- O que houve? - Ela me indagou curiosa, e eu observei o brilho em seu olhar se intensificar.
- São cinco e alguma coisa da manhã, Addison.
Ela ergueu as suas sobrancelhas, parecendo não entender.
- Muitas pessoas matariam para estar no nosso lugar agora, então, qual o problema?
Rio, sentindo o meu peito se aquecer pela feição tranquila em seu rosto.
- Definitivamente. Principalmente no meu.
- Eu não teria essa certeza - Ela murmurou, beijando os meus lábios levemente.
- Eu teria, e como teria. Pois a minha esposa é realmente... - Solto um suspiro, fechando brevemente os meus olhos e sorrindo, envolvo o seu pescoço com os meus braços.
- A sua esposa é nada comparada com a minha, querida. Vou mostrar para você o porque eu sou a mulher mais invejada do mundo, senhora Montgomery - Ela sussurrou ao meu ouvido e eu fechei os meus olhos, dando-me conta do que ela faria assim que ela me soltou rapidamente e se ajoelhou diante de mim, colocando as minhas coxas nos seus ombros e distribuindo beijos pelo meu abdômen.
Segurei os seus cabelos desgrenhados entre os meus dedos e sorri, mordendo o meu lábio inferior assim que a senti começar a beijar intensamente as minhas coxas.
Eu era, definitivamente, a mulher mais sortuda do mundo naquele momento.
...
- Bom dia, Professora Montgomery! - Sofia me cumprimentou com um sorriso animado.
- Bom dia, minha querida! Como está?
- Estou bem, e a senhora?
- Igualmente - Respondi sorrindo, sendo acompanhada junto a ela até a sala dos professores.
Fui rapidamente até o meu armário, guardei as minhas coisas e, em poucos minutos eu já havia substituído o meu vestido tubinho e os meus saltos pela minha calça de yoga preta e a minha blusa da mesma cor, colocando um casaquinho preto por cima, devido ao tempo um pouco mais frio.
Adentrei a minha sala e passei a organiza-la para a aula, enquanto esperava as minhas meninas chegarem.
- Bom dia, meu amor! - Sorrio, me virando e me deparando com Flora parada à porta da sala, com uma mulher negra e alta de cabelos ondulados e um pequeno menino, de pele também negra, cabelos longos e cacheados e olhos castanhos tão grandes e bonitos que me encantaram no mesmo momento.
- Bom dia, mamãe. A Lis me disse que você estava em uma reunião, por isso não passei na sua sala.
- E por falar nisso... Deixe-me a apresentar: Essa é Lauren Smith, e esse é o pequeno Noah.
- Bom dia, Professora, é um prazer - A mulher me estendeu a sua mão e eu gentilmente a apertei.
- Bom dia, senhora Smith, o prazer é inteiramente meu. Oi, Noah! Eu sou a Meredith, é um prazer te conhecer.
Ele desviou o seu olhar de mim e assentiu.
- Bom dia, Meredith - Ele respondeu de maneira tão adulta que me surpreendeu. Mas ainda sem me encarar.
- Noah, o que acha de ir com a Sofia comer alguns bolinhos na cantina? - A minha mãe o ofereceu e ele assentiu.
- Tudo bem, vou comer os bolinhos. Lauren, eu devo voltar em quantos minutos até que a conversa acabe?
- Dez minutos, filho.
Ele assentiu, encarando o relógio em seu pulso e eu pude jurar o ver colocar um cronômetro ali. Ele pediu licença logo em seguida e se retirou junto a Sofia.
- Então, filha... Esse é o Noah. Ele tem sete anos e quer muito fazer ballet, mas a turma de Livia está cheia, por isso eu pensei se não haveria como você o encaixar?
- Bem... É uma surpresa - Respondo, um pouco preocupada, afinal, as minhas meninas já estavam quase no meio do ciclo.
- Eu sei - Lauren se pronunciou - Ele é um menino e vocês já estão há alguns meses avançados... Mas o meu menino aprende muito rápido, e quer realmente fazer ballet.
- Não há problema algum em ele ser um menino, a minha única preocupação é em relação a conseguir o fazer se adaptar de uma maneira que seja benéfica a ele e as minhas meninas, porque nós já estamos quase na metade do ciclo.
- Eu entendo. O Noah não trará dificuldades, não nesse sentido, eu acredito. Mas nós queríamos conversar com a senhora com relação a algo específico, caso o aceite na turma.
- Sou todo ouvidos. - Falo, cruzando os meus braços e me propondo a escutar.
- Noah é uma criança autista de nível de suporte um, o que quer dizer que ele possui alguns problemas com interação social, com a fala, o contato visual... E... Enfim. Eu sei que é difícil lidar com crianças neurodivergentes, e já busquei por todas as academias mais famosas de ballet, e ele sempre foi rejeitado pelo seu jeito... atípico de ser.
- Bem, eu não possuo, até agora, nenhum aluno autista. Por isso, não possuo experiência com o ensino voltado para crianças neurodivergentes - Sou sincera - Mas não acredito que seja um impedimento para que eu possa dar aulas ao Noah, afinal, são com experiências como essas que aprendemos. O meu único medo é que ele não consiga alcançar o nível da turma e acabe se sentindo mal por isso.
- Ele não irá, eu prometo. Quero apenas que o veja, ele aprende rápido. A senhora poderia fazer uma aula experimental com ele hoje?
- Claro! Apenas preciso de mais detalhes sobre as suas restrições, para que tudo possa fluir bem entre nós e eu não acabe ultrapassando algum limite seu.
- Ele não gosta muito de ser tocado por pessoas novas. E de barulhos muito altos. Ele possui algumas dificuldades de concentração em alguns momentos, mas, chamando a sua atenção com carinho, ele volta a realidade. O resto... Apenas coisas normais do autismo como não manter contato visual, não ter muitas amizades e não gostar de ser o centro das atenções.
- Tudo bem. Irei pedir para que a senhora acompanhe essa aula, ok? Ele se sentirá mais seguro com a sua presença.
- Claro! Eu... Mal posso agradecer por ao menos cogitar o aceitar, professora!
- Não há o que agradecer. Eu espero muito que ele possa se adaptar ao ritmo e ingressar a nossa turma - Respondo gentilmente, realmente torcendo por aquela possibilidade.
Ela sorriu, concordando, e eu a indiquei um canto da sala para que ficasse.
- Bom dia, titia Mer! - Fui recebida com um abraço de urso de Louisa, que adentrou a sala correndo. Eu sorri no mesmo instante, sentindo o meu peito se inundar de amor.
- Bom dia, minha princesa! Como dormiu?
- Dormi muito bem e tive um sonho muito legal, eu conto pra senhora na hora do recreio.
- Tudo bem, meu amor. Guarde a sua mochila e vamos calçar as sapatilhas.
Pouco a pouco, as minhas alunas foram adentrando a sala e eu ajudei algumas delas a calçarem as suas sapatilhas, enquanto conversárvamos animadas sobre assuntos aleatórios.
Quando todas já estavam prontas, eu me coloquei diante de todas elas e as pedi silêncio, começando a falar:
- Bom dia novamente, meus amores! Hoje a nossa aula será um pouquinho diferente, ok? A tia Sofia irá supervisionar vocês nos primeiros quarenta minutos com a revisão dos passos de ontem, e depois iremos continuar de onde paramos, eu e vocês.
Joana levantou a sua mão.
- Diga, princesa.
- Quem é esse, titia? - Ela apontou para Noah no fim da sala, que estava ao lado da sua mãe e já vestia as sapatilhas. Eu sorri pela curiosidade estampada no rosto de todas as minhas alunas.
- Esse é Noah. Ele está em fase experimental e, dependendo de como ele irá se sair nessa aula, poderá ser o novo colega de vocês.
Algumas meninas o cumprimentaram, não recebendo um cumprimento de volta. Eu suspirei, vendo algumas delas um pouco decepcionadas por aquilo e fiz uma nota mental de conversar com elas após o fim da aula.
- Vamos começar? Sofia, meu amor, solte a música, abaixe um pouco mais o som e venha até aqui. Princesas, vamos começar com uma série de movimentos em demi pliè e grand pliè. Meu bem, pode acompanhar as meninas enquanto eu acompanho Noah?
- Claro, professora!
Fui até o canto da sala e calcei as minhas sapatilhas, antes fazendo o ritual e colocar algumas fitas em alguns dedos que não me garantiam tanta sustentabilidade e, logo em seguida, fui até o garotinho e me abaixei, ficando na sua altura.
- Noah, nós já nos apresentamos. Eu sou a professora Montgomery, ou Meredith, ou tia Meredith, ou tia Mer... Como preferir me chamar. Nós iremos fazer uma aula experimental agora para avaliar o seu ritmo de aprendizagem, ok?
Ele assentiu, sem me encarar.
- Já decidiu como deseja me chamar?
- Meredith.
- Ótimo! Apenas Noah está bom para você?
- Sim.
- Ok, vamos lá - Falei me levantando e estendi a minha mão para que ele pegasse, mas ele não o fez, e eu rapidamente a recolhi, me lembrando da sua relação com o toque - Pode me acompanhar até aquela barra?
Ele assentiu e o fez.
- Noah, essa é a barra de sustentação, gostaria que apoiasse ambas das mãos nela e posicionasse os seus pés assim como os meus. - Ele o fez e, nos momentos seguintes, eu me propus a mostra-lo, por mim mesma, alguns passos iniciais, o requerindo que os repetisse logo depois.
- Ok, agora você irá fazer os passos que ensaiamos sozinho, conforme eu for falando os nomes deles, ok? - Ele assentiu. - Comece com demi pliè, primeira posição - Ele o fez, perfeitamente - Isso, muito bem! Agora demi pliè, segunda posição. Muito bem! Demi pliè, terceira posição. Isso! Agora as três juntas... Um, dois, primeira. Três, quatro, segunda. Cinco, seis, terceira. Sete, oito, meia ponta. Isso! Muito bem, Noah!
O passei mais alguns passos e ele os completou perfeitamente bem, até mesmo os mais avançados, os quais as meninas estavam aprendendo no momento.
- Tudo bem, Noah, acaba... - Me surpreendi, fechando os meus lábios assim que o vi assistir as meninas fazendo alguns passos e segurar a barra, repetindo tudo que elas faziam de maneira automática, com uma postura que nem mesmo eu possuía e, no fim, ainda conseguir imitar o salto final de maneira tão perfeita, que me tirou um suspiro surpreso.
Eu estava surpresa e encantada ao mesmo tempo.
- Acabamos por hoje, Noah. Irei conversar com a sua mãe ao fim da minha aula, ok?
Ele assentiu e voltou até a sua mãe, que sorriu para mim, sussurrando um agradecimento.
Voltei até o centro da minha sala e passei por cada uma das minhas alunas, enquanto elas realizavam os movimentos, as ajudando com a postura e a execução deles.
- Ok, meus amores! Vamos dar uma pausa para a água e voltaremos para continuar de onde paramos ontem.
Passei os dez minutos de pausa conversando com algumas das minhas alunas e, logo depois, nós voltamos para o centro da sala.
- Vamos evoluir o jetè que conhecemos ontem, hoje iremos fazer o grand jetè. Sofia.
A minha auxiliar demonstrou o passo, enquanto eu dava as instruções para que ele fosse feito da melhor maneira possível, e, assim, as meninas o praticaram até se sentirem seguras para o juntar com outros passos ditados por mim.
Me surpreendi ao ver, no final da sala, Noah repetir todos os passos de maneira automática e sem a ajuda da barra de sustentação.
Naquele momento eu tive a certeza de que não poderia tomar qualquer outra decisão que não fosse a de o aceitar como meu aluno. Mesmo que eu estivesse um pouco apreensiva sobre como agir com uma criança autista do nível dele, eu soube que poderia fazer aquilo com muita pesquisa, muita leitura, muita observação e, quem sabe, conversas com especialistas.
Uma hora e meia depois, nós finalizamos tudo e eu ajudei as minhas meninas com as sapatilhas e as mochilas, recebi desenhos, frutas, chocolates e até mesmo um pedaço de torta de chocolate e uma flor. Acompanhei todas elas até a porta e as prometi estar na cantina em vinte minutos.
Me dirigi até a sala da minha mãe junto a Lauren e Noah e me sentei na cadeira dela, devido a sua ausência no seu escritório.
- Então, professora? O que a senhora achou?
- Eu preciso ser sincera com a senhora... Eu não esperava que Noah fosse tão bom o quanto o observei ser. Ele realizou todos os movimentos com leveza, postura e rapidez. E até mesmo acompanhou as meninas no final da aula. Acredito que poderemos o colocar no nível delas em pouco tempo, e ele conseguirá acompanhar o ritmo da turma com sucesso.
Ela sorriu, parecendo realmente feliz.
- Ouviu, filho? Você vai estudar aqui!
- Isso é bom. Eu estou com fome, quero ir embora - Ele falou, sem expressar qualquer emoção.
- Claro. Professora, não possuo palavras para a agradecer por isso.
- Não há porque agradecer, estou sendo sincera. Espero muito que Noah goste das aulas e da turma, as meninas são um pouco agitadas, mas acredito que com o passar do tempo, tudo fluirá bem.
Ela me cumprimentou animada e nós resolvemos algumas burocracias, para, logo em seguida, nos despedirmos e marcarmos o mesmo horário para o dia seguinte, para que Noah pudesse ter as suas aulas introdutórias.
Voltei para as minhas meninas na cantina e, pedindo um pouco da atenção delas, as anunciei:
- Meus amores, a tia Mer gostaria de dizer que o Noah será o novo coleguinha de vocês.
- Que legal, tia Mer! Mas ele me pareceu muito tímido - Louisa se pronunciou, fazendo um bico.
- Tímido não, metido - Hailey falou de maneira ácida e eu neguei com a cabeça.
- Sem especulações. Noah é uma criança autista, o que quer dizer que ele possui algumas dificuldades com interação social e não consegue se comunicar com o mundo e com outras pessoas como vocês. Não é tímido e muito menos metido. Espero muito que vocês possam o acolher, o respeitar e, quem sabe, virarem amigos, ok? Afinal, todos nós somos uma família.
Elas assentiram e me juntei a elas para comer o meu lanche e, logo em seguida, assim que todas foram embora, eu subi para a sala dos professores e fui me trocar para almoçar com a minha mãe, a minha sogra e Amélia.
Desci as escadas novamente, carregando a minha bolsa e fui até a sala da minha mãe, onde Amélia e a minha sogra já estavam. Nós nos cumprimentamos calorosamente, como sempre e, logo em seguida, saímos juntas.
Me deparei com os seis seguranças parados na porta da academia e suspirei, um pouco incomodada com aquilo, afinal, não era eu quem corria perigo, e sim Addison.
A voz do noticiário do meu pesadelo me atingiu novamente por um segundo, me fazendo fechar os meus olhos brevemente para calar aqueles pensamentos. Addison estava bem. Addison estava na nossa casa, protegida. Estava tudo bem.
- O que vocês acham de fazermos diferente hoje e irmos almoçar na minha casa? - As indago, sorrindo. - Addison está em home office hoje. E eu realmente preciso garantir que ela vai almoçar.
- Adoraria, estou realmente com saudades da minha nora - Flora falou sorrindo e eu revirei os meus olhos em falso tédio, caminhando até o meu carro - Warren, pode me dar as chaves?
- Me desculpe, senhora, mas, de acordo com as novas medidas de segurança, não é prudente que a senhora dirija.
O que? Como assim?
- Mas...
- Ordens da sua esposa.
Suspirei, assentindo e adentrei os fundos do carro com Amélia ao meu lado. A minha mãe e Beatrice foram em outro carro, junto à Lisa.
- Onde Alex está? Eu não o vejo desde ontem à tarde - Indago Warren, que dá de ombros.
- Não sabemos, senhora. Ele não apareceu para trabalhar hoje.
Mordo meu lábio inferior, um pouco incomodada com aquilo, afinal, a maneira a qual eu vi Alex sair do escritório de Addison ontem foi nada menos do que completa revolta. E a forma a qual ele sequer me encarou ou respondeu o meu cumprimento me fez sentir ainda pior em relação a tudo aquilo.
O que estava acontecendo?
Em poucos minutos, nós já estávamos, todas, na sala de estar da minha casa. Eu solicitei a Miranda que colocasse a mesa e a Helm que as fizessem ficar confortáveis, enquanto eu ia chamar Addison para o almoço.
Fui até o escritório e bati na porta, ouvindo a voz da ruiva me autorizar logo em seguida.
Adentrei o escritório, a vendo vestir uma t-shirt preta, uma calça jeans de lavagem clara e um cinto preto. Seus cabelos estavam presos em um coque bagunçado e ela utilizava seus óculos na ponta do nariz, o que a deixava ainda mais sexy.
- O que está fazendo aqui? - Ela me indagou franzindo o seu cenho, parecendo curiosa.
- Nossa... É assim que você recebe a sua querida esposa depois de passar... Cinco longas horas longe dela? Esperava pelo menos um beijo ou um "querida, que saudades!"
Ela revirou os olhos, fingindo tédio.
- Vim almoçar com você, porque sei bem que você iria burlar o seu almoço para ficar a tarde inteira com os olhos enfurnados nessas telas, se estressando com Kepner. Afinal de contas, cadê ela? - A indago, caminhando pelo escritório.
- Foi almoçar.
Assinto, caminhando até a sua imensa mesa e me recostando nela.
- Vamos comer? As nossas mães e a Amy estão aí.
Ela assentiu, se levantando e tirando os seus óculos e eu sorri, assim que ela envolveu a minha cintura com os seus braços, me trazendo para mais perto e deixando um selinho em meus lábios.
- Querida, que saudades! - Ela sussurrou ironicamente ao meu ouvido e eu gargalhei, revirando os meus olhos.
- Idiota! - Murmuro, depositando um selinho em seus lábios - Se você precisasse dos seus dons de mentira e atuação para viver, estaria realmente arruinada.
Ela revirou os seus olhos.
- O seu mais novo esporte agora é me humilhar, não é?
- Tirar uma com essa sua cara - A corrijo - Pois você realmente fica ainda mais linda com esse biquinho fofo - Digo, depositando outro selinho no mínimo bico que se formava em seus lábios. Ela revirou os seus olhos.
Um riso escapou da minha boca assim que, ao acariciar os músculos dos seus braços, senti as marcas realizadas por mim mais cedo sob as palmas das minhas mãos.
- Eu não sabia que nós tínhamos adotado um gatinho - Sussurrei contra os seus lábios.
Ela revirou os olhos e sorriu, depositando um beijo terno nos meus lábios.
- Vamos almoçar, gato.
Rio, caminhando ao seu lado para fora do escritório.
...
Nós tivemos um almoço harmônico, por mais que Addison tenha participado tão pouco, e passado maior parte do tempo no celular, resolvendo problemas da empresa, eu imagino.
Antes de sequer acabarmos de comer, Addison se pediu licença, alegando possuir uma reunião importante naquele momento e, portanto, se despediu das nossas mães e de Amélia simplesmente, se esticando até mim e deixando um selinho em meus lábios.
- Bom trabalho - Ela me desejou e eu sorri, agradecendo.
- Para você também, meu amor. Tente pegar leve, ok?
Ela assentiu, se retirando da sala de jantar.
Nós terminamos de comer em harmonia, rindo das experiências de Amélia no Japão, das suas aventuras com os japoneses e, inclusive, de detalhes que não pedimos, mas ela fez questão de dar.
Comemos a nossa sobremesa e, vinte minutos antes do horário de volta ao expediente, saímos de casa eu, Flora e Lisa juntas, nos despedindo da minha sogra e de Amélia, que iriam dar um passeio no shopping para escolher o presente da minha cunhada.
Antes de sair, eu solicitei a Miranda que as três horas levasse algo para que Addison comesse, pois eu sabia que, se ela não o fizesse, a ruiva apenas comeria no jantar, quando eu estivesse presente para garantir isso.
- Boa tarde, meus amores! Vamos começar com o nosso alongamento e depois vamos para a sala dos tecidos - Falei adentrando a sala e cumprimentando os meus alunos, enquanto prendia os meus cabelos em um coque bagunçado.
