29- A arte da atuação.
Olá :), eu espero que vocês consigam sentir o amor que emana desse capítulo. não pelo enredo da história, mas pelo sentimento o qual, em função dele, o escrevi. obrigada por darem sentido a essa história, e por me ajudarem a ser salva, todos os dias, por meio dela. vocês me dão as duas coisas que mais busco em toda a minha vida: o amor, e a minha voz (mesmo que por meio da escrita)
e você que é novo por aqui, saiba que cdc (como carinhosamente chamamos) não é apenas uma fanfic. o que é, eu ainda estou tentando descobrir, mas é muito mais que apenas isso<3
antes de vocês começarem a ler, há uma aviso que preciso dar: estou planejando algo para novembro (como já avisei no meu Twitter, nada que afete o enredo da história. e é um presente mais para vocês, do que para mim) então peço que mantenham-se informades em um dos meus Twitters: @walshsun ou @iluz_walsh. (ou ambos)
e, é claro, que haja o pacto de sempre entre nós: eu me comprometo a fazer, e vocês, a lerem e, se gostarem, engajarem<3
mantenham-se informades, avisarei aqui também, quando for a hora.
por fim, é isso. amo vocês. obrigada por tudo. aproveitem o capítulo, comentem o máximo que conseguirem (ou não, sintam-se a vontade). nos vemos em novembro, aguardem o que virá<3
...
Meredith Montgomery;
- Foi um prazer jogar contra você, Meredith. E, por mais que o meu ego odeie que eu admita isso, você e Addison realmente jogaram bem. Vocês formam um ótimo time juntas. - Arizona falou contendo um sorriso e fazendo um bico logo em seguida.
Eu ri.
- Vocês também não são tão ruins assim - brinquei, sentindo a mesma socar o meu braço levemente, e nós rimos juntas.
- Me mande uma mensagem no WhatsApp, para que possamos marcar o nosso jantar.
- Pode deixar. Foi um prazer, Callie - cumprimentei a sua esposa sorrindo, que devolveu o gesto.
- Igualmente, Meredith. Obrigada por terem topado o jogo, nós realmente estávamos precisando nos exercitar um pouco, não é, amor?
Arizona assentiu.
Sorri, sentindo o braço de Addison envolver a minha cintura.
A mesma se despediu do casal a nossa frente e me guiou até o lado de fora do clube.
Eu não poderia estar mais feliz. E sequer conseguia conter-me em demonstrar a intensidade do sentimento prazeroso de alegria que me habitava naquele momento.
Fora apenas uma hora de jogo, mas havia me animado por completo.
Eu e Addison havíamos feito um bom time, isso era inegável. E a mesma mostrou-se inteiramente focada naquele jogo. Ela era uma pessoa competitiva.
Isso não me surpreendia.
- Que horas será o jantar? - a ruiva perguntou assim que paramos em frente aos carros.
- Às 19:00.
Ela assentiu e se esticou rapidamente, deixando um selinho em meus lábios.
- Tenha uma boa tarde - falei sorrindo fraco para a mesma, que apenas assentiu, colocando os seus óculos de sol e indo até o seu carro.
Entrei nos fundos do meu e, dentro de um minuto, Warren dera partida no mesmo.
- Para onde deseja ir, senhora Montgomery?
Mordi o meu lábio inferior, um pouco confusa. Eu havia esquecido de marcar o local com Beatrice.
- Vamos até o apartamento da minha amiga para buscá-la.
Ele assentiu.
Passei uma mensagem rápida para Cristina, avisando que estava chegando e a implorando para que já estivesse lá embaixo e pronta.
Passei outra para a minha sogra, que me respondeu rapidamente, marcando no shopping que sempre íamos.
Assim que fiz menção de desligar a tela do meu celular, vi a barra de notificações de chamadas descer e o nome de Flora aparecer na tela. Em uma chamada de vídeo.
Sorri imediatamente, atendendo.
- Oi, meu amor - atendi sorrindo, a vendo vestida apenas de um roupão e com seus cabelos castanhos molhados.
- Ah, graças a Deus! Você será a minha salvação, filha.
- Aconteceu algo? - pergunto preocupada. A feição estampada em seu rosto não era a tranquila de sempre.
Ela suspirou, se desencostando da cabeceira da sua cama.
- Sim, algo horrível aconteceu. Quase uma tragédia. Uma catástrofe!
Meu coração palpitou fortemente em preocupação.
- O que aconteceu, Flora? A Lisa está bem? É... Algo... Com o vovô ou a vovó? Ou...
- Oh, céus! Se acalme, Meredith! Não, não é nada disso, por Deus! Eu apenas não tenho uma roupa para ir para o jantar.
Solto o ar preso em meus pulmões, aliviada.
- Você quase me matou do coração, Flora Miller!
Ela fez um bico.
- Não posso fazer nada se você já está tão acostumada assim com notícias ruins!
Suspiro.
- Você quer a minha ajuda para escolher, acertei?
Ela sorriu.
- Exatamente, meu amor!
- Ah! Eu, Cristina e a minha sogra iremos ao shopping agora, você não quer nos acompanhar?
Ela suspirou.
- Infelizmente não posso. Tenho que ir para a academia daqui há uma hora.
Assinto, um pouco triste.
- Me mostre as opções então.
Ela riu.
- Você realmente acha que eu tenho opções? É exatamente por isso que estou quase colapsando!
Rio, negando com a cabeça.
- Você fica incrível em qualquer coisa, meu amor, você sabe disso.
- Eu sei, filha. Mas eu quero algo que fique melhor do que incrível, entende?
Rio novamente, vendo-a se levantar e caminhar, até onde deduzi, ser o seu closet.
- Estou em dúvida. Saia lápis? Macacão? Vestido curto? Terninho? Eu não sei, Meredith!
- Humm, me conte, a Lisa já sabe o que ela irá vestir?
- Já - ela falou revirando os olhos - Pela primeira vez na vida, ela escolheu primeiro que eu.
Sorrio.
- O que ela irá vestir?
- Esse vestido - ela estendeu um cabide, segurando um vestido tubinho de alcinhas, na cor vinho.
- Hummm, então descarte vestido e saia para você.
Ela franziu o cenho, confusa.
- Por que?
- Ah, você quer a minha opinião, não é?
Ela revirou os olhos.
- Mas por que eu não posso ir de vestido, mocinha?
- Não é que você não pode... É que eu gosto do contraste entre vestido e macacão, ou terninho. Mas a escolha é sua.
A mesma assentiu, parecendo compreender.
- Ok... - ela murmurou encarando os seus armários - AHA! Achei! Será esse! - a mesma ergueu-se e mostrou-me um macacão preto, reto e de alcinhas. O qual eu já havia a visto usar.
- Eu amo esse macacão seu. Realça literalmente tudo que você tem, Flora.
Ela sorriu, me lançando uma piscadela.
- O sapato? Humm, acho que um baixo e grosso está bom, não é?
- Ótimo - respondo.
- Preto ou branco?
- Branco - respondo sem sequer titubear.
Ela assentiu.
- Ok, agora que já usei a sua ajuda, preciso correr. Se a Lis chegar e constatar que eu ainda não estou pronta... Nada de sexo para mim hoje.
Gargalho, pois não havia esperado por aquilo.
- Então acho melhor você adiantar. Não se esqueça, será às 19:00 Flora, espero vocês lá, ok?
- Ok, meu amor. Nos vemos á noite! Estou ansiosa para conhecer a minha nora.
Sorrio fraco, engolindo em seco.
- Preciso ir, beijos, Mer.
- Beijos, Flora.
A mesma desligou e eu suspirei, encarando a tela do meu celular.
Ela iria descobrir. Hoje á noite. Sozinha. Assim que me visse ao lado de Addison.
Ela me conhecia, melhor do que qualquer outra pessoa no mundo.
Eu teria que me esforçar para conseguir fingir, mas sabia que ela perceberia.
Fechei os meus olhos, puxando a minha franja para trás, tentando raciocinar.
Ela me daria um belo sermão. Iria reviver todo o meu passado e me fazer, mesmo que inconscientemente, me culpar por estar fazendo o mesmo de sempre: privando-me de viver.
Warren estacionou em frente ao prédio de Cristina, e eu apenas percebi quando vi a porta ao meu lado se abrir e a mesma entrar no carro.
- Oi, meu amor - cumprimentei, primeiramente, o meu afilhado, deixando um beijo na barriga já volumosa de seis meses da mesma.
- Oi, Meredith Montgomery, eu ainda existo, sabia? Ou sou só uma melancia gigante e flutuante para você?
Rio, deixando um beijo na bochecha um pouco mais gordinha da mesma.
- Para onde vamos? Eu preciso ficar gostosa! - ela falou colocando o seu cinto.
- Nos leve até o shopping central, Warren, por favor.
Ele assentiu.
- Sim, senhora.
- Então... Você está melhor? - Cristina perguntou me encarando
- Melhor de que, exatamente? - a indaguei confusa.
- O seu desânimo.
Assinto.
- Não é nada demais.
A mesma franziu o cenho, parecendo me analisar.
- Você está me escondendo algo, Meredith Montgomery, o que aconteceu?
Suspiro, revirando os olhos.
- Nada, Cristina Yang, não aconteceu nada.
- E eu sou o Papa.
- É mesmo? Por isso sempre tive a estranha sensação de a conhecer de algum lugar. - murmurei encarando as ruas pela janela.
Ela bufou irritada.
- Eu não aguento mais esse garoto dentro de mim, Meredith. Eu preciso que ele saia. Ele me chuta tanto, que é como se ele estivesse dizendo: "Olá, humana chata e entediante, eu odeio você e cada chute desses é uma prova disso! Eu não vejo a hora de crescer e poder escolher ficar com a minha outra mamãe."
Sorrio, negando com a cabeça.
- Não há como ele odiar você, Cristina. E você sabe disso.
Ela revirou os olhos.
- Você nunca acredita em mim mesmo.
Sorri, acariciando a sua barriga, sentindo os chutes fortes do bebê se acalmarem aos poucos.
Dentro de poucos minutos, Warren parou no estacionamento do shopping e nós descemos juntas.
- Vamos tomar um Milk Shake primeiro, marquei com Beatrice na praça de alimentação - Falei para Cristina, que riu.
- Por que será que você marcou aqui, não é, senhora Montgomery?
Reviro os olhos, caminhando junto a ela até a praça de alimentação e me dirigindo até uma sorveteria famosa dali.
Fiz o meu pedido e o de Cristina e nos sentamos em uma mesa afastada.
- Então... Luci irá dar o ar da desgraça no jantar? - Cristina perguntou bebericando o seu milk shake.
- Humrum - murmuro em afirmação, fazendo o mesmo com o meu, observando a movimentação da praça de alimentação. - O que você vai dar de presente ao George? - pergunto a encarando.
- Não sei - ela deu de ombros - Até o dia do casamento decido.
- Você supostamente deveria dar hoje, Cristina Yang.
- Eu estou grávida, me deixa - ela murmurou estendendo a sua mão e fazendo menção de pegar o meu copo.
- O que você pensa que está fazendo? - pergunto afastando-o.
- Quero provar o seu.
- Não acredito que milk shake de morango tenha outro sabor, que não seja o de morango. O que eu acho que você já deva ter experimentado na vida.
- O seu filho quer provar o seu, mamãe Mer, você deixa? - ela perguntou acariciando a sua barriga.
Revirei os olhos, não resistindo àquele pedido e a entregando o copo.
- Humm, por que eu não pedi de morango mesmo?
- Porque você tem um péssimo gosto, agora me dê o meu milk shake - murmurei estendendo a minha mão e o pegando novamente.
A morena apenas revirou os olhos e continuou bebendo o seu milk shake de algo que eu sequer sabia o que era.
De longe, avistei a minha sogra caminhar até nós, sendo seguida por mais dois seguranças a escoltando atrás de si.
A mesma vestia uma calça social preta, que caíra de forma extremamente perfeita em seu corpo, e, na parte de cima, uma blusa alcinhas e de seda branca. Nos seus pés, os habituais saltos altos e grossos, que ela parecia gostar de calçar. Dessa vez, também brancos. Seus cabelos estavam soltos e caíam perfeitamente ondulados até a sua barriga.
Addison era uma cópia extremamente bem feita da mãe. O que as diferenciavam de forma chamativa eram os cabelos e o fato de Addison ser muito mais alta.
A morena sorria abertamente para mim. Me levantei, a cumprimentando com um abraço apertado e recebendo um beijo carinhoso da mesma na minha testa.
