36- Queda Livre.
Opa! Olá, meus amores! Sejam bem-vindos ao capítulo mais especial do ano inteirinho! E quem já é moranguete há algum tempo sabe o porquê: esse é o capítulo de comemoração ao melhor dia do ano, vulgo o aniversário da autora que vos fala! Que, é preciso relembrar, está sendo postado um dia antes do verídico dia (28) para que vocês aproveitem melhor dele nesse domingo, e para que eu possa os dar toda a atenção do mundo nos comentários!
Porque, afinal, ninguém merece ter que ler um capítulo de Contrato de Casamento na correria da segunda-feira, certo?!
Portanto, feliz aniversário adiantado para mim, e mil e um obrigadas a vocês, por não terem desistido dessa fanfic, e, consequentemente, de mim.
Muito obrigada por todo carinho dado a mim nesse ano que se passou!
Aproveitem a minha única forma de agradecimento efetivo a cada um de vocês pelo amor e carinho sempre dado à mim. Nos vemos... Muito em breve. Muito mesmo. Aguardem.
Ps¹: A playlist da fanfic está perfeitamente atualizada, e, para isso, contei com a ajuda da maravilhosa montgomerymilf mais uma vez, mil e um obrigadas a você pela ajuda, meu amor! E vocês, ouçam! Porque, por Deus, está a coisa mais incrível deste mundo!
Ps²: Infelizmente não teremos luzweek na semana do meu aniversário esse ano, e tudo isso porque a autora que vos fala está exausta, e realmente precisa de um descanso nesse aniversário (a idade apontando!)
Mas as prometo que haverão surpresas no segundo melhor mês do ano: (porque o primeiro é o meu, é claro!) Dezembro! Portanto, aguardem com paciência e carinho.
Mais uma vez obrigada por tudo, amo vocês imensamente!
Aproveitem o capítulo, ansiosa para ler os surtos de vocês! Um beeeijo!
...
Meredith Montgomery;
Alienção. De certa forma, fora entorno dessa palavra que os quase 26 anos da minha vida foram vividos, mas não porque eu sempre gostei de estar alheia aos problemas que aconteciam principalmente embaixo do teto o qual eu sempre vivi, antes de passar a viver com uma completa desconhecida com quem eu havia me casado por conveniência.
Eu não escolhi viver todos esses anos alheia a todos os problemas que ocorriam dentro da minha família "perfeita" esculpida de maneira minunciosa para não somente o exterior, mas também para nós mesmos. Para mim, para Ellis, para ele.
Eu simplesmente fui colocada dentro dessa realidade sem decisão de escolha.
Sempre fui ensinada de que um casamento o qual eu claramente não visualizava amor, era normal, e que o problema em não visualizar aquilo estava em mim, que tão adorava assistir a "comédias românticas extremamente idealizadas e vivia em busca de padrões inalcançáveis propostos pela indústria cultural". Foi isso em que eu ouvi dele a minha adolescência inteira, quando, por uma vez, me aventurei em o contestar, o que quase nunca acontecia. Aquele discurso seu passou ser um mantra, o qual ele passou a repetir quase todos os dias, mesmo sem eu me atrever a dizer nada.
Eu apenas achava estranho o fato de os meus pais quase nunca dormirem juntos, de o meu pai viver viajando sem a minha mãe e vice-versa, e de ambos sequer trocarem demonstrações de afeto perto de mim.
Mas, pouco a pouco, eu fui colocada integralmente naquela alienação de que o casamento dos meus pais era normal, e era eu que apenas estava sendo adolescente demais, buscando por algo impossível.
Afinal, relacionamentos eram assim, certo? Não necessariamente precisava-se estar visível que se ama alguém, com tanto que se diga.
Era isso, certo?
Não.
E hoje, somente hoje, após aquela conversa mais do que dolorosa com a minha mãe, eu tinha a mais absoluta certeza de que os dois fizeram o perfeito papel de me alienar para uma realidade de supostos casamento e família perfeitos.
É claro, eu também não me retiro a culpa em ter me deixado adentrar essa realidade e continuar a aderir como resposta aos meus próprios sentimentos, idealizações e frustraçõe nos meus dias atuais.
Eu possuo culpa em continuar sob a ação desse modus operandi quanto aos meus sentimentos.
E possuo mais culpa ainda em, mesmo depois de adulta, não ter conseguido encaixar as peças faltantes daquele quebra-cabeça tão fácil.
A minha mãe havia passado 26 anos da sua vida ao lado de um homem o qual a fazia infeliz, em um casamento fracassado, mentindo para si, para mim e para ele.
E eu era a culpada disso.
E, nesse momento, é essa percepção que faz o meu peito arder em um desespero iminente, ardente e excruciante.
Eu havia sido a peça chave para que a minha mãe se mantivesse naquele teatro de ótima mãe, ótima esposa, ótima anfitriã de todos os jantares com sócios da empresa, ótima empresária...
Afinal, a minha família não passava de uma grande peça de teatro, onde, mesmo sob o fechar das cortinas, nós ainda estávamos condicionados a nos manter naquela grande perfomance.
Nós havíamos tido momentos felizes, isso é indubtável.
Mas eles se tornavam cada vez menos recorrente conforme eu crescia e, pouco a pouco, responsabilidades eram colocadas nas minhas costas.
Afinal, eu era a grande fábrica de realizações de desejos do meu pai perfeito para que a minha família fosse ainda mais perfeita.
Ter tido aquela bolha - que pingava intensamente e já estava quase murchando, mas ainda existia, - finalmente estourada com todas aquelas palavras da minha mãe, como se fossem pequenos alfinetes, havia sido mais doloroso do que eu poderia mensurar.
Porque era algo que já havia se passado pela minha cabeça, a possibilidade de a minha mãe ter sido infeliz por minha causa em um casamento fracassado. Mas eu sempre afastava esse pensamento da minha mente quando ele vinha, porque era como um absurdo, uma irrealidade esdrúxula.
Mas agora, não havia nada mais real e assustador do que aquilo. Era como se o meu maior medo de criança houvesse se tornado real, tangível, ainda mais assustador.
Fechei os meus olhos com ainda mais força diante daquele turbilhão de pensamentos que ultrapassavam o meu consciente de maneira impiedosa.
Abracei ainda mais fortemente a pessoa em que, ironicamente, fazia parte de mais outra realidade inventada e performada, mas que estava se tornando um sinônimo de segurança para mim.
E, no momento que a senti devolver a intensidade do meu abraço, foi como se, de alguma forma, eu estivesse sendo entendida, mesmo que Addison sequer tivesse a mínima noção de tudo em que estava passando na minha cabeça.
Senti o meu coração se apertar de maneira insuportável em uma necessidade assustadora de a ter mais perto, de me sentir mais protegida, de sentir que eu ainda não havia a machucado também, ou estragado com a vida de mais alguém, e de me sentir mais entendida, mais abraçada, mais... Amada por alguém, mesmo sabendo que esse último era impossível, tendo em vista a relação em que tínhamos.
Mas eu não me importava com aquilo, não me importava porque Addison conseguia me fazer sentir segura, completamente segura, e era aquilo que eu precisava naquele momento. Apenas aquilo.
Após alguns minutos sem deixar de a apertar com força contra mim, enquanto o seu calor e a sua respiração calma contra o meu corpo realizavam o papel de me acalmar, eu me desfiz do seu abraço, limpando os resquícios de lágrimas no meu rosto, evitando a encarar.
Eu sempre tive pavor de ser vista daquela maneira. Vulnerável, chorosa, exposta.
Addison tocou o meu queixo de maneira delicada, sútil e respeitosa, me fazendo a encarar.
Senti um arrepio percorrer o meu corpo assim que o fiz, e desviei o meu olhar do seu, não conseguindo me deixar ser vista daquela maneira por ela.
E ela me respeitou, tirando a sua mão do meu queixo e soltando um suspiro pesado.
- Suponho que você não queira conversar, certo?
Assinto, encarando os meus pés juntos na areia.
- Não vou a deixar sozinha. Não me peça para fazer isso.
Assinto, deitando a minha cabeça no seu ombro, fechando os meus olhos.
- Não quero ficar sozinha - Murmuro sentindo a minha garganta pequena demais para que eu pudesse conseguir respirar normalmente, sem sentir como se o meu coração estivesse diminuindo de tamanho.
Senti o seu braço rodear as minhas costas e tentei calar o meu consciente, que insistia em me dizer que até mesmo a minha amizade com Addison poderia ser destruída por mim mesma, em algum momento.
Aquilo me fizera sentir o meu peito doer ainda mais.
Eu já não conseguia me imaginar sem aquela mulher. Sem a sua amizade. Sem... Ser entendida por alguém que possui zero obrigações para comigo.
Imaginar aquilo doía.
E parte minúscula dentro de mim, a qual eu quase nunca escutava, sabia que eu não poderia temer perder Addison.
Porque isso aconteceria, eventualmente.
Porque, afinal, apesar de a relação em que estamos construindo seja verdadeira, com o fim do contrato, ela será extinguida.
Mas, novamente, eu resolvi ignorar aquela parte minúscula em mim.
Dois anos e alguns meses.
Era o que eu tinha, e eu deveria me contentar com isso e aproveitar da amizade em que construímos.
Sem pensar no futuro.
- Você acha que... Nós iremos manter a nossa amizade após o fim do contrato? - a indago, indo contra os meus pensamentos de deixar isso para trás.
- Por que não? - ela me indagou parecendo tranquila.
Dei de ombros, sem também conseguir pensar em algo além do fim do contrato que poderia acabar com a nossa amizade.
Não havia.
- Então... Nós seremos amigas? Até mesmo depois de tudo?
- Por mim sim. Apenas dependerá de você.
Eu sentia que não, não dependeria de mim.
Porque, afinal, eu era a pessoa, entre nós duas, que estava desenvolvendo reais sentimentos por Addison.
Sentimentos esses, que eu sequer sabia o que significavam direito, e também não queria pensar nisso. Afinal, não havia porquê.
Nós somos amigas, é o que importa. Eu posso ter sentimentos por ela como uma amiga, certo? Não era contra as cláusulas do contrato.
- Você promete? - A indago sem pensar muito naquilo.
Somente depois de dizer, eu percebi a magnitude do que eu estava pedindo para ela.
Que prometesse algo que não tinha obrigação de cumprir.
Éramos, tecnicamente, apenas sócias. O que eu estava fazendo?
Addison me fez a encarar e eu senti o meu estômago parecer transbordar em um nervosismo de quase mil borboletas batendo asas dentro de mim.
Eu apenas havia sentido aquela sensação poucas vezes na vida, mas nunca naquela intensidade.
Senti a sua mão tocar o meu rosto sutilmente e, assim que eu encarei profundamente o verde escuro dos seus olhos, a minha garganta se fechou, algo em mim parecia ter se acendido, mas eu ainda não sabia o quê.
- Eu prometo, Meredith. Você me terá na sua vida o quanto desejar me ter. Somos amigas, não somos? Sermos amigas significa que você terá de mim o que precisar durante o tempo que precisar, não é? Os meus conceitos de amizade são tão amplos quanto o meu paladar para doces, mas acredito que Amélia e a minha mãe contam pelo menos um pouco, certo?
Assinto, ainda um pouco hipnotizada pela sensação que o seu olhar me trazia, sem conseguir sequer rir da sua piada.
Ela fez o mesmo, encarando o mar à nossa frente e eu suspirei, sentindo-a deitar a minha cabeça no seu ombro novamente.
Ficamos em silêncio por longos minutos, um silêncio confortável, caloroso, acolhedor.
Até que Addison o quebrou, com um murmuro quase não ouvido por mim, pela roquidão da sua voz:
- Spokoynoy nochi - ela murmurou ainda encarando o céu.
Eu franzi o cenho, sem entender o que ela havia dito.
Ela me encarou, parecendo sentir a minha confusão.
- Spokoynoy nochi - Ela repetiu - É boa noite em russo. Na verdade é como um... "Durma bem". Dobryy vecher é o cumprimento.
Eu sorri, sentindo o meu coração inundar-se de... Ternura.
Ainda era surreal o quanto eu adorava aquela mulher, cada dia mais. O quanto ela estava se tornando... Um porto seguro, uma pessoa segura.
Era assustador e reconfortante ao mesmo tempo.
- Pode repetir? - a pedi, sem conseguir deixar de sorrir e deitei a minha cabeça no seu ombro novamente.
Ela o fez, vagarosamente.
- "Spokynoy noshi"? - repeti um pouco confusa.
- Quase isso, Spokoynoy nochi.
Eu repeti novamente, dessa vez da maneira correta.
- Isso! - a sua resposta saiu como uma aprovação em incentivo. - O outro agora.
- Drobry vacher? - Repito estranhando um pouco aquela língua.
- Vecher - Ela me corrigiu.
- Dobryy vecher?
- Isso! Você é ótima! - Ela me incentivou em um tom de voz doce.
Sorri fraco, aninhando a minha cabeça no seu pescoço.
- Pode falar mais algo? Gosto de como soa sua voz falando outras línguas.
- Humm, tente advinhar o que significa a palavra: Klubnika.
Desencostei a minha cabeça do seu ombro, um pouco confusa com a pronúncia diferenciada.
- Repete.
Ela o fez.
- É russo, mas... Eu não faço a mínima ideia. É uma palavra aleatória ou...
- Não.
Penso um pouco mais.