Após algumas piadinhas inevitáveis de Peter e de mais alguns alunos, nós começamos realmente com os alongamentos, para, logo após, revisar todos os movimentos que já havíamos estabelecido, criando dois novos a partir deles.
Terminamos tudo as 18:30, um pouco mais tarde do que o normal e eu continuei na sala após a saída deles, resolvendo treinar por pelo menos mais uma hora para tudo que eu já havia estabelecido para a minha apresentação.
Encarei os tecidos, sentindo algo estranho me tomar naquele mesmo momento e relembrei do que Addison havia me dito.
Nós havíamos marcado de tentar superar aquele receio estranho na sexta passada, mas ela estava tão ocupada com o trabalho que acredito que esqueceu, e eu preferi não a lembrar por puro medo de a atrapalhar.
Eu precisaria resolver aquilo sozinha, mas não naquele momento.
Assim que senti o suor literalmente pingar do meu corpo, fui até a sala dos professores e, resolvendo tomar banho apenas em casa, por desejar estar presente na hora exata do jantar, apenas sequei o suor do meu corpo e calcei o par de mocassins que eu usava no dia e peguei as minhas bolsas, dando um beijo na minha mãe antes de sair da Academia sendo acompanhada pelos seis seguranças.
Durante o trajeto, me ocupei em resolver os últimos detalhes do aniversário de George e em marcar na minha agenda que, no meu horário de almoço do dia seguinte eu precisaria ir ao shopping comprar algumas decorações específicas que o buffet não teria, além do seu presente e o de Amélia.
Assim que adentrei a minha sala, fui recebida animadamente por Miranda, que já havia colocado a mesa do jantar.
- Não vou abraçar você porque estou toda suada, meu anjo. Mas já desço para o jantar, ok?
Ela assentiu e eu subi as escadas, rumando para o meu quarto. Tomei um banho quente e demorado, lavando os meus cabelos e, ao fim, vestindo uma camisola branca e um robe da mesma cor por cima.
Desci as escadas levando apenas o meu celular e me dirigi até o escritório de Addison, batendo suavemente na porta.
Adentrei após ser autorizada e observei a ruiva sentada diante da sua mesa, ainda vestindo a mesma roupa e ainda usando seus óculos, mas, agora, com os cabelos soltos.
- Oi - A cumprimentei com um sorriso.
Ela me encarou e sibilou:
- Estou em reunião.
Eu assenti, um pouco preocupada com a feição de cansaço estampada em seu rosto.
- Você vai jantar agora? - A indaguei e, mesmo já sabendo a resposta, me senti completamente decepcionada assim que ela respondeu que não.
- Você pode ir, irei demorar por aqui - Ela murmurou, voltando o seu olhar para a tela principal do seu computador.
Assinto, um pouco chateada, mas nada falo.
- Tudo bem - Murmurei saindo do seu escritório.
Solicitei a Miranda que colocasse o meu prato na bancada da cozinha para que eu comesse à sua companhia, tendo em vista o tanto de coisas que ela ainda precisaria fazer. E, assim, mesmo sentindo o meu peito apertado pela falta da presença de Addison, tive um ótimo momento com Miranda.
Ao fim, comi a minha torta de morango como sobremesa e agradeci ternamente a Miranda pelo jantar incrível.
A solicitei que servisse um prato para Addison e, após negar gentilmente o seu pedido para levar a bandeja com a comida e o vinho até a ruiva, eu a levei comigo e novamente bati na porta do seu escritório, com um pouco de receio por estar a atrapalhando novamente.
Mas a minha preocupação com ela ultrapassava qualquer receio meu quanto aquilo.
- Oi - Murmurei, a observando, agora, com os cabelos presos em um coque baixo e que quase se desfazia e os óculos na ponta do nariz, enquanto possuía uma pilha de pastas ao seu lado e lia uma delas. Ela me encarou - Me desculpe a atrapalhar - Murmurei, um pouco nervosa, desviando o meu olhar - Mas eu trouxe o seu jantar.
Ela pareceu surpresa e pousou o seu olhar sobre a bandeja.
- Você não precisava fazer isso.
- Se eu não fizesse, você não comeria.
Ela suspirou e eu caminhei até uma mesa de canto no seu escritório, arrumando o prato e a taça de vinho ali.
- Se você puder, venha comer logo, para não esfriar.
Ela se levantou e veio até a mesa, com o olhar focado em seu celular. Me sentei na outra cadeira, de frente para ela, desejando ter, pelo menos um pouco, da sua presença.
Ela se sentou e bebericou um pouco do vinho, digitando algo no celular.
- Como foi o seu dia? - A indago, curiosa e esperançosa por manter uma conversa com ela.
- Insuportável - Ela murmurou em resposta, com o olhar ainda focado no seu celular.
- O que houve?
- Apenas estresse com as medidas protetivas do tribunal, e com o desembargador.
Assinto, um pouco decepcionada pelo seu olhar ainda focado no celular.
- Você vai... Hum - Limpo a minha garganta, um pouco insegura - Dormir agora? Digo... Depois de jantar.
- Não, tenho muita coisa a fazer.
Me calo, sentindo um incômodo nunca sentido antes dentro de mim. Eu estava passando a realmente desgostar profundamente do seu trabalho.
E isso era puro egoísmo, eu sabia disso.
Me estiquei, alcançando a sua taça de vinho e bebi um pouco do conteúdo, a vendo começar a comer, ainda focada no maldito celular.
- Você já sabe o que vai dar de presente para a Amy? - Pergunto, em uma nova tentativa de a fazer me olhar, conversar, sair daquele celular e me dar, pelo menos, um pouco de atenção.
- Sim, já comprei - Ela respondeu, ainda encarando a tela.
- O que é?
- Um barco - Ela proferiu naturalmente.
Um riso escapou da minha garganta pela minha tamanha surpresa.
- Um barco?! Onde?
- Em Los Angeles.
Assinto, sorrindo fraco, mas ainda incomodada com a sua distância.
- Bem... Acho que terei que dar a Disney de presente para ela, para tentar superar isso.
- Bem... Você tem o seu cartão - Ela devolveu a minha piada.
Sorri, assentindo e a devolvi a sua taça, vendo-a a pegar e beber um pouco do líquido branco.
Eu me mantive ao seu lado, em silêncio, a vendo comer enquanto parecia resolver algo importante no celular.
Assim que ela terminou, ela tirou o seu olhar do aparelho, me encarando rapidamente.
- Obrigada.
Dou de ombros, já um pouco chateada por toda aquela distância entre nós e, resolvendo parar de a atrapalhar, me levanto, tirando o seu prato e a taça, os colocando na bandeja. Sentindo-me um pouco decepcionada, ao vê-la se levantar e caminhar até a sua mesa.
- De nada.
- Deixe aí para que uma empregada pegue.
- Posso levar até a cozinha - Falo pegando a bandeja e suspiro, a vendo parecer mergulhar tanto na tela do seu computador, que sequer pareceu me escutar - Vou subir. Boa noite.
- Boa noite - Ela respondeu simplesmente, sem sequer me encarar e eu me retirei, levando a bandeja até a cozinha e dando boa noite a Miranda e Helm, subindo até o meu quarto.
Fiz as minhas higienes, apaguei as luzes e fechei as persianas, me deitando ao meu lado de cama e tomando um travesseiro de Addison contra o meu corpo, sentindo o seu cheiro impregnado nas minhas narinas. Coloquei na TV uma série qualquer e fechei os meus olhos, me entregando a um sono turbulento, com o mesmo pesadelo da noite anterior.
...
Meredith Montgomery,
Três dias depois;
- George acabou de entrar no condomínio, o porteiro acabou de me avisar! - Daniel falou nervoso, vindo até nós - Coloquem os chapeuzinhos!
Eu ri, colocando o chapéu de festa do Nemo, o seu filme favorito e ajeitei o meu vestido tubinho branco.
Suspirei, encarando o meu celular e o desbloqueei, vendo-o abrir diretamente na minha conversa com Addison, em uma mensagem que eu havia a enviado há uma hora atrás, a perguntando se ela viria. Nenhuma resposta. Não ainda.
Senti o meu peito se apertar e mandei uma mensagem rápida para Kepner, a perguntando sobre Addison, sendo respondida automaticamente.
Addison estava em uma reunião, sem previsão de saída.
Sentindo toda a minha animação decair-se por completo, pois eu realmente esperava poder desfrutar da sua companhia hoje, bloqueei novamente a tela do meu celular.
Os últimos três dias haviam sido ainda mais insuportáveis. Addison os passou trancada no seu escritório, não jantou à mesa em nenhum deles e nós apenas nos víamos pela noite, quando eu chegava da Academia e tomava a ousadia de ir a ver.
Mas quase nunca trocávamos palavras maiores do que um boa noite, ou como você está.
Ela sempre estava com o olhar preso no computador e não o desgrudava para, sequer, me olhar.
Eu parecia estar de volta ao início do nosso casamento, quando a minha presença para ela não fazia a mínima diferença.
E, pelo visto, voltou a não fazer.
Respirei fundo, sentindo a minha garganta se fechar, mas neguei com a cabeça, afastando aquele sentimento rapidamente.
- Tudo bem? - Cristina me indagou e eu assenti, forçando um sorriso - Tem certeza?
- Sim, apenas nervosa, e se George odiar a decoração? - Minto, esperando a convencer.
- Até parece! O buffet fez um trabalho incrível, graças a você, branquela.
Eu dei de ombros, fingindo aceitar aquela resposta.
Não teria como George odiar aquilo tudo. O aniversário era, literalmente, a sua cara.
Ouvimos o barulho das chaves e eu, Cristina, Daniel e os outros menos de vinte convidados - pois George não era uma pessoa de muitos amigos - nos preparamos para gritar surpresa.
E assim fizemos. Assim que ele pisou os pés em casa, nós o assustamos, gritando e tirando um palavrão feio da sua boca.
- Puta que pariu!
Todos rimos com as lágrimas que desceram aos seus olhos, assim que ele viu sobre o que a festa se tratava.
- Uma festa do Nemo! Eu tenho uma festa do Nemo! Amor, olha, é a Dori!
- É sim, meu amor. Você gostou? - Daniel o abraçou e ele assentiu, entre o choro.
- Eu amei! Mas você não planejou tudo isso, e sim a Mer.
Eu ri, o abraçando.
- Feliz aniversário, meu amor! - sussurrei ao seu ouvido.
- Eu ajudei a planejar, ok? E a ideia do tema foi minha! Quanta injustiça! - Daniel falou, fingindo chateação.
Nós rimos e partimos para a festa, que mais parecia, realmente, de criança.
Comemos doces além da conta, brincamos de Twist, jogamos jogos de tabuleiro e, ao fim, nos juntamos na sala sem móveis para ver o filme que inspirou a festa, entre os gritos animados de George e as risadas dele.
Deitei a minha cabeça no ombro da minha mãe, sentindo-a me acariciar ternamente.
E, mesmo que eu estivesse rodeada dos meus melhores amigos, do meu cunhado, da minha mãe e da minha madrasta, eu ainda sentia o vazio insuportável da presença de Addison, ou melhor, causado pela falta dela.
Como eu gostaria de estar ali, ouvindo os seus cometários irônicos sobre o filme infantil, enquanto eu tentava enfiar algum doce nela a todo custo e um chapeuzinho de festa igual ao meu, recebendo aquele olhar falso enraivado, mas que na verdade era um suave com um quase toque de divertimento, que ela apenas usava para fingir que desejava me assustar, enquanto um mínimo bico emburrado aparecia em seus lábios.
Suspirei, sentindo o meu peito se apertar. Droga de empresa! Droga de tribunal! Droga de trabalho!
- Filha, o que aconteceu?
- Nada, mamãe, só estou um pouco cansada. A semana foi corrida.
Ela suspirou.
- Está preocupada com Addison, não é?
Dou de ombros.
- Com saudades, mas também preocupada - sou sincera - Fazem quatro dias que não nos falamos direito, que sequer nos vemos e... Não sei, eu só estou... Sentindo a falta dela.
- Por que não aproveita a sua folga na segunda para matar essa saudade em um fim de semana prolongado?
Dou de ombros.
- Addison provavelmente estará com a cabeça enfiada no trabalho. Não gosto de a atrapalhar, sei o quanto ela se estressa quando é atrapalhada, mesmo que não demonstre.
- Meu amor... Pare com essas bobagens. Você é esposa de Addison. É o seu dever fazer com que ela pare de trabalhar um pouco para a dar atenção. Você quer um conselho?
Assinto, afastando a minha cabeça do seu ombro para a ouvir melhor.
- Sexo - ela sussurrou em meu ouvido, como se fosse o maior segredo do mundo e eu revirei os meus olhos no mesmo momento.
- Mãe, não comece! - Murmuro entediada, fechando os meus olhos.
- Não estou brincando! Mer, olhe para mim - o faço - Bizzy já conversou comigo sobre o quanto Addison é focada... Até demais no trabalho ou em qualquer outra coisa a que ela se proponha a fazer intensamente. E sobre esses episódios de picos de foco dela, onde ela não consegue ver nada ao redor, além das tarefas que tem que realizar. Isso não a faz bem. E alguém precisa a impedir de ter um colapso nervoso por não dormir, não comer direito e passar o dia sentada em frente a um computador. E esse alguém tem que ser você.
Solto um suspiro, sentindo-me realmente incapaz de desacelerar Addison. Porque, para isso, ela precisaria sequer olhar nos meus olhos, coisa que ela não tem sequer se dado o trabalho nos últimos dias. Mas assinto.
- Tudo bem.
Nós continuamos a ver o filme e, após maioria dos convidados menos próximos irem embora, nós começamos a conversar amenidades e relembrar algumas coisas do passado. E, assim que me dei conta, já eram uma da manhã.
Sentindo o cansaço realmente pesar o meu corpo, me despedi de todos, sendo seguida por Flora e Lisa e deixando apenas Cristina, que iria dormir lá.
Me despedi da minha mãe e de Lisa assim que cheguei ao carro que já me esperava e, assim que o adentrei, comecei a me desculpar com Warren:
- Sinto muito por o fazer esperar tanto, Warren! Eu perdi completamente a noção do horário, eu realmente sinto mui...
- Senhora, não se desculpe. O meu trabalho é esse. Fico feliz que tenha se divertido e agradeço pelos doces que levou para nós mais cedo.
Sorrio, satisfeita por eles terem gostado.
Trinta minutos depois, eu já adentrava a minha casa completamente silenciosa. Miranda provavelmente já estava em sua casa e as empregadas que moravam na casa já deveriam estar dormindo.
Suspirei, sentindo-me ansiosa para ver Addison e, tirando da minha cabeça que eu iria apenas fazer o papel de a atrapalhar, caminhei até o seu escritório, sentindo a minha vontade de vê-la ser maior do que qualquer receio meu e bati na porta.
A ruiva me autorizou a entrar. Ela vestia um robe preto e possuía os cabelos soltos. Estava sentada no sofá tomando um Whisky e lendo algum documento do tribunal.
- Oi - A cumprimentei, vendo-a pela primeira vez desde ontem à noite.
- Oi - Ela murmurou me encarando. Sorrio, aquilo era uma vitória.
Me aproximei, me sentando ao seu lado no sofá.
- Chegou agora?
Assinto, sentindo o meu peito arder pela visão dos seus olhos tão sem vida, das suas olheiras tão profundas e aparentes e da sua feição tão exausta. Addison me parecia outra pessoa.
Quatro dias sem dormir direito.
- Como você está? - indago, engolindo em seco o incômodo na minha garganta por a presenciar de maneira tão exausta.
- Cansada.
- Imagino... Como foi seu dia?
- Cansativo. E o seu?
- Igualmente. Estou exausta.
- Sinto muito por não ter ido ao aniversário - Ela falou me encarando intensamente, eu dei de ombros, fingindo não ter ficado chateada.
- Tudo bem. Preciso estar na casa da minha sogra antes das oito amanhã, tudo bem para você irmos nesse horário?
- Estarei em uma reunião pela manhã inteira. Mas você pode ir e eu chego antes do almoço. Avisou a minha sogra?
Assinto.
- Vou subir. A Amy vem que horas?
- Antes das oito.
- Ótimo. Caso ela pergunte por mim, estou na Academia em uma aula extra.
Ela assentiu.
- Você vem? - a indago, apontando para a porta.
- Tenho que terminar isso - ela apontou para os papéis.
Assinto, suspirando, em uma completa decepção, pois realmente criei a expectativa de que poderíamos dormir juntas, pelo menos hoje.
A dei boa noite da maneira distante a qual havíamos, forçadamente, adotado nos últimos dias, e subi para o meu quarto.
Repeti a mesma rotina de sempre e me deitei, colocando a mesma série sem graça de sempre, sentindo uma imensa falta de ver a minha outra série.
A quem eu queria enganar?
Não era a falta da série em si o motivo da minha chateação. E sim a falta de Addison. Do seu calor, da sua presença entre os lençóis, dos nossos longos beijos de boa noite, do nosso sexo, do seu cheiro, que já não mais estava nos edredons, pois Miranda havia os trocado essa semana e, como a ruiva não se deitou ao meu lado, não espalhou o seu cheiro sobre o tecido lavado.
Bufei irritada, fechando os meus olhos e me virando para o outro lado, sentindo-me exausta, mas sentindo demais a falta de Addison para conseguir dormir.
Ao que jurei ser duas horas depois, eu consegui cochilar, sendo despertada as sete da manhã pelo mesmo pesadelo que vinha me atormentando por todas as noites dessa semana.
Sentindo o suor escorrer pelo meu rosto, afastei as cobertas do meu corpo e fui até o banheiro, tentando esquecer a voz daquela repórter e as imagens que vinham a seguir.
Tomei banho, fiz as minhas higienes, vesti um bíquini vermelho e, por cima, um vestido curto da mesma cor, calçando um par de sandálias de amarrar, brancas e sem salto, e soltei os meus cabelos, arrumando a minha bolsa.
Separei, também, a roupa de Addison:
Um bíquini preto que eu gostava de a ver vestindo, um macacão curto, reto e preto, de alcinhas, e, aos pés, uma sandália sem salto da mesma cor.
Arrumei o protetor solar, cremes e mais algumas coisas em uma bolsa de praia e saí do meu quarto.
Agradeci a Miranda pelo café já posto à mesa, mas a informei que iria o tomar com a minha sogra, na casa dela. E aproveitei para a solicitar que levasse para Addison e Amélia no escritório, quando a minha cunhada chegasse.
Solicitei a Miranda uma xícara de café e rumei até o escritório de Addison, batendo na porta e sendo atendida por ela.
- Bom dia - A cumprimentei, vendo-a sentada à sua mesa, vestindo ainda o seu robe e parecendo ainda mais exausta e ainda mais estressada.
- Bom dia - Ela me respondeu em um tom não muito amigável, sem me encarar.
A entreguei o seu café e recebi um obrigada seco de volta.
- Tudo bem? - Ousei perguntar e ela suspirou, assentindo. E, resolvendo não mais a atrapalhar, eu a informei que estava indo e me retirei do escritório.
Após quarenta minutos, Warren estacionou na garagem da minha sogra e eu desci, sendo acompanhada por ele até a escada.
Marina abriu a porta para mim sorridente, me tomando em um abraço apertado.
- Como está, minha menina?
- Estou bem, meu amor. E você?
- Animada para a festa! - Ela falou sorrindo e olhou ao redor, franzindo o cenho - Cadê a Addie?
- Está em casa, virá mais tarde.
- Está tudo bem?
- Sim, é apenas trabalho. A Amy está com ela.
Ela assentiu e eu adentrei a casa, sendo acompanhada até a sala de jantar, onde a minha sogra e o capitão tomavam café em silêncio.
- Bom dia, sogro! Bom dia, sogra!
- Mer, querida! - o Capitão me cumprimentou com um sorriso e se levantou, me abraçando - Como está?
- Estou bem, e você?