- Como está, minha nora? - ela perguntou docemente, acariciando o meu rosto com as suas duas mãos. Seus olhos brilhavam, e um sorriso iluminado enfeitava perfeitamente bem os seus lábios, ela parecia realmente feliz. E aquilo fez o meu coração encher-se de ternura e felicidade. Eu gostaria de a ver daquela forma todos os dias, ou pelo menos na maioria deles. Somente a imaginação da sua solidão e tristeza me doía o peito de forma sufocante. Eu queria fazer alguma diferença na vida dela, queria a ver sorrir daquela forma todos os dias, e tentaria fazer isso, custasse-me qualquer coisa.
- Bem, Bizzy, e você? - perguntei sorrindo, acariciando os seus pulsos.
- Mil vezes melhor agora - ela me lançou uma piscadela e riu, cumprimentando Cristina e acariciando levemente a sua barriga. - Uau! Pelo visto há um bebezinho muito arteiro por aqui, não é?
A minha amiga assentiu em falso tédio e Bizzy riu, e eu peguei a minha bolsa, caminhando com elas rumo ao segundo andar do shopping.
- Então... Qual é mesmo o sexo? Me diga que é uma menina!
Eu ri.
- Não, sogra, você errou feio. É um menino, como eu previa.
Bizzy fez um bico, sorrindo logo em seguida.
- Então terei que pensar em outro presente para esse bebê. Quando ele está previsto para vir ao mundo mesmo?
- Em outubro - Cristina falou - Chuto no fim de outubro.
- Humm, e você, Mer? Acha que ele nascerá em qual dia?
- No início de outubro. No máximo até o dia quinze.
- Você me parece bem certa disso - a minha sogra comentou.
Eu sorri.
- E estou! - respondi a lançando uma piscadela e ela riu, passando o seu braço por dentro do meu.
- Primeiramente, eu preciso comprar um presente para a Joana - Beatrice comentou.
- Eu também. Preciso da ajuda de vocês para decidir o presente de George também.
- O que você pretende dar? - Cristina perguntou.
- Você verá. Vamos ver o presente da Joana primeiro.
Nos dirigimos até uma loja de brinquedos e, pela última hora, nos entretemos em escolher o presente de Joana e alguns brinquedos para as outras crianças.
Lembrei-me de comprar uma bola de basebol nova para Pedro, já que a dele estava bem velha e quase inutilizável. Também comprei bonecas que sabia que as outras crianças iriam gostar, e mais outros brinquedos que sequer sabia o que eram, mas a vendedora me garantiu que estavam na moda, e eles iriam amar.
O meu coração enchia-se de felicidade por, mesmo que pouco, estar fazendo algo para aquelas crianças que tanto me cativaram.
Era o mínimo que eu poderia fazer por elas, pelo menos por enquanto. Mas eu pretendia fazer mais, muito mais. Tudo que estivesse ao meu alcance, e até mesmo fora dele.
Eu já havia me apegado a todos eles de forma intensiva. A uns mais, a outros menos, mas, ainda sim, eu havia me apegado a todos eles. Sem exceções.
Pagamos os brinquedos e os seguranças se dividiram, indo alguns com as sacolas até o estacionamento, e outros conosco.
- Estava pensando em qual roupa a Joana irá usar... Ela não tem nada fora do que usa no dia a dia... Queria algo que a fizesse a princesa que realmente é. - Beatrice comentou.
- Podemos comprar então. Não só para ela, mas para todas as meninas. Elas irão ficar tão felizes, sogra! O meu coração inunda-se de alegria, somente em imaginar - falo sorrindo para a mesma, que acariciou o meu braço, sorrindo abertamente para mim.
- Eu estou tão ansiosa para ver a reação delas. Mas principalmente da Joana... Ela nunca teve uma festinha, acredita nisso, Mer? Eu não pude me conter. Não sou a maior fã de aniversários, mas não poderia deixar que ela passasse o dia dela como passa todos os anos, sem uma festa.
- Você é incrível, Bizzy. Eu tenho certeza de que ela irá se emocionar muito. Ela é uma criança tão... - suspiro, tentando buscar adjetivos para expressar o quão Joana era uma criança única. Todas elas eram, na verdade.
- Única.
Rio.
- Exatamente. Ela, a Isa e o Pedro...
- Eles são o meu trio favorito. Brigam mais do que brincam, mas é impossível não ver o quão eles se amam.
Sorrio, assentindo e nós entramos em uma loja de roupas infantis.
Escolhemos uma fantasia da Elsa, a princesa favorita de Joana, eu me propus a escolher um vestido que se parecesse com o da princesa favorita de Isabella: a Bela.
Cristina e Bizzy se juntaram e escolheram outras roupas para as outras crianças, enquanto eu escolhia algumas especialmente para Joana e Isabella.
Saímos da loja algum tempo depois, e eu prontamente resolvi escolher logo o presente de George.
Eu, Bizzy e Cristina nos encaminhamos para uma loja de jóias, e eu, completamente confusa, em meio a tantas jóias diferentes, mordi o meu lábio inferior, dando-me conta, um pouco tarde demais, de que eu não fazia noção de como queria que as alianças do meu melhor amigo fossem.
Era algo especial, portanto, precisava ser único.
Fui recebida pela gerente da loja, que empenhou-se em me ajudar a achar o par de jóias perfeito.
Mas, infelizmente, eu não havia conseguido achar nada que parecesse com George e Daniel. Nada que fosse no estilo que eles gostavam.
- Tenho essas aqui, senhora. São as últimas que tenho para a mostrar - a gerente me trouxe um par de alianças de ouro. Mordi o meu lábio inferior, percebendo que não eram nada parecidas com George e Daniel.
- Você só tem essas? - pergunto um pouco decepcionada. Eu não achei que seria tão difícil assim.
Ela assentiu.
Suspirei.
- Uau - a ouvi murmurar e a encarei, vendo o seu olhar pousar na minha pulseira, que enfeitava o meu braço esquerdo. - É... Uma jóia muito bonita, senhora. E muito cara também.
Sorrio, assentindo.
- Me perdoe perguntar, mas onde a senhora a comprou?
- Foi um presente - respondo alinhando a jóia no meu pulso.
- Alguém que a senhora possua muito afeto, eu presumo.
Franzo o cenho, sem entender o porquê daquela suposição.
- A jóia está muito bem cuidada. Mas a senhora também não a tirou do seu braço desde que a ganhou. Isso só... Significa que a senhora tem um apego emocional muito grande com ela. Porque... É uma jóia cara. As pessoas só as usam em eventos importantes.
Eu estava um pouco surpresa pela sua dedução. Mesmo sabendo que ela não estava totalmente certa.
Eu apenas não tirava a pulseira porque havia gostado dela, verdadeiramente gostado. E gostava de usá-la, porque ela combinava com absolutamente tudo.
- Foi o seu marido que a deu? - a mesma perguntou, parecendo curiosa.
Sorrio fraco.
- A minha esposa. Sim.
Ela pareceu surpresa, mas assentiu.
- Ah! A senhora é... - ela engoliu em seco - Esposa da Meretissima Montgomery, não é? Eu sabia que a conhecia de algum lugar.
Sorrio, assentindo.
- Infelizmente eu não possuo mais nenhum par de alianças que... As características batam com as quais a senhora mencionou. Me desculpe, senhora.
- Não se desculpe, meu bem. Eu apenas sou exigente demais com presentes.
Ela sorriu.
No fim, Beatrice havia comprado um colar extremamente lindo para si, e eu, é claro, fiz o trabalho bem sucedido de a persuadir a usá-lo a noite.
Depois de sairmos da loja, nos encaminhamos até o salão e, enquanto as manicures faziam as nossas unhas, Beatrice conversava sobre os detalhes da festa de Joana.
- Contratei um circo incrível que está passando pela cidade, as crianças irão adorar! A decoração já está inteiramente escolhida, os cardápios, prontos. Não falta absolutamente nada!
Sorrio.
- Posso imaginar o rostinho de felicidade de cada um deles - falo sorrindo, realmente imaginando o quão eles ficariam felizes. Não só Joana, mas todos eles.
- Aquelas crianças são... Extremamente especiais. Se eu pudesse, adotava cada uma delas.
Rio, sendo acompanhada por Cristina e a própria Bizzy.
- Mas creio que não estou mais na idade de ser mãe de crianças. Mark ainda me dá um certo trabalho. - Sorrio, negando com a cabeça - Creio que estou em forma apenas para ser avó e cuidar e mimar os meus futuros netos. - ela me encarou e me lançou uma piscadela, eu apenas diminuí o meu sorriso, a lançando um sorriso fraco e desviando o meu olhar.
Senti a mão de Cristina acariciar o meu braço levemente.
- O seu filho não consegue parar de mexer, Mer. Faça algo! - ela murmurou fechando os seus olhos.
A encarei e ergui a minha mão livre, acariciando a sua barriga com as pontas das minhas unhas.
Devagar, senti o bebê parar de chutar forte e apenas remexer-se contra a minha mão. Era uma sensação surreal.
Fechei os meus olhos novamente, tentando pensar, arduamente, em um conjunto de alianças para George.
Assim que o faço, rapidamente, um lapso de memória me atinge.
Abro os meus olhos, encarando a minha mão esquerda.
George havia gostado da marca e estilo das minhas alianças. A única coisa que o prendia de as ter, era o preço, provavelmente extremamente caro, e o quão ele tinha pena de gastar o seu dinheiro.
Suspirei, mordendo o meu lábio inferior, assim que percebi que eu não fazia noção de quais eram as marcas das alianças. Addison havia decidido tudo, é claro.
Encostei a minha cabeça na cadeira novamente e, com os cabelos já arrumados, esperei a manicure terminar com as minhas unhas.
Em poucos minutos, nós três estávamos completamente prontas.
- Então, Mer, para onde vamos agora? Onde você deseja ver as alianças?
Suspiro.
- Não sei, Bizzy. Nenhuma das que vi me encheram os olhos. George gostou das minhas quando viu, mas Addison as escolheu, e eu não faço a mínima idéia de que marca é essa.
Ela riu.
- Ligue para ela e pergunte!
Ergui as minhas sobrancelhas, surpresa.
- Ah... Não. Addison está atolada de trabalho, eu não gosto de a atrapalhar.
- Meu amor, ela é sua mulher! Se tem algo que você nunca irá fazer, é a atrapalhar.
Encaro Cristina, que deu de ombros e eu suspirei, resolvendo não contrariar Beatrice. Ela não poderia, sequer, imaginar que tudo aquilo era falso.
Peguei o meu celular e abri o meu WhatsApp, pesquisando o nome de Addison.
Ela não estava online.
Tomando coragem, liguei para a mesma, sentindo a minha garganta fechar-se em temor. Eu não queria a atrapalhar.
Assim que eu senti o alívio tomar conta de mim por ela não ter atendido, na última chamada, ouvi o som do telefone ser atendido e engoli em seco.
- Aconteceu algo? - seu tom de voz era indecifrável.
- Oi... Meu amor. Não, não aconteceu nada. Eu... É que... É... - suspirei, encarando Beatrice, que sorria abertamente para mim. - Eu... apenas queria saber qual é a marca das nossas alianças.
- A marca das nossas alianças? - a mesma parecia confusa.
- Sim. Queria dar um par parecido para George, mas não faço idéia de qual seja a marca.
- Cartier. A linha de platina e diamantes.
- Ah, está bem. Obrigada. - me virei de costas para Cristina e Beatrice, falando um pouco mais baixo - Você... Pediu para que eu escolhesse um presente, para que nós duas déssemos, acha que... Pode ser esse?
- Pode. - a mesma respondeu apenas.
Suspiro, extremamente envergonhada por ter feito aquilo. Eu com certeza estava a atrapalhando.
- Me desculpe a atrapalhar. Sua mãe insistiu para que eu ligasse.
- Era só isso? - senti os meus pêlos se arrepiarem ao imaginar que ela poderia estar extremamente ocupada. E, com certeza, brava comigo. Obviamente ela estava irritada comigo, eu havia a incomodado pela maior besteira do mundo!
- Sim, obrigada. - murmuro, sentindo o meu humor decair-se por completo.
A mesma desligou a chamada e eu suspirei, encarando a tela do meu celular por alguns segundos, tentando recobrar o meu bom humor.
O guardei dentro da minha bolsa novamente e me virei para Cristina e Beatrice.
- São Cartier. Conhece alguma loja deles aqui perto, Bizzy? - pergunto tentando não deixar transparecer a minha abrupta queda de humor.
- Há uma no shopping leste. Podemos ir lá rapidamente, é caminho para o restaurante.
- Ótimo. Cris, você irá para casa?
Ela assentiu, me encarando com o cenho franzido. Estava óbvio que ela havia percebido.
- Quero descansar um pouco. - ela respondeu me analisando.
Assinto, me encaminhando até o estacionamento, junto a elas.
Warren abrira a porta da frente do carro em que Beatrice viera dirigindo, e eu entrei, sendo seguida pela mesma e Cristina, no banco detrás.
A minha sogra dirigiu alegremente até o apartamento de Cristina, conversando sobre amenidades, o que acabou me animando um pouco mais.