- Eu realmente não faço ideia. A pronúncia se assemelha a palavra clube, mas...
Ela negou com a cabeça, franzindo o cenho.
- Achei que fosse pensar no óbvio, querida.
Eu sorri, revirando os olhos pela sua ironia.
- O que é?
- A coisa que você mais adora no mundo.
- Ah, droga! - murmuro irritada em aquilo não ter sequer se passado pela minha cabeça em momento algum - Eu deveria saber que você faria uma dessas, Montgomery. Então é assim que se fala morango em russo? - Ela assentiu - E em alemão?
- Erdbeere - Ela falou, agora, em um tom de voz ainda mais rouco e presente. Alemão realmente combinava com ela.
- Humm, e em portugês?
Ela repetiu.
- Humm, "mourangou"?
Ela sorriu, negando com a cabeça e repetiu novamente a palavra.
- Mourango?
- Quase isso.
- Acho que até agora é a tradução mais gostosa de pronunciar, de todas as outras.
- É por isso que o português é a minha língua favorita.
- A minha também, a partir de agora.
Ela apenas se limitou a continuar encarando o céu, e eu fiz o mesmo, deitando a minha cabeça no seu ombro novamente, sentindo o seu braço me acolher para mais perto.
Addison havia feito aquela angústia insuportável dar lugar a uma sensação de ternura inigualável.
E eu gostei daquilo.
Gostei, principalmente, de ser ela, especialmente ela, a pessoa a me trazer aquela sensação.
Significava mais do que eu poderia conseguir imaginar naquele momento.
...
Addison Montgomery;
- Vamos entrar? - Murmuro para Meredith, que mantinha a sua cabeça deitada no meu ombro, após se acalmar de um crise de choro a qual eu já imaginava o motivo, mas não sabia dos detalhes.
Era óbvio que Ellis Grey havia sido a responsável. Eu só não sabia o que de tão grave aquela mulher havia dito para que eu encontrasse Meredith chorando da maneira em que a encontrei.
Após não ouvir resposta da loira, eu me estiquei e a observei de olhos fechados, respirando calmamente, com seu rosto parecendo, enfim, calmo.
Ela havia cochilado.
Respirei fundo, afastando uma mecha bagunçada dos seus cabelos no seu rosto e, por alguns segundos, me permiti a observar melhor.
A sua expressão ao dormir era sempre a mesma, ela parecia em paz. Os seus cílios que possuíam um tamanho o qual eu julgava perfeito, as maçãs marcadas e minimamente vermelhas do seu rosto, a sua boca pequena e bem desenhada.
Meredith tirava-me o fôlego.
De todas as maneiras.
Assim que percebi o seu braço arrepiar-se pela brisa um pouco fria da noite, soube que era a hora de realmente entrarmos.
Com calma, a chamei para que pudéssemos entrar.
A loira abriu os seus olhos alguns segundos depois e piscou inúmeras vezes, tentando realmente acordar.
- Vamos subir, você está com frio e já está tarde.
Ela assentiu e tirou a sua cabeça do meu ombro, se levantando.
Eu repeti o seu ato e, juntas, nós caminhamos até o interior da casa.
- Eu irei apenas pegar uns papéis no escritório, me espere no nosso quarto - Falei para a loira assim que chegamos no centro da sala.
Ela assentiu e subiu as escadas, quase dormindo em pé.
Fui rapidamente até o meu escritório e desliguei o meu computador, peguei os papéis em que eu precisaria terminar de ler e assinar ainda hoje e saí do cômodo, após apagar as luzes.
- Addison - Me surpreendi ao ouvir a voz de Ellis Grey atrás de mim e me virei. Ela estava sentada em um canto da sala, e parecia estar ali há bastante tempo.
Controlei-me para não respirar fundo e não deixar transparecer a raiva em que eu sentia dela naquele momento.
- Sim?
- A Mer... Está bem?
Ela realmente só poderia estar brincando comigo!
- Se estar bem para você é estar chorando copiosamente e se sentindo traída, então sim, ela está ótima. - Murmuro irritada, observando-a respirar fundo, levando a taça de vinho em suas mãos até a sua boca.
- Addison... Você realmente acha que eu quero ver a minha filha assim? Que eu sou uma mãe má o bastante para querer ver a minha filha mal? Eu... Não fiz nada do que fiz pensando em a machucar, e sim o contrário! Mas... Eu...
Eu estava sem um pingo de paciência para um monólogo vitimista. E eu sentia que era aquilo que aquele "mas" representava.
- Acredito que esteja bem óbvio o que eu penso sobre isso.
- Apenas me ouça, Addison! Eu...
- Ellis, são quase meia-noite, eu estou exausta, a sua filha está me esperando para dormir, e eu realmente tenho zero interesse em ouvir o seu lado da história, porque nada, absolutamente nada justifica o quanto Meredith estava... Péssima por algo em que você disse! Então guarde as suas explicações, elas não servem de nada, não para mim. Não sou eu a quem você deveria tentar se explicar.
Ela assentiu.
- Posso ir tentar conversar com ela?
- Não agora.
- Addison, me desculpe, mas você não tem o direito de me julgar, ou de impor que eu fale ou não com a minha própria filha! Gosto de você, gosto muito! Mas não...
- Ellis - A interrompo, já sentindo a minha cabeça dar indicíos de dor - O mundo não gira ao seu redor. Não estou agindo porque estou com raiva de você, mesmo que eu esteja. Estou dizendo não porque eu não quero ver a minha mulher passar mais uma noite em claro por sua causa. Meredith está cansada. Mental e fisicamente. Tenha a mínima decência de respeitar a sua filha e a deixar em paz por pelo menos uma noite.
Ela assentiu, encarando a taça em suas mãos e eu, sem mais qualquer vestígio de paciência para o egoísmo daquela mulher, a dei as costas, subindo as escadas e adentrando o meu quarto.
Meredith estava deitada na cama, a TV estava ligada e ela assistia a algum programa.
Assim que adentrei o quarto ela me encarou, seus olhos revelavam o seu cansaço, mas ela parecia segurar o seu sono.
- Por que demorou? - ela me indagou em um tom de voz arrastado, rouco e preguiçoso, parecendo um pouco chateada.
- Não estava achando alguns papéis. - minto - Você está bem? Por que não está dormindo?
- Não quero dormir sem você.
Assenti, um pouco surpresa pela sua fala banhada de sono. Ela sequer parecia estar computando o que estava falando.
Fui até o closet e vesti um conjunto de baby doll de seda preto, fiz as minhas higienes no banheiro e voltei até o centro do quarto, desligando as luzes mais baixas, deixando apenas a TV ligada.
Me deitei ao lado de Meredith e a vi se virar para mim, com seus olhos quase se fechando.
- Obrigada por se importar tanto comigo. - Ela sussurrou com a voz rouca e arrastada, já de olhos fechados, se esticando minimamente para deixar um beijo rápido nos meus lábios.
- Não me agradeça - Murmurei de volta, a observando pegar no sono em poucos segundos.
A cobri até o pescoço e abaixei a temperatura do ar condicionado, também me cobrindo.
Desliguei a TV e me virei de costas para a loira. Senti o cheiro do seu perfume um pouco mais próximo de mim e fechei os meus olhos, sentindo-me, estranhamente, emergir para um sono tranquilo.
...
Meredith Montgomery,
Dois dias depois;
O sol sempre foi como um propulsor de alegria e satisfação para mim. Os seus raios sobre a minha pele simplesmente me traziam uma sensação única de felicidade. E, naquela manhã em específico, ele estava mais forte e mais agradável do que nos últimos três dias.
O céu azul e as nuvens extremamente brancas que o enfeitavam realizavam o perfeito trabalho de aumentar o meu humor com ainda mais intensidade.
Eu poderia ficar a manhã inteira naquela sacada encarando o céu e observando os pássaros voarem sob ele.
Mas eu ainda desejava alcançar Addison para tomarmos café juntas, portanto, rapidamente me encaminhei até o nosso closet e decidi usar um vestido curto e branco estampado com flores vermelhas. O vesti e calcei um par de sandálias sem salto também brancas, prendendo os meus cabelos em um coque mal feito.
Saí do meu quarto e desci as escadas encarando a hora no meu celular. 7:10 da manhã, e, por mais que Addison já estivesse acordada desde as 6:00, eu tinha certeza que ela ainda não havia saído.
- Bom dia, madame! Como dormiu? - Sarah me cumprimentou animada, enquanto fazia a limpeza da sala.
- Bom dia, querida. Dormi bem, e você? Como está?
- Ótima para ambas das perguntas, senhora. A sua esposa está a aguardando para o café, assim como a sua mãe e o seu padrasto.
Eu assenti, sentindo o meu humor se decair um pouco.
Eu havia conseguido evitar a minha mãe nos últimos dois dias, pois ela estava ocupada com a empresa e eu e Addison jantamos fora em ambos dos dias. Mas hoje, pelo visto, eu não escaparia.
- Ok, obrigada, Sarah.
Me encaminhei até a sala de jantar e estranhei um pouco o silêncio, o que me fizera rapidamente considerar que os três já haviam tomado café.
Porém, assim que adentrei a sala de estar, os observei sentados à mesa, estranhamente calados.
Addison não era uma surpresa, mas Ellis e Richard sim, e muito!
- Bom dia - Os cumprimentei caminhando até o meu lugar na mesa, ao lado direito de Addison e de frente para a minha mãe.
- Bom dia, Meredith. Dormiu bem? - Richard me indagou educadamente. E eu levei em consideração tudo em que Addison havia me dito sobre ele. Não era justo com ele que eu o tratasse com indiferença por causa de Ellis.
Afinal, eu não o conhecia.
E eu não era assim. Não me sentia bem em tratar qualquer pessoa que fosse com qualquer tipo de indiferença. Essa não era a Meredith em que eu gostava de ser.
- Sim, Richard, obrigada. E você?
Ele sorriu, parecendo satisfeito.
- Ótimo! O clima dessa casa é maravilhoso. Dormir ao som do mar é uma das melhores coisas desse mundo!
- Concordo, adoro essa casa - respondo colocando o guardanapo de pano sobre o meu colo, sentindo o olhar de Addison queimar sobre mim. - Bom dia, meu bem - A cumprimentei, me esticando e deixando um selinho em seus lábios, sentindo o gosto acentuado de café que os banhava. E, por mais que eu não gostasse muito de café, eu gostava daquele sabor em seus lábios.
- Bom dia, querida. Como está?
- Bem, meu amor, e você? O que irá fazer hoje? - a indago realmente curiosa.
- Igualmente. Tenho apenas algumas reuniões agora pela manhã. Tudo certo para voltarmos hoje à tarde, certo?
Assinto.
- Ainda bem que não chegaremos tão tarde em NY, preciso de muita energia para lidar com dezoito crianças extremamente descansadas após um fim de semana prolongado.
- Deve ser um cansaço revirgorante, não é, Meredith? - Richard me indagou, enquanto a minha mãe permanecia calada ao seu lado.
- Ah, sim. As minhas meninas se tornam, a cada dia mais, o meu maior orgulho.
Ele sorriu.
- Imagino, você parece ter nascido para isso.
- Obrigada, Richard. - O agradeço verdadeiramente, pensando que, realmente, Addison poderia estar certa.
A ruiva ainda me encarava, e eu sorri fraco para ela ao perceber a aprovação em seu olhar pela minha decisão de não descontar em Richard algo que não o discernia.
- Meu amor, você lembrou a Amy dos meus morangos e doces?
Addison assentiu, bebericando o seu café.
- Falei com ela assim que acordei. Já está tudo certo.
- Ela irá ficar na nossa casa ou na da minha sogra?
- Provavelmente com a minha mãe.
Apenas assenti, começando a comer as minhas frutas.
Addison se levantou poucos minutos depois, pedindo licença.
Eu fiz o mesmo, já satisfeita e a acompanhei até a sala.
Arrumei a gola da sua camisa social preta, que estava com os dois primeiros botões abertos e ajeitei também as mangas arregaçadas até os seus cotovelos.
Além da camisa, a ruiva vestia uma calça social preta e saltos da mesma cor. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo perfeito.
- Tenha um bom dia, meu amor, já estou morrendo de saudades! - brinquei, deixando um selinho em seus lábios, arrancando um sorriso mínimo seu.
- Igualmente, querida. - Ela me lançou uma piscadela e eu sorri, mordendo o meu lábio inferior - Nos vemos no aeroporto.
Assenti sorrindo e a observei caminhar até a porta.
Decidindo relaxar um pouco, fui até o meu quarto e rapidamente troquei de roupa, vestindo um biquíni preto de Addison e apenas um short meu de alfaiataria por cima.
Peguei um livro, protetor solar, uma garrafinha de água, os meus óculos de sol e de grau e o meu celular e desci as escadas novamente. Solicitei a Sarah um suco de laranja na piscina e me encaminhei até lá, sentando-me em uma espreguiçadeira após tirar o meu short.
Passei o protetor e coloquei os meus óculos de sol, me deitando na espreguiçadeira.
A manhã inteira se passou de maneira rápida, e, depois de almoçar ainda na piscina, eu me propus a ler até o meio da tarde.
Peguei o meu celular em certo momento, para responder algumas mensagens de Cristina e George.
E, então, uma mensagem de Addison surgiu nas notificações, eu sorri inconscientemente ao ver o seu nome e a abri.
"Boa tarde. Estarei no aeroporto ás 16:00, Kepner já avisou a sua mãe, portanto, não é preciso que você o faça."