Ele respondeu o mesmo e eu cumprimentei a minha sogra, que estava um pouco mais calada e menos sorridente do que o normal.
- Tudo bem, sogra? - A indaguei preocupada e ela assentiu.
- Estou apenas com um pouco de dor de cabeça. - Ela me lançou, o que percebi ser, uma tentativa falha de um sorriso pequeno, mas os seus lábios apenas se curvaram, sem que qualquer outra parte do seu rosto tão belo acompanhasse aquele gesto. - O buffet chega as nove.
Assenti, um pouco preocupada com o quanto ela parecia... Triste. Eu não havia visto, sequer, um sorriso em seu rosto desde que cheguei.
O que estava acontecendo?
- Bem, eu preciso ir, mas fique à vontade, Mer!
- Obrigada, sogro.
- Para onde você vai? - A minha sogra o indagou de maneira tão fria e distante que eu senti o meu peito arder. O que estava acontecendo ali?
- Para a empresa. - Ele respondeu em um tom ainda mais frio, que eu nunca havia presenciado na sua voz. Afinal, diante da minha presença, todas as poucas vezes que ele esteve presente nos encontros em família, ele sempre fora um homem gentil.
- No dia do aniversário da nossa filha?
- Nem todo mundo tem a sua vida perfeita, Beatrice! Estarei aqui na hora que tenho que estar. - Ele proferiu de maneira tão rude, que eu senti os meus pelos arrepiarem com a total mudança no tom da sua voz. Algo nela me parecia tão... Impiedoso e gutural, que me fizera reconsiderar toda a visão que, anteriormente, eu possuía dele.
Senti uma desconforto insuportável me tomar ao ouvir tudo aquilo e ver a feição tão triste e apagada da minha sogra em resposta a tanta... Grosseria. Eu nunca poderia imaginar que o meu sogro poderia ser capaz de tratar a minha sogra de maneira tão... Fria, como havia acabado de fazer, e ainda mais na frente de outra pessoa. Respirei fundo, tocando a sua coxa e ela me encarou, sorrindo forçadamente.
As marcas. E se aquelas marcas que eu havia presenciado em seu corpo na semana passada fossem...
Não, não era possível, era?
- Sogra... - Comecei, desejando falar algo, desejando a fazer com que desabafasse comigo ou me contasse o que estava acontecendo entre ela e o Capitão, mas ela me cortou.
- Quando terminar o café, nós iremos escolher o meu bíquini. E também estou em dúvida sobre onde colocar a mesa principal. Você acha melhor onde foi a minha festa ou no salão ao lado da piscina?
- Bem... - Limpo a minha garganta, entendendo que ela não iria falar sobre aquilo e, por isso, resolvi respeitar o seu espaço. - Acho que no salão ficaria ótimo! - Respondi, a oferecendo o meu melhor sorriso, enquanto acariciava a sua coxa nua pelo robe curto que ela usava.
Ela assentiu, concordando.
- A sua mãe vem, não é? Ellis. Eu a convidei, mas ela não me deu certeza.
- Bem... Eu não sei. Não nos falamos direito esses dias.
- Está tudo bem entre vocês?
Suspiro, dando de ombros.
- Acho que sim.
Ela afagou a minha mão, parecendo entender exatamente o meu suspiro e eu sorri fraco, me concentrando em tomar o meu suco e comer as minhas panquecas.
Terminamos de comer no mesmo momento em que a equipe do buffet chegou e, como eu havia planejado a maior parte de toda a festa, me responsabilizei em guiar os funcionários para que montassem toda a decoração em roxo, preto e branco - As cores favoritas da minha cunhada - no salão de vidro ao lado de fora da casa. Eu esperava, realmente, que ela gostasse.
...
- Já está tudo certo, sogra. A equipe já está indo embora - Falei me aproximando dela, que estava na cozinha, já vestida com um short jeans branco, que valorizava muito bem as suas pernas torneadas, uma blusa de alcinhas preta e uma chemise também preta de botões por cima, de mangas curtas, que caía perfeitamente bem até os seus joelhos. Seus cabelos pretos estavam soltos e bem arrumados, contrastando perfeitamente bem com o chapéu de sol branco que ela usava.
A minha sogra era de tirar o fôlego! E o meu sogro era um homem sortudo em a ter. Eu esperava que ele soubesse disso.
Sorri para ela, a entregando um docinho roubado da mesa, enquanto eu comia o meu próprio.
- Você está absurdamente linda, sogra!
- Obrigada, minha formiguinha! - Ela brincou, fazendo cócegas na minha cintura, enquanto comia o doce e eu ri, dando de ombros.
- É o meu pagamento por ser a melhor cunhada e nora desse mundo.
- Convencida!
- Sou uma Montgomery, não sou?
Ela riu.
- E como é!
- Posso perguntar uma coisa, sogra?
Ela assentiu.
- O sobrenome Montgomery... É seu ou do Capitão?
- Meu - Ela afirmou - Eu nunca quis o mudar, mesmo depois de casada. Harry acabou o adotando também.
- Então o sobrenome dele é o Forbes?
Ela assentiu.
- Ah, mas Addison possui o Forbes, não é? Digo, no documento.
- Sim, apenas não o usa, assim como a Amy e o Mark. Todos eles naturalmente, sempre preferiram usar apenas o nome de batismo e o meu sobrenome. Mark Eliott Montgomery, Amélia Louise Montgomery e Addison Elise Montgomery.
Franzo o cenho, assim que de imediato escuto aquele nome.
Elise?
Addison Elise?
Addison possuía um nome de batismo? E esse nome era Elise?
Por que eu não sabia disso?
Como eu era casada com aquela mulher há quase sete meses sem saber aquilo?
- Oi, mãe.
Me viro, assim que ouço a voz de Addison preencher o ambiente e sorrio, ao vê-la vestir exatamente o que eu havia separado para ela, deixando os cebelos presos em um coque frouxo e com alguns fios soltos ao seu rosto.
- Oi, filha! - A minha sogra a abraçou fortemente - Como está?
- Bem, e você? - A minha sogra sorriu, afirmando estar bem - Amy está tomando banho para almoçar, onde está Mark?
- Ainda não chegou.
- E os convidados?
- Apenas às duas.
Ela assentiu e veio até mim, envolvendo a minha cintura com os seus braços firmes e depositando um beijo terno no canto dos meus lábios. Fechei os meus olhos, aproveitando daquela carícia que eu não possuía há dias, enquanto acariciava os músculos dos seus braços, expostos pelo macacão de alcinhas.
- Como foi a reunião, amor? - A indago, curiosa.
- Cansativa, mas produtiva, querida. A minha sogra não vem almoçar conosco?
- Infelizmente não, ela precisou ir ao outro lado da cidade verificar os figurinos com a Lisa. Mas estarão aqui no horário da festa.
A ruiva assentiu e nós nos dirigimos, junto a sua mãe, até a sala de estar. Addison se sentou ao meu lado e eu, sentindo a imensa falta do seu toque, entrelacei os meus dedos aos seus e recostei a minha cabeça no seu ombro. Sentindo-me, enfim, completa em felicidade por tê-la ao meu lado.
Não que nos outros dias eu não me sentisse feliz. Mas a preocupação em relação a Addison e a falta da sua presença em momentos que eu já considerava nossos não me fizera sentir completamente satisfeita. Algo faltava, ou melhor, alguém.
- Oi, maninha! - Amélia me cumprimentou, descendo as escadas - É MEU ANIVERSÁRIO!
Eu ri, vendo, de soslaio, Addison revirar os olhos, mas segurar um sorriso.
- Eu juro que se você disser isso mais uma única vez hoje, será o seu último, Amélia! - Ela murmurou em um tom falso irritado.
- Amarga! Você odeia aniversários e todos nós temos que odiar também? O mundo não gira ao redor desse seu bundão!
Eu ri novamente, me levantando e abraçando a minha cunhada fortemente.
- Feliz aniversário, meu amor! Eu amo você!
- Obrigada, maninha. Eu amo você muito mais! Você pode, por favor, me contar qual é o presente da Addie?
Eu mordi o meu lábio inferior, negando com a cabeça.
- Ela me mataria - Sussurro em seu ouvido.
- Achei que a nossa amizade valia mais do que um dia sem sexo.
Eu ri, pelo bico fofo e idêntico ao de Addison que se formou em seus lábios.
- Sinto muito, Amy, você terá que descobrir na hora em que ela quiser.
Ela bufou irritada e se deitou no sofá em que a minha sogra estava, deitando a sua cabeça em seu colo.
- Trinta e três anos... Como se sente, tampinha? Velha? - Addison a provocou e ela a mostrou a sua língua.
- Me sinto eternamente jovem. Bem melhor do que você, que parece velha, é mentalmente velha e daqui uns dias, se continuar com esse seu jeito masoquista no trabalho de ser, será também fisicamente. E aí... Aí eu quero ver onde estarão as horas e horas de sexo selvagem na madrugada.
- Amélia! - A minha sogra a repreendeu e ela deu de ombros.
- Estou falando a verdade, essas duas aí não me deixavam dormir. No primeiro dia foi tão interessante que eu até peguei uma pipoca, mas depois? Céus!
Senti as minhas bochechas queimarem e encarei Addison, que possuía uma expressão entediada no rosto.
- Uau, Amélia, a sua irmã mais nova, que é casada, possui uma vida sexual ativa com a esposa dela. Qual será o seu próximo passo após essa descoberta que pode mudar o mundo? Registrar na NASA?
- Hahaha, você se acha tão engraçadinha!
- Ainda sim, o meu humor de merda é melhor do que o seu!
- Bom dia, família! - Mark adentrou a sala de estar, para o meu alívio, dando um fim naquela conversa desconfortável e naquela discussão que já começava a tomar forma. - Tampinha! Venha cá dar um abraço no seu irmão favorito!
- Ah, claro que você é o meu favorito de todos, maninho! - Amélia proferiu alfinetando Addison com um olhar e se levantou, abraçando Mark.
Addison revirou os olhos e eu sorri, pelo ciúmes claro e cristalino estampado em seu rosto.
Mark cumprimentou a todas nós com a animação de sempre, não deixando de lado as duas provocações para com Addison:
- Palito de fósforo! Você me parece mil anos mais velha do que da última vez que nos vimos, e faz somente uma semana.
Addison revirou os olhos, não respondendo a sua provocação e muito menos ao seu cumprimento.
Mas eu, ao contrário dela, me entreti em uma conversa animada com o meu cunhado sobre o jogo da semana passada.
O Capitão chegou alguns minutos depois e nós nos reunimos ao redor da grande mesa da sala de jantar e começamos a comer a comida favorita de Amélia entre risos e histórias compartilhadas sobre a minha cunhada quando criança.
Comemos o cheesecake de framboesa, o pudim e o sorvete de chocolate e morango deliciosos feitos por Marina e, depois disso, nos reunimos no sofá com taças de vinho, ainda conversando animadamente.
Até o celular de Amélia tocar e ela se distrair da conversa, reverberando um sorriso imenso ao encarar a tela.
- É a vovó! Oi, vovó! - A morena exclamou animada, atendendo, ao que me parecia ser uma chamada de vídeo.
- Bonjur, ma princesse! Joyeux anniversaire! - Ouvi uma voz feminina grave, mas delicada ao mesmo tempo por trás da linha.
- Merci, vovó! Oi, vovô!
- Olá, minha menina! Joyeux anniversaire!
- Merci, vovô! Estou com tantas saudades! Quando vocês virão?
- Esperamos estar aí no Natal, meu amor - Sua avó respondeu - Onde está o Mark? Há meses que ele não me liga! Seu tio Richard está aí?
- Mark está aqui. Tio Richard não veio, vovó, mas já me ligou hoje também! Nós estávamos almoçando em família. Vocês deveriam estar aqui. Estávamos todos reunidos, a Marina, mamãe, papai, a Add...
- Eu sei, amor, mas realmente não pude tirar folga da Academia. Mas prometo a levar vários presentes para compensar a nossa ausência. E onde está o seu irmão? Ele...
- Aqui estou, dona Elizabeth! Uau! Você está a cada dia mais linda, cortou os cabelos? Você me parece mais nova a cada dia! Juro por Deus que se não fosse a minha avó...
- Garoto insolente! - Ela exclamou rindo - Como está, meu menino?
- Estou ótimo, vovó!
E logo a minha sogra também estava em quadro na vídeo chamada - Meu amor! Que saudades, filha! Você me parece tão magra, Beatrice! Não está comendo direito? E que olheiras são essas?! O que...
- Maman, estou bem!
Eu sorri, observando toda aquela interação e me sentindo realmente ansiosa para conhecer aquela mulher que me parecia, pelo pouco que eu havia ouvido, realmente agradável.
Mas, parecendo me fazer voltar a realidade de maneira brusca, Addison desvenciliou a sua mão da minha e fez menção de se levantar. E, apenas naquele momento, eu percebi que, em nenhum momento, a sua avó havia perguntado sobre ela ou sequer a mencionado na chamada.
- Ei - A impedi de se levantar, segurando a sua mão, ela me encarou de maneira rápida - Tudo bem?
Ela assentiu, desviando o seu olhar.
- Preciso ir ao banheiro, já volto.
Assenti, a vendo sair da sala, subindo as escadas.
Suspirei, sentindo o meu peito se apertar e, desejando realmente verificar se ela estava bem, subi as escadas, vendo-a adentrar o seu quarto.
Repeti o seu ato, vendo a porta do banheiro se fechar e me sentei na cama, a aguardando sair do cômodo.
Alguns poucos minutos depois, ela o fez, franzindo ao cenho ao perceber a minha presença ali.
- O que está...
- Vim checar você.
- Não havia necessidade, eu disse que apenas iria no banheiro.
- Humrum, eu ouvi.
Ela suspirou, provavelmente percebendo o olhar preocupado em meu rosto.
- Não estou chateada, Meredith. Os meus avós me odeiam, e daí?
Me levanto, caminhando até ela e, suspirando, acariciei os músculos dos seus braços, que, em um movimento quase que automático, envolveram a minha cintura. Ela encarou o teto, soltando um suspiro pesado.
- Addie... Você sabia que é um ser humano?
- Não, não sabia. Vivi 30 anos achando que sou uma Deinococcus radiodurans. Obrigada pela informação que irá mudar a minha vida a partir de agora - Ela murmurou de maneira ácida.
- O que diabos é isso? - A indago confusa.
- Uma bactéria. A mais resistente do mundo - Franzi o cenho, completamente confusa - O que? Eu gostava de biologia!
Eu ri, negando com a cabeça, sentindo-me, se é que fosse possível, ainda mais encantada por aquela mulher.
Como uma mulher tão nerd poderia ser tão incrivelmente sexy e subjetivamente engraçada nos exatos mesmos níveis?
- Sabe que esse seu humor passivo-agressivo em forma de defesa não funciona comigo, não sabe?
Ela suspirou.
- Talvez seja por isso que você tenha se tornado tão mais pé no saco do que o próprio Mark, ou Alex.
- Talvez - Eu murmurei sorrindo, depositando um beijo terno no seu queixo - O meu ponto é: não há vergonha ou quaisquer outros motivos para que você minta para mim sobre estar triste ou chateada sobre algo. _
Sentir , e sentir intensamente, é parte da natureza humana, Addie. Ter sentimentos é o que nos faz ser humanos. E se sentir mal pelos seus avós supostamente...
- Definitivamente - ela me corrigiu de maneira rápida.
- Supostamente - Enfatizei - Não gostarem de você, é mais do que normal. E eu entendo isso, entendo demais.
- Bem, se for para ser assim, eu prefiro ser uma Deinococcus radiodurans.
- Podemos trabalhar com isso, eventualmente, Vossa Bacterência! - Eu ri e ela sorriu, revirando os olhos - Mas está tudo bem ficar chateada pelo que acabou de acontecer lá embaixo. Eu entendo você.
Ela suspirou.
- Amélia não é o problema. Ela deve mesmo ser a favorita, porque merece esse posto. Mas Mark? Eles preferem o galinha, machista, irresponsável e desocupado do meu irmão à mim. Isso é quase como uma... - Ela bufou irritada, revirando os olhos - Não importa. Eu só fico irritada, só isso.
Assinto.
- Tudo bem. Bem... Se ajuda, eu prefiro mil vezes você ao seu irmão.
Ela finalmente me encarou, elevando uma das suas sobrancelhas bem feitas.
- Eu deveria me sentir lisonjeada? Considerando que o meu irmão possui coisas que você...
- Por Deus, Addie! Não! Não desse jeito! - Dou um tapinha no seu braço, segurando um riso - Óbvio que eu prefiro você também nesse âmbito, mas por motivos óbvios. Estou falando de... Personalidade.
Ela assentiu.
- Bem... Não ajuda, porque eu sei que sou mil vezes melhor do que ele.
Eu ri, revirando os meus olhos em falso tédio: - Bem, eu esqueço que ninguém precisa elevar o seu ego, você já faz isso naturalmente.
- Bem... Sim. Mas gosto quando você tenta.
Sorrio, depositando um selinho demorado em seus lábios.
- Vamos descer? Precisamos distrair a Amy com um filme ou algo do tipo.
Ela assentiu e me guiou pela cintura até a sala novamente. A ligação já havia chegado ao fim e, por isso, fomos obrigados, todos, a ir ao cinema ver, novamente, o primeiro filme de Shrek.
- Eu juro por Deus que, se eu pudesse, cortaria a minha própria cabeça nesse exato momento - Addison murmurou para mim, enquanto o burro aparecia em sua primeira cena.
- Calada! Preste atenção nessa obra prima da cinematografia. Há toda uma complexidade por trás do personagem do burro.
- Não vejo qualquer traço de complexidade em ser um idiota, irritante e tagarela.
- Você disse isso para me ofender? - Murmuro, me sentindo, por um segundo, insultada com aquilo, pois eu me identificava demais com o burro.
- Ah, não, você consegue ser pior do que ele.
Soco com força o seu ombro.
- Ouch! Isso doeu!
- Era pra ter doído mesmo, idiota!
- Estou brincando! - Ela murmurou, me dando um empurrão mínimo com o ombro.
Desviei o meu olhar, realmente irritada e a senti sorrir ao meu lado.
Ruiva idiota!
- Bem... Você ao menos é mil vezes mais bonita e menos desastrada.
- Obrigada por comprar a minha beleza à de um burro, Addison Montgomery!
- Ei, não! Não foi isso que...
- Esqueça, Addison. - Murmuro irritada.
Ela suspirou.
- Você ao menos é a minha idiota favorita. Mesmo que eu não seja a sua.
Suspirei, segurando um sorriso.
- Humrum, obrigada, novamente, por me afirmar como idiota.
- Você pode e eu não? - Ela me indagou em um tom banhado de indignação.
- Isso, exatamente isso! - Murmuro chutando o seu calcanhar e a encarando.
Ela sorriu e eu senti o meu coração amolecer ao sentir os seus dedos tocarem o meu queixo com delicadeza, me puxando para mais perto.
- Esquentadinha - Ela sussurrou contra os meus lábios, depositando um selinho neles e, logo em seguida, os tocando com a sua língua.
Suspirei, completamente rendida ao sentir a textura quente e macia da sua língua contra os meus lábios, e o seu hálito quente banhado a vinho e menta, que tanto me inebriava para lugares tão longe no meu subconsciente.
Toquei o seu rosto, abrindo os meus lábios e a puxando para ainda mais perto, acariciando a sua bochecha, enquanto as nossas línguas se entrelaçavam em um beijo sutil e delicado, sem brechas para qualquer outra coisa além daquele momento.
Addison separou os seus lábios dos meus assim que sentiu a minha respiração falhar e eu a encarei, sorrindo, enquanto mordia o meu lábio inferior.
- Você também é a minha idiota favorita.
- Sou? - Ela sussurrou e eu ri, ao ver os seus olhos tomarem uma coloração mais clara.
- Sim, dragãozinho!
- Obrigada por isso, burro.
Chuto o seu calcanhar novamente, recebendo um selinho demorado de volta e, logo em seguida, voltamos a nossa atenção para o filme, para, alguns segundos depois, sermos interrompidas pelo toque do celular de Addison.