- Nos vemos mais tarde, Bizzy, Mer.
Assinto, vendo a minha amiga sair do carro e caminhar até a entrada do seu prédio.
Beatrice dera partida no carro novamente e começou a dirigir calada.
Eu apenas me atentei a encarar o lado de fora, tentando concatenar toda a bagunça que habitava os meus pensamentos aquela semana.
O noivado, a festa de Joana, a festa de Beatrice, a proposta de Flora, Addison e Flora iriam se conhecer, a possibilidade imensa de Flora perceber toda a nossa farsa. Esse último, por si só, estava matando-me de ansiedade por dentro.
Ela não poderia saber. Eu já havia tomado a minha decisão. É melhor, para nós duas, que ela não saiba. Porém, isso será quase impossível.
A única coisa que eu poderei fazer, é inventar uma desavença com Addison, para que pareçamos, ao seu olhar, um casal normal, e que apenas estão supostamente brigadas.
Eu precisava inventar algum motivo bobo.
Era a minha única saída, caso contrário, ela perceberia. Assim que os seus olhos pousassem em mim ao lado de Addison, ela perceberia que não a amo. Que esse casamento é uma farsa completa, e, pior, que eu havia me casado por dinheiro. E, então, ela ficaria horrorizada. E a última coisa em que eu queria, era deixá-la chateada no dia mais feliz da vida do seu afilhado, Daniel.
Teria que dar certo. Mas, para isso, eu precisava ter a coragem de conversar com Addison antes. Precisava pedir a sua ajuda para inventarmos algo, precisava a preparar para o caminhão de perguntas que Flora despejaria em nós. Precisava repassar toda a nossa falsa história juntas.
Flora não poderia saber. Ela não poderia, sequer, desconfiar.
Essa era minha decisão final.
Para que esse contrato desse certo, eu precisaria estar completamente focada. Coisa que não conseguiria fazer, tendo a sua decepção pesando em meus ombros como uma carga que eu deveria carregar.
Ela nunca me perdoaria, e nunca se perdoaria.
Ela não iria saber.
- Está tudo bem, minha nora? - Bizzy tirou-me dos meus conflitos internos abruptamente, e eu a agradeci mentalmente por aquilo, pois aqueles pensamentos já estavam tirando boa parte do bom-humor que eu possuía essa tarde.
- Sim, sogra, tudo bem - respondi sorrindo fraco para a mesma.
- Eu quero dizer... Com você e a Addie? Vocês estão bem?
Assinto.
- Sim, estamos.
Ela me encarou, parecendo não acreditar muito naquilo.
- Addison só tem trabalhado muito, estamos um pouco afastadas esses dias, mas está tudo bem. - reforcei a minha resposta, esperando que ela acreditasse que era apenas aquilo.
Ela suspirou, negando com a cabeça e parando em um sinal vermelho.
- Eu realmente não sei mais o que faço ou falo, Mer. Não tenho mais tanta relevância na vida da Addison.
- Ei, não fale assim - murmurei acariciando a sua mão, a vi sorrir fraco e afagar a minha, sem me encarar.
- Está tudo bem, Mer. Eu já... Estou acostumada.
Nego com a cabeça.
- A Addison só... Está um pouco ocupada demais, sogra. Mas ela a respeita e a ama muito. Não há como não amar, você é uma caixinha única que contém em si, somente boas surpresas. Não deixe que o estresse dela no trabalho afete você. Sei que é difícil. Mas... - suspiro - Somente tente não ficar pensando nessas coisas, sogra. A Addison ama você, não há como não a amar. Apesar de tudo... Você é a mãe dela.
Beatrice assentiu, parecendo um pouco distante.
Acariciei a sua mão novamente, tentando a passar algum tipo de conforto.
- Eu sei que digo isso praticamente todas as vezes que a vejo, Mer. Mas... Escolher a você como esposa... Foi a melhor decisão que a Addie já tomou na vida. E a cada dia que se passa eu tenho mais certeza disso.
Sorrio fraco, vendo o sinal se abrir e a mesma dar partida no carro novamente.
Chegamos ao shopping leste vinte minutos depois, e eu andei apressadamente junto a Beatrice até a loja.
- Boa tarde, senhoras, como posso ajudá-las? - a gerente viera até nós, cumprimentando-nos gentilmente.
- Boa tarde, quero saber qual o modelo mais semelhante a essa aliança você possui - estendi a minha mão, mostrando-a a minha aliança.
- Humm, deixe-me ver. A senhora pode a tirar apenas para que eu consiga ver melhor?
Assinto, tirando a minha aliança e a entregando.
- Por que não vê um anel de noivado para que eles usem com as alianças também, Mer? As alianças podem ser um presente de Addison, e os anéis de noivado, seu. - Beatrice sugeriu.
Sorrio, assentindo.
- É uma ótima ideia, sogra. Já que ele e o Dani não usam anéis de noivado.
- A sua aliança é um pouco rara de encontrar-se aqui, senhora, ela me parece ter sido feita por encomenda. Mas tenho algumas de modelo parecido, porém, de uma linha e diamantes diferentes. Inferiores, infelizmente.
- Sem problemas, não precisa ser igual. Não vim com essa esperança.
Ela assentiu.
- A senhora deseja ver a de noivado também?
Assinto, tirando o meu anel de noivado e a entregando.
Encarei a minha mão esquerda, estranhamente, não a reconhecendo mais. Eu já havia me acostumado com aqueles anéis. E sequer lembrava-me de como era a minha mão sem eles. Estranha. Era, no mínimo, extremamente estranha.
- É estranho, não é? - Beatrice perguntou, a encarei e vi que a mesma sorria para mim, enquanto erguia a sua mão esquerda. - Para mim, então, é inconcebível que eu as tire.
- Não reconheço a minha mão - murmuro sorrindo fraco para a mesma.
- São as pequenas coisas que fazem uma falta ainda maior que as grandiosas, quando fazem-se ausentes. Porque... Bem... São tão rotineiras.
Sorrio assentindo.
- Pronto, senhora - a gerente me entregou as minhas alianças e eu tratei de logo as colocar, as alinhando como eu gostava.
Encarei rapidamente a minha mão e percebi que sim, eu já havia me habituado com aquelas alianças, e a minha mão pareceu somente a minha mão, quando eu as coloquei de volta.
Eu estava me acostumando com tudo aos poucos, sem que eu sequer percebesse.
E isso era extremamente bom.
- Eu achei esses modelos - Ela trouxera as alianças e, assim que eu bati o olho em um par de ouro, soube que eram aquelas.
Eram de grossura média, quase finas, mas extremamente elegantes. Combinavam de forma perfeita com Daniel e George.
Passei o meu olhar pelos anéis de noivado e, após ficar em dúvida entre dois, escolhi um simples, porém simbólico. Sem uma única pedra, mas com pedrinhas de diamante delicadas ao redor do anel.
Era simples, delicado e elegante, como eles gostavam.
Assim que a atendente terminou de as colocar nas devidas caixinhas, eu me dirigi até o caixa e fiz o pagamento com o meu cartão.
O presente havia saído um pouco mais caro do que imaginei, mas Addison não se importaria.
Tenho quase certeza de que ela sequer sentirá a mínima falta desse dinheiro. E que sequer irá perceber que o gastei.
Ela não havia utilizado de termos exagerados quando me afirmou que eu poderia gastar o que eu quisesse, e que, mesmo assim, isso não a faria falta.
Eu não tinha a noção do patrimônio líquido que Addison possuía, mas sabia que estava além da casa dos milhões. Muito além.
- E agora Mer? Para onde você irá? Eu estou apenas a seguindo. - Beatrice perguntou saindo do shopping ao meu lado.
- Acho que irei para casa me arrumar, sogra. Eu e Miranda precisamos estar no restaurante às 17:00, para que ela consiga preparar tudo. Você trouxe a sua roupa, não é?
- Claro! Voltar para casa para me arrumar seria uma idiotice da minha parte - ela falou rindo - Nunca gostei de morar tão longe assim da Addie. O trânsito daqui até lá é infernal!
- E como. Da última vez que fomos, passamos quase duas horas dentro de um engarrafamento. - comentei saindo do shopping ao seu lado.
O carro já estava estacionado em frente ao mesmo.
- Oh, nem me fale! Odeio os engarrafamentos insuportáveis que ocorrem na avenida central. É incrível o poder em que eles têm de me deixar irritada.
- Acho que a todos nós, sogra - comento sorrindo e colocando os meus óculos de sol.
- Você não me parece ser alguém que se irrita facilmente, não é, minha nora? - ela perguntou e eu ri. Warren abrira a porta do carro para mim e, assim que eu me preparei para entrar e responder a Beatrice, uma cena em frente ao shopping me chamou atenção.
Tirei os meus óculos de sol, observando melhor o que estava ocorrendo ali, e, assim que me dei conta, senti o meu coração doer e apertar-se em desespero.
Em um ato de motivação àquela sensação de desespero, e, sem sequer pensar duas vezes, caminho rapidamente até a entrada do shopping, vendo o pequeno garotinho de rua, que havia acabado de ser enxotado de lá com tanta brutalidade e violência, como se não fosse um ser humano, e sim uma mercadoria descartada.
- Senhora? - Warren chamou-me e eu sequer o consegui o encarar e explicar o que estava acontecendo.
O garoto estava no chão, sozinho, não parecia ter companhia consigo e muito menos algum responsável.
- Esse é um local onde vêm pessoas de prestígio! Pessoa bilionárias pisam aqui, você acha mesmo que tem o direito de me pedir para entrar para pedir esmola? Você realmente acha que...
- O que está acontecendo aqui? - pergunto, sentindo o meu coração bater forte dentro do meu peito.
O segurança me encarou confuso.
- Me desculpe, senhora, mas esse não é um assunto do seu interesse. A senhora acredita que esse trombadinha queria...
- Esse é o serviço de alta qualidade que vocês oferecem a todas as pessoas, como o slogan do shopping, erroneamente, apresenta?
Ele ergueu as suas sobrancelhas escuras, parecendo não entender sobre o que eu estava falando.
- Se ele obteve a motivação de ir pedir a um ser humano tão cruel e tão rude quanto o senhor, para entrar aí e pedir, é porque ele está com fome!
- Me desculpe, senhora, mas não acho que a senhora tenha algo a ver com isso. Eu apenas estou seguindo ordens. Todas as pessoas de prestígio que pisam nesse local, precisam se sentir acolhidas e extremamente seguras. O que não aconteceria se esse... - ele encarou o garoto, que agora mantinha-se de pé ao meu lado - Sarnento entr...
- Você pode parar de falar agora. - o corto, evitando que ele terminasse de falar o que eu já sabia que ele diria. Sinto os meus olhos marejarem em lágrimas e o meu coração pulsar forte com cada palavra dita por aquele homem - Eu realmente espero que o senhor nunca passe por uma situação tão miserável a ponto de implorar por ajuda e ser humilhado por um outro ser humano tão insensível quanto o senhor. Espero que nunca passe fome, ou frio, ou que nunca, na sua vida, tenha que implorar por comida.
- Experimente dar algo a esse negro sarnento e vagabundo e verá que, assim que a senhora der as costas, ele a roubará a sua bolsa. A senhora me parece ter muito dinheiro e ser influente, mas é burra, o que não ajuda em muito. Agora se me der licença, eu irei levar esse trombadinha para a cadeia, porque é onde ele merece estar!
Ele ameaçou pegar o garoto e eu me coloquei na sua frente, o mantendo atrás de mim.
O vi avançar em mim, tentando pegar o menino e, rapidamente, Warren colocou-se a minha frente, com mais três seguranças atrás de si.
- Você toca nela e é um homem morto.
- Veja só, outro negro sarnento querendo mais um espaço na nossa sociedade. O quão...
- Eu serei breve e o deixarei escolher: O que o senhor prefere? Não ter a sua vida ferrada pela juíza mais influente do país, e eu tenho certeza de que o senhor sabe de quem estou falando, através das mãos do segurança da esposa dela, que, afinal, é também mais um negro sarnento, como o senhor fez questão de pontuar, ou a ter e, em troca, punir um garoto de rua por não fazer nada além do que lhe resta para sobreviver? - senti-me estremecer pelo tom de voz do meu segurança. - Sua decisão.
O vi recuar rapidamente.
- Eu... Me... Desculpe. Podem... Ficar com ele. Me desculpem, eu...
O mesmo entrou no shopping novamente e eu suspirei aliviada.
- Obrigada, Warren. - o agradeci, sentindo uma lágrima cair dos meus olhos, a limpei rapidamente - Me desculpe pelo transtorno, eu...
- Está tudo bem, senhora - ele sorriu e tocou levemente o meu braço - Eu já fui esse garoto, e gostaria de ter conhecido alguém com o coração tão puro o quanto a senhora, para ter feito o mesmo por mim.