Eu suspirei, agradecendo-a mentalmente por aquilo.
"Boa tarde. Estarei lá no horário. Bom trabalho."
"Obrigada. Por favor, vá até o meu escritório e pegue a pasta preta com a logo da empresa que está em cima da minha mesa, e a coloque na nossa mala."
Eu a respondi confirmando que o faria e me vesti, pegando as minhas coisas e entrei em casa. Fui até o seu escritório e peguei a pasta, não deixando de perceber o porta-retratos em cima da mesa que, antes, pertencia a Amélia.
A minha cunhada estava abraçada a Addison e Beatrice, todas sorriam para a foto, até mesmo Addison, da sua forma, é claro, e sem mostrar os dentes, mas sorria.
A ruiva vestia um casaco preto e seus cabelos estavam soltos e um pouco mais curtos do que atualmente.
Eu me peguei sorrindo ao perceber a clara semelhança que havia entre as três. Apesar de Addison ser praticamente uma cópia da sua mãe, ela possuía traços de Amélia, que também possuía altas semelhanças com a minha sogra.
As três eram simplesmente uma obra de arte juntas.
Resolvi deixar o porta-retratos no lugar novamente e olhei ao redor, percebendo mais dois colocados em uma estante pequena de pastas no canto. Caminhei até lá, sorrindo instantaneamente ao perceber o que eu estava vendo.
Uma mini Addison e mini Amélia deitadas lado a lado em uma cama, sorrindo, verdadeiramente sorrindo.
Senti o meu coração parecer aumentar de tamanho quando observei a mini figura ruiva com quem eu dividia uma vida agora.
Seus cabelos ruivos estavam longos e esparramados pelo lençol branco da cama, ainda mais vermelhos do que são atualmente. Seu sorriso era... Paralisante. E me fizera sentir algo em meu estômago remexer-se em uma agonia estranhamente boa.
Seus olhos estavam ainda mais verdes, e as suas bochechas coradas. Addison parecia... Pura. Celestial.
Algo no seu sorriso me fizera sentir como seu eu estivesse flutuando, estranhamente eu conseguia sentir de maneira efervescente a intensidade do sorriso da Addison de... Vinte e dois anos atrás. A data na foto indicava 1998. Ela tinha oito anos, e Amélia dez. A minha cunhada tinha um sorriso sapeca nos lábios, diferentemente do ar... Puro em que Addison exalava. Amélia parecia prestes a aprontar algo, como sempre. Me pego sorrindo, extremamente encantada com aquela foto.
A outra me faz rir de tamanha admiração.
Nela, Addison, Amélia e Mark estavam em uma praia, rindo, extremamente felizes. 1996. A ruiva tinha seis anos. Ela usava um bíquini branco de coroas douradas. Seus cabelos ruivos estavam presos em um coque bagunçado, ela tinha um olhar sapeca no rosto e parecia rir com vontade, enquanto pulava uma onda no mar com seus dois irmãos.
A Addison criança parecia me tirar quase tantas sensações boas quanto a Addison adulta.
Pego-me, por um segundo, me perguntando se aquele riso mudou. Se a curvatura graciosa em que os seus lábios faziam, enquanto se formavam em um sorriso puro e avassalador ao mesmo tempo, havia mudado, ou se os seus olhos ainda deveriam ficar apertados da maneira em que estavam na foto, quando ela sorrisse de maneira intensa, ou, até mesmo, se as suas bochechas deveriam ficar coradas como estavam, ou se a sua língua ainda ficaria entre os dentes, o que tornava o seu riso ainda mais gracioso. Me pergunto como deveria ser ouvir aquele som naquela época: agudo. Infantil. Puro. Celestial.
E agora? Qual deveria ser o som emitido por Addison enquanto ria?
Mas me pego percebendo que nunca terei como saber aquilo.
Por mais que nós estivéssemos mais próximas, eu não me julgava capaz de fazer Addison rir, não daquela forma, não para mim.
O que acabou por me deixar um pouco desapontada, mas eu resolvi rapidamente esquecer.
Haviam barreiras construídas ao redor daquela ruiva que eu realmente não me julgava capaz de adentrar. E nem tentaria, não em tamanha intensidade, pois eu ainda temia estragar, de alguma forma, a relação tão... Única em que estamos construindo aos poucos.
Deixei o porta-retratos no lugar e peguei a pasta, me atentando ao horário. Resolvi, então, tirar uma foto dos três porta-retratos para que eu pudesse os ver novamente, daqui há algum tempo.
E, então, saí do escritório, subindo as escadas.
Tomei um banho demorado, lavei os meus cabelos e cuidei da minha pele. Assim que saí sequei os meus cabelos e arrumei a mala em que Addison havia, mais cedo, tirado do local alto o qual ela sabia que eu não alcançava.
Após arrumar tudo, vesti uma calça jeans preta, uma blusa de alcinhas da mesma cor e escolhi apenas um blazer preto para colocar por cima, caso fizesse frio à noite.
Arrumei as últimas coisas e calcei um par de sandálias de salto grosso brancas.
Peguei a minha bolsa já arrumada e coloquei o blazer sobre os meus ombros, descendo as escadas.
Alex subiu para pegar a mala e, após me despedir de Sarah, o segurança da minha mulher abriu a porta dos fundos da Mercedes para mim e eu a adentrei, o agradecendo e, poucos segundos depois, ele deu partida, saindo da mansão com dois carros nos seguindo.
Em pouco menos de trinta minutos Alex estacionou em frente ao jatinho com o sobrenome em que também me pertencia estampado de maneira intimidadora nele.
Desci do carro, sendo recebida educadamente pelo piloto e o co-piloto, que me ajudaram a subir no avião.
Addison estava sentada na sua poltrona, bebendo uma dose de whisky, encarando a tela do seu celular.
A minha mãe e Richard já estavam no avião, sentados em poltronas paralelas as nossas.
Eu os cumprimentei brevemente e me sentei ao lado da ruiva, que rapidamente me encarou. Eu instantaneamente percebi que ela não estava bem.
- Tudo bem? - ela me indagou e eu assenti, me esticando e deixando um selinho demorado em seus lábios.
- Alex já deve estar subindo com as suas coisas.
Ela assentiu e eu suspirei, tocando a sua coxa após deixar a minha bolsa de lado.
- O que aconteceu? - eu a indaguei preocupada.
Ela me encarou novamente, franzindo o seu cenho.
- Você não está bem - constato.
- Estou apenas com dor de cabeça, não é nada demais.
Assinto, ainda preocupada.
- Já tomou remédio?
- Sim.
Assim que abri os meus lábios para questionar outra coisa, ela me interrompeu.
- Estou bem. Fique tranquila.
Assinto novamente, dando-me por vencida.
O avião decolou em poucos minutos e Addison suspirou, deitando a sua cabeça no encosto da sua poltrona e fechando os seus olhos.
Assim que o avião estabilizou-se no ar eu tirei o meu cinto e e fiz o mesmo com o seu, a vendo abrir os seus olhos e me encarar com o cenho franzido, parecendo confusa.
- Vamos deitar.
Ela suspirou.
- Não posso, preciso resolver algumas coisas da empresa que ficaram pendentes.
- Addison... Por favor. Você não está bem, pode fazer isso depois.
- Meredith...
- Por favor... Descanse apenas metade do percurso então. Mais tarde você resolve o que precisa. - Ela suspirou, puxando os seus cabelos para trás - Por favor? Também estou um pouco cansada e não quero ir deitar sozinha. - Minto, esperando a convencer.
Ela assentiu em resignação e se levantou. Eu fiz o mesmo e nós seguimos até o quarto.
Tirei as minhas sandálias e a ruiva fez o mesmo com os seus scarpins, os deixando ao lado da porta.
- Tire essa roupa - A aconselhei, me sentando na cama. Deixei o meu blazer de lado e prendi os meus cabelos em um coque bagunçado.
Addison abriu os botões da sua camisa e tirou-a, junto com a sua calça, ficando apenas com um conjunto de lingerie rendada preta.
Eu fiz o mesmo, ficando apenas com o meu conjunto branco e a indiquei o lado da cama. Ela se deitou, respirando fundo e eu me sentei na ponta da cama ao seu lado. Abri a minha bolsa e tirei de lá um vaso pequeno de creme. A ruiva franziu o cenho, curiosa, e eu sorri.
- Feche os olhos, por favor - Murmurei, vendo-a o fazer.
Depositei um pouco de creme nas minhas mãos e comecei a massagear a sua testa vagarosamente, visualizando-a respirar fundo, enquanto a sua respiração se tornava mais calma.
- Está doendo muito? - pergunto preocupada, ela nega. - Tente relaxar e dormir um pouco, ok? - Ela assentiu e eu continuei a massagear as suas têmporas, não deixando de observar o seu rosto relaxar aos poucos.
Alguns minutos depois a ruiva segurou a minha mão e, sem abrir os seus olhos falou:
- Deite-se.
Eu guardei o meu creme e dei a volta na cama, o fazendo.
- Quer outro remédio? - a indago, ainda preocupada.
- Não, está passando.
- Tente descansar um pouco - a sugiro, vendo-a assentir.
Fecho os meus olhos e, sentindo o cheiro fresco do seu perfume parecer me abraçar, cochilo intensamente por duas horas e meia.
Assim que os abro novamente, vejo a ruiva sentada na cama, encostada a cabeceira, com o seu MacBook no colo e usando seus óculos de grau. Ela ainda estava somente de lingerie.
- Você está melhor? - a indago preocupada.
Ela me encarou e assentiu.
- Você sequer dormiu? - pergunto novamente, elevando uma das minhas sobrancelhas em desconfiança.
- Sim, acordei há poucos minutos.
Assinto, indo até o banheiro e, após voltar, me deitei novamente ao seu lado e resolvi ligar para Cristina, para resolver algumas coisas do enxoval do bebê.
Ela atendeu em poucos segundos, com uma voz banhada de sono.
- Espero que alguém esteja morrendo para que você tenha a audácia de me acordar do meu cochilo sagrado - ela murmurou atrás da linha.
- Humm, morrendo não literalmente, mas estou com saudades. E precisamos resolver algumas coisas pendentes em relação ao enxoval do bebê.
- Argh! Ok, me espere lavar o rosto.
- Ok, emburradinha. Enquanto isso, me coloque para falar com o meu bebê.
Ela o fez.
- Oi, amor da titia. Estou com tantas saudades de conversar com você! Você sabia que eu e a emburradinha da sua mamãe iremos organizar o seu enxoval essa semana? Pois é! Vamos planejar o seu quartinho, comprar o seu bercinho, as suas roupinhas... Porque faltam apenas menos de dois meses para você vir ao mundo, sabia? A titia está tão ansiosa!
- Ok, seu tempo acabou, fale comigo agora!
Eu revirei os olhos, mas comecei a atualizá-la sobre algumas ideias que obtive em relação ao quarto do bebê.
Passamos quase uma hora conversando, até a minha melhor amiga precisar ir se arrumar para o seu plantão.
Desligamos a chamada marcando um jantar amanhã.
Resolvi me distrair abrindo as minhas redes sociais e senti o meu coração quase pular do peito ao perceber a quantidade incontável de notificações que eu havia. E, então, resolvi fazer o que eu não fazia há muito tempo: abrir o meu próprio perfil.
Eu tinha certeza de que se eu não estivesse deitada, eu poderia ir ao chão, ali, naquele momento.
- O quê? - o meu espanto era tanto, que eu simplesmente não conseguia acreditar no que eu estava vendo.
- Aconteceu algo? - Addison me indagou e eu a encarei.
- Isso aconteceu - murmuro em completo estado de choque para ela, mostrando a tela do meu celular.
Ela franziu o cenho, me encarando após encarar a tela.
- Isso o quê?
- Addison! Você por um acaso viu?
- Vi... O que, Meredith?
- A quantidade de seguidores que eu tenho! - Murmurei assombrada.
- E? - ela ainda parecia confusa.
- Cinco milhões, Addison! Cinco milhões!
- E...? - ela ainda estava confusa.
- Eu tinha muito menos que cinco mil antes de nos casarmos! Há alguns meses eu tinha um milhão... Mas cinco?!
Ela suspirou.
- Meredith, isso é absolutamente normal.
- Para você! Você é a pessoa famosa aqui, não eu!
- Isso incomoda você? Podemos fazer outra conta, ou privar a sua, você decide. Você não é obrigada a assumir um papel nas suas mídias por minha causa.
Penso um pouco, tentando entender o que eu realmente estava sentindo.
- Não... Não é isso. É que... Eu não sei bem o que todas essas pessoas esperam que eu faça.
Seu cenho franziu ainda mais.
- E isso deveria importar? - ela me indagou com um ar de obviedade.
- Eu não sei... Quero dizer... Você tem muito mais que o dobro de seguidores... Mas...
- Meredith, você não precisa ter que lidar com isso. Eu não lido com isso, por que você teria? Caso seja da sua vontade, criamos outra conta ou você priva essa apenas para as pessoas que você segue. Não trate desse número como uma responsabilidade.
Assinto, saindo daquela rede social e desligando a tela do meu celular.
- Talvez eu devesse postar uma foto nossa? Para que as pessoas acreditem mais fielmente... Em tudo isso.
- Você não tem obrigação nenhuma com isso. O nosso casamento não é baseado na crença das outras pessoas. Estamos casadas, é o que importa. Esqueça esse número e essa suposta responsabilidade.