A ruiva suspirou, tateando o seu bolso e o pegou e, de soslaio, eu vi o nome "Desembargador" na tela.
Addison pediu licença e se retirou do cinema para atender a chamada, passando o resto do filme inteiro lá fora.
...
- O que acha desse bíquini, cunhada? Ou prefere o branco? - Amélia me indagou saindo do seu closet vestida com um bíquini preto de tamanho mínimo, que valorizava muito bem o seu corpo.
- Definitivamente esse, cunhada - Falei me deitando na sua enorme cama, cheia de almofadas e alguns ursos de pelúcia.
- Estou gostosa?
- Você é, esse bíquini é apenas um toque sutil para valorizar o que você tem.
Ela sorriu, me jogando uma almofada.
- Lésbica safada!
Eu ri, negando com a cabeça e passei a zapear algumas das minhas redes sociais.
- Agora me diga, qual é o tema da minha festa surpresa?
Eu senti o meu corpo se desligar por um segundo, mediante aquela sua fala.
- O... O quê? - Rio, completamente nervosa. - Que festa surpresa? Não há uma...
- Mer, acha mesmo que eu sou burra o bastante?
- Bem... Não sei de onde você tirou isso, sinto muito a decepcionar, mas...
Ela riu.
- Tudo bem, péssima mentirosa. Acredito que irei descobrir daqui a pouco mesmo.
Suspiro, revirando os meus olhos. Deixando-me ser vencida.
- Você é uma chata!
Ela soltou um riso.
- Eu ganho uma festa surpresa todos os anos, porque a minha mãe sabe o quanto eu amo festas surpresa. Mas fica tranquila, não vai estragar em nada a minha experiência. Eu me sinto ainda mais amada.
- Bem, esse ano quem planejou fui eu, então sim, estou chateada porque você descobriu!
Ela gargalhou e se jogou na cama ao meu lado.
- Sinto muito, maninha. Mas, para compensar o quanto eu fui chata, deixo você roubar quantos doces quiser.
Sorrio sapeca.
- Agora estamos falando a minha língua! Mas você pode, por favor, fingir surpresa?
- Claro! É isso que eu faço todos os anos. Esse ano estou preparada para beber até entrar em coma alcóolico.
- Por Deus, Amy! - Exclamo, revirando os meus olhos.
- Você deveria tentar, para suportar a sua esposa insuportável com o trabalho.
- Não fale assim dela - Murmuro, fazendo um bico.
- Estou falando a verdade. Bebendo ou não, você vai brincar de verdade ou consequência.
- O que é isso, o ensino médio? - Falo rindo.
- É uma tradição. Agora vamos, não posso me atrasar para a minha festa surpresa.
Bufo, soltando um riso e a jogando uma almofada.
- Estraga prazeres!
...
- Oh, meu Deus! Puta que pariu! - Amélia exclamou de maneira realmente convincente, no momento em que as pouco mais de vinte pessoas exclamaram um grande "surpresa!" juntas.
- Amy! - A minha sogra a repreendeu entre risadas.
- Ótima atriz - Sussurrei para ela, que riu.
- A decoração ajudou. Você se superou, maninha - Ela me empurrou levemente com o ombro e eu sorri, a lançando uma piscadela.
Amélia cumprimentou todas as pessoas presentes ali de maneira calorosa, parecendo realmente feliz em ver pessoas que não via há anos, como algumas amigas de faculdade e outras de infância.
A minha sogra rapidamente nos chamou para a foto em família, segundo ela, antes que Amélia e Mark fizessem o favor de ficarem bêbados feito gambás.
Eu ri, os vendo caminhar até a mesa do bolo e ficarem ali atrás.
- Calma, cadê a Mer? Mer, vem! É a sua primeira foto em família! - Amélia me chamou animada e eu sorri, caminhando até eles e, me sentindo mais parte da família do que nunca, senti Addison me encarar intensamente.
Aquilo não seria um problema para ela, seria?
Me aproximo dela, sussurrando ao seu ouvido:
- Tudo bem para você que eu saia na foto? - A indago, preocupada.
- Por que não estaria? Você é uma Montgomery. - Ela falou dando de ombros.
Sorrio, assentindo e me coloquei na frente da ruiva, que envolveu a minha cintura com os seus braços fortes e eu, no mesmo momento, os abracei ao redor de mim.
Amélia se colocou ao meu lado e todos se organizaram para a foto, sendo apenas eu, Mark, Amy, Addison, Bizzy e o Capitão.
Assim que Link nos pediu um xis, eu sorri, banhada de uma felicidade genuína, pelo tão simples mas significativo sentimento de ser parte de algo. De uma família. E, ainda melhor, uma família tão incrível quanto a de Addison.
Que também era, agora, a minha família.
As fotos foram tiradas e eu me afastei logo após, para a segunda foto dos irmãos, observando todos eles sorrirem das suas maneiras. Mark de maneira ousada, Amélia de maneira sapeca e Addison... Bem, da sua maneira fechada, mas que demonstrava que ela estava feliz e que estava fazendo aquilo pela sua irmã.
Amy me puxou logo em seguida para uma segunda foto em irmãos, e fez a coisa engraçada de nos colocar em "ordem etária". Mark em uma ponta e eu em outra, abraçada a Addison.
Após isso, nós rimos e eu me afastei novamente para observar as outras fotos, em meio a conversas com Link.
Após o fim delas, o meu olhar pousou sobre as madeixas ruivas as quais eu tão bem já conhecia, principalmente entre os meus dedos e eu sorri no mesmo momento, ao vê-la aceitar uma bebida de um dos garçons e encarar o seu entorno com a sua feição mais enojada o possível.
Tão mal humorada!
Antes que eu pudesse me aproximar dela, a ruiva encarou o seu celular, que parecia tocar e o atendeu, rumando para o interior da casa.
Um pouco decepcionada, suspirei, cumprimentando a minha mãe e Lisa com um abraço apertado e nós nos sentamos em vários puffs dispostos na sala, ao lado de Cristina e tia Ella.
- Então, Cris, quando o bebê nasce? - Tia Ella a indagou curiosa, tomando um gole do seu drink.
- Bem, tia Ella, daqui há um mês, eu acredito. Já estou me sentindo inchada o bastante.
- Antes, bem antes. Acredito que daqui há três semanas, mais ou menos - Comento, alisando a enorme barriga da minha melhor amiga, enquanto sentia o meu sobrinho chutar de maneira veemente para mim.
- Se a mãe desse pestinha disse, quem sou eu para a contrariar. Inclusive, a sua cunhada fez um desenho lindo para o quarto dele! A decoradora irá colocar os móveis na segunda.
Assinto, sorrindo para um grande chute realizado pelo bebê exatamente onde a minha mão estava.
- Quando você irá parar de trabalhar? - A indago, preocupada.
- Quando a minha bolsa estourar, óbvio - Ela falou revirando os olhos - E nem tente discutir isso comigo, não vai surtir efeito. Tenho inúmeras cirurgias marcadas para o final desse mês e o início de outubro.
Reviro os meus olhos, aceitando um drink me oferecido pelo garçon, o agradecendo logo em seguida.
Alguns minutos depois, sob um pedido da minha mãe, nós fomos dar um mergulho na piscina juntas. Tirei o meu vestido, consertando o meu bíquini e recebendo algumas piadinhas de Cristina em relação ao meu corpo.
Prendi os meus cabelos em um coque alto e coloquei os meus óculos de sol, adentrando a piscina com a minha mãe.
Alguns minutos depois, a tia Ella e a minha sogra nos acompanharam, e, então, Mark e Amélia.
Entre risadas de piadas realizadas por Mark e Amélia e estando rodeada de quase todas as pessoas as quais eu mais me importava no mundo, eu me sentia quase completa. Quase. Apenas porque uma parte nada pequena dentro de mim insistia em sentir a imensa falta da presença íntegra de Addison.
Por mais que nós houvéssemos comprtilhado de um momento bom hoje, ele havia sido tão rápido e tão mínimo comparado ao tamanho da sua ausência durante toda a semana.
Suspirei, em um certo momento, me distraindo por completo da conversa e passando a me indagar o que estava acontecendo de tão importante para que Addison esteja ausente por mais de uma hora no aniversário da própria irmã.
Sem que eu me desse conta, todos se retiraram da piscina aos poucos, restando apenas eu e a minha mãe, que sorriu docemente para mim.
- É incrível como... A nossa família e a família de Addison se deram tão bem, não é, filha? Digo, eu realmente me sinto bem-vinda aqui. Sinto até que somos uma grande e única família - A minha mãe comentou, encarando a interação entre Mark, a minha sogra, a tia Ella, Lisa e Cristina.
- Sim, sinto isso também, mãe - Respondo sorrindo, sentindo o meu peito se aquecer e se apertar no mesmo momento. Como tudo aquilo ficaria daqui há exatos dois anos, cinco meses e... Três dias?
Aquela grande família se quebraria com a nossa separação. Eu sabia disso.
Suspiro, sentindo a sensação boa de felicidade que me tomava parecer começar a sumir aos poucos, assim que me dei conta que eu e Addison estávamos há três dias de fazermos sete meses juntas, e, consequentemente, um mês completo a menos juntas.
- Mana! Flora! Venham, venham! - Amélia nos gritou do outro lado da piscina e eu a encarei, vendo-a segurar uma enorme garrafa de tequila em mãos e estar no meio de um círculo formado por Ella, Mark, Lisa, Cristina, Link, outra mulher desconhecida e a minha sogra.
A minha mãe me encarou confusa e eu apenas neguei com a cabeça:
- Se prepare para mais uma loucura de Amélia.
Ela riu e nós saímos da piscina juntas, nos enrolando em toalhas.
- O que irá acontecer aqui? - A minha mãe a indagou.
- Nós íamos brincar de verdade ou consequência, mas a Ella sugeriu que "Eu nunca" seria melhor.
Reviro os meus olhos.
- É impossível decidir qual de vocês duas é a menos madura.
- Ei! Mais respeito com a sua tia! - Ella fez cócegas na minha barriga e eu ri, me acomodando ao seu lado.
- ADDIE! Vem! - Amélia gritou a sua irmã, que caminhava até nós com uma feição curiosa no rosto. Eu sorri, sentindo o meu peito se aquecer com apenas a ínfima possibilidade de a ter ao meu lado por alguns minutos.
- Você não vai querer jogar mais um dos seus jogos idiotas banhados a tequila com a nossa mãe e a minha sogra por perto, não é?
- Cala a boca e senta, ruivinha! - A minha cunhada falou a obrigando a se sentar ao meu outro lado.
Addison revirou os olhos e eu sorri, sentindo-a pousar a sua mão sobre a minha coxa nua.
- Tudo bem? - Sussurrei para ela, que assentiu, deixando um selinho em meus lábios.
- Vamos começar. A única regra do jogo é: sem mentiras e, se não quiser comentar, tudo bem.
Assinto, achando a regra justa e Amélia colocou os inúmeros shots de tequila nos pequenos copos à nossa frente.
- Cris, você não pode beber! - A repreendo e ela revirou os olhos.
- Vou beber suco, apenas para simbolizar.
Assenti, menos preocupada.
- Quem começa?
- A aniversariante, é claro! - Ella falou animada e eu ri, vendo Amélia bater palminhas e se sentar de frente para mim.
- Justo! Eu nunca... Me senti atraído pelo pai ou mãe de algum amigo - Amélia começou e, no mesmo momento, bebeu um shot, piscando para mim e eu senti a imensa vontade de deixar de existir ali, naquele momento. Apenas Mark, Flora, Ella e Cristina beberam.
Addison me encarou e eu suspirei, trocando um olhar nojento e cúmplice com ela.
- Você agora, maninho!
- Eu nunca enviei fotos íntimas.
Pensei um pouco e, sentindo as minhas bochechas esquentarem com algumas lembranças, mordi o meu lábio inferior, vendo todos beberem, menos eu e Addison.
- E a chata é sempre a chata! - Amélia comentou e Addison revirou os olhos.
Eu, devagar, peguei um copo, virando o shot daquela coisa terrível, sentindo que poderia ser capaz de a colocar para fora no mesmo momento.
- Uau! A santinha que chamo de cunhada não é tão santinha assim...
Senti o olhar de Addison queimar sobre mim e a encarei, dando de ombros.
- Você? - Ela sussurrou para mim e eu sorri, mordendo o meu lábio inferior.
- Você não foi a minha primeira, querida - Sussurrei, depositando um selinho em seus lábios, sentindo o meu orgulho elevar-se de maneira deliciosa, ao ainda sentir o seu olhar quente sobre mim.
Somente a ínfima consideração de que eu poderia, talvez, obter algum mínimo poder sobre Addison, mesmo que sexual, me trazia uma sensação imensa de satisfação.
- Você agora, mamãe.
- Humm... Eu nunca furtei algo.
Apenas Ella e Amélia beberam.
- Amélia Louise Forbes Montgomery!
- Não quero comentar - A minha cunhada falou dando de ombros e eu ri, sentindo Addison entrelaçar os seus dedos aos meus. Recostei a minha cabeça no seu ombro, desfrutando do seu cheiro de maneira mais intensa. E, no mesmo momento, senti o olhar de Cristina queimar sobre nós.
- Kate, sua vez! - Amélia apontou para a mulher ao lado de Mark, que sorriu.
- Eu nunca fiquei com um ex da minha melhor amiga, ou amigo.
Suspirei, bebendo um shot, sendo acompanhada por Addison e todos os outros ali, menos Flora e Lisa.
A ruiva me encarou, parecendo surpresa.
- Não me orgulho disso - Me adiantei.
- Quem foi? - Ela me indagou, parecendo curiosa.
Suspiro.
- Uma amiga da faculdade.
Ela assentiu.
- E a sua?
- Uma ex de Alex.
- Não sabia que você poderia ser uma amiga tão incrível - Comento ironicamente.
- Eu consigo me superar.
Revirei os meus olhos, soltando um riso e nós voltamos para a roda, onde todos estavam calados.
- Sem comentários então - Amélia falou dando de ombros - Flora, sua vez!
- Eu nunca tive um orgasmo múltiplo!
Engasguei, a encarando completamente assustada.
- Mamãe! - Exclamei, horrorizada.
Ela deu de ombros e bebeu, sendo seguida por Lisa, que apenas riu e o fez.
Observei, para o meu total espanto, a ruiva ao meu lado alcançar um copo e beber o seu conteúdo em um só gole, me me encarando intensamente, enquanto virava o shot por completo. Engoli em seco, sentindo o seu olhar intenso demais para que eu pudesse o compreender por completo.
Não havia sido comigo, certo? Afinal, se fosse, eu lembraria. E como lembraria. Não haveria como esquecer o fato de que eu poderia ter feito a mulher mais incrível com quem já me relacionei ter um orgasmo múltiplo para mim.
Não havia como esquecer. Portanto, o que aquele olhar significava? Ela apenas estava esfregando na minha cara que eu não havia sido capaz disso, enquanto outra haveria?
Suspirei, engolindo aquele repentino ciúmes em seco e, sem tirar os meus olhos dela, alcanço um shot daquela coisa horrível e o bebo, vendo os seus olhos escurecerem no mesmo momento e, assim que bebo tudo, sorrio de maneira desafiadora para ela, mordendo o meu lábio inferior. Sendo dominada por completo por aquele ciúmes.
- Ótimo gole, senhora Montgomery - Ela sussurrou.
- De fato.
- Fico satisfeita por isso.
Faço questão de a oferecer o meu sorriso menos delicado o possível, talvez pelo efeito daquelas duas doses de uma bebida com teor alcóolico além do que eu estava acostumada.
- Como eu disse, Meritíssima, você não foi a minha primeira.
Senti o meu ego inflar-se ao vê-la me encarar com a sua feição mais confusa o possível, enquanto eu fazia questão de ainda sorrir para ela e a lançar uma piscadela.
Bobagem. Eu nunca havia tido um orgasmo múltiplo com alguém além de Addison. Mas ela não teria como saber disso. E, por isso, eu estava me divertindo por ver a decepção exposta de maneira cristalina em seu rosto.
- Deixem para se comer mais tarde - Amélia nos interrompeu e eu senti as minhas bochechas esquentarem, enquanto desviava o meu olhar para o chão.
A ruiva pousou a sua mão novamente sobre a minha coxa, acariciando a sua parte interior sem nenhum tipo de delicadeza, me tirando um suspiro fundo e me fazendo a encarar no mesmo momento.
Seu olhar sobre mim era ainda mais intenso. Eu sorri, mordendo o meu lábio inferior e pousei a minha mão sobre o músculo da sua coxa nua, repetindo o seu aperto.
- Cris, sua vez!
Cristina limpou a garganta e, somente naquele momento, eu desviei o meu olhar de Addison e a encarei, vendo-a me observar de maneira intensa. E, no mesmo momento em que os seus lábios se abriram, eu senti o meu corpo inteiro gelar:
- Eu nunca me apaixonei pela minha melhor amiga.
Engoli em seco, sentindo a minha respiração engasgar e os meus dedos tremerem sobre a coxa de Addison, enquanto o meu coração começava a bater de maneira descompassada dentro do meu peito.
Por que raios ela estava fazendo aquilo? Por que? Qual era a droga da sua intenção?
Desviei o meu olhar de si, vendo Amélia, Lisa, Flora e Ella beberem.
- Mer? - Ela me chamou e eu a encarei, sentindo a minha garganta se fechar. - Vamos lá, beba! - A sua voz possuía um tom de sarcasmo além do natural. Além do tom habitual que eu já estava mais do que acostumada.
Havia um tom... Um tom minimamente cruel naquele seu pedido. E eu o senti como uma facada direta no peito.
Aquilo não possuía a intenção de ser engraçado e muito menos uma provocação saudável.
Cristina sabia que eu não gostava de ouvir aquela sua teoria idiota, pois, além de não ser verdadeira, era desnecessária e completamente impiedosa.
Ela sabia que eu não poderia me apaixonar por Addison.
- Nós apenas somos obrigados a beber se já fizemos algo, pelo que eu saiba - Murmuro entre dentes, de maneira irritada, sentindo o meu rosto esquentar.
- Sim, exatamente por isso estou dizendo para você beber.
- Cristina...
- O quê? Qual é, Mer, por um acaso ninguém aqui pode sa...
- Bem... Ela não é obrigada a beber, certo? - Mark interviu e Cristina sorriu irônicamente.
- Eu achava que Aurora era a sua melhor amiga, antes de acabar virando o amor da sua vida. Digo... - Ela riu sarcasticamente - O ex-amor da sua vida.
Suspiro, alcançando um shot e o bebendo, sem tirar os meus olhos de Cristina.
Aquilo não beirou, sequer, qualquer tênue do engraçado.
- Addie, sua vez!
- Passo - Addison murmurou e, me desfazendo do olhar intenso de Cristina, eu a encarei, vendo qualquer vestígio de bom humor ter fugido do seu rosto.
Será que ela havia...
Não, claro que não! Não é?
Não havia como Addison ter entendido aquilo.
Simplesmente não havia.
O celular da ruiva tocou no mesmo momento e eu suspirei, a vendo se levantar.
- Addie? - Segurei a sua mão e ela me encarou rapidamente, sem a mesma intensidade no olhar de antes - Tudo bem?
- Preciso atender - Ela murmurou, se afastando.
Droga! Droga! Droga!
Aquela sua mudança de humor repentina não havia sido normal, eu sabia disso.
Mas seria mesmo possível que ela houvesse entendido tudo aquilo?
Ou pior, que estivesse achando que era real?
Céus!
- Mer, sua vez! - Amélia falou animada e eu, de relance, encarei a sala da minha sogra, onde Addison caminhava rumo as escadas.
Suspirei, resolvendo ser sensata e não ir atrás dela. Pelo menos não agora.
- Ok... Ann... Eu nunca... Fiquei com alguém muito mais velho do que eu. - Solto a primeira coisa coerente que havia se passado pela minha cabeça e observo apenas Mark, Amélia, Ella e a minha mãe beberem.