Sorrio, tocando o seu ombro e o apertando levemente.
- Mer! O que aconteceu? Você está bem? O... - Beatrice surgira rapidamente atrás de mim, parecendo confusa.
- Eu estou bem, sogra. Não aconteceu nada comigo, não comigo - encaro o menino, me abaixando e ficando do seu tamanho - Você está bem, querido?
Ele assentiu e eu observei que ele havia um machucado na sua mão e no seu cotovelo, causados pela brutalidade do segurança ao joga-lo para fora do shopping.
Peguei a sua mão, a analisando. Sangrava um pouco, ele precisaria de um curativo.
- Está doendo, meu amor? - perguntei sentindo o meu coração doer.
Ele negou com a cabeça.
- Não senhora, eu já tô acostumado. Por que a senhora fez aquilo?
Sorrio, acariciando o seu rosto.
- Porque ninguém merece ser tratado da forma que você foi.
- Eu não tenho dinheiro pra agradecer, eu...
Rio.
- Está tudo bem, meu amor. Não sou eu quem precisa de dinheiro. - abro a minha bolsa, tirando a minha carteira de lá de dentro, a abri, verificando o que eu já sabia: eu não possuía dinheiro vivo - Warren, peça para um dos seguranças de confiança ir até o banco e sacar... - encarei o menino - Não sei de quanto você precisa.
- Ah, eu... Um dólar está bom, senhora. Consigo comprar qualquer coisa pra comer. - ele falou sorrindo.
A sua humildade me desarmou.
Meu coração doeu de forma insuportável.
Um dólar. Ele não conseguiria comprar nada que enchesse a sua barriga com um dólar.
- Vamos fazer assim - falei secando as minhas lágrimas - Você pode vir comer alguma coisa comigo enquanto algum dos meus seguranças vai buscar dinheiro para você, o que você acha?
Ele sorriu animado, mas logo o seu sorriso morreu.
- O meu irmão disse que eu não posso sair com gente que eu não conheço, mesmo que me ofereça comida.
Assinto, acariciando o seu rosto.
- Onde está o seu irmão?
- Por aí - ele deu de ombros - A gente só se encontra mais tarde na ponte oeste.
- Não o farei nenhum mal. Mas se você não se sentir confortável, apenas espere que ele vá buscar.
Ele assentiu.
- Eu acho que você não tem cara de alguém que me faria mal - ele falou dando de ombros, eu ri, assentindo.
- Eu... Bem, eu tenho dinheiro aqui - Beatrice falou dando de ombros.
Sorrio.
- Você poderia me emprestar, sogra? A pago...
- Ah, Meredith, por favor! - ela riu, abrindo a sua bolsa e a sua carteira, tirando de lá trezentos dólares. - Acha que... É o suficiente?
Vi os olhos do garoto brilharem.
- Isso... Dá pra comprar comida pra o ano todo!
Eu ri, negando com a cabeça e Beatrice me acompanhou.
A minha sogra o entregou o dinheiro e eu vi os seus olhos se encherem de lágrimas.
- Eu vou poder levar um doce pra minha irmãzinha hoje! - ele falou rindo, extremamente feliz.
Sinto os meus lábios tremerem, devido ao choro que eu tentava, a todo custo, segurar.
- Qual é a idade da sua irmã? - pergunto curiosa.
- Ela tem três anos. O meu irmão tem quinze.
- E você? - pergunto acariciando o seu rostinho, onde havia uma cicatriz grande, que ia da sua bochecha até os seus lábios.
- Eu tenho...
- EI, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? - Ouvi alguém gritar e ele se virou rapidamente.
- É o meu irmão, olha!
O garoto viera correndo até nós, e, sequer, me dera tempo de dizer ou pensar qualquer coisa. Warren ficara á minha frente, protegendo-me a mim e a Beatrice.
Ele puxou o menino consigo rapidamente saiu correndo. A última coisa que o ouvi dizer fora:
- Nada nesse mundo vem assim tão fácil, cara! Ela iria levar você de mim! Ela quer levar você de mim para a polícia!
- As senhoras estão bem? - Warren perguntou e eu assenti, um pouco conturbada.
- Pelo menos ele levou o dinheiro, é o que importa, minha nora. - Beatrice falou acariciando o meu braço.
Assinto, suspirando.
Senti o meu coração parecer espedaçar-se assim que filtrei tudo que havia acontecido naqueles cinco minutos.
Tudo em que aquela criança queria era comer. Apenas isso. Apenas conseguir dinheiro o suficiente para comer.
E até isso o fora negado. Ele havia sido humilhado por aquele segurança, enxotado dali como se fosse uma criatura de outro mundo.
Estava óbvio o porque daquilo tudo. Não era apenas por ele ser um morador de rua. E sim porque ele era negro.
Por isso ele havia sido tratado daquela forma.
E aquilo me fizera sair completamente da minha bolha de vida tão perfeita.
Pessoas eram tratadas daquela maneira e muito pior, todos os dias, apenas pela cor da sua pele.
- Mer? Você tem certeza de que está bem? - Beatrice perguntou novamente e eu assenti, sentindo os meus olhos novamente marejarem.
- Eu só... - suspiro - Isso tudo, foi... É...
Ela assentiu, me abraçando carinhosamente e acariciando os meus cabelos.
- Ele ficará bem - ela falou - Confie nisso. Ele ficará bem.
Suspiro, assentindo e a mesma me guia até o carro novamente.
Olho para trás algumas vezes, com a esperança de o ver novamente, mas não ocorreu.
Warren abriu a porta do passageiro novamente para mim e eu entrei, colocando o meu cinto.
- Com licença - Warren aparecera na minha janela - Me perdoe incomodar, Madame Montgomery, mas para onde a senhora deseja ir agora? - ele me perguntou.
- Vamos para a minha casa, Warren. - murmuro colocando os meus óculos de sol novamente.
O mesmo assentiu e pediu licença, se retirando para o carro a nossa frente.
Assim que o mesmo deu partida no carro, Beatrice repetira o seu ato.
Chegamos em casa vinte minutos depois, já que o shopping ficava próximo ao condomínio.
E, nesse meio tempo, eu tentei me acalmar e fixar a minha cabeça naquele jantar o máximo possível.
Beatrice entrara com o carro e estacionou-o em frente a escadaria da entrada.
Descemos juntas e subimos, sendo recebidas por Miranda.
- Bailey! Como vai, minha querida? - Beatrice abraçou a minha governanta de forma calorosa, arrancando-me um sorriso genuíno dos lábios.
- Ótima, senhora Montgomery, e a senhora? Está linda, como sempre! Gosto de ver esse brilho em seus olhos.
- Eis a responsável por isso - Ela falou apontando para mim, eu apenas sorri.
- Ah, sim! É impossível manter-se séria e impassível ao lado da sua nora.
Sorrio, sentindo o meu coração tornar-se mais leve e ficando ao seu lado, a depositando um beijo na sua bochecha e acariciando os seus ombros.
- Eu já estou pronta, senhora - ela falou para mim sorrindo.
- Ótimo, meu anjo, irei apenas correr para me arrumar e já desço. Me dê, no máximo, trinta minutos. E me desculpe pelo meu atraso.
- A senhora não precisa se desculpar por absolutamente nada, senhora.
- Miranda, por favor, peça para que Ben pegue a mala no meu carro e leve até o primeiro quarto de hóspedes. - Beatrice a pediu.
- Claro, sim senhora, ele já levará.
Eu e a minha sogra subimos as escadas juntas, e, assim que chegamos no segundo andar, a guiei até o primeiro quarto de hóspedes.
- A Amy está ficando aqui, sogra, caso você queira ir em outro quarto...
- Ah, não, claro que não. Sabia que a Amy estava aqui, é o quarto favorito dela - a mesma abriu a porta e eu olhei ao redor, completamente maravilhada. Eu nunca havia estado ali.
Era um quarto imenso. Um pouco menor em que o meu e de Addison, mas, ainda sim, imenso. Havia uma enorme banheira, uma área de leitura, uma cama imensa, lareira, frigobar e um closet aberto, completamente desorganizado.
Amélia era o completo oposto da sua irmã.
Porque não só o closet estava desorganizado, mas também as áreas do quarto que ela havia usado.
Na varanda havia uma bicicleta de exercícios e uma esteira, cheias de coisas em cima.
Aquilo me dera calafrios e me fizera parar de perceber, imediatamente, cada detalhe do quarto, e focar o meu olhar somente naquela bagunça.
Mas eu estava atrasada, não poderia organizar tudo aquilo naquele momento.
Não naquele momento.
- Quando você terminar o seu banho... Vá até o meu quarto para nos arrumarmos juntas. - falei para Beatrice, tentando tirar aqueles pensamentos da minha cabeça.
- Claro. Preciso mesmo da sua ajuda.
Assinto, evitando olhar para a bagunça daquele quarto e dando as costas ao mesmo, sentindo o meu coração pulsar forte.
Tudo que a minha cabeça repetia-me era para que eu me virasse e organizasse tudo aquilo, o mais rápido possível.
Mas eu não poderia. Eu iria me atrasar. E isso estava fora de questão.
Antes de sair do quarto, paro diante de uma cômoda ao lado da porta e encaro um porta-retrato de Addison, Beatrice, Mark e Amélia.
Aquela foto não parecia ser de muito tempo, no máximo, de um ou dois anos.
Os quatro estavam abraçados, Addison em um canto, Mark em outro; Amélia abraçava Addison, e Mark abraçava Beatrice. A minha cunhada e a minha sogra sorriam de forma graciosa, enquanto o meu cunhado mantinha uma feição engraçada em seu rosto, e Addison mantinha-se séria abraçando Amélia, mas com um olhar ameno. Ela também parecia feliz.
- Esse foi o aniversário de... Trinta anos da Amy. Foi no ano retrasado. Ela passou aqui em NY conosco, fizemos uma festa surpresa. Ela ama festas surpresas.
Sorrio, tendo a plena noção disso.
- A Amy é realmente única.
Beatrice riu.
- E como. Todos eles são. Nunca imaginei que teria filhos com personalidades tão... Diversamente opostas como são.
Rio, assentindo.
Eles realmente eram o oposto uns dos outros.
- Bom... Irei me adiantar. - Beatrice falou indo até o banheiro.
Saí do quarto, ainda pensando na bagunça em que estava o quarto de Amélia, e, tentando me acalmar com aquela visão na minha cabeça, comecei a planejar como o organizaria, passo a passo.
Isso me ajudaria a aguentar até a hora que eu voltasse da festa.
Subi para o meu quarto e fui até o banheiro, prendi os meus cabelos em um coque alto e entrei debaixo do chuveiro, me permitindo tomar um banho um pouco mais demorado e a relaxar o meu corpo e a minha mente, que estava uma zona. Tudo que eu conseguia pensar era naquele garoto e naquele ocorrido.
Hidratei a minha pele e fiz esfoliação, saindo do banho logo em seguida.
Alcancei uma das toalhas penduradas ali e percebi ser a de Addison, assim que a passei pelo meu rosto e senti o cheiro do seu perfume completamente fresco.
Suspirei-o, fechando os meus olhos por alguns segundos e, então, terminei de me secar, a colocando de volta no lugar e pegando um roupão.
Fui até o meu closet e escolhi apenas uma calcinha de renda preta, a colocando rapidamente.
Passei creme nas pernas, soltei os meus cabelos e me sentei na minha penteadeira, começando a minha maquiagem.
Eu não era extremamente boa me maquiando, mas havia conseguido fazer um trabalho realmente bom nos meus olhos, realçando-os um pouco mais.
Eles eram a única coisa a qual eu realmente gostava em mim, pois eu havia puxado a cor exata deles do meu avô materno.
Assim que terminei de passar o meu batom vermelho, ouvi batidas na porta e me levantei, indo até a porta do closet e autorizando a entrada.
Vi a minha sogra entrar no quarto vestida de um roupão branco. Seus cabelos estavam soltos e um pouco mais ondulados.
- Preciso da sua ajuda para escolher a minha roupa, nora.
Sorrio, voltando para o closet.
- Você já não tinha escolhido, sogra?
- Eu sei, mas eu sou indecisa e comprei esse vestido essa semana, o que você acha?
Ela mostrou-me um vestido preto tubinho, o qual havia uma fenda ao lado e ia até um pouco abaixo dos seus joelhos. E um vestido vermelho, também tubinho, mas sem a fenda, que ia até os seus joelhos.
- Humm, é realmente uma decisão difícil, você poderia vesti-los.
Ela assentiu, abrindo o seu roupão e ficando apenas com um conjunto de lingerie preto, que realçava perfeitamente o corpo completamente em forma que ela possuía.
Desviei o meu olhar, com um pouco de receio de que a mesma se sentisse desconfortável com o meu olhar enquanto se vestia, e fui até o meu lado do closet, pegando o vestido que eu havia escolhido.