Concordo, soltando um suspiro.
- Por que eu tenho mais seguidores que a Amy? Ou até mesmo a sua mãe? - a indago curiosa.
Addison suspirou, parecendo pensar se respondia ou não.
- Porque temos "fãs". Porque somos casadas. As pessoas criam certa expectativa com isso. Lá fora somos vistas como um casal perfeito.
- Eu sei, só não achei que isso influenciasse em algo.
Ela assentiu.
- Não quero que tome isso como mais uma responsabilidade. Estamos casadas e é o que realmente importa.
Assinto, sentindo-me grata por Addison se importar tanto com o meu bem estar no nosso casamento. E por simplesmente não me obrigar a fazer coisas além da minha zona de conforto.
- Obrigada por não me obrigar a fazer coisas as quais me deixariam desconfortável nesse contrato. Isso significa muito para mim.
- Meredith... - Ela suspirou, me encarando por detrás dos seus óculos vermelhos, senti-me arrepiar diante do seu olhar de reprovação - Não faça isso. Você não tem que me agradecer por ser humana com você. Isso é nada mais do que a minha obrigação.
Eu assenti, um pouco constrangida. Eu não estava acostumada a ser tratada daquela forma.
O meu telefone tocou e eu atendi, embarcando em uma conversa animada com a minha sogra, que estava na casa de Flora, tomando vinho e conversando. Lisa estava na academia, e ambas resolveram se encontrar para fazerem companhia uma a outra. Eu senti o meu coração se aquecer com aquilo. A relação a estar sendo construída pelas duas me trazia uma sensação incrível no peito.
Após alguns minutos jogando conversa fora, nós desligamos e eu me propus a abrir novamente aquela rede social.
Sorri abertamente ao me deparar com uma foto de Bizzy e Flora, postada pela minha mãe em seu story há alguns minutos atrás.
Elas estavam com uma taça de vinho em mãos, cada uma, e sorriam de maneira acalentadora.
- Addison?
A ruiva me encarou e eu a mostrei a foto. Pelo seu olhar, percebi a sua satisfação.
- Elas estão juntas agora?
Assinto.
- Flora disse que convidou a sua mãe para ir ver fotos minhas de criança enquanto tomavam um vinho.
- Humm, gostaria de ter sido convidada também - Ela comentou me encarando.
- Pelo vinho? - a indago com um sorriso sapeca no rosto.
- Pelas fotos.
Eu ri, negando com a cabeça.
- Talvez um dia, senhora Montgomery.
- Espero.
Eu sorri, me recostando ao seu lado novamente.
...
Pouco mais de duas horas depois, nós já estávamos em casa. Grace nos recebeu educadamente, junto a Helm e Eloise.
Subi as escadas com Addison e Alex, que colocou a nossa mala no closet e pediu licença, se retirando.
Respirei fundo, me sentindo cansada e tirei as minhas sandálias, prendendo os meus cabelos.
Fui até o centro do quarto e vi Addison sentada no nosso sofá, abrindo os botões das mangas da sua camisa, com seus cabelos soltos e um pouco mais cheios, devido ao coque anterior.
- Você está realmente melhor? - a indago preocupada. Ela assente.
- Venha aqui.
Eu me aproximei e a senti segurar a minha cintura delicadamente. Me sento no seu colo, sem qualquer vestígio de vergonha.
- Obrigada pela massagem - Ela falou de maneira sincera, me encarando intensamente.
Eu sorri, apoiando as minhas mãos no seu pescoço.
- De nada. Sempre que precisar, é só pedir.
Ela assentiu.
- Você irá tomar banho agora? - a indago.
- Você irá? - ela me devolveu a pergunta e eu sorri, entendendo o que ela queria dizer e onde desejava chegar.
- Somente se você também for - murmuro, mordendo o meu lábio inferior.
Ela assentiu novamente, passando os seus lábios para o meu pescoço.
Fechei os meus olhos, respirando intensamente ao senti-la cheirar o meu pescoço e começar a depositar beijos intensos sobre ele.
Sinto-me arrepiar por completo e sorrio, passando as minhas unhas pelo seu pescoço, sentindo-a arfar contra a minha pele.
Inspiro o cheiro delicioso do seu perfume e, junto a ele, sinto um cheiro diferente em seus cabelos.
- Você mudou de shampoo? - a indago curiosa.
- Sim, usei outro em Los Angeles.
Apenas murmurei uma resposta.
Ela me encarou.
- Você não gostou?
Senti as minhas bochechas corarem e assenti rapidamente.
- Gostei.
Ela franziu o cenho.
- Não, você não gostou.
Sorrio, um pouco tímida.
- Prefiro o cheiro do outro. Combina mais com o seu cheiro.
Ela assentiu.
- Voltarei para o antigo então.
Eu sorri ainda mais, assentindo.
Addison depositou um selinho nos meus lábios e eu segurei o seu rosto entre as minhas mãos, a impedindo de separar os seus lábios dos meus.
Ela mordeu o meu lábio inferior e adentrou a minha boca com a sua língua, tocando a minha.
Suspirei, sentindo-a tirar a minha blusa de dentro da calça e arranhar a minha cintura, passeando as suas mãos gélidas pela minha pele quente.
Senti-me queimar em desejo por ela, e ansiosa por sentir-me, pela milésima vez, novamente, explodir em êxtase para ela.
Abri rapidamente os botões da sua camisa e, percebendo a minha pressa, a ruiva me ajudou, jogando a blusa para algum canto do quarto. Ela puxou a minha rapidamente e separou os seus lábios dos meus apenas para a tirar, tomando-me, novamente, em outro beijo ainda mais intenso e que evidenciava, ainda mais, a nossa mútua pressa.
Abro o botão da sua calça e sinto-a fazer o mesmo com a minha, arranhando a minha cintura sem a mesma delicadeza de antes.
Assim que o ar se fez necessário, afastamos os nossos lábios, mas Addison passou os seus para o meu pescoço, beijando-me não mais com delicadeza, mas sim com voracidade, parecendo desejar devorar a minha pele.
Senti-a inspirar ao pé do meu ouvido e arfei contra os seus cabelos, sentindo a minha pele se arrepiar ainda mais.
- Adoro o seu cheiro, madame Montgomery - Ela sussurrou em um fio de voz no meu ouvido, mordendo o nódulo da minha orelha.
Eu sorri, sentindo o o meu peito se aquecer e encostei o meu nariz no seu pescoço, fazendo o mesmo.
- Adoro muito mais o seu, Meretíssima, desde sempre.
Ela arfou contra a minha pele, parecendo gostar do que eu havia a chamado e se afastou do meu pescoço novamente, me tomando em outro beijo intenso.
Me afastei do seu colo aos poucos, a puxando junto a mim, até ficarmos ambas em pé.
A ruiva abaixou a minha calça e eu a tirei rapidamente, a chutando para longe. Fiz o mesmo com a sua e afastei os meus lábios dos seus rapidamente.
- Chuveiro - murmurei contra os seus lábios, vendo-a assentir e começar a caminhar comigo pelo quarto, sem separar os seus lábios dos meus.
Addison me prensou contra o azulejo do box e tirou as minhas duas mãos do seu pescoço, as prensando na parede e entrelaçando-as com as suas, enquanto mordiscava o meu pescoço de maneira enlouquecedora, parcendo desejar marcar a minha pele.
Mordi o meu lábio inferior, contendo um sorriso diante do pensamento que invadiu a minha cabeça no mesmo momento.
- Ainda desejo usar os meus cabelos presos amanhã.
A ruiva parou. Tirou a sua cabeça do vão do meu pescoço e me encarou. Seus olhos estavam quase pretos, de tão dilatados. A sua boca estava extremamente vermelha, assim como a minha também deveria estar. A expressão em seu rosto era de puro e completo desejo. Eu adorava saber que eu causava aquilo.
- Interessante - Ela sussurrou contra os meus lábios. - Quer que eu pare, querida?
Sorri, mordendo novamente o meu lábio.
- Você ainda não enlouqueceu, meu amor - Murmuro no mesmo tom irônico da sua voz, encarando os seus lábios.
- Afinal, quem venceu a aposta? - ela me indagou e eu pensei um pouco.
- Não tivemos tempo de a colocar em prática fielmente.
- Teremos que ter, então. Em algum momento.
Sorrio, afastando uma das minhas mãos da sua, a levando até o seu rosto, o acariciando brevemente, com os meus dedos trêmulos, um pouco temerosa pela sua reação. Mas ela não obtivera uma.
- Ah é? Por que? - a indago curiosa.
- Porque eu quero a minha recompensa. - Ela sussurrou quase encostando os seus lábios nos meus.
Eu ri contra os seus lábios.
- O que a faz pensar que vai ganhar, meu bem? - a pergunto mordendo o meu lábio inferior. Ela soltou a minha outra mão e levou a sua até os meus lábios, fazendo-me parar de morder o meu lábio.
A ruiva pincelou o meu nariz com o seu e mordeu o meu lábio inferior.
- Porque eu nunca perco, querida.
Abri os meus lábios para a responder, mas a senti abaixar-se minimamente e segurar-me por detrás dos joelhos, me carregando e prensando-me com certa força na parede novamente.
Gemi baixo, ao sentir a minha intimidade pulsar diante daquele ato nada delicado.
Eu adorava a Addison delicada que eu estava aos poucos descobrindo, mas o que realmente me fazia enlouquecer era aquela Addison: a bruta e indelicada a quem eu, primeiramente, fui apresentada na cama, e a qual verdadeiramente soube conhecer o meu corpo e as minhas preferências, as quais nem eu havia ideia de possuir.
- Addison... - Sussurro o seu nome, sentindo-a mordiscar o meu pescoço e acariciar a minha intimidade por cima da calcinha, vagarosamente, parecendo se divertir com o ato de me torturar. Arranho o seu pescoço com as minhas unhas, sentindo-a imobilizar as minhas mãos acima da cabeça com apenas uma das suas - Por favor...
Ela passou os seus lábios para a minha mandíbula e, então, para os meus lábios.
- Peça novamente - ela sussurrou entre os meus lábios e eu arfei, sentindo-a prensar, ainda por cima da calcinha, o meu ponto em que pulsava para si.
Um gemido escapou dos meus lábios e eu virei a minha cabeça para outro lado, sem conseguir raciocinar qualquer coisa que não fosse a desejar sentir me possuir de maneira intensa.
A sua outra mão se afastou da minha calcinha e eu gemi em protesto, a ruiva a usou para virar a minha cabeça para si novamente.
- Peça novamente, Meredith.
Fechei os meus olhos, respirando com dificuldade.
- Por favor, Addison - murmurei sem conseguir raciocinar direito.
- Por favor o que? O que quer que eu faça?
A minha respiração não me deixava sequer pensar em responder.
- Addison...
- Diga, Meredith! - Ela sussurrou autoritariamente, mordiscando o meu lábio inferior.
Engoli em seco, sentindo todo o meu corpo se arrepiar diante da autoridade presente no seu tom de voz. Eu adorava aquela brutalidade. Senti a sua mão parar nos meus seios ainda cobertos por um sutiã de renda preto e arfei contra os seus lábios, revirando os meus olhos em tamanho prazer.
- Addison... Por favor.
Eu não conseguia raciocinar qualquer coisa além daquilo.
- Não farei enquanto você não disser. O que você quer? - Ela sussurrou em meu ouvido, mordendo o nódulo da minha orelha - Diga-me o que você quer, querida. - Ela sussurrou ainda mais baixo no meu ouvido, arrancando-me um arfar dos lábios, enquanto eu sentia absolutamente tudo em mim estremecer diante daquele pedido tão íntimo, delicioso e carregado de um tom sedutor, mas um pouco mais terno.
Aquele apelido fizera-me estremecer dos pés à cabeça. Eu gostei daquilo, mesmo que algo dentro de mim soubesse que era apenas uma ironia ou provocação sua.
- Eu quero... - Engoli em seco, tentando raciocinar com a sua voz deliciosamente rouca ao meu ouvido, os seus lábios mordiscando a minha orelha, e os seus dedos beliscando o meu mamilo enrijecido por cima do sutiã de renda, trazendo-me uma sensação de dor prazeroza e enlouquecedora. Era impossível raciocinar qualquer coisa diante daquele combo de provocações.
- Sim? - ela me encarou, seus olhos pareciam queimar a minha pele.
- Quero... Quero a sua boca. Por favor, Addison... Por favor.
Os seus lábios se esticaram em um mínimo sorriso descarado, seguido de uma mordida sua em seu próprio lábio inferior. Eu senti a minha intimidade doer em ansiedade diante daquele ato. O seu olhar sobre mim se tornou ainda mais intenso.
- Quer a minha boca... Em qual lugar... - Ela encostou os seus lábios na minha orelha novamente e sussurrou ainda mais baixo, sílaba por sílaba, parecendo verdadeiramente apreciar aquela palavra e a utilização dela naquele momento em específico: - ...Querida?
Eu estremeci. Eu definitivamente estava adorando aquilo, toda aquela provocação, apesar de enlouquecedora, enchia-me de um prazer que nunca imaginei experimentar fora da estimulação física e sexual em si.
Fechei os meus olhos, incapaz de conseguir a responder aonde eu verdadeiramente desejava a sua boca naquele momento.