Cristina ainda me encarava com um olhar desafiador no rosto. E, sentindo o meu corpo se inundar, pouco a pouco, de nenhuma outra sensação além de raiva designada diretamente a ela, estendi o meu braço, chamando o garçon, afim de fazer a coisa que me pareceu mais sensata naquele momento: beber um pouco.
- Me traga um drink exatamente igual o da minha cunhada - Apontei para o de Amélia - Por favor.
...
Addison Montgomery,
Mesmo momento;
Aurora. Aurora. Aurora e mais porra de Aurora.
A vida de Meredith parecia, simplesmente, girar entorno daquela mulher, e ela nem precisava estar presente para isso!
Eu estava extremamente cansada de sentir aquela sensação terrível dentro de mim todas as vezes as quais eu ouvia o quanto aquela mulher havia sido perfeita para Meredith.
Era como se todos ao nosso redor que as conheceram juntas estivessem, mesmo que inconscientemente, ainda decepcionados por eu ser a esposa de Meredith, e não ela.
Mas nenhum dos outros momentos em que aquela mulher fora mencionada foram piores do que esse, hoje.
Porque ouvir da boca da sua melhor amiga que aquela mulher havia sido o amor da vida de Meredith havia cravado algo em mim com ainda mais força do que das últimas vezes.
Eu sentia como se aquela figura ridícula e irritante houvesse me feito o favor de desenhar para mim o que todos ao nosso redor pareciam tentar esconder, mesmo que inconscientemente:
Eu não era a pessoa certa para Meredith.
E era óbvio que ela estava certa. Eu não merecia Meredith. Nem em um milhão de anos eu poderia a merecer.
Respirei fundo, ouvindo o meu celular tocar novamente, em um alarme para a reunião importante que eu possuía com o Desembargador, o Governador e o Prefeito, sobre o meu atual problema com Ren Kinley.
Me sentei diante da minha mesa no meu quarto e liguei o meu computador. Alcancei a garrafa de Whisky que estava ao meu lado e depositei uma grande quantidade no copo, bebendo de uma só vez, alcançando o meu objetivo de ter os meus pensamentos nublados e apenas focar no que era realmente importante: o meu trabalho.
...
- Juíza Montgomery, Vossa Excelência precisa entender que a sua segurança é um assunto sério. Esse homem não possui muito poder em mãos, mas possui inteligência, e fará de tudo que puder para tentar chegar até a Vossa Excelência.
- Você não precisa me explicar quanto é dois mais dois, Ministro! - Profiro irritada - A minha resposta está dada, não irei abdicar de trabalhar na minha empresa ou no tribunal e me esconder na minha casa como se eu fosse um rato!
- Vossa Excelência, Desembargador, eu realmente não sei como poderemos chegar em um acordo.
- Não há acordos em relação a isso. Estou exigindo uma equipe extra de seguranças para a minha esposa e a minha família, além de policiais no meu condomínio. Além disso, nada mais será realizado.
- Vossa Excelência, entenda, por favor, que estamos falando de um psicopata aqui! Ele já cometeu as mais piores barba... - O Desembargador tentou argumentar, mas eu o cortei:
- Você não precisa me discorrer o meu próprio caso, Excelência. Eu o julguei.
- Por isso mesmo Vossa Excelência deveria estar...
- Eu estou preocupada com o bem-estar da minha esposa e da minha família. Enquanto a segurança estatal me garantir isso, não há mais nada a ser discutido. Estarei de volta à minha empresa na segunda-feira...
- Vossa Excelência!
- E isso não está aberto a discussões! - Profiro irritada - Agora, se já estamos acertados, não vejo mais motivos para a continuação dessa reunião. - Desligo a chamada, soltando um suspiro exausto pelas últimas duas horas tão exaustivas com as tentativas insuportáveis do governo e do Desembargador em tentarem me fazer ficar em casa.
Como se eu, logo eu, fosse me esconder daquele desgraçado feito a porra de uma ratazana!
Ouço o meu celular apitar e o pego, vendo uma mensagem de Luke aparecer na minha tela.
Suspiro, abrindo-a e vendo a sua resposta para a minha pergunta de onde estava o merda do seu pai. Sem utilizar a palavra merda. Pelo menos não para ele.
"Papai está aqui, tia Addie, e não está falando comigo direito, nem com a vovó. Acho que ele ainda está zangado, vocês brigaram feio dessa vez, não é?"
Respirei fundo, respondendo apenas para que ele não se preocupasse com aquilo e o indaguei sobre as suas aulas.
Após a nossa breve conversa, eu foquei totalmente a minha atenção aos documentos do tribunal que precisavam da minha leitura, e, sendo assim, me ocupei por mais algumas horas, tendo a minha garrafa de Whisky ao meu lado.
Assim que observei o céu lá fora escuro e a minha barriga dar sinais de fome, soltei um suspiro, me levantando e fechando tudo, sentindo-me um pouco culpada por não ter dado a atenção merecida para a minha irmã.
Saí do meu quarto, descendo as escadas e vendo toda a minha família ainda reunida ao redor da piscina, já sem os inúmeros convidados. Apenas o ficante de Amélia e a de Mark estavam ali como intrusos.
- Mana, está tudo bem? - Amélia me indagou preocupada, caminhando meio vacilante até mim. Bêbada, é claro.
- Sim, Amy, apenas problemas com aquele assunto.
Ela suspirou, deitando a sua cabeça no meu ombro.
- Estou assustada, Addie. - Ela murmurou de forma vacilante.
A abraço, assentindo, depositando um beijo no topo da sua cabeça.
- Eu sei, tampinha. Mas nada vai acontecer.
- Promete?
- Prometo.
- Pelas barbas de Gandalf?
- Pelas barbas de Gandalf - Respondo, contendo um sorriso fraco.
- Minha nora, junte-se à nós, iremos jogar uno! - A minha sogra me chamou animada e eu assenti, olhando ao redor e percebendo a ausência de Meredith.
- Onde está Meredith?
- Ela foi na cozinha há alguns minutinhos buscar sorvete. Deve estar de papo com a Marina, aquela tampinha loira e metida vai roubar a nossa Marina de nós! - Amélia falou de maneira embolada.
- Sem mais bebidas para você hoje, Amy.
- Ah, não, maninha! Por favor, me deixa bebeeeeeer. Não é todo dia que se completa tri-trinta e três anos!
- Não é todos os dias que se completa qualquer idade, Amélia. Não há nada de especial nos trinta e três. Vamos sentar.
Ela bufou irritada e se apoiou no meu pescoço, me acompanhando até onde todos estavam reunidos.
Me sentei ao lado da minha sogra e coloquei a minha irmã ao meu lado.
- Ok, vamos começar! Vamos em duplas. Em casais, para ser mais exata. Estamos em... Seis duplas. Ella e Cristina podem ir juntas?
- Eu não sou muito de jogar, Flora. Estarei de fora dessa - O Capitão falou sorrindo. - Irei observar o jogo, e garantir que os meus filhos não passem a perna em vocês.
- Até parece! - Amélia exclamou irritada.
- Ok, eu vou com a Bizzy! Nós somos um bom time juntas, não é? - Ella falou lançando um sorriso enigmático para a minha mãe, que devolveu o ato, concordando.
Aquilo me incomodou profundamente. Que mulherzinha mais... Descarada!
- Ella, tenha cuidado, Beatrice não é de prestar muita atenção nas cartas. - O Capitão falou, com um sorriso irritante no rosto e eu suspirei, revirando os meus olhos. Aquele comentário não havia lógica alguma.
- Acredito que faremos um bom time, não é, Bizzy? Ela é mil vezes mais esperta do que eu! - Ella a indagou, acariciando a sua coxa, a minha mãe assentiu.
- Não duvido da sua capacidade. Me diga, Ella, o que você faz?
- Sou cirurgiã. - Ela respondeu apenas.
- Uau! Isso é... Um trabalho e tanto! É bem difícil possuir inteligência e beleza ao mesmo tempo. E isso não me parece um problema para você, com todo respeito.
Sinto a minha respiração falhar quando percebo, exatamente, o que estava havendo ali.
Encaro a minha mãe, que possuía o seu olhar voltado ao chão e uma feição nada agradável no rosto, e, então, volto a encarar o Capitão, que possuía um sorriso tão descarado nos lábios, que fizera o meu punho se fechar no mesmo momento.
Que porra ele achava que estava fazendo?
Ella não o respondeu e se acomodou ao lado da minha mãe, passando o seu braço pelos ombros dela.
- Vamos ganhar esse jogo, bella! - Ela falou para a minha mãe, que sorriu docemente para ela, provavelmente pelo apelido, assentindo.
Antes que eu pudesse pensar em dizer qualquer coisa para o desgraçado à minha frente, vi Marina caminhar até nós alegremente.
- Há espaço para mim nesse jogo?
- Sempre, Marina! Você fará dupla com a Cris, tudo bem?
Ela assentiu sorrindo e se sentou ao lado de Yang.
Franzi o cenho, assim que encarei a porta e não vi Meredith ali, onde diabos ela havia se metido?
- Marina, onde está Meredith? - A indago.
- Ela não estava comigo, meu amor. Digo... Ela foi rapidamente na cozinha há... Não sei, meia hora atrás, buscar sorvete de morango, mas havia acabado, então ela voltou.
- Voltou para onde?
- Achei que para aqui fora. Ela pode estar na cozinha novamente também, eu não saí de lá agora, vim do meu quarto.
- Vou procurar por ela - Murmurei, afastando Amélia do meu colo e me levantei, caminhando, primeiramente, até o salão. Ele estava vazio e possuía apenas alguns doces ali, mas não havia mais ninguém além de algumas empregadas guardando as coisas. As indaguei sobre a minha esposa e elas me garantiram não terem a visto. Estranhei, mas rumei até a cozinha, que parou por completo com a minha presença inusitada.
As indaguei sobre Meredith e elas afirmaram, também, não terem a visto.
Suspirei, sentindo o meu peito, estranhamente, se apertar no mesmo momento.
Onde diabos Meredith havia se metido?
Ordenei a uma empregada que me ajudasse a procurá-la no andar debaixo, enquanto eu ia no de cima.
Verifiquei o meu quarto, que estava exatamente como deixei. O de Amélia, o de Mark e, até mesmo, o da minha mãe. Nada.
Fui até todos os banheiros, o escritório, a biblioteca, o cinema, os jardins, o jardim de inverno, a academia, a sala de jogos, tudo! E, conforme eu checava cada cômoda da casa e não a encontrava, sentia o aperto no meu peito crescer mais.
Assim que me dei conta de que Meredith não estava na casa, enquanto um desespero intenso me tomava, rumei até o jardim da entrada, não vendo nenhum segurança por ali.
Fui até os fundos e os vi reunidos, parando a sua conversa no momento em que me viram.
- Warren!
- Sim, senhora?
- Você viu a minha esposa?
- Não, não vi, senhora. Aconteceu algo? - Ele perguntou alarmado.
Suspiro, sentindo o meu peito pulsar de maneira insuportável. Não. Aquilo não era normal.
E se aquele desgraçado...
Porra!
Não, não haveria como! Esse é um condomínio fechado, há inúmeros seguranças aqui dentro e...
Porra!
- Minha esposa não está em lugar algum. Tratem de a procurar. Agora!
Eles assentiram, saindo correndo dali e eu me recostei no batente da escada, sentindo as minhas pernas vacilarem diante da ínfima ideia de algo ter ocorrido à Meredith.
Alcanço o meu celular no meu bolso e encontro o seu contato, ligando para ela.
Após inúmeras chamadas e uma caixa postal, solto um grunhido irritada, sabendo que aquilo estava longe, muito longe de ser normal.
Caminhei apressada até a área da piscina, sentindo a minha respiração já começar a falhar.
- Yang, venha aqui - Chamo aquela figura insuportável, apenas porque eu sabia que, se Meredith estivesse em qualquer outro lugar que eu possa ter esquecido de procurar, ela saberia. Afinal, não era ela que se entitulava ser a sua melhor amiga?
A morena caminhou desconfiada até mim.
- O quê? - Ela me indagou ríspidamente.
- Você sabe onde diabos está Meredith? - A indago, repetindo o seu tom.
- Se você que é a mulher dela não sabe, por que eu saberia? - Ela respondeu de forma grosseira.
Suspiro, contendo a minha raiva e a minha vontade de socar o rosto daquela mulher.
- Meredith não está em canto nenhum da casa. Eu procurei o segundo andar e o primeiro inteiros, e não a encontro.
Ela pareceu entender a minha procupação, pois a sua expressão se suavizou.
- Tentou ligar?
- Sim, ela não atende.
- Mas que porra, Meredith Montgomery! - Ela murmurou, pegando o seu celular e ligando, constatando, logo após não ser atendida, que algo realmente não estava certo. - Nenhum dos seguranças a viu?
Nego com a cabeça, já tendo mandado a minha sensatez à merda.
- Você tem certeza que olhou tudo? Ela estava meio... Elétrica, pode estar dormindo em algum lugar.
- Você acha que eu sou algum tipo de idiota ou o quê? Eu olhei em todos os lugares desta casa, senhorita Yang! - Profiro irritada.
- Olhe aqui, sua...
- Senhora! - Me virei, vendo Warren correr até mim e senti, por um segundo, o meu corpo parecer desligar, pela sua expressão exasperada.
- O que? O que houve, Warren? - Pergunto nervosa.
- O carro da sua irmã não está na garagem. O porteiro disse que a senhora Montgomery saiu há uns quarenta minutos atrás, de carro.
- Porra! - Murmuro irritada, puxando os meus cabelos soltos para trás. Que porra Meredith estava pensando?
- Sozinha? Ela saiu sozinha? - O indago e ele assentiu, receoso.
Sem sequer pensar naquele ato, soco a parede ao meu lado com força, sentindo a dor insuportável combinar-se ao estremecer do meu corpo, enquanto a minha cabeça custava a entender que Meredith havia saído sozinha de casa, de carro, com a porra de um psicopata à solto nos fazendo ameaças.
Porra!
- Senhora, eu irei mandar dois homens para a procurar pelas redondezas.
Sinto uma tontura insuportável me tomar e fecho os meus olhos com força, sentindo a ardência e a dor na minha mão me inebriarem de maneira insuportável.
- Porra! Senta aqui, Addison! - Senti aquela mulher me puxar e me solto rapidamente dela, abrindo os meus olhos.
- Eu vou procurar por ela, você fica aqui e não fale nada para a minha sogra ou para qualquer um ainda, entendeu? Não até que eu volte!
Ela assentiu e eu saí dali, indo rapidamente até Mark e o chamando junto comigo, inventando uma desculpa boba para todos ali.
- O que aconteceu? - Ele me indagou preocupado.
- Meredith sumiu. O porteiro disse que ela saiu sozinha há quarenta minutos. Dirigindo!
Eu não precisei dizer mais nada. Ele me acompanhou ao lado de Warren, correndo até a garagem junto à mim e pegando o primeiro carro ali, o seu, adentrando à porta do passageiro e eu dei partida, saindo rapidamente da casa.
- Vamos ver se ela está pelas ruas do próprio condomínio primeiro.
Eu assenti, dirigindo devagar pelas ruas do condomínio, e, então, saí dele, me perguntando para onde diabos eu iria!
Peguei o meu celular e disquei rapidamente o número da minha casa, sendo atendida por Miranda.
- Miranda, a minha mulher está aí?
- Não, senhora. A última vez que a vi foi pela manhã.
Desliguei, sentindo-me ser tomada novamente pela tontura, ao imaginar as piores coisas possíveis que poderiam ter acontecido.
E, de todas elas, a pior seria se Meredith, a minha Meredith, estivesse nas mãos daquele desgraçado, de alguma maneira a qual eu preferia não imaginar.
- Calma, mana! - Mark afagou a minha coxa, em um tom de voz preocupado.
- Eu não vou me perdoar... - Sussurro, em um fio de voz. - Se algo acontecer...
- Não vai, eu prometo. Isso tudo deve ser um mal entendido.
- Ellis Grey! - Murmuro, assim que me dou conta da única pessoa a qual eu não havia ligado ainda.
Disquei o número de Ellis Grey, sem me importar se estávamos bem ou não, ou se eu a odiava tão profundamente que sequer conseguia ouvir a porra da sua voz.
Nada daquilo importava. Não naquele momento.
- Addison.
- Meredith está com você? - Sou direta, esperando, mais do que nunca, ouvir um sim.
- Não. Por que estaria? Achei que hoje fosse...
Desligo o telefone, soltando um grunhido alto irritada e o tiro daquela porra de apoio, o jogando com força no banco de trás.
Porra!
- Calma, Addison, porra! Você está dirigindo!
- Não me peça para ter calma, porra! Não me peça! - Murmuro entre dentes, puxando os meus cabelos com força para trás.
Assim que sinto as minhas vistas turvas o bastante para não conseguir mais enxergar direito a pista à minha frente, dou a volta, adentrando o condomínio novamente, sabendo que não haveria para onde ir por ali.
Chego até a minha casa e abro os portões, mal estacionando o carro em frente a garagem.
Warren andava de um lado para o outro, com o celular no ouvido, dando ordens para alguém.
- Nada? - O indaguei e ele negou com a cabeça.
Suspirei, apoiando as minhas mãos aos meus joelhos, sentindo-me à ponto de enlouquecer. As mãos de Mark seguraram os meus ombros.
Quais eram as intenções de Meredith ao sair de casa sozinha, com o carro de Amélia e àquela hora?
Subi as escadarias laterais, que davam para a área da piscina e Cristina veio até mim rapidamente.
- Nada?
Nego com a cabeça, me sentando num degrau, enquanto a via ligar inúmeras vezes para Meredith.
- Vou pegar o carro novamente e dar outra volta pelas redondezas - Mark falou se retirando.
- Cristina... - Ela me encarou e eu, sentindo a minha garganta parecer diminuir de tamanho de uma maneira a qual eu nunca havia sentido, engoli em seco todo o medo que me rondava - Aquele homem...
Ela suspirou, se sentando ao meu lado.
- Nada aconteceu, ok?
- Você não pode garantir isso! - Profiro irritada.
- É, eu sei que não, mas eu sinto. E você não será nada útil se ficar aí, imaginando coisas feito uma idiota!
Suspiro, sendo incapaz de devolver aquele insulto.
- Addie, o que está acontecendo? - Flora me indagou, vindo até nós.
- Nada, nada não, tia Flora. É...
Me calei, encarando os meus pés, incapaz de dizer qualquer coisa para a minha sogra.
- Addison, o que está acontecendo? - A sua voz ficou ainda mais firme. - Cadê a minha filha?
A minha garganta dói, enquanto a minha cabeça faz questão de me torturar, reconsiderando cada mínima coisa que poderia ter acontecido à Meredith. Mas a pior delas ainda é qualquer coisa relacionada aquele homem.
Porra!
Se algo a aconteceu... Eu não conseguiria aguentar. Não. Não haveria como.
Se algo houvesse acontecido a Meredith, a minha Meredith, eu nunca me perdoaria.
Eu nunca mais seria capaz de olhar nos olhos da minha sogra, ou de...
- Addie! Você saiu do trabalho! Graças a Deus, eu já estava preocupada!
Sinto o meu coração parecer pular dentro do peito quando vejo Meredith subir as escadas correndo e vir até mim.
- Meredith!
Me levanto rapidamente, chegando até ela primeiro e, sem conseguir pensar em qualquer outra coisa, a puxo contra o meu corpo, a abraçando com força.
- Ah, que abraço gostoso! Eu amo quando você me abraça, Addie... Me sinto tão... Segura.
Me afasto dela, assim que observo melhor a sua voz manhosa e rouca e o seu rosto corado.
- Onde você estava?
- Ah, história engraçada... Sorvete! - Ela me apontou quatro sacolas grandes, que pareciam pesadas - Eu fui na cozinha ver se tinha sorvete, spoiler, não tinha! Não de morango e não do nosso favorito. Daí eu resolvi adotar a missão de ir comprar o nosso sorvete pra a gente tomar vendo a nossa série hoje. Foi bem legal, eu fui na...