- Então? - ela se virou para mim, usando o vestido vermelho.
- Uau, está perfeito! - murmuro realmente surpresa. - Porém... Vista o preto, quero ver como irá ficar, antes que eu tome alguma decisão precipitada.
Ela assentiu tirando-o, parecendo, eu me arriscaria dizer, nada envergonhada com a minha presença ou o meu olhar sobre si.
O que me relaxou um pouco mais.
Confiança parecia ser o segundo sobrenome dos Montgomery. A sua marca.
Sorrio, ao perceber que Beatrice possuía os mesmos movimentos que Addison realizava ao se vestir.
Coisas bobas, como a sua forma de olhar-se no espelho, de observar a roupa, a consertar em lugares específicos.
- Então? Qual dos dois?
O preto havia ficado esplêndido em si. Havia combinado extremamente bem com os seus cabelos pretos, a cor dos seus olhos e a sua pele pálida.
- O preto, definitivamente. Preto combina muito com você, sogra.
Ela sorriu.
- Feche para mim, Mer, por favor - ela se virou para mim e eu a observei puxar os seus cabelos longos para o lado, da mesma forma em que Addison fazia.
Fechei o zíper do seu vestido e a vi olhar-se no espelho novamente, checando-o.
A morena foi até a sua mala e pegou dois pares de sandálias de salto fino, uma preta e uma branca.
- Qual das duas?
- A branca, definitivamente.
Ela sorriu, assentindo e se sentando no puff no centro do closet, as calçando.
Até a sua forma de calçar as sandálias era idêntica a de Addison. Os seus movimentos, a elegância que ela exalava de forma extremamente natural. Era algo em que somente ela e Addison possuíam, naquele nível.
Amélia era sofisticada, era elegante, mas não daquela forma. Não a todo momento e como se já houvesse nascido assim, mas sim como alguém que fora educada para se portar daquela maneira.
Beatrice e Addison pareciam ter nascido exalando aquela elegância extremamente natural.
Suspirei, saindo dos meus devaneios e tirando o meu vestido do cabide.
Ficando de costas para a mesma e de frente para o meu espelho, por pura vergonha boba do meu corpo, tirei o meu roupão e coloquei o meu vestido, que não cabia o uso de um sutiã.
O consertei, percebendo que havia feito a escolha certa.
As mangas eram feitas de um tecido transparente preto, e eram bordadas de forma milimétrica, elegante e minimalista, havendo pequenos detalhes de pérolas nas suas mangas, o que tornava-o ainda mais sofisticado. A saia era tubinho e extremamente elegante.
Não muito ousado.
Fui até os meus saltos e escolhi um scarpin preto, de verniz, um pouco mais alto que o habitual.
- Você está absurdamente linda, minha nora - Beatrice comentou fechando o zíper do meu vestido.
- Nada comparado a você, sogra. - falei sorrindo para a mesma, que estava realmente ainda mais elegante do que costumava ser, no seu dia a dia.
O que mais brilhava em si era o seu sorriso. Que fazia-me extremamente feliz, em somente vê-lo estampado em seu rosto. Eu realmente adoraria de vê-la daquela forma todos os dias. A sua alegria, em sua plena e pura existência, era extremamente contagiante, talvez pelo fato de o seu sorriso ser tão belo.
- A sua maquiagem está linda, Mer. Me empreste esse batom? Fiquei em dúvida sobre qual eu usaria e acabei não colocando nenhum, depois que terminei de fazer a minha.
- Claro! - fui até a minha penteadeira e a entreguei o batom.
- Addison irá nos encontrar lá, não é?
Assinto.
A mesma terminou de passar o batom e foi até o centro do closet, fechando a sua mala.
Mordi o meu lábio inferior, assim que recordei-me que Addison provavelmente chegaria atrasada em casa, e que ela poderia não ter noção do que vestiria.
Suspirei, indo até o seu lado do closet e o encarando. Rapidamente escolhi uma calça social preta, que era conjunto de um terninho também preto, com o blazer um pouco maior que o habitual.
Escolhi uma camisa social branca e os coloquei em cima do puff central do closet.
- Depois que eu e o seu sogro nos casamos, ele também não fazia mais idéia de como se vestir, sem que eu escolhesse uma roupa para ele - Beatrice comentou sorrindo - Me parece também ser algo recorrente, com você e a Addie.
Sorrio para a mesma.
- Addison escolhe maioria das roupas dela, mas... Às vezes ela me pede para que eu o faça.
A minha sogra assentiu, parecendo entender.
- Podemos ir, então?
- Claro, já estou pronta - ela respondeu.
Vou até o meu armário de bolsas e escolho uma preta de mão, que cabia apenas o meu celular e um batom.
Fui até as inúmeras sacolas pousadas em uma das poltronas do meu quarto e alcancei a pequena sacola de veludo da joalheria.
Saí do meu quarto sendo acompanhada por Beatrice e, assim que chegamos no segundo andar, a mesma entrou no quarto de Amélia rapidamente, apenas para pegar a sua bolsa.
Descemos as escadas, encontrando Miranda, Helm e Eloise, ambas prontas para irem conosco. E ambas vestidas casualmente, sem aqueles uniformes que Miranda provavelmente havia imposto que elas usassem.
- Muito obrigada por terem aceitado ir, Helm, Eloise. Conversarei com a minha mulher para que essa hora extra seja adicionada no salário de vocês, no fim do mês. - as agradeci genuinamente.
- Muito obrigada, senhora Montgomery. Nós ficamos honradas em ajudar - Eloise falou sorrindo e Helm apenas concordou, alternando o seu olhar entre mim e o chão. O que me incomodou. Ela realmente parecia ter medo de mim.
- Eu irei apenas buscar a minha bolsa, senhora, já volto - Miranda falou e eu sorri, assentindo.
Beatrice se sentou no sofá, concentrando-se no seu celular e eu apenas me encostei em um deles, checando a hora no meu celular. 17:50.
- Sen.. Senhora?
Elevei o meu olhar e vi Helm me encarar, sorri fraco para a mesma.
- Sim?
- É... - ela coçou a sua garganta - Eu... Bem... Só...
Rio.
- Helm, podemos conversar?
Ela me encarou assustada.
- Eu... É... Claro!
Eloise se afastou, pedindo licença e indo até a cozinha.
- Eu... Fiz algo... Senhora?
- Não, você não fez nada, querida. Apenas quero que pare de ter medo de dirigir a palavra a mim. Sei que... A minha mulher é um pouco mais fechada... Mas eu não. Você não precisa ter medo de mim, ok? Até porque... Não há motivos. Olhe só o meu tamanho e o meu rosto, eu pareço com alguém que... A repreenderia? Ou a trataria com grosseria? - pergunto elevando uma das minha sobrancelhas e fazendo um bico, tentando, ao máximo, a deixar confortável com a minha presença.
Ela negou com a cabeça, sorrindo fraco e desviando o seu olhar. Pude observar suas bochechas tomarem um tom extremamente avermelhado.
- Eu... Bem... Me desculpe, senhora.
- Você não precisa se desculpar, querida. Agora... Diga-me, sem medo, o que você pretendia me dizer. - peço curiosa.
- É... Eu ia apenas... Dizer que... A senhora... Está muito bonita.
Sorrio, um pouco surpresa e acaricio o seu braço.
- Muito obrigada, meu bem. - agradeço sorrindo e vejo Miranda voltar, ao lado de Eloise.
- Estamos completamente prontas, senhora - Miranda comunicou sorrindo.
Assinto, me encaminhando até a porta junto a elas e a minha sogra.
- A senhora irá dirigir, senhora Montgomery? - Warren perguntou para a minha sogra, que suspirou.
- Não, não irei, Warren.
- Bom... Eu posso - falo dando de ombros - Adoraria, na verdade.
- Ótimo! - Beatrice exclamou sorrindo.
- A minha mulher foi trabalhar com a Mercedes, Warren? - pergunto.
- Não, senhora. Está aí. A senhora gostaria de usá-la?
- Por favor.
Ele assentiu, se encaminhando até a garagem e, em poucos minutos, o mesmo estacionou a Mercedes em frente a escadaria.
As desci, ao lado de Beatrice e os seguranças abriram as portas para mim e ela.
Entrei no carro, colocando o meu cinto e observei Warren abrir a porta da frente de um dos carros para Miranda e fazer o mesmo com Helm e Eloise, com as portas de trás.
Assim que o mesmo deu partida no carro, fiz o mesmo, saindo atrás de si.
- Haverá muitas pessoas nesse jantar, Mer? - Beatrice perguntou.
- Não, sogra. Serão apenas os pais de Daniel e os de George, a irmã de Daniel, o marido e o sobrinho dele, a minha mãe, a madrinha do Dani e a esposa dela, eu, você, a Addison, a Cris e eles, é claro.
Ela assentiu.
- Você me parece meio tensa - ela comentou. - É algo relacionado com o que aconteceu agora á tarde?
Suspiro. Eu realmente estava. Mas não só por causa daquulo. A idéia de que Flora iria descobrir tudo essa noite não cansava de rondar a minha cabeça.
Eu sabia que ela não iria cair em nada daquilo, e já estava me desesperando antecipadamente, por não fazia noção de qual seria a sua reação.
- Só estou um pouco nervosa. Quero que tudo dê certo hoje.
- Não é só isso, Mer. Mas... Se você não quiser falar, está tudo bem.
Mordo o meu lábio inferior, parando diante de um sinal.
Eu poderia contar a Beatrice o que estava me incomodando. Obviamente, escondendo maioria da história.
- É que... - a encaro - A madrinha de Daniel é... Mais a minha mãe do que a minha própria mãe - vi as sobrancelhas de Beatrice se erguerem, em surpresa - E... Bem... Ela ainda não conhece a Addison. Estou um pouco nervosa, porque... Bem... - me enrolo um pouco, tentando achar uma alternativa para a intensidade do nervoso que se instalara em mim - Ela é um pouco exigente demais. E... Está um pouco ressentida por não ter estado no nosso casamento. Ela vive viajando, eu não consegui a localizar. Tenho medo de... Eu não sei... De ela e Addison não se darem bem, ou... Eu não sei.
Assim que Beatrice sorriu, eu senti o meu coração voltar a bater normalmente e a minha respiração voltar a ser tranquila novamente, ela não parecia estar desconfiando de algo.
- Eu a entendo, meu amor. Mas ficar nervosa só irá atrapalhar as coisas. Fique tranquila, tenho certeza de que ela irá amar a Addie. Se tem algo que a minha filha sabe é como conquistar pessoas que a interessam. Você verá, elas irão se dar super bem!
Quem me dera fosse apenas esse o problema.
Obviamente havia a possibilidade de Flora não gostar de Addison, e de, obviamente, ela descobrir tudo.
O que a faria não somente desgostar de Addison, mas, profundamente, a odiar
E, a conhecendo como conheço, era exatamente isso que aconteceria, caso ela descobrisse.
Ela passaria a odiar Addison. Assim como Cristina.
E eu não estava afim de ouvir mais daqueles discursos semelhantes aos de Cristina.
Era tudo que eu não precisava.
O sinal se abriu e eu dei partida no carro novamente, tentando me acalmar o máximo possível.
Flora não poderia se deparar com qualquer tipo de feição esquisita em meu rosto. Ela saberia reconhecer o meu desconforto e as minhas inseguranças. E, então, seria tão rápido quanto um sopro que ela descobrisse toda a verdade sobre o meu casamento.
Eu precisava me acalmar.
O percurso até o restaurante fora feito de maneira tranquila.
Beatrice fizera questão de ir conversando sobre amenidades, ela estava claramente tentando me fazer parar de pensar no encontro de Addison e Flora.
Parei em frente ao restaurante e Warren abrira a porta do carro para mim, o entreguei as chaves para que ele estacionasse e dei a volta no mesmo, pegando a minha bolsa e o presente de George nos bancos de trás do carro.
- Boa tarde, senhora Montgomery, seja bem-vinda. Esperamos que tudo esteja como a senhora sua esposa solicitou - o Maitrê nos recebera educadamente.
- Muito obrigada. Qual o seu nome? - perguntei.
- Felipe Denvers, senhora.
Assinto.
- É um prazer conhecê-lo, senhor Denvers. Peço para que encontre alguém que ajude a minha governanta e as suas ajudantes a chegarem até a cozinha, e que as guie no processo de preparação do jantar, por favor.
- Claro, senhora, como desejar. James! Acompanhe a senhora... - ele encarou Miranda.
- Bailey.
- Acompanhe a senhora Bailey e as senhoritas até a cozinha, por favor.
- Sim, senhor. - um dos garçons respondera prontamente.
- Meu amor, irei apenas verificar algumas coisas, organizar outras, e, então, irei até a cozinha a ajudar como eu...