A sua mão em meu seio desceu vagarosamente para a minha intimidade e um gemido manhoso escapou dos meus lábios assim que eu a senti adentrar a minha calcinha e parecer sentir o quanto eu estava mais do que pronta para ela, enquanto a minha excitação perpassava a minha calcinha.
- Aqui? - Ela sussurrou, encostando os nossos narizes e testas.
Eu assenti.
- Sim... Por favor... - A minha voz saíra assustadoramente suplicante e ofegante. E havia algo nela que... Estranhamente... Parecia-me sexy. Estimulante. Ainda mais estimulante.
Eu estava gostando de... Pedir, estava me sentindo mais... Sexy. E eu gostava disso. Mas, principalmente, eu gostava porque eu sabia que, mesmo por trás de toda aquela provocação, ela sempre me daria qualquer coisa que eu desejasse, e sempre me faria gritar o seu nome de tanto prazer ao final.
Eu verdadeiramente estava gostando daquele jogo. A minha calcinha era a maior testemunha disso.
- Peça novamente.
Eu suspirei, sem sequer processar aquele ato, sentindo a minha intimidade doer em ansiedade e o meu ventre parecer queimar em uma excitação além do que eu pudesse controlar.
E, então, fiz exatamente o que ela queria: implorei novamente. O que me causou muito mais prazer em fazer do que a ela em receber, eu tinha absoluta certeza disso.
- Por favor... Por favor, Addison. Faça... Faça isso, por favor.
Ela sorriu novamente, parecendo ainda mais satisfeita.
- Como quiser, querida - Ela sussurrou sugando lenta e intensamente o meu lábio inferior contra os seus lábios, enquanto soltava as minhas mãos acima da minha cabeça, que automaticamente rodearam o seu pescoço, e, sem sequer raciocinar, eu o arranhei de maneira desesperada.
A ruiva se afastou e colocando-me no chão novamente. Senti as minhas pernas bambearem. Addison segurou as minhas coxas com força e eu abri os meus olhos, vendo-a se ajoelhar diante de mim, me encarando intensamente.
Seus lábios realizaram o perfeito trabalho de me torturar mordiscando e chupando o interior das minhas coxas e a minha barriga vagarosamente.
Segurei firmemente em seus cabelos, sem sequer raciocinar se eu poderia estar a machucando e a indiquei o local onde eu a desejava mais do que qualquer coisa no mundo.
A ruiva arfou contra a minha calcinha e eu gemi baixo, arranhando o seu couro cabeludo.
Addison levou as suas mãos rapidamente para a minha calcinha e eu me assustei ao senti-la a rasgar com apenas um movimento, fazendo-me gemer alto com a ardência deliciosa causada pela fricção do pano na minha pele sensível.
Os seus lábios finalmente me beijaram de maneira ávida naquele local extremamente sensível e molhado.
- Ah, Addison! - Segurei firme em seus cabelos e comecei a me movimentar de encontro aos seus lábios, sentindo-me já adentrar o subespaço o qual eu já tão estava acostumada a ir. Eu estava prestes a atingir o meu clímax sem sequer necessitar de muito tempo de toque íntimo para aquilo. Somente as preliminares em que Addison parecia tanto adorar fizeram o perfeito papel de realizar, pelo menos, oitenta porcento do meu acúmulo de prazer.
A ruiva arranhou as minhas nádegas com força, mordiscando o meu ponto já sensível e passando a sua língua vagarosamente por ele logo em seguida.
O seu nome se tornou a única coisa em que saía dos meus lábios, além dos meus gemidos, conforme eu ansiava pelo meu orgasmo.
E ele me arrebatou assim que ela tomou novamente o meu ponto de carne inchado na sua boca, fazendo-me gemer de maneira surpresa, rouca, alta e desesperada, conforme aquela sensação arrebatadora me tomava e eu estremecia contra os seus lábios, tentando afastar a sua cabeça da minha intimidade, devido a alta sensibilidade.
Segurei firme em seu pescoço e a puxei para mim, tirando, com dificuldade, as minhas pernas dos seus ombros.
Addison se levantou e me carregou, prensando-me na parede novamente, arrebatando-me com um beijo intenso, fazendo-me sentir fielmente vestígios do meu líquido ainda na sua boca.
- Addison... Vamos... Para a cama... Por favor - sussurrei entre os seus lábios, enquanto ela distribuía beijos pelo meu rosto, e ela rapidamente me desencostou da parede, sem sequer parecer pensar e caminou comigo até a nossa cama, me jogando nela e tirando a sua calcinha e o seu sutiã, enquanto me observava intensamente.
Abri as minhas pernas e a puxei para mim, segurando firme a sua cintura, fazendo-a se sentar sobre mim, sentindo, no mesmo momento, a sua excitação contra a minha e a ardência e dor gostosa devido aquela proximidade e a sensibilidade em que eu sentia.
A ruiva começou a se movimentar intensamente sobre mim e eu cravei as minhas unhas nas suas nádegas, gemendo alto enquanto ela ainda mantinha-se sentada sobre mim, arranhando a minha cintura.
Abri os meus olhos, a observando jogar a sua cabeça para trás, enquanto entreabria os seus lábios em um gemido rouco e o seu corpo se movimentava de maneira ritmada e deliciosa, cada vez mais rápido sobre o meu.
Os seus mamilos extremamente rígidos, o seu abdômen retraído, os seus cabelos bagunçados caindo pelas suas costas e ombros e uma gota de suor caindo pelo vale dos seus seios. Aquele conjunto de detalhes me fizera ficar ainda mais enfeitiçada por aquela mulher.
Uma das suas mãos afastou bruscamente o meu sutiã, agarrou um dos meus seios de maneira voraz e o beliscou, fazendo-me gemer alto, fechando os meus olhos automaticamente e esquecendo de tudo que se passava pela minha cabeça anteriormente, conforme a dor se transformava instantaneamente em prazer. Eu adorava aquilo.
Subi a minha mão pelo seu braço e arranhei-o por inteiro, fazendo o mesmo com a sua nádega, sem me importar com a possibilidade de ficarem marcas.
Addison repetiu o movimento ao meu seio e foi o necessário para que eu chegasse ao meu clímax novamente, sem suportar tamanho prazer, enquanto eu fazia questão de a evidenciar que ela, apenas ela era a pessoa capaz de me causar aquilo, conforme o seu nome saía intensamente dos meus lábios.
Arranhei com força a base da sua cintura, enquanto tentava, inutilmente, me afastar dela, devido ao tamanho prazer que eu estava sentindo, mas, no mesmo momento, ela intensificou os seus movimentos e a ouvi gemer e se deitar em cima de mim, ainda se movimentando violentamente contra mim, enquanto também estremecia em espasmos de um orgasmo violento e gemia deliciosamente ao meu ouvido junto a mim, chupando o meu pescoço de maneira quase desesperada, o que me fez ter a certeza de que ficariam marcas. Mas eu sequer me importei com aquilo.
A minha respiração sequer existia, o meu corpo parecia pingar em suor e o meu coração batia de maneira desesperada no meu peito.
Um último gemido escapou dos meus lábios e dos de Addison e ela deixou o seu corpo se deitar por completo sobre o meu, fazendo-me realmente sentir um pouco do seu peso, mas eu não me importei com aquilo. Eu poderia continuar ali, daquela maneira, pela noite e madrugada inteiras.
Deslizei os meus braços pelas costas suadas da ruiva, a abraçando contra mim e acariciando as suas costas e uma das suas nádegas, enquanto ela também tentava recuperar a sua respiração.
Segurei o seu pescoço com uma das minhas mãos e a fiz me encarar. Apertei o músculo firme da sua nádega contra a minha mão e toquei os nossos lábios de maneira lenta e preguiçosa. Um gemido baixo escapou da minha garganta assim que a senti ajeitar o seu corpo sobre o meu, consequentemente movimentando a sua intimidade contra a minha, enquanto entrelaçava vagarosamente as nossas língas.
Apertei ainda mais o músculo rígido da sua nádega, sentindo-me acender para ela, pouco a pouco, novamente, conforme o meu corpo desejava sentir ainda mais o seu contra ele.
A ruiva tocou o meu rosto de maneira sutil e, com a sua outra mão, acariciou com as suas unhas uma das minhas coxas totalmente abertas na cama.
Ela afastou os seus lábios dos meus brevemente e me encarou de maneira intensa, apoiando uma das suas mãos na cama e desfazendo o nosso contato íntimo, enquanto eu sentia o resultado do nosso ápice escorrer pela parte interior das minhas nádegas e molhar o edredom.
Addison tocou a minha intimidade novamente e eu arfei, sentindo-me completamente enxarcada para ela e fechei os meus olhos, arranhando as suas nádegas, enquanto sentia-me novamente pronta para ela.
Seus dedos me adentraram e começaram a se movimentar lentamente dentro de mim, eu a puxei para outro beijo e abracei a sua cintura com as minhas pernas, sentindo-a aumentar a sua velocidade conforme meu corpo reascendia intensamente e a dor pela minha excitação e o orgasmo anterior se transformava em completo prazer.
Separei os meus lábios dos seus assim que a minha respiração falhou e os encostei na sua orelha, a mordiscando e sugando em meio aos meus gemidos e respirações falhas.
- Mais rápido - sussurrei para ela, em meio a uma arfada, segurando os seus cabelos entre os meus dedos, inebriada pelo seu cheiro misturado ao seu suor, e pela sua respiração também entrecortada no meu ouvido, enquanto a sentia obedecer fiel e automaticamente ao meu pedido. Fechei os meus olhos, sorrindo entre um gemido pela sua tamanha automaticidade diante do meu pedido - Sim... Assim... Ah, Addison! - Murmurei inconscientemente, gemendo de maneira incontrolada para ela.
Toquei o seu pescoço e me surpreendi ao senti-lo completamente arrepiado contra os meus dedos.
Addison estava completamente arrepiada para mim.
- Quero que goze para mim novamente - Ela sussurrou em meu ouvido, em um tom de voz rouco e arrastado, porém evidenciando o seu desejo e o sentido daquela frase. Não era uma ordem, era um pedido. Um pedido que evidenciava necessidade. Ela sugou a minha pele ao meu pescoço, arranhando a minha cintura fortemente com a sua outra mão e pediu novamente: - Goze para mim novamente, Meredith.
- Sim... Sim, Addison - Sussurrei em resposta ao seu ouvido, a agarrando ainda mais fortemente contra mim, conforme sentia o meu orgasmo dar indícios de chegada.
O meu estopim se lançou assim que a ruiva desceu os seus lábios pelo meu rosto, meu pescoço e clavícula até os meus seios e sugou o meu mamilo com uma intensa força, fazendo-me gemer alto em uma mistura de dor e prazer e me desmanchar deliciosamente para ela, enquanto ela se concentrava em continuar me estocando com força e pressionando o seu corpo contra o meu, conforme eu me retorcia abaixo de si, impedindo-me de a afastar devido a minha sensibilidade, enquanto ela buscava extender o meu prazer ao máximo.
Addison me beijou lentamente novamente, tirando os seus dedos de dentro de mim, fazendo-me sentir o meu líquido novamente escorrer, enquanto eu a beijava de maneira deliciosa e ainda mantinha-me abraçada a ela.
Nossos lábios se separaram por falta de ar e ela encostou o seu rosto no vão do meu pescoço, retomando a sua respiração.
Comecei a acariciar os seus cabelos e um dos seus braços ternamente, sentindo uma onda de ternura típica pós sexo me tomar intensamente.
Depositei um beijo demorado e terno no seu pescoço, sentindo o cheiro do seu perfume misturado ao seu suor e ao cheiro típico de sexo, o que, por incrível que parecesse, havia acentuado ainda mais o seu cheiro, o qual eu já tanto era fascinada.
- Acredito que a nossa cama percebeu intensamente que chegamos - murmurei ainda sem fôlego para ela, sentindo-a sorrir contra o meu pescoço, enquanto eu passava a acariciar, com as minhas unhas, os músculos definidos das suas costas.
- Os empregados que estão limpando a sala ao lado também. - Ela murmurou preguiçosamente ao meu ouvido.
Eu me desesperei, sentindo o meu corpo se retesar.
- Addison! Será... Será que... Oh, meu Deus! Eu nunca mais serei capaz de olhar no rosto delas! - Murmurei desesperada, tapando a minha boca com as mãos, em evidência da minha tamanha incredulidade.
Ela me encarou, revirando levemente os olhos, com um ar de divertimento no seu rosto, deixando um selinho em meus lábios.
- Não, Meredith. Provavelmente não. Mas, se sim, nós somos um casal, e não há nada mais normal nesse mundo do que um casal desejar transar intensamente após uma viagem cansativa.
Eu ri, batendo levemente em seu braço, deixando um selinho demorado nos seus lábios.
A ruiva saiu de cima de mim, se deitando ao meu lado, ainda recuperando o seu fôlego.
- Vou tomar banho para irmos jantar - ela falou se levantando e eu assenti, continuando deitada.
Ela voltou alguns minutos depois e eu senti o cheiro delicioso do seu shampoo, o qual eu verdadeiramente adorava. Seus cabelos estavam ainda úmidos.
Eu me levantei, ainda nua, indo até ela, que enlaçou a minha cintura com os seus braços, me encarando intensamente, enquanto eu envolvia o seu pescoço com os meus.
Eu sorri diante daquele mínimo ato seu.
- Obrigada por não ter trocado de shampoo.
Ela sorriu levemente, negando com a cabeça. Eu estranhei o seu ato e franzi o cenho.