Sinto o meu corpo estremecer em uma sensação de raiva tão grande, que precisei fechar os meus olhos e me afastar dela para me controlar.
- Você está bêbada? - A indago entre dentes.
- Ah, não bêbada - Ela negou com a cabeça, e realmente não parecia, se não fosse pela voz mais manhosa e as falas diferentes do seu habitual - Eu não fico bêbada. Estou animada. Aquela tequila da Amy era...
- Então você saiu sozinha, na porra da noite, dirigindo bêbada e com a porra de um psicopada à solta buscando por qualquer coisa para me atingir... Para comprar sorvete? Me fez procurar em cada porra de lugar dessa casa para, no fim, você ter ido comprar a droga de um sorvete? Tudo isso por um capricho bêbado seu? - Profiro irritada, sem ao menos pensar ou considerar as minhas palavras.
- Addie...
- Não, Meredith! Não! Você tem ideia da minha preocupação? Tem ideia do perigo em que se colocou? Saindo sozinha? De noite? Dirigindo e bêbada? Você poderia estar, agora, nas mãos daquele desgraçado sabe-se lá aonde! Você poderia ter... - Nego com a cabeça, afastando aquele pensamento.
- Mas, Addie...
Puxo os meus cabelos para trás, sentindo as minhas mãos tremerem e nego com a cabeça, incapaz de acreditar naquilo.
- Addie... Não briga comigo, por favor... - Ela tocou o meu rosto com ambas das suas mãos, o toque sutil de sempre - Eu queria comprar o nosso sorvete porque estou com saudades de tomar ele com você, assistindo e...
Nego com a cabeça, afastando as suas mãos.
- Isso não é justificativa, Meredith Montgomery! Qualquer porra de segurança poderia ter ido comprar essa droga de sorvete! Eu quase morri de preocupação! A sua amiga quase morreu de preocupação! A sua mãe... - Suspiro, vendo, de soslaio, Flora ainda ali ao nosso lado. - Não consigo acreditar nisso! Isso não é você, Meredith! Desde quando você fica bêbada?
- Desde que você não me dá atenção! Só vive para essa sua porcaria de trabalho e sequer lembra que eu existo! Então desculpa se eu queria fazer algo legal para nós! Desculpa se eu sinto a sua falta, ok? - Ela murmurou em um fio de voz, enquanto lágrimas escapavam dos seus olhos.
Sinto algo no meu peito se apertar e engulo em seco, desviando o meu olhar para aquela sua feição chorosa, enquanto algo dentro de mim começava a me torturar pelo fato de eu ter sido dura demais com Meredith.
Mas porra! Ela quase me matou de preocupação!
- Isso foi de uma irresponsabilidade sem limites, Meredith! - A minha sogra se manifestou - Sabe o perigo que você se colocou? Dirigir. Bêbada. De noite. Sem nenhum segurança!
- Ah, não, você também não! Você sempre vai tomar o lado da Addison, não é, mamãe?
- Não estou tomando lado de ninguém, minha filha, estou imaginando tudo que poderia ter acontecido com você!
- Desculpa, mamãe.
Suspirei, me afastando dali, sentindo o olhar de Cristina Yang sobre mim.
- Nós vamos embora - Murmurei irritada para Meredith. caminhando até o lado de dentro da casa, apenas para pegar a minha bolsa e a sua no andar de cima.
- Filha! O que houve, você sumiu! - A minha mãe me indagou preocupada, assim que eu voltei.
- Nada demais, mãe. Meredith não está passando bem, nós iremos embora.
- Oh, Deus! O que aconteceu?
- Mal estar - Minto, resolvendo não entrar naquele assunto ali - Nos vemos amanhã no almoço.
Saí dali o mais rápido possível, pegando as chaves do meu carro nas mãos de Warren e abrindo a porta dos fundos apenas para colocar as bolsas, a fechando com força.
- Ei, mana! - Mark me alcançou, tocando o meu ombro - Pega leve com ela, ok? Sei que você estava para morrer de preocupação, mas ela apenas está... Bem... Incrivelmente bêbada.
Suspirei, me recostando no carro, vendo Meredith ser acompanhada junto à Flora.
- Ela quase me matou de preocupação! Imagine se aquele filho da puta...
- Eu sei, eu sei. Mas nada aconteceu, ok? - Ele falou massageando os meus ombros.
Assinto, fechando os meus olhos, ainda sentindo o meu peito arder de maneira insuportável.
Mark abriu a porta do passageiro para Meredith, que sorriu largamente para ele.
- Obrigada, cunhado. Eu amo muito você, ok? Ah! E eu gostei muito da Kate, traz ela mais vezes, por favorzinho!
Mark riu.
- Eu também amo você, cunhada. E sobre a Kate, vamos ver, ok?
Ela sorriu, assentindo e o abraçou com força.
- Até amanhã, cunhado.
- Até, cunhada.
- Tchau, mamãe!
- Tchau, filha. Não nos preocupe mais dessa forma, ok? E se cuide, tome um banho gelado, se alimente e descanse. Nos vemos amanhã.
- Não se esqueça do que eu pedi, depois eu quero saber de todas aquelas outras posições pra eu testar com a Addie, ok? - Ela falou rindo e eu revirei os olhos, não me permitindo achar graça daquela sua versão - Eu realmente quero dar muitos orgasmos múltiplos pra a minha esposa, que é a esposa mais gostosa do mun...
- Ok, vamos, Meredith! - A interrompi, a ajudando a adentrar o carro e ela sorriu para mim de maneira ainda mais angelical, me jogando um beijo no ar.
Me despedi rapidamente da minha sogra e do meu irmão e adentrei o meu carro, dando sinal para que Warren, que estava em um carro na frente, desse partida.
- Hummm, eu não gosto nadica de nada desse carro aqui - Ela murmurou com a voz manhosa, colocando os pés no banco e encostando a sua cabeça na janela. - Não tem muito o seu cheiro. Eu só gosto dos carros que tem o seu cheiro. Principalmente a Maybach. Você não usa muito esse. Eu gosto quando você usa muito os carros, porque aí eu posso usar também e ficar sentindo o seu cheirinho o dia todo! - Franzo o cenho, completamente confusa por aquela sua nova versão tão... Sem filtros, tentando não me deixar levar por tudo aquilo e não pensar que os nossos motivos para gostar dos nossos carros eram exatamente os mesmos.
- Addie! - Ela exclamou em um susto - Os nossos sorvetes, cadê os nossos sorvetes? Eu fui até o mercado tão longe só por eles!
Suspiro, resolvendo não a responder.
- Responde, Addison! Cadê os meus sorvetes?
- Não sei, Meredith! - Murmuro irritada.
- Como assim você não sabe? Você tomou? Addison Montgomery!
Suspiro, fechando os meus olhos por um segundo.
- Argh! Fala comigo, por favor! - Ela choramingou, pousando a sua mão na minha coxa nua e a acariciando com as suas unhas, suspiro, sentindo a minha pele se arrepiar com aquele toque quente e sutil no mesmo momento. Eu nunca entenderia o porque o meu corpo era extremamente sensível à Meredith e à mais ninguém além dela. Ninguém tinha o poder de me tocar e me fazer arrepiar. Nunca teve.
- Você é tão linda enquanto está dirigindo. Você fica tão concentrada. O biquinho na sua boca fica mais contraído, e você fica com a carinha de brava que eu tanto amo. - Que ela tanto... O quê? - Seu cabelo cresceu? Eu acho que cresceu! Uma coisa que eu nunca entendi... Como você consegue ter tempo pra estar sempre com as unhas bem feitas e os cabelos cortados? Digo... Você é tão ocupada! Deve ser a Kepner, com certeza! Ela é mais casada com você do que eu. Eu fico com ciúmes as vezes, porque ela sabe literalmente tudo sobre você. Aliás... O Alex sabe. Muito mais do que a Kepner e do que eu. Sinto ciúmes dele também. Será que a Kepner sente? Ela deveria sentir. Afinal, cadê ele, hein? O Luke está bem? Quando é que a gente vai sair em família de novo? Família... - Ela riu de maneira doce - Eu sempre sonhei em ter uma família. E você me deu uma. Obrigada, Addie. Fala comigo?
Suspiro, sentindo mais raiva de mim mesma do que já senti em toda a minha vida. Pois não havia, sequer, um pingo de ressentimento em mim por aquela mulher.
Meu coração estava mais calmo e estava tão... Aquecido que parecia que absolutamente nada havia acontecido.
Meredith. Tinha que ser Meredith.
Como, diabos, eu posso sentir raiva dessa sua voz doce, angelical, arrastada e tão deliciosamente manhosa e desse seu riso tão puro? Não havia como.
Meredith conseguia ser ainda mais encantadora bêbada. O que era realmente algo de outro mundo, porque pessoas bêbadas costumam ser insuportáveis cem por cento das vezes.
- O que quer que eu diga? - A indago, mantendo o meu olhar na avenida.
- Hummm, não sei. Qual é a sua cor favorita, Addie? Além de preto, é claro. Sabe... Essa foi uma das primeiras coisas que eu soube sobre você. Que a sua cor favorita é preto. E aí eu descobri que a cor favorita da minha sogra também é preto, e que a sua só é essa por influência dela. Acho isso tão adorável! Então, qual sua outra cor favorita ao invés de preto? Se o preto sumisse da face da Terra, qual cor seria a sua favorita?
- Vermelho, eu acho. - Respondo dando de ombros.
- Igual a minha! - Ela exclamou de forma doce. - Sabe, antes da gente se casar eu costumava achar que amarelo era a minha cor favorita. Eu sempre amei girassóis, não mais do que lírios, é claro, mas sempre amei. Mas aí você me disse com aquela sua voz sexy, que me fazia tremer de medo e desejo ao mesmo tempo, que eu combinava muito com vermelho. E não é que você estava certa? Digo, eu não fico bonita ao ponto de ser considerada... Você sabe... Gostosa, porque... Bem... Essa é uma palavra que nunca poderá ser usada para me definir. Mas fico bonita, não é? Digo... Eu... Fico... Mais... Não sei... Mais apresentável? Eu... Não sei, na verdade. Nunca tive segurança o bastante para usar vermelho antes de você. Meu pai sempre dizia que a minha pele era branca demais para usar vermelho, ou azul claro, ou verde, e por isso eu deveria usar tons menos chamativos. Mas aí você chegou e olha só, hoje em dia vermelho é a minha cor favorita! Você mudou muitas coisas na minha vida, Addie. De verdade. Eu serei eternamente grata a você por isso.
Sorrio, inevitavelmente, parando o carro em um sinal e sentindo um misto de pesar pela maneira a qual Meredith tanto distorcia a sua própria beleza e, ao mesmo tempo, uma inundação de ternura pelo seu agradecimento direcionado a mim.
A encarei, vendo-a me observar atentamente com as suas íris azuis que eu não conseguia visualizar a cor por causa da noite, mas eu simplesmente sabia que estavam mais claras e que brilhavam com o seu sorriso, como sempre ocorria quando ela sorria daquela maneira tão doce, tão vulnerável e tão única.
Meredith era tão... Pura, que a ínfima imaginação de a ver sofrendo por qualquer coisa nesse mundo inteiro doía como mil facadas no peito.
Meu anjo.
Um anjo bêbado de uma maneira tão adorável que se tornava cômica, mas, ainda sim, meu anjo.
Quando foi que chegamos até aqui?
- Humm, estou com vontade de comer pizza. Mas não qualquer uma, a pizza da minha nonna. Ah, Addie! Você precisa experimentar! É simplesmente a melhor pizza do mundo inteirinho! Ela coloca muito queijo e muitas outras coisas gostosas que nunca precisei me preocupar em saber o que era porque achei que sempre a teria ao meu lado para fazer. Mas... Bem, depois de tudo ela odeia NY como odeia macarrão mal feito. Ah! O McDonalds! Vamos passar para comprar um combo de hambúrguer? Por favorzinho, Addie! Por favorzinho, vai, por favor, por fa...
- Tudo bem - Respondo sorrindo, negando com a cabeça. Eu estava ao lado de uma criança. - Ligue para Warren para mim e o peça para parar lá - Falei a entregando o meu celular.
- Você precisa desbloquear, meu bem - Ela falou de maneira carinhosa, sorrindo para mim e me apontando o celular.
- 2303 - A informo a senha e ela, que o desbloqueia, abrindo o meu Whatsapp.
- Você é tão desorganizada! Quantas mensagens não respondidas!
- Pare de me insultar, querida. E ligue para Warren.
Ela o fez e informou o que desejava, e, poucos minutos depois, nós estávamos adentrando o nosso condomínio.
Estacionei em frente a escadaria da minha casa e desci, ajudando Meredith a fazer o mesmo.
- Addie, eu aprecio que esteja tentando me ajudar a andar, mas eu estou perfeitamente bem. Posso fazer quantos segundos de fouettés você quiser!
- O que é isso? - A indago curiosa, franzindo o meu cenho.
- Giros, Addie. Aqueles giros que as bailarinas fazem por muitos segundos seguidos.
Assinto, abrindo a porta da nossa casa.
- Cadê a Miranda?
- Está de folga.
Ela fez um bico.
- Não gosto quando ela tem folga, eu tenho que ficar aqui sozinha!
Suspiro, pegando a sacola de papel do seu lanche e as cinco sacolas de sorvete das mãos de Warren e a acompanhando nas escadas, a ouvindo tagarelar sobre as cores da nossa casa, mas sem qualquer tipo de tédio ou rejeição aquele falatório todo.
Muito pelo contrário. Eu estava realmente me divertindo com aquela sua nova versão.
Ela adentrou o nosso quarto e retirou as suas sandálias, prendendo os seus cabelos em um coque mal feito.
- Addie... - Ela murmurou manhosa, se deitando na cama - Não quero tomar banho! - Ela fez um bico.
- Mas você precisa.
- Ei, está dizendo que eu estou fedendo?
Eu ri, negando com a cabeça.
- Não, porquinha. Estou dizendo que você precisa de um banho gelado para esfriar a cabeça.
- Nem morta! Não gosto de banho gelado! - Ela enfiou a sua cabeça debaixo dos travesseiros, bufando.
- Meredith...
- Por que você me chama de Meredith? - Ela levantou a sua cabeça em um movimento brusco, como se estivesse se lembrado daquilo naquele momento.
- Porque é o seu nome? - Respondo confusa, não entendendo aquela sua indagação.
- Não me diga, Sherlock! - Revirei os meus olhos, diante da sua ironia. - Digo... Eu te chamo pelo apelido. Por que você não me chama pelo meu? Por que não me chama de Mer?
Dou de ombros, realmente não sabendo o porque daquilo. Talvez porque eu achava algo muito íntimo, até mesmo para nós duas.
- Não sou acostumada com apelidos. - Respondo, o que não era uma mentira. Eu realmente não era. Amélia era a minha única excessão, mas porque eu já estava acostumada a chamá-la pelo apelido desde que eu havia aprendido a falar.
Ela fez um bico.
- Tudo bem. O meu nome soa bonito na sua voz. Gosto quando me chama. Menos quando está zangada comigo. E gosto muito mais quando está gozando para mi... Ah, eu estou com muita fome!
Eu cobri a minha boca, segurando um riso sincero diante daquela sua fala. Então ela gostava de me ouvir chamar pelo seu nome enquanto me fazia gozar para si?
Ótimo saber disso.
Mas desde quando Meredith possuía um vocabulário tão... Baixo?
Eu realmente estava gostando daquela sua versão.
Ela pegou as sacolas e foi até a nossa mesa, as colocando ali e tirando o seu combo de hambúrguer, fritas, milkshake e refrigerante. Revirei os meus olhos, diante do seu paladar tão infantil e fui até ela, a impedindo de tocar na comida ali.
- Primeiro banho - Faleei decidida e ela me encarou com os olhos brilhantes e um bico nos lábios.
- Ah, não, Addie! Por favor!
- Meredith...
- Deixa eu comer primeiro, vai, por favor! Depois eu tomo um banho bem gostoso e então nós deitamos para ver a nossa série. Por favor?
Suspirei em resignação e assenti, tirando um sorriso puro dela e sendo agradecida com um selar de lábios demorado.
Ela se sentou e me indicou a cadeira à sua frente. Eu repeti o seu ato, a observando abrir as caixinhas e dar uma grande mordida no seu hambúrguer, sujando toda a sua boca de molho, mas parecendo não se importar nada com aquilo.
Me propus a observá-la sorrir para a sua comida como se mais nada existisse no mundo e sorri, soltando um suspiro longo, me perguntando como alguém tão puro poderia existir nesse mundo tão... Merda.
E, ainda mais, na minha vida.
Eu possuía sorte em ter Meredith.
- Addie? Ei, Addie!
Me desperto da minha observação tão intensa e elevo as minhas sobrancelhas, a indicando que eu estava ouvindo.
- Você deveria experimentar.
Faço uma careta em nojo, negando com a cabeça e apenas pego uma batata, a colocando na boca.
- Qual a sua banda favorita, Addie? - Ela me indagou aleatoriamente, me pegando de surpresa.
- O que é isso, um encontro? - A provoco.
- E se for? - Ela elevou as suas sobrancelhas, sorrindo.
- Eu não vou a encontros, senhora Montgomery.
- Eu não sou qualquer uma. Sou a sua esposa.
- Justo.
- Agora me responde.
Suspiro.
- Não sei... Gosto de Guns 'n Roses, Queen, The Rolling Stones... Mas nada especial.
- Rockeira, como eu poderia ter dúvidas ainda?
Reviro os meus olhos.
- E a sua?
- The Beatles e The Smiths.
- Nunca ouvi o último.
- Nunca?
Nego com a cabeça e ela sorri.
- Pois irá ouvir!
Ela terminou de comer tudo em um tempo recorde e guardou todas as embalagens no saco de papel.
- Pode me ajudar com o meu bíquini?
Assinto, indo até o banheiro com ela e engolindo em seco assim que a vejo tirar o seu vestido e os seus cabelos caírem como cascatas pelas suas costas, de maneira tão sexy e angelical ao mesmo tempo.
Porra, se controle, Addison! A sua mulher está bêbada!
Agindo da mesma forma em que eu sempre agia perto dela, quando me permitia observar o seu corpo, como a porra de um adolescente com hormônios, e não a porra de uma adulta com trinta anos, engoli novamente em seco e caminhei até ela, afastando com cuidado os seus cabelos das suas costas e desamarrando a parte debaixo do bíquini, para, logo após, repetir o ato com a parte de cima.
Subi o meu olhar, vendo, pelo espelho, a loira me observar com um sorriso tão descarado no rosto que me fizera pulsar de maneira nada boa entre as pernas.
Não. Não era momento para aquilo.
Limpo a minha garganta, me afastando e indo até o box.
- Pronto. Vou regular a temperatura do chuveiro e achar uma roupa confor...
Paro de falar, assim que a sinto me abraçar por trás e depositar beijos arrastados e nada inocentes nas minhas costas nuas.
Fecho os meus olhos, sentindo as minhas pernas perderem o seu controle por um segundo.
- Ou... Você poderia tirar esse macacão que te deixa tão, mais tão gostosa e poderia entrar comigo, e nós poderíamos fazer... Outras coisas. Muito mais interessantes do que pegar roupas no closet.
Engulo em seco, utilizando de um grande esforço para puxar o ar. Era como se, de repente, eu houvesse sido trancada em uma sala minúscula, com pouquíssima quantidade de oxigênio dentro.
- Meredith... - Controlo a minha voz, desejando, como em todas as vezes que ela me faz perder a linha de pensamentos e o meu controle daquela forma, não demonstrar o tamanho poder que aquela mulher possuía sobre mim.
- Hum, meu bem? - Ela murmurou aquele apelido de maneira doce, abaixando a alça do meu macacão, enquanto depositava beijos nada sutis pelo meu ombro desnudo. - Quero tanto... Tanto... Mais tanto... Te ouvir gemer para mim, meu bem.
Engasgo, apoiando ambas das minhas mãos no box fechado, sentindo as minhas pernas fraquejarem diante de uma mordida sua no meu ombro.