- Ah, não senhora! De forma alguma. - ela me interrompeu - Helm e Eloise estão aqui para isso. Fique tranquila, por favor. Dará tudo certo. Apenas vá lá quando os convidados começarem a chegar, para que eu saiba que chegaram. Ou mande alguém avisar, a senhora não necessariamente precisa ir.
- Eu irei, meu bem.
Ela assentiu sorrindo.
- Mais uma vez... Muito obrigada, Miranda.
- Tudo pela sua felicidade, senhora. É o que importa - ela respondeu sorrindo para mim e acariciando a minha mão levemente. Devolvo ambos dos gestos, sentindo o meu coração inundar-se de amor por aquela mulher. Ela havia realmente me conquistado por completo.
A mesma fora guiada até a cozinha, junto a Helm e Eloise e eu entrei no restaurante, sendo seguida pelo Maitrê.
- Os convidados começarão a chegar às 19:00 - o comunico - Então o senhor os guiará diretamente para o segundo andar - falei subindo as escadas.
- Sim, senhora. A senhora precisa decidir os vinhos principais do jantar... Quais a senhora gostaria de servir?
Mordo meu lábio inferior, parando por um segundo.
Eu não fazia a mínima idéia. Não tinha muita experiência para a escolha de vinhos.
- Vamos esperar a minha mulher chegar - decido - Ela decidirá isso.
- Sim, senhora. A área de interação já está pronta, e nós organizamos o terraço para que os convidados tenham a liberdade de usá-lo, afinal, hoje a noite está linda! - ele exclamou animado.
Sorrio, parando diante de uma das portas de vidro que davam para o terraço e encaro o céu inusualmente estrelado de NY.
- Está realmente linda - concordo observando uma área com sofás e algumas poltronas, organizadas com o objetivo de nos dar a liberdade de ficarmos ali fora.
Seria uma noite incrível. Eu só precisaria dar o meu melhor, junto a Addison.
- As flores! - lembro-me rapidamente das mesmas.
- Já organizamos, senhora. Seis em cada jarra, como a senhora solicitou.
- Três vermelhas e três brancas? - pergunto.
- Sim, senhora.
Assinto.
- Falta algo?
- Apenas que a senhora verifique tudo, para ver se está do seu agrado.
Me encaminho até as mesas e, da minha maneira, reorganizo todos os talheres em ordem e milimetricamente certos, dobrando todos os guardanapos novamente. Ajeito as cadeiras e, assim que termino, encaro a hora no meu celular. 18:30.
Respiro fundo, sentindo-me ainda mais nervosa a cada minuto em que se passava.
Algo dentro de mim sabia, mesmo que de forma não admitida, que Flora iria descobrir.
Aquilo estava me matando por dentro, porque eu sabia que não conseguiria esconder nada dela. E, pela primeira vez na minha vida, eu realmente não gostei nada do fato de ela me conhecer tão bem.
- Você está se sentindo bem, Mer?
Abri os meus olhos, dando de cara com Beatrice, que me encarava preocupada.
- Estou, Bizzy... Somente um pouco ansiosa.
- Não fique, dará tudo certo. Olhe só! O casal da noite! - a mesma exclamou alegre e eu me virei, vendo George e Daniel subirem as escadas de mãos dadas, ambos maravilhados com o restaurante.
- Quando você me disse que aqui era um lugar bonito... Você precisaria ter me preparado para o quão bonito isso é, Mer!
Eu apenas sorri, indo até eles.
Parei, primeiramente, diante de Daniel, que vestia uma calça jeans preta e uma camisa social da mesma cor.
- George, se me der licença - falei encarando o meu melhor amigo, que assentiu. Ergui as minhas mãos, consertando a gola torta da camisa de Daniel.
- É incrível como a senhora tem um olho biônico para assimetria, senhora Montgomery. - Daniel brincou e eu ri, assentindo.
- É um dom, senhor Stewart - brinquei.
Passei para George, que vestia uma camisa social branca e uma calça jeans de lavagem escura. Consertei a sua camisa, que estava ainda mais torta do que a de Daniel.
- Pronto. Agora os meus noivos favoritos estão devidamente apresentáveis - falei sorrindo para os dois.
Daniel me abraçou de lado, beijando o topo da minha cabeça carinhosamente.
- Não tenho como a agradecer por tudo isso, Mer. Você é, definitivamente, a melhor madrinha que o meu amor poderia ter - Daniel falou e eu sorri ainda mais, também o abraçando.
- Não é como se organização fosse um sacrifício para mim, Dani - brinquei, o arrancando uma risada e abracei também o meu melhor amigo - Estou tão feliz por vocês que eu poderia fazer qualquer coisa, nesse mundo, para os ver ainda mais felizes.
- Então fique ainda mais feliz, porque você não precisa fazer absolutamente mais nada, eu já sou o homem mais feliz do mundo essa noite - ele falou sorrindo, encarando Daniel, que sorriu de volta.
Me retirei do meio dos dois e parei ao lado da minha sogra.
- Bizzy! Fico tão feliz que realmente veio - George a abraçou - Como você está? Você está linda, céus! Preto é definitivamente a sua cor!
Beatrice riu, acariciando seus braços.
- Estou ótima, querido. Eu quem agradeço pelo convite e por esse elogio tão incrível.
- Eu a avisei, preto é a sua cor, sogra - sussurrei para a mesma, que riu, negando com a cabeça.
- Quero que conheça o amor da minha vida, Bizzy - George falou pegando a mão de Daniel - Esse é o Dani. Amor, essa é Beatrice, a famosa mãe da Addison.
O mesmo sorriu, abraçando a minha sogra.
- George tem falado tanto em você nos últimos meses, que realmente tenho ficado curioso para a conhecer, senhora Montgomery.
Beatrice riu.
- Ah, você irá se decepcionar então. E me chame apenas de Beatrice, por favor. Ou Bizzy, como preferir.
Ele assentiu e começaram a conversar sobre amenidades, indo até o outro lado do restaurante.
- Está tudo tão lindo, Mer - George murmurou, olhando ao redor, ainda maravilhado.
- Realmente está - respondo também encarando a decoração do local.
- Addison vem, certo? - ele perguntou.
- Sim, depois do trabalho. Ela já deve estar chegando.
Ele assentiu.
- Uau! Isso aqui é realmente restaurante de gente metida - Ouvi Cristina murmurar, olhando ao redor e George riu, indo até ela.
- Oi bebê do titio, como você está? Hum? Estou com saudades de sentir você chutando para mim. Chute para mim, Peter!
Eu ri, tentando entender o que estava acontecendo.
- Peter? - pergunto confusa.
- Esse unicórnio está realmente achando que o nosso filho irá se chamar Peter. - Cristina murmurou revirando os olhos.
- Peter é lindo! Você que é sem graça. - George murmurou irritado.
- Se ser sem graça hoje em dia é ter bom gosto, continue me taxando de sem graça - ela murmurou e eu neguei com a cabeça, observando a roupa que ela usava.
Um macacão branco longo, seus cabelos estavam soltos e ainda mais cacheados, a sua barriga havia sido realçada de forma exorbitante com aquele macacão.
- Você está linda, Cris.
- Está aproveitando para me elogiar enquanto pode? Porque Luci ainda não chegou? Se quiser podemos ir no banheiro, gata.
Reviro os olhos, arrependendo-me de ter a elogiado no mesmo momento e George ri.
- Queria que a Addison ouvisse isso. Você seria uma mulher morta, Cristina Yang.
Cristina sorriu sarcasticamente.
- Ela não me assusta, unicórnio. O que ela precisa entender, de uma vez por todas, é que se a Mer precisasse escolher entre eu e ela... Ela escolheria a mim, sem sequer pensar.
Reviro os olhos para tamanha infantilidade.
- Nem sei porque tento, Cristina Yang. Não a elogio mais. - murmuro.
- Você sabe que digo a verdade - ela falou piscando para mim e indo até o outro lado do salão, até Bizzy e Daniel.
- Irei na cozinha verificar se está tudo encaminhando bem, George - o comuniquei e ele assentiu.
Me encaminhei até a cozinha e bati levemente na porta antes de entrar, vi Miranda, Helm e Eloise, cada um delas, focadas em algo.
Ambas estavam sendo auxiliadas por mais quatro ajudantes de cozinha.
- Tudo bem por aqui? - pergunto sorrindo.
- Sim, senhora! Tudo ótimo! A comida já está quase pronta, estamos trabalhando na sua parte favorita - Miranda falou me lançando uma piscadela.
- Oh, céus! - murmurei fechando os meus olhos - O que será, Miranda?
- A senhora irá descobrir apenas na hora!
- Isso não se faz! Eu achei que você me amasse! Pelo menos um pouco! - Murmurei em falsa irritação.
Ela riu.
- E a amo! Porém não pouco. Mas quero fazer uma surpresa.
Reviro os meus olhos, fazendo um bico.
- Os convidados começarão a chegar daqui dez minutos - falei - Não se preocupem com o tempo, mas quero que vocês - falei para os garçons, que estavam ali sentados - Comecem a servir as bebidas e os petiscos.
- Qual será o primeiro vinho, senhora? - um deles perguntou.
Mordo meu lábio inferior, um pouco nervosa.
- Espere apenas a minha mulher chegar, ela irá decidir isso.
Eles assentiram.
- Aqui, senhora Montgomery, prove - Miranda veio até mim, me entregando uma colher com algum tipo de doce nela.
Prontamente a peguei e coloquei na minha boca, fechando os olhos instantaneamente e soltando um grunhido baixo. Aquilo era divino!
- Oh, céus! Eu não me importo com o que isso seja, Miranda, mas eu quero que você me prometa fazer um idêntico a esse, ainda essa semana!
Ela riu.
- Como a senhora desejar. Ficou bom, eu presumo?
- Bom?! Isso é uma das melhores coisas que já comi na vida!
A mesma riu novamente, voltando até o fogão.
- Irei deixar de as atrapalhar. Mais uma vez, obrigada por isso.
Elas assentiram sorrindo e eu saí, sentindo-me satisfeita. Estava tudo saindo conforme eu havia planejado.
Assim que voltei até o salão, senti o meu coração pulsar forte quando vi Flora ali.
Ela estava conversando animadamente com Daniel e George. Beatrice e Cristina haviam sumido, provavelmente ido até o banheiro.
Me senti completamente paralisada com a sua presença.
Ali, naquele momento, eu tive a certeza de que não iria conseguir. De que ela iria descobrir e de que, todo o esforço que todos estavam tendo para que aquele jantar fosse o melhor, iria por água abaixo.
Daria tudo errado. Eu pressentia aquilo.
Evitando-a o máximo possível, resolvi ir até o andar debaixo, explorar o restaurante.
Assim que terminei de descer as escadas, ouvi saltos baterem contra o piso e olhei para frente, sorrindo automaticamente, assim que percebi a figura alta, loira e de olhos extremamente azuis, que caminhava até mim, mas sem ter percebido a minha presença.
Ela guardava algo na sua bolsa, enquanto reclamava baixinho sobre algo.
- É sempre assim! Ela sempre tem que deixar o carro para que eu estacione! Incrível o quão a minha mulher...
Ela levantou o seu olhar e eu ri, vendo-a me encarar completamente surpresa.
- Oh, meu Deus! Mer! - a mesma correu até mim e me abraçou fortemente, acariciando as minhas costas.
Eu ri, devolvendo a intensidade do seu abraço.
- Como vai, Lisa?
- Ótima, e você, minha menina? Você está tão... Adulta! Oh, meu Deus! Uma aliança!
Eu ri, acariciando as suas mãos unidas as minhas.
- Flora a contou, obviamente. - constato.
Ela assentiu.
- Porém agora parece tão mais real! Você se casou! Lembro-me sobre o quão você sonhava com esse momento.
Assinto, tentando manter o meu sorriso aberto.
- Onde está a sua esposa?
- Addison já deve estar chegando. Ela virá praticamente direto do trabalho.
Lisa assentiu.
- Estou ansiosa para a conhecer, porém não mais do que a minha mulher. Você sabe o quão ela é insuportável quanto a você. Disse-me que precisa olhar nos olhos da mulher que, enfim, fisgou o coração da sua filha, para saber se ela realmente vale a pena. Você sabe, essas bobagens de gente velha!
Tento rir verdadeiramente, mas falho, soltando apenas uma risada fraca.
- Falando nisso, onde está ela?
- Lá em cima, Lis. Você pode subir, eu irei... Resolver algumas últimas coisas com o Maitrê - menti. Eu, na verdade, precisava ficar um pouco sozinha.
- Está bem, meu amor - ela falou sorrindo e subiu as escadas atrás de mim.
Respiro fundo, fechando os meus olhos por alguns segundos e tentando raciocinar.