- Por que está sorrindo? Eu disse algo engraçado?
- Porque gosto da forma a qual você me agradece por coisas tão mínimas.
Eu sorri, sentindo as minhas bochechas queimarem.
- Gosto de coisas mínimas.
- Guardarei essa informação. - Ela murmurou, deixando um selinho nos meus lábios. - Vá tomar banho para irmos jantar.
Eu assenti e me dirigi até o banheiro. Tomei um banho demorado e saí, vestindo um conjunto de baby doll curto e vermelho, e um robe seu da mesma cor por cima. Desci junto a ruiva e nós jantamos em um silêncio confortável.
Subimos logo depois e eu fiz as minhas higienes e separei a minha roupa do dia seguinte.
- Tudo bem para você se eu amanhã for jantar com a Cris? - pergunto a Addison, assim que ela se deita ao meu lado na cama.
- Por que não estaria?
- Por você ter que jantar sozinha - falo dando de ombros.
- Amélia e Mark irão vir aqui amanhã à noite.
Assenti, satisfeita e a desejei boa noite, me virando para o outro lado.
...
Dia seguinte;
- Professora Montgomery! Bom dia! - Viro-me para trás, assim que passo o meu cartão na entrada da academia, vendo Hailey adentrá-la junto a sua madrasta.
- Bom dia, Alexandra! - A cumprimentei com um aperto de mão afável - Hailey, como vai, querida? - Indago a pequena que mantinha o seu olhar nas escadarias atrás de nós.
- Bem - ela respondeu caminhando até as escadarias, sem sequer dar tchau para a sua madrasta.
- Tchau, Heiley. A sua mãe virá a buscar mais tarde, tenha uma boa semana.
Eu pude jurar a ouvi bufar irritada, enquanto subia as escadas.
Alexandra parecia minimamente abatida, mas sorriu para mim docemente.
- Não se preocupe, ela acabará se acostumando, eventualmente - Tento a tranquilizar. Ela deu de ombros, sorrindo fraco.
- Que horas começam as aulas mesmo? - ela me indagou curiosa.
- Ás oito.
- Me dá a honra de um café, então? - Ela me indagou com um sorriso afável no rosto.
Eu devolvi o ato, assentindo e a guiando até a sala da minha mãe, que chegaria um pouco mais tarde hoje.
- Foi realmente uma surpresa para mim saber que você é filha, mesmo que não de sangue, de Flora Miller - ela comentou se sentando no sofá e eu fiz o mesmo, sorrindo diante do seu comentário.
- Imagino, acredito que essa é a reação que mais ouço assim que me apresento.
- Ah, é claro! O sobrenome também, isso é ainda mais surpreendente.
Eu assenti.
- Seria muito... Clichê se eu perguntasse como é a vida de casada com uma juíza?
Eu sorri, ponderando com a cabeça.
- Não tenho nada contra clichês, então não há problemas nessa pergunta. É um pouco cansativo ás vezes, no início foi muito mais, porém agora já estou tão acostumada a estar cercada de seguranças, que não faz mais tanta diferença.
- Ah, eu imagino, passo pelo mesmo, apesar de não em mesma intensidade. A sua mulher é muito mais famosa e... Enfim. - Ela suspirou.
- É, eu sei - murmurei bebendo o meu chá. - Mas e você? Alguma evolução com Heiley?
Ela negou com a cabeça em pesar.
- Mas, como eu disse anteriormente, já estou acostumada, não me afeta mais. Essa garotinha é realmente... Impossível.
Eu suspirei, sentindo, intrínsecamente, que não. Heiley era complicada, mas não impossível. Eu eventualmente desejava tirar a prova disso.
Alexandra e eu terminamos as nossas bebidas conversando amenidades e ela se despediu no mesmo momento, julgando precisar voltar para o seu escritório, e, assim, acabei descobrindo que ela era médica.
Ela se levantou e pegou a sua bolsa, e, assim que o seu olhar pousou sobre a mesa de Flora, ela franziu o cenho, cerrando seu olhar.
A observei encarar o porta-retrato que obtinha uma foto minha e de Flora há alguns anos atrás.
Para a minha surpresa, ela se aproximou, encarando a foto intensamente.
- Sou eu - falei depois de alguns segundos em silêncio - Há alguns anos atrás. Estudei aqui durante boa parte da minha vida.
Ela assentiu, ainda encarando a foto.
- Tudo bem? - a indago preocupada com a sua feição.
Ela me encarou e, parecendo sair de um certo tipo de transe, sorriu.
- Sim, claro! Apenas estava maravilhada, vocês se parecem muito! - Eu assenti, também encarando a foto novamente - E você sempre foi linda! Era uma criança adorável.
- Obrigada, querida - a agradeço sinceramente.
A acompanhei até a porta e nós nos despedimos com um meio abraço.
Subi as escadas até a sala dos professores e cumprimentei todas que estavam ali. Guardei a minha bolsa no meu armário e organizei os meus uniformes lavados que eu havia trazido comigo hoje, para usar ao longo da semana.
Fui até o banheiro e me troquei. Arrumei os meus cabelos no topo da minha cabeça, com o objetivo de fazer um coque alto, mas, assim que o meu olhar pousou sobre uma pequena área ao lado da minha orelha, um sorriso bobo invadiu os meus lábios.
Addison Montgomery era... Inacreditável! Tão incareditável que conseguia me surpreender todos os dias de uma maneira diferente.
Uma pequena mancha avermelhada e quase imperceptível enfeitava aquela área. E, mesmo sabendo que era quase impossível a visualizar pelo que realmente era, resolvi não dar brechas para observações, portanto, soltei os meus cabelos novamente, sem muito me importar com aquilo.
Eu sabia que ela não havia feito de propósito.
Peguei as minhas coisas e caminhei até a minha sala, já encontrando as minhas meninas sentadas à minha espera.
- Bom dia, minhas princesas bailarinas! - as cumprimentei sentindo o meu peito inundar-se em amor pelos seus olhares de carinho e atenção unicamente pertencentes a inocência infantil. - Como foram o fim de semana e o feriado? - Elas começaram a falar juntas e eu ri, começando a organizar a sala - Com calma, porque caso contrário a tia Mer não vai aguentar! - Comentei rindo.
Deixei dois beijos em Joana e Isabella, e em algumas outras alunas e iniciei a minha aula com os alongamentos, como sempre fazíamos, e, então, passamos para as lições, que verdadeiramente me fizeram sentir satisfeita, feliz e orgulhosa pela evolução de cada uma das minhas meninas na lição em que estávamos.
Assim que as aulas encerraram e a minha sala já não possuía mais crianças, eu dispensei Sofia e me propus a terminar de arrumar a sala, colando alguns desenhos das meninas na parede, esperando tornar a sala um pouco mais a nossa cara.
- Com licença, madame Montgomery, será que a senhora possui algum tempo sobrando para nós? - Sorri, me virando, assim que ouvi a voz de Flora.
Meu sorriso apenas aumentou ao ver Amélia e a minha sogra ali, paradas, também sorrindo para mim.
- Olá, mãe, cunhada e minha amada sogra, a que esse ser menos que merecedor deve à honra da presença de três das pessoas mais incríveis da vida desse ser?
A minha sogra riu e Amélia correu até mim, me abraçando fortemente.
- Tampinha! Eu estava com tantas saudades! - Ela comentou me fazendo soltar um riso sincero.
- Tampinha? Você jogou baixo agora, Amélia Montgomery! - falei fazendo cócegas nela, que riu.
- Privilégios de ser poucos centímetros mais alta do que a minha irmãzinha caçula - ela falou me lançando uma piscadela.
Eu a abracei de lado.
- A sua outra irmã não vai gostar nada de ter perdido o posto de caçula dela - eu comento, fazendo-as rir.
- Ah, esse problema é dela!
Eu ri, indo até a minha sogra e a abraçando fortemente contra mim.
- Oi, meu amor! - Ela murmurou beijando o topo da minha cabeça carinhosamente - Como está? - Ela me indagou, me encarando profundamente. Eu sabia sobre o que ela perguntava.
- Estamos bem - Falei sorrindo.
- E sobre a outra pessoa?
Suspiro, negando com a cabeça.
Ela repetiu o meu ato, acariciando as minhas costas.
- Mamãe - abracei Flora fortemente - Como está?
- Cansada, amor. Poderia continuar dormindo hoje o dia inteiro! Mas, infelizmente, me casei com uma maníaca por trabalho!
- Bem, pelo visto esse carma perdura descendências - Amélia comentou parando ao meu lado - Certo, cunhada?
Eu sorri, negando com a cabeça.
- Adorei os desenhos na parede, filha - Flora comentou e eu sorri ainda mais, assentindo.
- Acho que vai as deixar mais confortáveis com a sala. Sabe que meu objetivo é as fazer se sentir em casa aqui.
- Sei, e é por isso que você é a minha melhor professora!
- Não exagere, Flora Miller!
Ela revirou os olhos, em um ar de impaciência.
- Irei trocar de roupa rapidamente e vamos almoçar, ok? - Falei para elas, que concordaram. A minha sogra seguiu Flora até a sua sala e Amélia me acompanhou até a sala dos professores.
Isabella e Joana estavam sentadas no sofá esperando pacientemente por mim.
- Oi, meus amores! Deixem-me as apresentar, essa é a Amélia, minha cunhada, Amy, essas são Isabella e Joana.
- Então vocês são as garotinhas que estão roubando a minha mãe de mim? - Amélia as indagou da sua maneira divertida natural.
Elas riram e começaram a conversar animadamente sobre a vida de Amélia.
Eu tomei um banho rápido e me troquei, vestindo novamente a minha saia social preta e a camisa social da mesma cor, completando a vestimenta com os meus saltos vermelhos sangue.
- Humm, não há sequer um ano de casamento ainda e você já está se vestindo idêntica a minha irmã, daqui a algum tempo irá começar a amar whiskey, rejeitar doces e se limitar a respostas de menos de três palavras.
Eu ri, pegando a minha bolsa.
- Me sinto blasfemada! - Comentei, fazendo a minha cunhada rir - Considerar que eu um dia vá rejeitar doces é praticamente uma blasfêmea, Amy.
- Tem razão, maninha. Mas você sabe que estou parcialmente certa.
- Talvez - Eu respondi a lançando uma piscadela e nós saímos da sala junto com as meninas.
Fomos almoçar em um restaurante calmo e reservado no centro da cidade. Lisa juntou-se a nós e, enquanto comíamos em uma conversa animada, eu me perguntei por um segundo se Addison também estaria almoçando agora, ou se estava atolada no trabalho, como sempre.
Resolvi passar uma mensagem rápida para Kepner, para, de certa forma garantir que Addison se alimentasse, já que eu não havia a visto pela manhã, pois ela havia saído mais cedo do que o seu habitual.
April me respondeu em poucos minutos, avisando que Addison ainda estava em uma reunião com Violet Turner.
Senti algo dentro de mim parecer fervilhar em uma estranha sensação ruim e amarga, somente em ler aquele nome. Eu não conseguia gostar de Violet, e realmente não sabia o porque.
Quero dizer, era óbvio que não me agradava em nada a maneira a qual ela olhava para Addison, ou se dirigia a Addison, ou semprr arrumava uma nova maneira de estar na sua presença, e de chamar a sua atenção. Mas não era só isso, era?
Claro que não!
Eu não gostava dela por vários motivos, e esses, relacionados a Addison, eram apenas alguns de uma gigante lista a qual eu poderia ficar por horas escrevendo.
- Tudo bem, minha nora? - Bizzy me indagou parecendo preocupada e eu sorri, assentindo e guardando o meu celular.
- Estava conversando com Kepner. Addison ainda não foi almoçar.
Beatrice supirou, parecendo ainda mais preocupada, mas se calou.
Nós pedimos a nossa sobremesa e as meninas foram rapidamente embora, pois já estavam um pouco atrasadas para a escola. Ambas deixaram beijos carinhosos em cada uma de nós, em especial em mim e em Beatrice.
- Tenham uma boa aula, minhas princesas! Prestem atenção em tudo, ok? Nos veremos no fim de semana! - Beatrice as abraçou fortemente, deixando um beijo carinhoso no rosto de cada uma.
- Pode deixar, tia Bizzy! - Elas responderam animadas e saíram.
Continuamos conversando enquanto comíamos as nossas sobremesas e, assim que eu, Flora e Lisa percebemos estarmos atrasadas para a academia, pedimos a conta e nos despedimos, marcando um almoço no dia seguinte.
Cheguei na academia rapidamente e apenas troquei de roupa da mesma maneira, me dirigindo até a sala de treino em tecidos.
Maioria dos meus alunos já estavam lá, organizando a sala para que pudesse ser devidamente usada.
Os cumprimentei alegremente e conversamos nos minutos restantes sobre os seus fins de semana e feriado, para, então, verdadeiramente, darmos início aos treinos.
E, apesar de eu ter acreditado que não iria precisar colocar a mão na massa por mim mesma, eu estava errada.
Um novo movimento nos tecidos surgiu e, junto com ele, eu fui altamente pressionada a o demonstrar praticamente.
Ao fim da aula, eu estava mais do que suada e realmente precisando de um bom banho e boa comida, por isso, me despedi dos meus alunos, após os ajudar a colocar os equipamentos usados no lugar e fui até a sala dos professores, encontrando a professora Edwards novamente, e, após o meu banho e novamente vestir as minhas roupas, Hazel me acompanhou até o estacionamento da academia, se despedindo de mim logo em que os meus seguranças se aproximaram mais.