Porra! Mais uma porra de calcinha estragada por aquela loira que sabia, como nenhuma outra, como me fazer enlouquecer para ela.
Nenhuma mulher possuiu tamanha submissão de mim. Nunca. E isso era, definitivamente, a coisa que mais me assustava sobre Meredith.
Meredith me possuía. De uma maneira a qual ninguém nunca, em toda a minha vida, me possuiu.
Ela me tinha, na palma das suas mãos.
- Querida... - Utilizo do meu tom mais contido, mesmo que tudo dentro de mim estivesse em chamas. Eu ainda era uma pessoa sensata, mesmo com o meu centro pulsando de maneira desesperada por precisar, mais do que nunca, a fazer gozar para mim.
Mas Meredith estava bêbada.
Eu nunca faria aquilo com ela naquele estado.
- Hummm - Ela gemeu baixo e eu praguejei um xingamento baixo, fechando os meus olhos com força diante do tom manhoso e rouco do seu gemido que sempre me fazia enlouquecer, literalmente, por ela - Eu amo tanto quando você me chama assim.
Reunindo todo o resto de sensatez que ainda existia em mim, me virei para ela, vendo-a me encarar daquela forma, com os olhos tão mais escuros, as bochechas coradas de uma maneira tão angelical, mas a boca curvada em um sorriso tão descarado.
Porra. Porra. Porra!
- Querida... Você está bêbada. - Murmuro, demandando muito mais esforço para aquilo do que qualquer outra coisa na vida.
- E daí? Eu ainda sou eu.
Era. E como era.
- A não ser que você não queira. - Ela murmurou, parecendo, momentaneamente, chateada.
Suspiro, acariciando ternamente o seu rosto, desejando a fazer parar de pensar aquilo.
- Com você, eu sempre quero, meu anjo - Sussurro de maneira tão sincera e automática que me surpreendo comigo mesma.
Eu nunca abria tanto os meus pensamentos para Meredith sobre o quanto eu a desejava.
Porque... Porra! Se ela sequer possuísse uma ínfima noção do poder que tinha sobre mim, me teria em suas mãos mais do que já, naturalmente, me tem.
- Mas você precisa dormir.
Ela fez um bico e gemeu baixo, em irritação.
- Não quero dormir! - A observei ficar na ponta dos seus pés e alcançar o meu pescoço, arfei, fechando os meus olhos e tentando, como a porra de um inferno, me controlar diante do seu cheiro e da sua respiração tão pesada ao meu ouvido - Queria tanto... Chupar você, Addie. Tanto! Eu sou... Completamente apaixonada pelo seu gosto. Completamente.
Oh, porra! Porra!
Caralho!
- Eu poderia facilmente chegar ao meu clímax todas as vezes que sinto você gozar para mim, principalmente na minha língua. Você... É tão gostosa, Addie.
Engasgo, perdendo toda a minha fala por completo, por alguns segundos.
Aperto os meus olhos, sentindo a minha situação entre as minhas pernas completamente desastrosa.
O meu macacão também. Porra!
- Quero tanto... - Ela sussurrou novamente, mordendo o nódulo da minha orelha e me fazendo, inevitavelmente, gemer baixo.
Porra de atração dos infernos! Porra!
No momento em que eu estava quase, eu disse quase, reconsiderando o fato de que eu não fodia pessoas bêbadas, e muito menos faria isso com a _minha pessoa bêbada favorita_, ouvi um gemido nada sexual sair dos lábios de Meredith.
- Merda! - Ela exclamou surpresa.
Abri os meus olhos, a vendo se abaixar diante do nosso vaso rapidamente e começar a vomitar veementemente.
Porra!
Me ajoelhei ao seu lado, segurando firme os seus cabelos em um rabo de cavalo improvisado e acariciei as suas costas, sentindo-me extremamente culpada por, durante um milésimo de segundo, ter considerado ir para a cama com ela.
- Addie, sai! Não... Não quero que me veja assim!
- Não vou sair! - Murmurei, puxando a sua franja para o monte de cabelo envolto na minha outra mão.
Ela gemeu mais uma vez, voltando a vomitar.
- Oh, porra! Eu não faço ideia de o que é bom para aliviar vômito.
Ela negou com a cabeça, apertando a minha coxa e voltando a vomitar veementemente.
Suspirei, sentindo o meu peito arder em preocupação e acariciei as suas costase sentindo mais impotente do que nunca.
- Vamos para o hospital! - Falei, um pouco desesperada e ela negou com a cabeça, limpando a sua boca com as costas da sua mão e dando descarga, se recostando na parede, completamente pálida e fraca.
A puxei contra mim e deitei a sua cebça ao meu ombro, me sentando ali ao seu lado.
Ficamos ali por alguns minutos, até que Meredith sussurrou para mim:
- Droga! Eu estraguei com o nosso clima!
Sorri, negando com a cabeça.
- Não pense nisso, ok?
Ela assentiu e, devagar, eu a ajudei a se levantar. Ela escovou os seus dentes rapidamente e eu a ajudei a tirar a sua calcinha, ligando o chuveiro frio e a colocando ali debaixo.
- Ai, Addie! Tá tão frio! Eu não quero, por favor! - Ela choramingou e eu suspirei, tirando o meu macacão e o meu bíquini, adentrando o box e a tomando junto ao meu corpo, nos colocando, ambas, embaixo do chuveiro.
- Melhor?
Ela assentiu, me abraçando e deitando a sua cabeça no meu ombro.
Soltei os seus cabelos do coque em que ela havia feito e a coloquei completamente debaixo d'água, molhando os seus fios loiros, que foram esticados até a base da sua cintura.
- Addie... Está frio! - Ela estremeceu contra mim.
- Eu sei, querida, nós já iremos sair, ok?
Ela assentiu e eu, rapidamente, peguei o seu shampoo, depositando um pouco dele nas minhas mãos e o usando para massagear, devagar, o seu couro cabeludo.
Ela gemeu baixo, de forma preguiçosa, abraçando a minha cintura com mais força e eu suspirei, percebendo que eu nunca faria aquilo por qualquer outra mulher.
- Sabe, Addie... - Ela levantou a sua cabeça e me encarou mais profundamente, com os olhos quase fechados. - Ninguém nunca cuidou de mim do jeito que você cuida.
Sinto o meu peito se aquecer e sorrio, depositando um beijo leve na ponta do seu nariz, acariciando, levemente, a sua bochecha rosada.
Ela sorriu docemente para mim, deitando a sua cabeça ao meu ombro novamente.
- As vezes... Eu queria que essa droga de contrato não existisse. - Ela murmurou de maneira arrastada, depositando beijos pelo meu pescoço.
Meu coração pulou do peito. O quê?
- Seria tão... Fácil me apaixonar por você, Addie... Tão... Incrivelmente... Fácil. Se não fosse essa droga de contrato, é claro. Mas... Nós somos boas amigas, não é? Acho que tenho que ser grata por isso. Por ter pelo menos um pedacinho de você só pra mim. Por dois anos, cinco meses e... Três dias.
Sinto o ar fugir dos meus pulmões, enquanto o banheiro inteiro parecia rodopiar entorno de mim.
Seria fácil se... Se apaixonar... Por mim?
Que porra era aquela?
Se apaixonar?
Por mim?
- Addie, ai! Meus olhos! - Ela choramingou e, somente naquele momento, eu percebi que o shampoo havia caído em seus olhos.
- Me... Me desculpe. Eu... Eu... Me dis.. Distraí, só isso.
- Ah, foi pelo que eu disse? Fica tranquila, eu não estou apaixonada por você. - Ela deu de ombros, como se não fosse nada. - Porque eu não seria tão burra à esse ponto. Por mais que Cristina não acredite em mim.
- Cristina... Acha que você está... Tendo sentimentos românticos por mim? - A indago, estarrecida.
Ela assentiu.
- Uma chatice! Mas isso é porque ela te odeia e quer achar uma explicação melhor para que eu tenha uma boa relação com você. Então ela inventou isso. Até parece que eu seria burra o bastante de te perder desse jeito. É claro que você nunca seria capaz de me amar. - Sinto como se aquela frase houvesse sido um soco bem dado ao meu estômago - Então acho que preciso me contentar em te ter desse jeito, em pedacinhos. O que me faz pensar que... - Ela suspirou, de maneira triste. - Eu nunca vou achar alguém, sabe? - Ela riu, mas de maneira nada cômica. Uma feição triste inundou o seu rosto de maneira tão intensa, que me fez suspirar em pesar.
- E como eu poderia? Com você aqui... Cuidando de mim enquanto estou a bêbada mais insuportável do mundo! Você não quis transar comigo porque me respeita o bastante pra não fazer isso comigo bêbada, mesmo eu afirmando que queria, mais do que tudo. Você sentou no chão comigo enquanto eu vomitava, me fez carinho, me acolheu e agora está... - Ela riu, e eu vi uma lágrima solitária cair dos seus olhos, ela a limpou rapidamente - Agora está lavando os meus cabelos nessa droga de água fria! Você... Cuida de mim mais do que qualquer pessoa já, sequer, pensou em cuidar, Addie. Então como é que eu posso ter esperanças de sair desse casamento e encontrar alguém que faça exatamente o mesmo por mim, ou melhor?
- Estou... Tão ferrada! Porque... Como é que eu vou poder amar alguém depois que tudo isso acabar? Como eu vou poder ir para a cama com alguém que sequer sabe fazer tudo que você faz? Vou ter que fingir orgasmos? - Ela riu. - Você fez um belo estrago na minha vida, Meritíssima. Mas... Acho que me resta ter esperanças de que... Não sei, haja alguém assim por aí. Que me trate da forma que você o faz, mas que seja capaz de me amar, de construir uma família, de... Não desistir de mim. De... Me querer, sabe?
- Mas, ao mesmo tempo, você me faz... Ver... Uma pureza no ato de amar que... Eu nunca consegui visualizar por mim mesma na vida. É esquisito, né? Você praticamente veio para me mostrar que nada menos do que você poderia me bastar.
Suspiro, engolindo em seco toda aquela carga colocada nas minhas costas.
- Meredith... Eu...
- Continua lavando os meus cabelos? Por favor? Gosto tanto do seu carinho.
Pisco, por um segundo, tentando digerir tudo aquilo mas assinto, a puxando para mim e, sentindo os meus dedos trêmulos, volto a esfregar, com cuidado e delicadeza, o seu couro cabeludo, tentando, como um inferno, canalizar tudo que eu havia acabado de ouvir.
Outra pessoa.
Ela desejava outra pessoa, assim como eu, mas que fosse capaz de a amar. Porque eu não era.
Eu era a porra de um ser... Quebrado e errado que não era e nunca seria capaz de a dar o que ela precisava.
Merda!
Suspiro, resolvendo, por pelo menos um momento, esquecer tudo aquilo e me concentrar em fazer de tudo para que ela saísse daquela água fria o mais rápido possível e fosse para debaixo dos nossos edredons.
Terminei de lavar os seus cabelos e usei o sabonete líquido no seu corpo rapidamente, não me permitindo a observar.
- Vamos - Sussurrei para ela, que sorriu, com os lábios tremendo e peguei a sua toalha, a envolvendo nela.
- Addie... Eu... Estou com... Tanto frio... Que... Não sei se consigo... Andar.
Suspirei, me enrolando num roupão e, delicadamente, envolvi os meus braços na parte detrás das suas coxas e nas suas costas, a carregando. Ela riu.
- Uau! É divertido!
Eu suspirei, nãoo conseguindo rir aquela sua voz tão infantil e da maneira a qual ela envolveu o meu pescoço com os seus braços.
A coloquei no puff do closet e, rapidamente, escolhi um pijama meu de seda composto por uma calça e uma camisa longa, ambos pretos. Fui até a sua gaveta de calcinhas, tão bem organizada por cor, e escolhi a que me pareceu ser a mais confortável, a entregando junto com o pijama.
Ela sorriu, tirando a sua toalha e vestindo-os.
- Ah, tem o seu cheirinho! - Ela sorriu, cheirando a gola da camisa. - Vou poder dormir te sentindo hoje. Senti tanto a sua falta esses dias. Nem a droga do seu perfume eu conseguia sentir mais entre os travesseiros, porque miranda lavou as fronhas.
Suspiro, caminhando até o meu lado novamente, e tirei o roupão, vestindo uma calcinha e uma camisola pretas.
Prendi os meus cabelos em um coque mais firme e me virei, vendo a figura pequena e loira parada no meio do closet, vestindo o meu pijama que ficava muito maior nela, e arrastava a sua calça no chão e as mangas cobriam as suas mãos.
Mas, incrivelmente, eu nuna havia a visto tão linda.
Seus cabelos ainda molhados, caindo ainda maiores pelos seus seios, até a sua barriga e um sorriso imenso em seus lábios.
- Posso tomar sorvete?
Assinto, a vendo sair do closet entre pulinhos de alegria e indo até o quarto.
Suspirei, me sentando no puff, enquanto o meu consciente fazia a droga do trabalho de remoer tudo que Meredith havia me dito anteriormente.
Mas ela estava bêbada. Eu deveria, mesmo, levar aquilo de poder facilmente se apaixonar por mim à sério?
Mas que motivos haveriam para aquilo estar no seu subconsciente embriagado e ela colocar para fora de maneira tão... Aleatória?
- Esqueça isso, Addison. - Murmurei para mim mesma, sentindo um incômodo insuportável no meu peito.
- Addie, vem! A nossa série vai começar!
Fui até o banheiro rapidamente e escovei os meus dentes, resolvendo pular os meus cuidados com o meu rosto naquela noite. Passei apenas um creme nos meus cotovelos e saí, apagando todas as luzes.
Desliguei as luzes principais do quarto e me deitei ao lado da loira, que me passou o pote de sorvete, sorrindo para mim.
Tomei um pouco, tentando, como um inferno, me concentrar no que se passava na TV.
Mas a minha mente apenas conseguia pensar naquela frase em específico.
"Seria tão... Fácil me apaixonar por você, Addie... Tão... Incrivelmente... Fácil."
Sinto o meu estômago se revirar com aquilo e suspiro, ouvindo o ronco de Meredith, alguns muitos minutos depois.
E, desejando fugir um pouco de todos aqueles pensamentos e toda aquela conversa que tanto me assustou como um inferno, afastei os edredons do meu corpo, calçando os meus chinelos e fui até o closet. Vesti um robe qualquer e saí do meu quarto, esperando, também, fugir de toda aquela bagunça.
...
Meredith Montgomery,
Dia seguinte;
Abro os meus olhos, me arrependendo no momento em que o faço, sentindo uma pontada de dor insuportável me tomar.
Solto um grunhido irritado e alcanço um travesseiro de Addison, o abraçando e me virando para o outro lado, enquanto sentia uma dor insuportável.
O que havia acontecido? E por que eu estava em casa, ao invés de estar na casa da minha sogra? Nós não íamos dormir lá?
Bufo irritada, ao abrir os olhos novamente e perceber que eu estava sozinha no quarto.
Alcanço o relógio ao meu lado da cama e o encaro, completamente surpresa com a hora. 11h57!
Droga!
Me levanto mais rápido do que previa e sinto o quarto inteiro girar ao meu redor. Céus! Que dor de cabeça era aquela?
E o que diabos havia acontecido ontem à noite? E por que eu não me lembro de um momento sequer após eu ter começado a beber com Amélia?
Oh, droga!
Aquilo era...
Droga, Meredith! Droga! Droga! Droga!
Eu estava de ressaca!
Eu havia ficado bêbada. E bêbada na frente de Addison!
Merda, merda, merda!
Pela única experiência que eu já tive, na adolescência, de ficar bêbada, eu sabia que eu era a pessoa mais insuportável do mundo!
Mas por que raios eu não conseguia lembrar de absolutamente nada sobre a noite passada?
Suspiro, afastando o edredom do meu corpo e franzindo o cenho ao perceber o que eu vestia. Um conjunto de pijamas calça e camisa que com certeza não eram meus, porque eram enormes demais para isso.
Recostei o meu nariz na gola dele e sorri, assim que senti o cheiro que eu mais adorava no mundo.
Saí da cama, calçando os meus chinelos e um sorriso imenso brotou aos meus lábios no mesmo momento em que eu encarei a mesa de canto do quarto.
Uma bandeja estava posta ali, mas não parecia ser há muito tempo.
Sorrindo, neguei com a cabeça, sentindo o meu coração se aquecer de maneira tão deliciosa pela forma tão... Delicada a qual Addison cuidava de mim.
Resolvi, primeiramente, tomar um banho para, então, comer e ir procurar pela minha ruiva favorita.
...
Eu fui completamente mal sucedida na minha missão, pois Addison estava em uma reunião importante no seu escritório e apenas saíria dela as uma, pelo que Helm me avisou. E, de acordo com a ruiva, eu deveria ir para a casa dos seus pais primeiro, e ela me encontraria lá.
Um pouco decepcionada, saí de casa com Warren e mais o meu esquadrão de seguranças e, em poucos minutos, cheguei até a casa da minha sogra, sendo recebida de maneira amorosa por ela, Mark e Amélia.
- Você está melhor, meu amor? - Bizzy me indagou e eu franzi o cenho, sem entender a sua pergunta.
- Ela certamente parece bem melhor, mamãe - Mark falou, me lançando uma piscadela.
- Estou bem, sogra! - A garanti e ela sorriu, me guiando para que nos sentássemos juntas.
As uma e meia, Addison apareceu, quando Amélia e Mark já estavam à ponto de se matar por uma briga idiota de quem era o super-herói da marvel mais forte e inteligente.
A ruiva vestia uma calça jeans de lavagem clara, uma camisa social preta, com os três primeiros botões abertos, deixando à mostra um decote ainda mais ousado do que o normal, pelo caimento da camisa.
Seus cabelos estavam soltos e brilhantes e, aos pés, ela usava um par de scarpins pretos.
- Graças a Deus, eu já estava quase matando o Mark e comendo as entranhas dele de tanta fome! - Amélia exclamou e Addison apenas revirou os olhos, cumprimentando a sua mãe e já caminhando até a sala de jantar.
Estranhei por completo o fato de ela sequer ter me olhado direito, ou me cumprimentado.
Nós nos sentamos diante da grande mesa e, assim que ela se pôs ao meu lado, eu toquei a sua coxa, atraindo o seu olhar no mesmo momento.
- Tudo bem? - A indago preocupada e ela assente.
- Sim, está melhor?
Assinto, mesmo não sabendo de quê, exatamente, eu deveria estar melhor.
Nós almoçamos em harmonia, como sempre, com Addison um pouco mais calada do que o seu normal. Mas o olhar cansado em seus olhos me alertava, exatamente, o motivo do seu silêncio: cansaço.
Após o almoço, a ruiva entregou para Amélia as chaves do barco e a morena, literalmente, pulou em seus braços, envolvendo as suas pequenas pernas ao redor da cintura de Addison e beijando o seu rosto diversas vezes.
Eu a entreguei o meu presente, que era uma pulseira de ouro branco que eu havia achado extremamente parecida com ela. E eu estava certa, ela havia amado!
Passamos a tarde entre conversas, vinho e algumas fotos de Amélia compartilhadas pela minha sogra.
As cinco, Addison me alertou que precisávamos ir, pois ela possuía algumas coisas importantes para resolver e, por isso, eu me despedi de todos, sendo guiada por ela até o carro.
Ela abriu a porta para mim, como sempre e eu a agradeci.
- Você está bem mesmo? - A indago, assim que ela dá partida no carro, incomodada com o seu silêncio mais intenso do que o normal durante toda a tarde.
- Sim, apenas cansada, não se preocupe.
Assinto, acariciando a sua coxa, entre um suspiro de preocupação pela sua voz tão cansada e a sua feição tão... Apagada.
Ver Addison se auto sabotando daquela maneira estava acabando comigo de maneira grotesca.
Eu realmente precisava fazer algo. O mais rápido possível.
...