Talvez ter convidado Addison para esse jantar não fora uma boa idéia. Flora não precisava descobrir em um dos dias mais felizes da vida do meu melhor amigo.
Talvez, se eu ligasse para ela e pedisse, por tudo que fosse mais sagrado, que ela não viesse, ela concordaria comigo e iria para casa.
Era óbvio que ela preferia mil vezes trabalhar, á estar ao lado de pessoas que, sequer, tinha algum tipo de relação mais forte. Além de eu e a sua mãe.
Talvez não fosse, realmente, uma boa idéia.
Desbloqueio o meu celular, indo até um dos cantos do restaurante e, nervosa, abro o meu whatsapp, verificando se Addison estava online.
Como já era de esperar-se, não. Ela não estava.
Respirei fundo, perdida entre a decisão de a ligar, cancelar tudo isso, inventar uma desculpa para Flora e os demais, ou de a deixar vir.
Eu não queria ser rude. E, de certa forma, eu desejava a sua presença naquela noite, ao meu lado.
Mesmo que ela fosse causar uma extrema confusão com Flora.
Eu precisava ser racional. Completamente racional.
Eu poderia a ligar, explicar toda a situação novamente, todas as minhas inseguranças e a minha decisão, sobre Flora, sequer, poder desconfiar do fato de esse casamento ser um contrato. Addison entenderia. Eu sabia que ela entenderia.
Eu apenas não sabia se ela ficaria irritada por eu ter tomado os seus planos. Ela, talvez, poderia ter alguma reunião importante e a desmarcou, apenas para estar aqui.
Ou ela apenas estava livre no trabalho e o dia coincidiu-se com o jantar.
Respiro fundo novamente, tomando a minha decisão.
Toco no ícone de chamada e coloco o celular no meu ouvido, ouvindo o som das chamadas.
O meu coração pulsava forte dentro do peito, a saliva havia fugido dos meus lábios.
Eu estava, realmente, desconvidando a minha própria esposa do jantar de noivado do meu melhor amigo.
Essa não era uma decisão madura, e eu tive noção disso, assim que ouvi a chamada cair na caixa postal.
Engoli em seco, fechando os meus olhos por alguns segundos.
- Senhora? - ouvi o Maitrê me chamar.
- Sim? - perguntei me virando para o mesmo.
- Quatro novos convidados chegaram.
Sorrio, assentindo.
- Os guiou para o segundo andar?
- Sim, senhora.
Assinto novamente.
- Obrigada, Senhor Denvers - agradeço sorrindo fraco para o mesmo e subindo as escadas, ainda nervosa, encarando a tela do meu celular.
Mordo o meu lábio inferior, ligando para Addison novamente.
Eu estava tão desesperada, que sequer ligava mais para o fato de essa ser uma decisão completamente imatura. Eu apenas queria que Addison não viesse, para que, então, eu pudesse ter tempo para pensar melhor.
Novamente, a ligação caíra na caixa postal.
- Mer! - ouvi George me chamar, assim que pisei os meus pés no segundo andar.
- Você não conhece o sobrinho do Dani, não é?
- Ah, não, não conheço, George. - eu estava tão nervosa que sequer consegui o encarar direito. Eu apenas encarava o meu celular, esperando alguma resposta de Addison.
- Mer, você está bem?
Assinto, sem o encarar.
- Filha! Venha aqui - ouvi Flora me chamar e, naquele momento, eu tive noção de o quão encrencada eu estava.
O meu corpo inteiro estremeceu. A saliva fugiu dos meus lábios. O meu coração parecia estar dando cambalhotas dentro do meu peito, as minhas mãos suavam. Eu estava realmente encrencada.
- Mer, o que aconteceu? - ele perguntou novamente, preocupado. - Você está pálida.
- Não é nada, George. Eu... É... Eu apenas preciso falar com Addison. - Murmurei encarando o meu celular.
- Aconteceu algo com ela?
- Não, eu... Não, não aconteceu nada com ela. Eu apenas preciso falar com...
- Pois então fale!
- Ela não me atende, eu acho que...
- Mer, ela está atrás de você - George falou olhando para trás de mim e eu fechei os meus olhos, sentindo o perfume da ruiva
fazer-se presente, aproximando-se de mim gradualmente.
Me virei, vendo a ruiva parada á minha frente, vestida com o conjunto que eu havia separado para si. Os seus cabelos estavam soltos e lisos, ela usava um batom vinho escuro em seus lábios e havia passado pouquíssima maquiagem.
Seu rosto me encarava como se, estranhamente, ela já soubesse o que estava acontecendo. Não havia como, mas eu sentia que sim. Que ela sabia.
- Addison, como vai? - George a ofereceu a sua mão e ela apertou rapidamente.
- Bem, O'Malley, e você?
- Não poderia estar mel...
- Addison, podemos conversar? - perguntei sem conseguir aguentar-me. Em questão de segundos, Flora estaria ao meu lado, pronta para conhecê-la.
- Claro, querida. Aconteceu algo? - ela perguntou em um tom de voz ameno.
- Não aqui - sussurrei, pegando a sua mão e a puxando devagar para caminhar comigo até o banheiro.
Assim que chegamos lá, a mesma encostou-se no balcão e me encarou.
Soltei todo o ar preso em meus pulmões, sentindo-me estremecer.
- Eu... Ela está aí - solto rapidamente - E... Eu... Eu não vou conseguir fazer isso, Addison. Eu... Ela... Ela não pode saber. Ela não pode saber que... Que tudo isso é um contrato, que tudo isso é mentira. Ela... Ela não pode saber. E... E eu não serei capaz de fingir... Não para ela, eu... Eu... Eu não consigo, não consigo... Sequer... Eu... Eu...
A mesma viera até mim.
- Primeiramente, respire - a mesma falou calmamente e eu assenti, tentando o fazer. - Ela não saberá, se você não quiser que ela saiba.
- Você não entende, ela... Ela tem algo que... Ela sabe, Addison. Ela sabe quando estou mentindo, sabe quando... Quando... Ela sabe. Ela saberá, assim que me ver ao seu lado, assim que... Eu... Ela saberá assim que olhar para você e ver que... Que você não sente nada por mim, ela... Ela tem esse... Poder estranho de... De saber... Das coisas... E ela não irá conseguir manter isso para ela. Consequentemente sua mãe irá saber... George irá saber... Os funcionários... Eu... Ela irá se assustar e... E...
- Meredith, se acalme! Respire. - a sua voz ainda era calma, estranhamente calma.
Respirei fundo, fechando os meus olhos.
- Ela apenas irá saber se a ver dessa forma. Olhe para mim, Meredith - respirei fundo, sentindo as minhas mãos estremecerem e a encarei - Nós estamos casadas há, exatamente, quatro meses. Temos intimidade o bastante para não haver nenhum tipo de constrangimento entre nós duas. - ela fez uma pausa, se aproximando um pouco mais - Eu tenho a certeza de que você não me odeia, então não acho que seja difícil para você me tratar como uma pessoa normal. Você somente precisa olhar para mim como qualquer coisa que não seja sua sócia. Consegue fazer isso? Ver, em mim, alguém que não seja a sua sócia?
Assinto.
- Eu... Não a vejo como a minha sócia no dia a dia. Você é... - dou de ombros, desviando o meu olhar, sem conseguir a encarar - A minha esposa. Mesmo que falsa.
Ela assentiu.
- Ótimo. Então olhe para mim dessa forma. Me toque dessa forma. Converse comigo dessa forma. Ela não irá desconfiar de absolutamente nada. Eu não sou a sua sócia hoje. Você pode me tratar da forma em que trata a todos, agir naturalmente. Você consegue tratar a qualquer pessoa dessa forma... - ela pareceu tentar encontrar uma palavra - Delicada. Pode fazer o mesmo comigo. Você confia em mim?
Suspiro, sentindo-me, estranhamente, mais calma. Assinto.
- Eu pensei em... Se ela perguntar algo... Você poderia inventar que algo aconteceu no seu trabalho, por isso estamos tão nervosas e...
- Você está nervosa - ela me corrigiu e eu desviei o meu olhar novamente, sentindo as minhas bochechas esquentarem.
- Eu estou nervosa - me corrijo - O que pode ter acontecido?
- Não precisaremos disso - seu tom de voz me garantia isso. - Precisaremos apenas que você se acalme e encare tudo isso como um jantar normal, o qual, ocasionalmente, a sua esposa conhecerá alguém importante para você. Consegue fazer isso?
Respiro fundo, fechando os meus olhos.
- Para isso, eu preciso que você confie em mim.
Assinto, abrindo os meus olhos novamente.
- Eu confio em você. - afirmo, porque eu realmente confiava nela. Ela havia conseguido me acalmar de uma forma em que ninguém conseguiria.
Ela assentiu.
- Agora respire fundo algumas vezes e, assim que se sentir menos nervosa, saíremos.
Assinto, somente naquele momento, percebendo que a gola da sua camisa e do seu blazer estavam um pouco tortas.
Sentindo-me extremamente aliviada por ter algo sob o meu controle, ergo as minhas mãos, desabotoando o seu blazer e os dois primeiros botões da sua camisa.
Consertei a gola de ambos, mantendo-as alinhadas entre si e fechei o seu blazer novamente, alinhando-o em seus ombros.
- Estou bem - falo a encarando - Podemos ir.
Ela assentiu, passando a sua bolsa para a sua outra mão e tocando a minha cintura com a sua mão direita e me puxando para mais perto de si.
A mesma abriu a porta do banheiro e me encarou, eu a encarei de volta e respirei fundo, confirmando com a cabeça de que poderíamos ir.
A ruiva me guiou de volta até o salão e eu passei o meu braço também pela sua cintura, tentando esquecer de que aquele casamento era falso. Eu estava apaixonada por Addison. Eu a amava. Era isso que eu precisava pensar. Somente isso.
- Olhem só se não é o casal mais lindo dessa noite, além dos principais, é claro - A minha mãe, que já havia chegado, provavelmente enquanto eu estava no banheiro com Addison, exclamou animada.
- Como vai, sogra? - Addison a cumprimentou e a minha mãe a abraçou rapidamente.
- Ótima, minha nora, e você? Deve estar cansada, não é?
- Não o bastante - Addison respondeu amena.
Respirei fundo, encarando Flora, que estava de costas para nós, conversando animadamente com a mãe de Daniel.
- Addison, deixe-me a apresentar, esse é o Daniel, meu noivo - George viera até nós junto a Daniel.
- É um prazer, Addison - ele a ofereceu a sua mão e ela tirou a sua da minha cintura, o cumprimentando.
- Igualmente, Daniel. Parabéns pelo noivado.
- Muito obrigado. Parabéns pelo casamento - ele falou rindo e Addison agradeceu - Quantos meses mesmo, cunhada? - ele me perguntou.
Sorri, ainda um pouco nervosa.
- Quatro, Dani.
Ele sorriu, assentindo.
- Flora! Olhe quem chegou. - a minha mãe chamou a mesma, que virou-se no mesmo momento, sorrindo para mim e, então, para Addison.
- Filha! Eu já estava preocupada, você me parecia um pouco nervosa quando a chamei.
Engoli em seco, encarando Addison, que, com apenas um olhar, fizera questão de acalmar-me.
- Me desculpe, eu estava um pouco preocupada com Addison - falei sorrindo fraco - Ela não atendia as minhas ligações.
Flora riu, encarando Addison. E, então, eu senti o meu coração pulsar forte, ao analisar a sua expressão.
Ela parecia impassível. Parecia verdadeiramente analisar Addison.
- Então você é a mulher que fisgou a minha menina?
Encarei Addison, que, para a minha surpresa, sorriu. Da forma a qual ela sorria para mim, as vezes, quando eu fazia alguma brincadeira ou tentava descontrair.
O seu sorriso não era o mais aberto de todos, muito pelo contrário, ele não mostrava os seus dentes.
Mas, mesmo assim, ela ainda sorria. E aquilo realmente havia me pegado de surpresa.
- E a senhora deve ser a mulher a qual a minha mulher não para de falar a semana inteira.
Flora sorriu, e fora como se um enorme peso houvesse sido tirado das minhas costas. E, então, a mesma abraçou Addison, que devolveu o abraço.
- Flora Miller, querida - ela se apresentou - Espero que ela tenha dito coisas as coisas boas, e não as chatas.
Addison assentiu.
- Somente o quão a senhora é importante para ela.
A morena me encarou e sorriu ainda mais, elevando a sua mão até a minha bochecha e a apertando.
- E ela ainda mais para mim. Essa formiguinha é uma das pouquíssimas coisas valiosas que possuo na vida.
Sorrio, acariciando a sua mão.
- Então imagine a minha surpresa, quando liguei para a minha melhor amiga e descobri que a nossa filha estava casada. Eu quase enlouqueci!
Apertei a cintura de Addison, um pouco nervosa, e a mesma passou o seu braço pela minha cintura novamente, apertando-a levemente, me passando uma sensação única de segurança.