- Boa noite, senhora Montgomery - Alex me cumprimentou com um sorriso sutil de sempre no rosto - Deseja dirigir?
- Boa noite, Alex. Sim, por favor.
Ele tirou o carro da vaga e me entregou as chaves, eu adentrei a Mercedes de sempre e dei partida, dirigindo no trânsito um pouco caótico das ruas de Nova York no horário de fim de expediente.
Dentro de alguns longos minutos, estacionei o meu carro em frente ao prédio de Cristina e saí, sendo acompanhada por Alex e mais um segurança até a entrada do prédio, onde a minha presença já era confirmada sem a necessidade de interfonar.
Alex me acompanhou até o andar do apartamento de Cristina e eu o dispensei, o assegurando que era um local seguro e o indicando que ficasse lá embaixo com os outros. Ele aceitou e, então, eu abri a porta do apartamento com as minhas chaves, observando-o mais bagunçado do que o habitual.
- Não estou sentindo cheiro de queimado, você pediu comida? - Perguntei, ouvindo uma risada vir da cozinha.
- O seu humor é realmente uma merda, Meredith Montgomery - Cristina falou assim que eu adentrei a cozinha.
Fui até ela e deixei um beijo na sua bochecha, repetindo o ato com a sua barriga volumosa.
- Oi, amor. A titia estava com tantas saudades de sentir você mexer!
- Pode ir parando por aí, deixe esse garoto quieto, por favor! Não quero ter que fazer xixi pela milésima vez.
Eu ri e me sentei em um dos bancos da bancada da cozinha, enquanto a observava vestindo-se apenas uma camisa de tamanho grande e uma calça de yoga, ambas pretas. Seus cabelos ondulados estavam presos em um coque mal feito, com alguns fios soltos, e a sua barriga parecia ainda maior do que da última vez que nos vimos.
Ela estava tirando algo do forno, e eu senti a minha boca encher-se d'água ao perceber que era lasanha.
- Você fez lasanha? - a indaguei curiosa.
- Sim, é a sua comida favorita, e a única que eu sei fazer.
Eu sorri, negando com a cabeça.
- E a sobremesa?
- Sorvete - Ela falou dando de ombros.
- Sabor? - A indaguei com as minhas sobrancelhas erguidas.
- Chocolate.
Revirei os meus olhos.
- Não acredito nisso, Cristina! Me rejeito a tomar sorvete de chocolate. Irei ligar agora para a sorveteria e...
- Relaxa, branquela chata! Seu sorvete de morango está aqui.
Eu sorri, satisfeita.
- Você tem quantos anos? Cinco? - Ela me indagou revirando os olhos e eu repeti o seu ato, tirando os meus saltos.
- Me diga que há algum vinho nessa casa, por favor! Lasanha simplesmente não combina com suco.
Ela bufou irritada.
- No lugar de sempre.
Me levantei descalça, indo até o armário mais alto da cozinha e utilizei um banco para alcançar a garrafa de vinho branco.
Sentindo-me verdadeiramente em casa, como sempre ocorria com o apartamento de Cristina, peguei o abridor de garrafas na gaveta de sempre e uma taça, colocando um pouco de vinho nela.
- Então, como vão as coisas na Miller's? Já enlouquecendo com os pestinhas?
Sorri, me sentando novamente no banco anterior.
- Nunca. As coisas estão ótimas! As meninas do ciclo um estão cada vez mais avançadas. Os ginastas e eu já temos quarenta porcento das apresentações realizadas. Está tudo indo maravilhosamente bem!
- Humm, há professores homens lá?
- Apenas dois.
- Gostosos?
- Não fazem seu tipo - Falei dando de ombros.
- Ah, tanto faz também! Já estou meio que acostumada com os vibradores - Ela comentou dando de ombros, provando do molho que estava mexendo. Eu ri.
- Ainda tem aquele que George nos deu de presente no Natal passado? - A indago curiosa e ela riu, assentindo.
- O usei duas vezes e o guardei em uma caixa no fundo do meu closet. Aquela merda brilhando no escuro é realmente um desânimo e tanto.
Ri contra a minha taça, relembrando de ambos dos vibradores rosa chock que George havia dado a mim e a Cristina no Natal passado. Que, não bastasse o tamanho exagerado e a cor, brilhavam no escuro e ainda vibravam na intensidade da voz. O que fazia-se automaticamente necessário realizar o ato de maneira mais audível o possível para obter algum êxito.
- Como estão as coisas para o casamento? - Cristina me indagou, se sentando no banco ao meu lado.
- Bem, o Buffet me atualiza toda semana, faltam pouquíssimas coisas a serem resolvidas.
- Ótimo! Realmente não vejo a hora de ver aquele gay casado! Eu não o aguento mais falar com tanta melosidade do Dani.
- E você realmente acha que isso irá mudar com o casamento? - A indago franzindo o cenho, bebendo o meu vinho.
- Irá, assim que ele perceber a enrascada que entrou!
- Você está tão anti-romântica nessa gravidez!
- Falta de sexo - Ela falou dando de ombros. - Longa vida aos vibradores e pênis de borracha!
Eu gargalhei, socando seu braço.
- Não acredito que faça isso com o meu bebê aí dentro! Sua depravada!
- É o único momento em que esse pequeno diabinho fica quieto.
Eu sorri, negando com a cabeça e acariciei a sua barriga, me esticando para deixar um beijo nela.
- A titia já o ama tanto, meu amor - Sussurrei, sentindo-o se mexer contra a minha mão.
Cristina revirou os olhos, mas com um mínimo sorriso nos lábios.
- Puxa-saco! - Ela murmurou para a sua barriga, a acariciando. - Por sua culpa a mamãe não irá poder tomar vinho com a sua outra mamãe.
- Diga para a sua mamãe que isso é ótimo, pois sobra mais para a titia - Falei sorrindo, bebendo o último gole do vinho.
- Vou ao banheiro, já volto - A anunciei, me encaminhando até o banheiro de visitas rapidamente.
Voltei até a cozinha novamente e observei Cristina arrumar a bancada onde iríamos comer. Comecei a ajudá-la a organizar o local, e ela acabou desistindo no meio do caminho por saber que eu desejava organizar do meu jeito.
- A gostosa da sua cunhada começou a me seguir no Instagram e curtiu duas fotos minhas! - Ela falou se sentando, bebendo o seu suco - Não estou tão gostosa o quanto antes, mas tenho absoluta certeza de que ela está gamadinha em mim.
Eu ri.
- Ela quase namora, então acredito que você perdeu.
- E desde quanto namoro é um impedimento? Aceito o namorado dela também, ele é bonito? Afinal, quando é que ela irá voltar, hein?
- Ela está por aqui esses dias. Irá viajar para o Japão no lugar de Addison.
- Humm, você já a viu?
- Sim, saímos para almoçar hoje, junto a Beatrice, Flora, Lisa e as meninas.
- Almoço em família, acho fofo. - Ela comentou indo até o forno novamente.
Ela colocou a lasanha quente sobre o balcão e nós nos sentamos frente à frente, começando a nos servir. Eu me servi de mais vinho e Cristina de mais suco, e, então, começamos a conversar sobre o quarto do bebê.
- Você já pensou em um nome? - Ela me indagou no meio da conversa.
- Sim, já pensei. Mas não irei dizer até o dia em que ele nascer - Falei bebendo o meu vinho.
- Ah, claro! Você tem absolutamente tudo! Um filho sem precisar o carregar, que já é seu maior fã, sexo todos os dias, dinheiro para dar e vender, um corpo perfeito e sem marcas de flacidez, e, é claro, o nome do nosso filho!
- É o que dizem, nem sempre a vida é justa - Murmurei com um sorriso debochado no rosto, ela revirou os olhos.
- Por mim tudo bem, pelo menos não me sinto culpada em o chamar por todos os apelidos que inventei.
- Não quero os ouvir.
- Não são legais para uma pessoa chata e certinha como você.
- Humrum - murmurei colocando o garfo na minha boca.
- Como está a tia Flora?
- Bem, cansada com as competições e as burocracias que demandam, mas bem.
- Humm, quais são mesmo as categorias?
- Ginasta mirim e adulto estrela, grupo de ginástica, bailarino mirim e adulto estrela, e o grupo de ballet infantil. Seis categorias.
- Você cuida de uma apenas?
- Sim, cada professor ficou responsável por uma categoria.
- Entendi, onde serão as competições?
- A primeira fase será aqui em Nova York, mas a segunda será em Los Angeles.
- Já há uma data?
- Cinco e doze de Dezembro.
Ela assentiu.
- E a tia Ellis? Ela me ligou essa semana querendo saber sobre o bebê. Está extremamente animada para outubro.
Eu apenas assenti, bebericando o meu vinho, não desejando tocar naquele assunto.
- Ah, não, que merda de cara é essa?
- Nada, estou bem.
- Meredith, não me faça a ameaçar com esse garfo na sua garganta para que me fale o que está acontecendo.
Eu respirei fundo e a contei sobre tudo, excluindo a parte de Addison.
- Que merda! Eu achei que você já sabia!
Me surpreendi, deixando a minha taça em cima da mesa.
- Você também sabia? - a indago surpresa.
Ela suspirou.
- Conheço a filha dele. A sua mãe veio me perguntar sobre ela e acabou falando tudo. Mas eu só achei que ela só estava transando com ele, e não que se tornaria... Isso tudo.
- Quando?
- Sei lá, fazem bons meses, acho que assim que você se casou.
Respirei fundo, assentindo e ignorando automaticamente a sensação terrível que ameaçou habitar em mim. Não. Eu não iria estragar a minha noite com a minha melhor amiga por causa daquele assunto novamente.
Nós terminamos de comer conversando amenidades sobre o hospital e, logo em seguida, eu tirei a louça do balcão e as coloquei na máquina de lavar, pegando o meu celular e os potes de sorvete no congelador, indo até a sala, onde Cristina já estava deitada e com a televisão ligada, buscando por um filme.
A entreguei o seu pote de chocolate e a colher e me deitei ao seu lado, me cobrindo com a manta que a cobria.
Ela, como sempre, escolheu um filme de terror e eu nós começamos a tomar os nossos sorvetes enquanto assistíamos caladas.
Mas, é claro, com Cristina nunca podia-se ver um filme de boca fechada.
- Olhe como ela é burra! Por Deus! Quem simplesmente ouve um barulho no porão no meio da noite e se levanta para ir ver?
Eu ri, acariciando os seus cabelos.
Ela se aconchegou a mim e deitou a sua cabeça no meu peito, acariciando a sua barriga entre colheradas de sorvete.
- Ah, me poupe! Vá para a puta que a pariu, sua vadia! Olhe isso, Meredith! Eu agora torço para o demônio, não admito que tanta burrice possa continuar se perpetuando no mundo assim! A burrice dessa mulher vai levar gerações até se tornar uma burrice aceitável, e, daqui até lá, já estaremos sucumbidos a alguma merda realizada pelos seus descendentes. Olhe isso!
Eu ri novamente, negando com a cabeça, enquanto acariciava a sua barriga.
O filme era bom, eu não poderia negar, mas eu não gostava muito de filmes de terror porque era uma pessoa que já me assustava com a trilha sonora, quem dirá com as cenas em si!
Em certo momento de ápice do filme, sem que eu pudesse prever, uma cena de susto ocorreu, sem trilha sonora, sem absolutamente qualquer aviso prévio, e eu gritei como se fosse real, e, por um momento, era.
Cristina gargalhou em meus braços.
- A sua mamãe é uma frouxa, filho.
Eu soquei seu braço e desviei o meu olhar da televisão por apenas um momento, assim que o meu celular acendeu a tela, mostrando uma notificação.
Deixei o meu sorvete de lado e o abri, vendo uma mensagem de Addison.
Meu coração bateu fortemente e a minha garganta secou, eu sabia que não eram mais os efeitos do susto, porque um sorriso bobo invadiu os meus lábios no mesmo momento.
"Boa noite. A sua cunhada está perguntando onde você guardou os protótipos das plantas da empresa que estavam no quarto dela."
Rapidamente a respondi.
"Boa noite. Estão na estante de livros, no último nicho de cima. Ps: Me pergunto como ela sabe que fui eu quem arrumei a tamanha bagunça que estava o quarto dela."
Fiquei aguardando a sua resposta por alguns segundos, mas, assim que Cristina falou algo, eu desliguei a tela do celular, voltando a prestar atenção nela e no filme.
- Com quem você acha que ela irá ficar no final?
- Humm, com o homem do celeiro, é claro.
- Concordo. O que é uma pena, porque o policial é um tremendo gostoso!
- Prefiro o homem do celeiro.
- É por isso que você é lésbica - Ela respondeu, me fazendo sorrir.
A tela do meu celular acendeu novamente e eu sorri ainda mais, a desbloqueando.
"Achamos, obrigada. Ps: Pelo fato de não somente estar arrumado, mas milimetricamente organizado, os livros organizados por tamanho e em ordem alfabética e os porta-retratos, há dez centímetros de distância de cada um. Nenhum empregado é tão eficiente assim."
Eu mordi o meu lábio inferior, contendo o maior sorriso em que eu poderia dar.