Bem, mas não hoje. Pois a ruiva se trancou no escritório, afirmando possuir coisas importantes a resolver e eu, sem mais opções e sem ter tido abertura para a pedir que descansasse, me joguei no sofá da sala, zapeando as minhas redes sociais, até receber uma mensagem de Cristina, me oferecendo uma noite de pizzas e maratona de filmes de comédia romântica, pois estava se sentindo sozinha e ansiosa pela vinda do bebê.
Me sentindo um pouco chateada com ela pela sua brincadeira idiota no dia anterior, mas, mesmo assim, sem conseguir a negar aquilo, eu marquei para que fosse na minha casa dessa vez, e ela me avisou que chegaria com o seu pijama em alguns minutos.
Após subir e me trocar, vestindo uma calça de yoga e um moletom confortáveis, pelo tempo um pouco mais frio que se instalou à noite.
Fiz o pedido das pizzas e saí apenas para informar aos seguranças, para que as buscassem quando chegasse e liguei para a portaria, autorizando a entrada de Cristina sem precisar interfonar.
A morena chegou trinta minutos depois e, após a pizza chegar, eu me acomodei no seu colo, sentindo-a acariciar os meus cabelos, enquanto comíamos e assistíamos o meu segundo filme favorito, Uma linda mulher, pela milésima vez.
Mas, pela primeira vez, eu não estava conseguindo prestar atenção nele direito, pois a minha cabeça estava completamente focada em Addison, e no que raios eu poderia tentar fazer para que ela considerasse, sequer considerasse a opção de descansar um pouco.
Eu não fazia a mínima ideia!
- Ei, o que há com você? - Cristina me indagou, se levantando do meu colo e eu suspirei, dando de ombros.
- Nada.
- Fala, Meredith.
- Não posso falar sobre isso com você - Murmuro um pouco mais grosseira do que esperava.
- Desde quando você esconde alguma coisa de mim? - Ela parecia ressentida.
- Desde nunca. Esse é um assunto Addison. E o assunto Addison é proibido entre nós.
Ela suspirou.
- Desembucha.
- Cristina...
- Fala, Meredith!
Respiro fundo, me sentando ereta no sofa e cruzando as minhas pernas em posição de índio.
- Estou apenas preocupada com ela, só isso.
- Motivos?
- Esse... Maluco à solta por aí. Ele é perigoso, eu sei disso. E Addison tem mergulhado cada vez mais fundo no trabalho. Ela não dorme, não come direito, não pensa em qualquer outra coisa que não seja a droga do tribunal e a droga da empresa. Isso... Me desgasta, porque ela está exausta! Mas é teimosa como uma porta!
- E você, consequentemente, não dorme direito também.
Dou de ombros.
- Fico preocupada.
Ela suspirou.
- Já tentou... Sei lá, conversar com ela?
- E falar o que? Nem a própria mãe dela consegue a fazer desacelerar, não será eu que farei.
Ela riu.
- Você é tão, mais tão cega, que as vezes me irrita, Meredith.
Franzo o cenho, sem entender aquela sua fala.
- Tente. Tente... Conversar. Ou tente... Sei lá, ser sutil. Pedir para sair, ou para ver algo, ou... Sexo. Sexo sempre ajuda.
Reviro os meus olhos diante daquela sua fala.
Por que todo mundo sempre falava isso? Como se eu fosse ser capaz de conseguir fazer Addison parar de trabalhar por sexo.
- E sobre aquele homem... Você acha que ele realmente está determinado a matar ela?
Sinto-me estremecer com aquela frase.
- Não fale isso, por favor.
Ela suspirou, assentindo.
- Mas você acha?
- Sim. Ele é perigoso. Eu... Acompanhei o caso dele na época da prisão. Ele é... Terrível, Cris.
Ela assentiu, parecendo, por um segundo, não saber o que falar.
- Bem, eu vejo isso como uma coisa boa! Se ela morrer, você vai ser a sucessora do trono e vai se tornar a sétima pessoa mais rica do mundo e... Nós poderemos nos casar, porque você, enfim, vai ser livre. E aí... Vamos viajar o mundo com o bebê monstro! Ou seja, esse psicopata aí só estará te fazendo um imenso favor em te livrar daquela branquela metida! - Ela falou rindo, me empurrando com o ombro.
Aquela sua fala me caiu como um soco no estômago e, por alguns segundos, eu sequer consegui a encarar ou esboçar qualquer coisa.
Naquele momento, eu percebi que, não importasse o que eu falasse, quantas vezes eu dissesse que Addison era importante para mim, ou que eu deixasse perfeitamente claro os meus sentimentos pela minha mulher. Cristina nunca me respeitaria.
E quando foi que chegamos aqui? Quando foi que a minha felicidade deixou de ser importante para ela? Menos importante do que o seu ódio por Addison? Quando?
- Acho que está na hora de você ir embora. - Murmuro, segurando o meu choro e me levantando, desligando a TV.
- O... O que? - Ela riu, de maneira nervosa - Eu estava brincando, por Deus, Meredith!
- Eu não vou mais aturar essas suas brincadeiras, Cristina, eu já disse isso, e eu repito!
- Eu...
- Por favor, vá embora.
Ela suspirou, se levantando e pegando a sua bolsa.
- Foi uma brincadeira.
- De muito mal gosto, e você, mais do que ninguém, sabe disso. Você sabe que eu... Não posso... Sequer pensar em perder outra... - Respiro fundo, negando com a cabeça, resolvendo não continuar com aquilo - Estou cansada das suas brincadeiras, Cristina. Cansada. Você pode as fazer dentro da sua casa, em um restaurante, na rua ou em qualquer outro lugar, mas na minha casa, a casa a qual eu divido com a minha esposa, você não pode. Então, por favor, saia.
- Mer... Eu não falei por mal, eu...
Caminhei até a porta, a abrindo, ainda sem conseguir a encarar, pois, se eu o fizesse, eu tinha certeza que não conseguiria mais segurar as minhas lágrimas por tanto tempo.
- Vá embora. - Murmurei de maneira firme.
Ela caminhou até mim e, sem que eu esperasse, me abraçou. Eu não devolvi o seu abraço. Eu não seria capaz de fazê-lo, não naquele momento.
- Sinto muito, eu... Realmente sinto muito.
- Nos vemos terça - Murmurei, me afastando e fechando a porta.
Soltei todo o ar preso em meus pulmões, sentindo uma lágrima solitária cair dos meus olhos assim que revivo o tom tão frio e tão... Amargo do seu comentário.
Não foi uma brincadeira.
Respirei fundo, sentindo que aquela noite realmente havia acabado para mim e, sem a mínima vontade de desejar incomodar Addison novamente, ou ouvir um não seco seu, como resposta para a pergunta de se ela iria dormir, eu subo as escadas, adentrando o meu quarto.
Faço as minhas higienes e troco de roupa, me jogando na cama e, por mais uma noite seguida, tendo o mesmo pesadelo que me rondou a semana inteira.
Addison, a minha Addison, sendo morta por aquele desgraçado.
De novo, e de novo, e de novo. Mas, dessa vez, o combo dos seus gemidos de dor, os sons das facadas e o sangue em minhas mãos me faz acordar com um grito de desespero, enquanto o suor descia de maneira insuportável por todos os lugares do meu corpo e eu me via novamente sozinha no quarto.
Por isso, faço o que eu tenho feito durante toda a semana. Me levanto, troco de roupa e vou para a academia.
Hoje Addison não apareceu, o que me deixara alarmada no mesmo momento. Por isso, assim que vejo já serem sete horas no meu relógio, calço novamente os meus tênis e prendo os meus cabelos, voltando para o interior da minha casa.
- Bom dia, senhora! - Miranda me cumprimentou com o sorriso doce de sempre. Eu o devolvi, porém não com a mesma animação de sempre.
- Bom dia, meu anjo. Sabe me dizer se a minha mulher está no escritório ainda?
- Ah, senhora, a sua mulher saiu há alguns minutos atrás. Ela deve ter muita coisa para resolver, após esses dias em casa.
Assinto, mordendo o meu lábio inferior em uma preocupação além do que eu pudesse controlar.
Pedi licença para Miranda e subi as escadas. Tomei banho, lavei os meus cabelos e me troquei, vestindo uma calça de alfaiataria branca, uma camisa social de seda preta e um blazer da mesma cor por cima. Nos pés, um par de scarpins pretos.
Desci as escadas novamente, já estando pronta para mais uma segunda-feira.
Me sentei à mesa, sentindo-me péssima em ter que, novamente, fazer outra refeição sozinha.
- Meu anjo, tome café comigo!
Miranda tentou recusar, mas eu insisti e ela o fez, se sentando ao meu lado.
- Posso fazer uma pergunta? - A indago, realmente curiosa sobre aquilo.
- Claro, senhora!
- O que aconteceu com Alex? Eu não o vejo há dias! Desde o dia que... Bem, você sabe, desde o dia do noticiário.
Miranda suspirou.
- Não sei se posso falar.
- Miranda, por favor! Somos amigas, não somos?
Ela mordeu seu lábio inferior, mas assentiu.
- Ben acredita que... Ele tenha ficado irritado por ter sido contrariado pela sua esposa.
- Como assim?
- Ele é o chefe da segurança. Ele já tinha tudo planejado sobre como funcionaria a sua segurança e a da sua esposa com base nesse... Acontecido. E aí ela mudou tudo.
- Como assim mudou tudo? Em que sentido? - Pergunto curiosa.
Ela suspirou.
- Com quantos seguranças a senhora tem estado?
- Seis, com Warren.
- Pois é. A sua esposa está com cinco. E, de acordo com Warren, esses cinco não são tão experientes quanto os que estão com a senhora.
O que?
- Como... Como assim? Por que... Raios Addison faria isso? Isso é... Praticamente suicídio.
- Parece que a briga toda aconteceu porque a sua esposa simplesmente... Priorizou a sua segurança, acima da dela. E... Bem... Alex considerou isso praticamente um suicídio. Porque ele também teria sido designado para a senhora, caso não houvesse... Bem... Se demitido.
Alex se demitiu? Por causa de mim?
- Calma... Você está me dizendo que Addison está andando por aí com cinco seguranças inexperientes enquanto eu... Eu estou com os melhores? - A indago, sentindo o meu coração arder dentro do peito, enquanto as vozes e as imagens do meu sonho se fazem tão vívidas, que eu preciso fechar os meus olhos para tentar parar de as ver na minha frente.
- Basicamente isso. Alex... Está possesso. Porque... Bem... Isso não é nada bo... Senhora?! Para onde a senhora vai?
Sem que eu sequer percebesse, eu já havia me levantado e já estava saindo da sala.
- Vou impedir a... Estúpida, idiota e... Imbecil da minha mulher de... Praticamente se suicidar! - Murmuro entre dentes, sentindo uma raiva muito além do que eu já havia sentido, misturada ao medo e a incredulidade que também me habitavam.
Addison Montgomery me ouviria, ah, se me ouviria!
...
Addison Montgomery,
Mesmo momento;
- Não me importa que porra você tenha pensado! Eu quero saber como essa porra de protótipo poderá ser aprovada pelo seguro se você, com toda a porra da sua burrice de merda, foi a porra de um lerdo dos infernos para a fazer à base de aço! Aço! - Vocifero irritada, sentindo o meu sangue ferver em minhas veias, diante de tamanho ódio em que eu sentia do engenheiro à minha frente.
- Senhora, mas...
- EU NÃO QUERO SABER DE MAS, PORRA! - Praguejo, sentindo-me à ponto de explodir.
Eu já estava dessa maneira desde o dia anterior, mas aquele acontecimento parecia apenas ser mais uma coisa para a lista das quais me fariam morrer de tanto ódio hoje!
- Senhora, a senhora me disse...
Bufei irritada, socando a minha mesa com força, sentindo a minha raiva parecer apenas quadruplicar de intensidade.
E tudo isso tinha nome e sobrenome. A porra de uma mulher dos infernos que insistia em se dizer melhor amiga da minha... De Meredith.
Se ela morrer, você vai ser a sucessora do trono e vai se tornar a sétima pessoa mais rica do mundo e... Nós poderemos nos casar, porque você, enfim, vai ser livre.
Ele estará te fazendo um imenso favor.
Um grunhido irritado me escapou dos lábios e eu puxei os meus cabelos para trás, sentindo a minha garganta doer.
Eu sabia que não poderia ter ouvido aquela conversa. E, em nenhum momento, a minha intenção fora aquela. Eu apenas queriia subir até a porra do meu quarto para tomar a porra de um banho, até ouvir a sua amiga dizer todas essas coisas e, surpreendentemente, Meredith se calar.
A raiva me foi tão grande que eu sequer pude aguentar ficar ouvir mais qualquer outra coisa que a sua amiga falasse, ou, quem sabe até mesmo ouvir uma concordância de Meredith.
Mesmo sabendo que ela nunca faria isso.
- Eu disse... Seu...
- Senhora... Senhora! Senhora! A senhora não pode entrar...
Ouço a voz exasperada de Kepner fora da minha sala e me levanto, estranhando aquilo, mas, antes que eu pudesse ver que gritaria era aquela, vejo a porta da minha sala se abrir e uma Meredith extremamente vermelha e parecendo fumegar em raiva adentrà-la.
- Ah, ótimo! Você está aí! Posso saber que... Merda de história é essa de que todos os seus melhores seguranças estão comigo, enquanto a porcaria de um psicopata está maluco atrás de você? E você está passeando por aí com cinco seguranças inexperientes? - Ela me bombardeou, em um tom de voz elevado e quase avançando por completo em mim, se não fosse pela minha mesa.
- Saiam! - Falei para os dois idiotas à minha frente, Kepner e o engenheiro, e eles rapidamente o fizeram. - O que, Meredith? Você não pode...
- Não, não venha me dar a porcaria de uma lição de moral agora! Responda a merda da minha pergunta, Addison Montgomery! - Ela me cortou de maneira tão grosseira, que me fizera estremecer.
- Não há o que responder! Você já me parece saber bem como as coisas irão funcionar. - Murmuro irritada.
Ela riu de maneira sarcastica.
- Como? Com você tendo a merda de um alvo apontado para a sua testa, implorando para ser morta? Você só pode estar maluca!
Respiro fundo, me sentando na minha cadeira e massageando as minhas têmporas tão fodidamente doloridas.
- Você vai refazer essa merda de plano agora, Addison! - Ela vociferou em um tom tão alto, que fizera a minha cabeça pulsar em uma dor insuportável.
- Pare de gritar! - Vocifero irritada. - E não, eu não vou refazer porra de plano nenhum! - Falo, sentindo o meu peito carregar apenas mágoa pelas palavras da sua amiga. Eu sabia, inconscientemente, que ela não possuía nada a ver com elas. Que ela não desejava que eu morresse. Que se importava comigo.
Mas será que não desejava ser livre de mim de uma vez por todas? Para que encontrasse alguém que a fosse melhor do que eu era?
Bem, eu estava começando a duvidar da sua estabilização nessa porra de casamento de fachada.
- Você vai! E você vai refazer agora! Porque eu não vou aceitar que você seja a droga de uma imbecil dos infernos e faça uma loucura dessas. Isso é... Isso é suicídio, Addison!
- E isso seria realmente ruim para você? - Cuspo aquelas palavras, sentindo arrependimento no mesmo momento que o faço. Seu rosto se transformou para uma confusão tão grande, que eu desejei, por um momento, desfazer aquelas palavras.
- O... O quê? - Ela me indagou, em um fio de voz.
- Que eu saiba, se eu morrer, você apenas sairá no lucro.
Ela deu dois passos para trás, a sua cor mudando para uma palidez irreconhecível.
- Você é a minha principal herdeira. Eu morta. Você dona de uma das maiores fortunas do mundo, e livre. - Murmuro irritada - Não é isso que a sua amiga basicamente pensa? E ela deve estar certa!
Ela riu. Um riso nada bom de se ouvir. Nada semelhante ao seu riso em que eu tanto era fascinada. A forma a qual ela ria tão puramente para mim.
- Estava tudo bom demais para ser verdade - Ela murmurou, me encarando dos pés à cabeça - Você é... - Ela riu, uma lágrima solitária caindo dos seus olhos, enquanto os seus lábios tremiam - Esse seu pensamento é nojento. Nojento até mesmo para... A relação que temos. - Ela cuspiu aquelas palavras de maneira tão dolorida, que me fizera me arrepender no mesmo momento, me levantando e caminhando rapidamente até ela.
- Meredith, eu não... - Tento tocar o seu rosto, sendo impedida bruscamente por ela.
- Não! Não toque em mim! - Ela se afastou, limpando o seu rosto e caminhando até a porta - As vezes... As vezes eu penso que eu sou uma idiota por ter sentimentos por você, Addison. Quando você, claramente... Me vê de forma tão... Nojenta.
- Mere...
Ela abriu a porta, a batendo com força e eu suspirei, me sentando no sofá e me sentindo o pior ser humano do mundo.
O que havia dado em mim?
Meredith sempre mostrou se importar comigo. Sempre cuidou de mim e se preocupou comigo como... Ninguém fez.
Porra!
A verdade era que aquela porra de dia estava a porra de um inferno! Eu havia tido outra discussão com Alex logo cedo, haviam mais ameaças espalhadas pela cidade, dessa vez, mais violentas e, ainda tinha toda aquela conversa embriagada de Meredith sobre poder facilmente se apaixonar por mim. E sobre desejar, mais do que tudo, ter alguém melhor do que eu ao seu lado. Alguém que seja capaz de a dar todas as coisas que ela nunca teria comigo.
Porra!
Quando, quando diabos eu pararia de ser a porra de uma filha da puta com ela?
Quando diabos eu pararia de me distanciar toda vez que um problema aparece, ou de entrar na defensiva toda vez que me sinto... Um monstro perto dela? Ou que me sinto tão indigna perto dela?
Quando eu deixaria de ser uma completa imbecil para a mulher que apenas me trazia... Uma completude que eu nunca havia sentido em toda a minha vida?
Passo alguns minutos ali, sentada, com a cabeça entre as mãos e os pensamentos mais bagunçados do que nunca. Eu precisava fazer algo. Precisava me desculpar, mais uma vez, por ter sido uma grande imbecil.
Mas até quando Meredith suportaria viver ao lado de alguém como eu? Que vive fazendo merdas atrás de merdas e se desculpando feito uma idiota depois?
Até quando ela suportaria?
Mais dois anos assim? Vivendo de maneira tão... Desconfortável com alguém tão insensível e tão filha da puta quanto eu.
Me levanto, com o resto de forças que me restavam e me dirijo até a minha mesa, ligando para Kepner pelo telefone fixo da minha sala.
Ela a adentrou no mesmo momento.
- Sim, senhora?
- Limpe a minha agenda para hoje. E... - Suspiro - Qual a melhor marca de chocolates que você conhece?
- Hummm, tem uma francesa incrível que eu comi uma vez! Não lembro bem o nome, mas posso conseguir para a senhora.
- Faça isso. E... Consiga... Um buquê de flores. - Murmuro, em completa incredulidade comigo mesma.
- A senhora sabe quais?
Claro que eu sabia. Assim como sabia de tudo que eu poderia saber sobre aquela mulher.
- Lírios. Lírios bran...
Fui interrompida pelo som do meu celular.
- Espere - Falei para Kepner e o alcancei na minha bolsa, vendo o nome de Warren na tela.
No mesmo momento, senti o meu coração parar. Warren nunca me ligava. A não ser diante de situações...
Atendo, ouvindo um barulho de buzinas de carros e... Uma sirene?
- Senhora?
- Sim... O... O que foi? - A minha voz sai em um murmuro tão baixo, que nem eu consigo entender direito o que eu digo.
- A sua esposa... Aconteceu um... Acidente, ela...
O mundo pareceu parar por um segundo, um mínimo segundo, para, logo em seguida, parecer retomar de forma impiedosa, me deixando tão tonta, que precisei fechar os olhos com força e me apoiar na minha mesa, após quase cambalear para trás. Deixando, naquele mesmo momento, de ouvir a voz de Warren.
- Senhora! - Kepner me segurou e eu perdi o equilíbrio nas minhas pernas, me recostando com força na minha mesa, enquanto o meu celular escapava das minhas mãos.
Meredith...
A minha Meredith...
...
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