"Eu me rendo, vocês me pegaram, apenas pegue leve com a minha sentença, Meretíssima. Ps 2: São doze centímetros de distância, o móvel possui um metro e vinte centímetros de comprimento e os quadros, cada um, vinte centímetros de comprimento também. São seis quadros e... Bem, você entendeu."
Esperei ainda mordendo o meu lábio inferior com certa ansiedade pela sua resposta. Eu ainda sentia um resquício de medo de não ser legal o bastante para o humor de Addison, afinal, como Cristina sempre fazia questão de afirmar, o meu humor era realmente péssimo - evitando usar o palavrão que ela costuma falar para se referir a ele.
Assim que a mensagem de Addison apareceu, eu automaticamente soltei o meu lábio inferior dos meus dentes e soltei um riso sem som.
"Somente você tem o poder de me fazer questionar esporadicamente os meus métodos de organização, e me fazer sentir, mesmo que por milésimos de segundos, a pessoa mais desorganizada da face da Terra. Ps: Discutiremos a sua sentença depois, querida."
Eu sorri ainda mais, negando com a cabeça.
- Você acha que a vaca da mãe dela irá morrer, Mer?
- Humrum - Respondi sem sequer ouvir direito o que Cristina dissera.
"Questionar-se é sempre bom, mas continue com essa organização, me traz satisfação saber que possuo algo à mais para arrumar." - Respondi a mensagem de Addison, sem conseguir segurar o meu sorriso.
"Você é inacreditável, Meredith Montgomery."
"Deveria ter esperado um pouco mais antes de querer se casar comigo, meu amor. Agora não há mais como me devolver. É para isso que namoros servem, mesmo que falsos."
- Meredith?
- Humrum - Respondi a Cristina novamente, pouco interessada no filme.
Addison parecia conseguir fazer com que tudo ao meu redor se tornasse desinteressante diante dela. Mesmo que apenas online.
"Sem reclamações até agora, esposa."
"Fico extremamente lisongeada com isso, apesar de saber que eu sou realmente uma ótima esposa, esposa."
"Deseja que eu retire o que disse, querida?"
"Você é uma péssima mentirosa, meu amor."
Uma risada sincera me tomou assim que eu me dei conta daquela nossa brincadeira boba.
Afinal, quem diria que Addison parecia compartilhar do mesmo humor estranho em que eu.
- De que porra você está rindo?
- Nada, nada não! Foi apenas Flora - Falei rapidamente encarando a televisão.
Cristina se levantou, ficando sentada ao meu lado e eu desliguei a tela do meu celular, novamente voltando a me concentrar no filme.
- Acho que a mãe dela vai mesmo morrer - Ela comentou e eu assenti.
- Provavelmente.
Me concentrei a encarar a tela por alguns minutos, mas eu simplesmente não conseguia prestar atenção no filme em si, sem conseguir parar de pensar em Addison e na nossa brincadeira boba.
Liguei novamente o meu celular e sorri novamente ao ver uma mensagem dela.
"Não me subestime."
Mordi o meu lábio inferior, começando a digitar uma mensagem, até sentir o meu celular ser arrancado das minhas mãos.
- Cristina! Por que fez isso? Eu...
Ela encarou a tela e franziu o cenho, eu me estiquei para o agarrar, sentindo o meu coração pulsar forte dentro do meu peito, não pelo conteúdo das mensagens, mas pela pessoa em si.
Outra briga estava à caminho, eu sentia aquilo.
Cristina se esquivou, continuando a ler as conversas.
- Que porra é essa, Meredith?
- Nada! Não é nada, eu só estava respondendo uma pergunta dela, só isso, eu juro, não vamos brigar, por favor, não estava deixando de ficar com você para a responder, foi apenas...
- Foda-se essa merda! Meu amor? Querida? Que porra é essa?
Eu franzi o cenho, sem entender, de primeira, o problema que havia naquilo. Afinal, era apenas uma brincadeira boba.
Mas me dei conta de que Cristina não sabia disso. Porque ela não sabia de nada sobre a minha relação com Addison, não por minha culpa, mas porque ela ainda tinha aquele ódio estranho dentro dela, que a impedia completamente de entender a minha relação com Addison.
- Nós somos amigas. É apenas uma brincadeira nossa, não é nada demais, Cristina. Me devolva o meu celular, por favor! - Me estiquei novamente, mas ela se levantou do sofá.
- Não parece uma brincadeira para mim! Principalmente pelo fato de você estar toda sorridente! Que porra está acontecendo, Meredith? Que porra esse demônio fez com você para que a cegasse completamente de quem ela realmente é?
Eu franzi o cenho, sentindo o meu coração arder diante daquelas palavras tão duras. Addison não merecia aquele ódio. Nada daquilo era verdade. Por que Cristina insistia em a ver como um monstro? Um demônio? A pior pessoa do mundo?
- Cristina, eu não vou entrar nessa discussão de novo com você! Pare com isso! Pare de a chamar assim! Pare de fazer acusações errôneas! Estou cansada disso! - Solto, sentindo o meu coração bater fortemente dentro do meu peito.
- Por que? Essa é a porra da verdade! Essa mulher está manipulando você, Meredith! Você é a única que não vê! Ela está se fazendo de boazinha para montar em cima de você e fazer com que você se esqueça das cláusulas dessa porra de contrato dos infernos! Ela vai passar a perna em você, Meredith! Por que caralhos você não vê? Por que...
- Chega! Chega, Cristina, chega!
- Eu estou errada... Estou errada até o momento em que essa mulher roubar a sua empresa toda para ela, como o filho da puta do Tatcher fez. Ou a fazer assinar algo que a faça ser propriedade dela, ou que a faça ter que aceitar absurdos dessa mulher! Ela é a boazinha agora, mas somente agora! Deixe de ser burra e me ouça, Meredith. Por favor me ouça!
O meu coração parecia estar sendo esmagado aos poucos.
- Me dê o meu celular!
- Não! Eu não dou! Não até você perceber a merda que você está fazendo com a porra da sua vida! Caralho, Meredith! PORRA! ME ESCUTE!
- Pare de gritar! - Murmuro entredentes, já sentindo o meu coração bater forte dentro do peito.
- Por que? Tem medo que todos os meus vizinhos descubram que Meredith Montgomery mantém um casamento de fachada? Que ela e a sua amada esposa são uma FARSA? Que absolutamente nada que elas mostram para a mídia é real? Está com medo, Meredith? Medo de todo mundo saber que O SEU CASAMENTO É UMA FARSA? QUE É TUDO UMA MENTIRA NOJENTA INVENTADA PELA PUTA DESGRAÇADA A QUAL VOCÊ CHAMA DE ESPOSA E AMOR? PORRA, PARE DE SER BURRA, CARALHO! PARE DE SER BURRA UMA ÚNICA PORRA DE VEZ NESSA VIDA! PARE DE TENTAR VER O BEM EM PESSOAS QUE CLARAMENTE NÃO O POSSUEM! PARE DE SER INGÊNUA, MEREDITH!
- Pare, Cristina, Pare, por favor, pare! - Murmuro entredentes, sentindo as minhas lágrimas queimarem os meus olhos. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo naquele momento, mas o meu corpo parecia estar em chamas. Sinto uma ardência insuportável devido as minhas unhas cravando a pele das minhas mãos. Eu nunca havia sentido aquela sensação.
- POR QUE? NÃO QUER OUVIR A VERDADE? QUE VOCÊ É UMA IDIOTA QUE ESTÁ DEFENDENDO ESSA DESGRAÇADA COM UNHAS E DENTES, ATÉ QUE ELA COLOQUE UM PAR DE CHIFRES NA PORRA DA SUA CABEÇA? PORQUE É ISSO QUE ELA FARÁ, NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE QUE TIVER!
Senti os meus olhos ficarem nublados e tudo, absolutamente tudo ao meu redor parecer girar.
- Eu sou a errada por me importar com você, por a alertar, de todas as maneiras, a cobra com quem você está lidando, mas até ela enfiar a porra de um par de chifres na sua cabeça com qualquer mulher por aí! Aí sim, você irá ver que a sua amada amiga é nada menos que uma vadia desgraçada! A porra de uma cobra dos...
O meu corpo parecia estar prestes a entrar em combustão.
- Pare! Pare, Cristina! Pare! Você não é a minha mãe, não tem o direito de se meter na minha vida e de me dizer o que é certo ou errado! Não tem o direito de julgar as minhas escolhas em relação a Addison, pois você sequer dá o trabalho de me ouvir falar sobre ela! E isso... Isso... Isso dói, Cristina! É... Insuportável ter que ficar me limitando a excluir Addison se todos os assuntos com você, por medo de você simplesmente surtar! Mas eu estou cansada! Estou cansada porque você não tem essa droga de direito, Cristina Yang! Você não tem o direito de fazer especulações errôneas sobre Addison! De tentar me fazer a ver como um monstro, ou como um demônio... Porque... Porque eu... Somente eu sei o quanto ela se tornou alguém importante para mim! Alguém que verdadeiramente se importa comigo! Alguém que... Surpreendentemente está se mostrando se importar comigo, gostar de mim, e desejar ter uma amizade comigo! Pare de me retratar como uma idiota! Pare de me retratar como alguém que simplesmente não consegue decidir o que é bom e o que é ruim para si mesma! Eu sou uma mulher adulta! E estou exausta de viver como se eu fosse... Uma boneca de porcelana, ou uma criança que não sabe distinguir o certo e o errado! Addison é importante para mim. Addison me faz sentir segura. Addison e eu... Somos amigas! Ela se importa comigo, e você não tem o mínimo direito de dizer o contrário, porque você não a conhece! Você não sabe o... O ser humano incrível que está por trás de toda aquela falsa pose de superioridade que ela exala para o mundo. Eu sei. Eu estou a conhecendo. E apenas eu sei o quanto Addison é uma das pessoas mais incríveis que já tive a oportunidade de conhecer na vida! E... E eu não estou sendo idiota! Eu não estou! Sei que não estou! Porque eu sinto! Eu sinto que... Ela... Ela é... Alguém que vale a pena. E eu sei disso. Somente eu sei disso. Então pare! Pare! Simplesmente pare com esse inferno de tanto desejar a odiar e de me fazer a odiar também. Isso não vai funcionar! E eu não vou me permitir continuar ouvindo as suas acusações contra uma pessoa especial para mim calada! Não mesmo! Então ou você para... Ou eu... Eu verdadeiramente não sei, eu verdadeiramente não sei, Cristina! - Respirei fundo, fechando os meus olhos brevemente, sentindo uma lágrima solitária cair, a limpei rapidamente - Então simplesmente pare! Porque você não tem esse direito! Eu estou exausta, e não aguento mais viver na nossa amizade entorno desse seu ódio sem explicações! Eu não aguento mais não poder falar de Addison para você! Não poder contar uma piada dita por ela porque você simplesmente surtaria! Ou não poder, sequer, dizer que ela me acalmou em um momento ruim porque você faz isso... Simplesmente ser uma tempestade num copo d'água! Estou exausta, Cristina! Eu estou exausta!
A minha respiração estava acelerada, o meu peito parecia querer implodir e sair de mim em mil pedacinhos diferentes. Eu parecia estar à beira de um precipício. Quase caindo. Mas apenas quase.
A feição da morena se transformou, ela parecia estar confusa, uma grande interrogação parecia estampar a sua testa, e eu, sem saber mais o que fazer ou dizer, puxei os meus cabelos para trás, sentindo-me tonta.
Até ela colocar um par de chifres em você!
Essa era a única coisa que rondava a minha cabeça naquele momento.
Não.
Addison não faria aquilo.
Não faria.
Eu confiava nela.
Eu a conhecia.
Ela não seria capaz.
Aquilo parecia estar me perfurando de maneira insuportável no peito.
Eu confiava em Addison, eu sabia que confiava, mais que qualquer pessoa naqueles últimos tempos.
Mas o nosso casamento não era real, não era baseado em amor, em sentimentos reais.
Portanto, o que a impedia de...
Neguei com a cabeça, sentindo meu coração doer de forma insuportável dentro do meu peito, enquanto os meus olhos gradativamente se enchiam de lágrimas.
Até que o meu coração parou. Por um segundo, eu senti o meu coração parar assim que eu parecia estar sendo jogada daquele precipício com força.
Entrei em queda livre assim que os lábios de Cristina se abriram e, apóss um riso sem qualquer tipo de humor, mas nervoso, extremamente nervoso, ela falou o que tivera o papel de literalmente me empurrar daquele precipício e, ao mesmo tempo, terminar de enfiar aquela faca fictícia, mas de dor cruel e real, extremamente real, no meu peito:
- Você... Você está realmente dizendo que, caso eu continue a odiar, você irá se afastar de mim? - Ela riu - Está realmente me dizendo isso?
A sua feição tomou um ar sombrio, assustado e curioso ao mesmo tempo.
- Você... Meredith... Esse casamento... Não é mais uma mentira para você. - Ela falou enquanto seus olhos se arregalavam aos poucos - É claro! Como eu não pude ver isso! Como eu pude ser tão idiota ao ponto de achar que você estava apenas sendo amiga dela e desejando levar isso da melhor forma possível! Que você estava apenas sendo ingênua, como sempre é!
Ela riu, mas não havia divertimento na sua risada, parecia mais como um som desesperado.
- Está óbvio! Você... Se apaixonou por ela. Você... Você está apaixonada. Você está apaixonada por ela, Meredith. É claro! É claro que sim! Você... se apaixonou por Addison Montgomery.
...
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