- Posso imaginar o quão isso a assustou, senhora Miller...
- Humm, já pode ir parando por aí. Se realmente quer que eu goste de você, me chamar de senhora não é o caminho. E muito menos pelo meu sobrenome. Chame-me apenas de Flora.
Addison sorriu, assentindo.
- Vamos nos sentar? - a ruiva perguntou revezando o seu olhar entre eu e Flora. Assentimos, nos encaminhando até um dos sofás que haviam ali.
Addison se sentou e eu me sentei ao seu lado, tendo Flora no sofá á nossa frente, parecendo ainda nos analisar.
- Então... Quero essa história esclarecida, se for possível.
Addison assentiu.
- Não há mistérios. Eu não sou a mulher mais paciente do mundo - Addison pousando a sua mão na minha coxa. - E, assim que senti que as coisas entre eu e a sua filha estavam mais sérias do que eu, sequer, pensei que um dia estariam... Eu a pedi em casamento, e ela, para a minha surpresa, aceitou.
Flora me encarou.
- Não havia o que pensar - falei encarando Addison, que sorriu para mim.
Enlacei o meu braço ao seu e pousei a minha mão trêmula por cima da sua.
A mesma percebera, pois entrelaçou os seus dedos aos meus e eu senti o seu polegar acariciar o dorso da minha mão calmamente. Era um ato, claramente, para mim, falso. Mas estava realizando o perfeito papel de me acalmar.
- Isso realmente é estranho, vindo de você, filha. Você nunca toma decisões precipitadas.
- Não foi uma decisão precipitada - falei tentando manter o meu tom de voz em sua altura e intensidade normal - Eu só... - suspiro - Pela primeira vez eu... Havia encontrado alguém que... Me fez sentir... - respiro fundo - Todas as sensações tão... Únicas em que Addison fez. Não havia o que pensar. - falei dando de ombros.
- A falência da empresa também fora uma motivação para que o nosso casamento ocorresse o mais rápido possível - Addison falou, me surpreendendo. O meu coração pulsou forte dentro do peito, Flora iria perceber. Ela iria perceber a principal motivação daquele casamento.
- Por que?
- Eu queria fazer o que estivesse ao meu alcance para ajudar. Ainda quero. Tendo a sua filha como minha esposa... Ela haveria uma garantia fixa. Caso algo a mais acontecesse com a Grey's.
Flora assentiu e, assim que ela abriu a boca para perguntar algo, fora interrompida.
- Filha! - Beatrice havia chegado novamente.
Addison se levantou.
- Oi, mãe. - a mesma a abraçou - Como está?
- Bem, amor, e você? Está realmente bem? - a morena perguntou acariciando o seu rosto e o analisando.
- Estou.
A mesma assentiu.
- Bizzy, quero que conheça alguém especial para mim - falei também me levantando, sendo seguida por Flora. - Essa é Flora, minha ex-professora e... Minha mãe.
Beatrice a lançou um sorriso iluminado e Flora o correspondeu.
- Você me falou bastante dela, Mer, mas não me disse o quão linda ela era!
Flora riu, a abraçando.
- É um prazer conhecê-la, Flora. Sou Beatrice, mãe da Addison.
- O prazer é inteiramente meu, querida. Agora posso claramente ver de onde a minha nora puxou tanta beleza.
Beatrice riu, se sentando ao seu lado e as duas começaram a conversar animadamente.
- Meu amor, olhe só! - Lisa viera até nós, com o sobrinho de Daniel no colo - Ele está tão comportadinho! - Flora riu, assentindo - Oh, então você, enfim, está acompanhada, Mer.
Sorrio, assentindo e entrelaçando os meus dedos aos de Addison novamente.
- Lisa, essa é Addison, minha esposa. Meu amor, essa é Lisa, esposa de Flora, e, também, minha ex-professora.
- É um prazer, enfim, conhecê-la, Addison - Lisa a cumprimentou com um abraço desajeitado, por estar com o pequeno no colo. - Você vem sido a grande pauta das conversas antes de dormir com a minha mulher.
Addison sorriu.
- O prazer é meu, Lisa.
- Vocês juntas... São uma obra de arte! - ela falou sorrindo, seus olhos brilhavam.
Sorri, encarando Addison, que me encarou rapidamente de volta.
O sobrinho de Daniel me encarou, sorrindo para mim e o meu coração derreteu-se no mesmo momento.
- Oi, amor - sussurrei para ele - Você está enorme! Quantos aninhos?
- Fale para a titia, Davi, você tem dois!
- Doiz - ele falou sorrindo com a língua entre os dentes.
Rio, apertando levemente as suas bochechas e ele também riu, estendendo os seus braços para mim.
O peguei no meu colo, acariciando os seus cabelos.
- Você está um garotinho muito arrumado, Davi. - falei beijando a sua bochecha - Um verdadeiro príncipe! - fiz cócegas no mesmo e ele riu, abraçando o meu pescoço.
O vi focar seu olhar em Addison, sorrindo para ela.
Forçando-me a esquecer de que aquela mulher ao meu lado era nada mais do que a minha sócia, eu ri para o pequeno, começando a falar.
- Essa é a tia Addison - o apresentei para Addison - Você consegue dizer o nome dela? Addison.
- Atison! - ele falou e eu ri, beijando as suas bochechas. Sendo acompanhada por todos ali.
- Mais ou menos isso, pequeno. - murmurei para eles acariciando o seu rosto.
De soslaio, encarei Addison, que encarava o pequeno com um olhar ameno em seus olhos, e um mínimo sorriso de lado.
Pegando-me de surpresa, ele estendeu os seus braços para Addison, que me encarou confusa.
- Ele quer que você o pegue no colo - falei sorrindo e ela ergueu as suas sobrancelhas bem feitas.
- Não tenho experiência com isso - ela falou negando.
Davi praticamente jogou-se para o seu colo.
- Não é tão difícil - falei sorrindo para a mesma e, sem sequer pensar, sussurrei: - É bem mais fácil pegar a ele do que a mim.
Ela me encarou, erguendo uma das suas sobrancelhas e eu senti as minhas bochechas esquentarem de forma insuportável. Desviei o meu olhar, sentindo o meu coração parecer querer sair pela minha garganta.
Aquela frase havia saído tão naturalmente, que eu não poderia deixar de estar assustada comigo mesma.
- Não tem experiência com crianças, Addison? - Flora perguntou.
- Nenhuma - Addison respondeu.
- É um impasse. A sua esposa quer ter inúmeros filhos. Ou mudou de idéia com o casamento, Mer?
Suspirei, mordendo o meu lábio inferior, completamente desconfortável.
- Eu... Bem...
- Não, ela não mudou de idéia - Addison respondeu sorrindo fraco - Mas não é algo que queremos por agora. Daqui até lá, eu me irei me acostumar melhor com a idéia.
Flora assentiu sorrindo.
- Filho! A mamãe estava procurando você, amor. Eu preciso trocar essa camisa.
Davi abraçou o meu pescoço, enterrando a sua cabeça no mesmo.
A sua mãe riu, vindo até mim.
- Me desculpe por isso, Meredith - ela falou rindo - É um prazer a ver novamente.
- Não há porque se desculpar, Susan, esse pequeno é um garotinho muito doce - falei acariciando os cabelos dele - O prazer é todo meu.
Ela sorriu, encarando Addison.
- Essa é minha esposa, Addison. Amor, essa é Susan, irmã do Daniel.
- É um prazer a conhecer, Addison.
A minha mulher a cumprimentou amena, apertando a sua mão e devolvendo a fala.
- Agora venha, amor, nós precisamos trocar essa camisa.
Ele se virou e foi para o colo da mãe, soltando um beijo estalado para mim.
- Diga para a tia Mer que você já volta.
- Já voto ti Mer.
Eu ri, assentindo.
- Estarei o esperando, meu amor.
Susan sorriu, o levando até, provavelmente, o banheiro.
Vi Cristina caminhar até nós e engoli em seco, já esperando o clima pesado em que ficaria no ar, entre ela e Addison.
- Mer, o Maitrê precisa que você decida os vinhos - ela falou para mim e encarou Addison dos pés a cabeça, a cumprimentando com um aceno de cabeça, Addison repetiu o ato.
- Você poderia me ajudar a escolher os vinhos, meu amor? - pergunto para a mesma, que assentiu. - Com licença. - pedi, caminhando com Addison até um canto do salão.
- Meretissima, é um prazer vê-la novamente - o Maitrê a cumprimentou e a mesma apenas assentiu.
- O cardápio de bebidas - ela pediu e ele a entregou. - Vinho branco agora, vermelho no jantar, um champanhe depois e, após os brindes, serem servidas bebidas diversas? - ela me encarou e eu assenti, sorrindo fraco.
- E suco para Davi! - lembrei-me.
A vi falar o nome dos vinhos que escolhera para cada ocasião e escolher o suco. E, então, o Maitrê agradeceu, afastando-se.
- Você acha que... - respiro fundo - Estamos indo bem, até agora?
- Como sempre - ela deu de ombros, oferecendo a sua mão para que eu pegasse novamente, um mínimo sorriso fez-se presente em meus lábios e eu toquei a sua mão, deixando-me ser guiada, novamente, até a ala completamente organizada para interações.
Nos sentamos no mesmo sofá e, assim que o fizemos, Flora me encarou.
- Então, onde foi mesmo a lua de mel?
- Cancún - respondi.
- Eu e Lisa estivemos lá no mês passado.
Sorrio, encarando Addison.
- Ela e Lisa tiraram os últimos dois anos para viajar pelo mundo. Uma idéia repentina e completamente impulsiva, assim como a autora dela - falei encarando Flora, que revirou levemente os seus olhos.
- Tudo em que eu sei, é que a vida é curta demais para que eu perca toda ela presa no meu trabalho.
- Ei! - Lisa sentou-se ao seu lado.
- Me desculpe, amor, eu amo o nosso trabalho - ela falou deixando um selinho nos lábios de Lisa - Mas estou falando a verdade.
A loira revirou os olhos.
- Até parece que você não viveu trabalhando esses últimos dois anos.
- Trabalhar na Grécia foi incrível, meu anjo - ela falou e todos nós rimos. - Então, vamos para as novidades. Cristina, por Deus! Como você, justo você, está grávida?
A minha amiga riu.
- Bom, tia Flora... Eu não sou o tipo de mulher que gosta de sair por aí dando detalhes... Mas como você tem uma experiência completamente diferente em casa, talvez eu possa explicar. Foi assim, eu e o...
- Por tudo que é mais sagrado nesse mundo, não estrague o meu dia contando mais uma vez como essa criança foi feita, Cristina Yang! - George falou e todos nós rimos. Cristina realmente havia contado isso a nós dois. Não somente uma vez.
- Obrigada, George - Flora o agradeceu. - Oh, mas eu estou tão ansiosa para ver o rostinho desse bebê. Você precisa achar um nome para ele logo, Yang.
- Isso é com a outra mãe dele - ela apontou para mim - Eu já estou fazendo o favor de carregar ele dentro de mim, e de aguentar mais de quatro meses sem sexo. Enquanto ela...
A fuzilei com um olhar, sentindo as minhas bochechas esquentarem.
- Não acredito que seja algo que as mães delas gostem de ouvir, Cris, então obrigado - George falou rindo e eu entrelacei o meu braço ao de Addison, desviando o meu olhar para a sua mão na minha coxa. Ajeitei as suas alianças, evitando todo aquele constrangimento.
As bebidas foram servidas e nós começamos a beber, conversando amenidades.
Flora nos encarou novamente, parecendo nos observar e eu engoli em seco, sentindo o seu olhar enigmático demais para que eu pudesse entender.
Todo conversavam animadamente, Susan havia se sentado ao meu lado brevemente, compartilhando alguns detalhes sobre Davi e sobre o quão ele estava crescendo rápido. Mas assim que o seu marido precisou da sua ajuda com o pequeno, ela me pediu licença e saiu.
Addison bebericava o seu vinho tranquilamente, e também havia acabado de sair de uma conversa com a sua mãe.
Observo Beatrice, que parecia extremamente feliz conversando com Flora e a minha mãe. Elas haviam realmente se dado bem, riam como se fossem antigas amigas, e não como se houvessem se conhecido naquele dia.
- Elas se deram bem - Murmurei para Addison, as encarando.
A encarei, de soslaio, e a vi assentir.
A mesma suspirou e me encarou.
- Menos nervosa? - ela murmurou baixo e eu assenti, sorrindo fraco.
- Consideravelmente. Porém a noite só está começando. Ela irá a encher de perguntas daqui a pouco.
- Lido com empresários insuportáveis o dia todo perguntando-me coisas completamente desnecessárias, posso aguentar uma mãe preocupada com a própria filha - ela falou bebericando o seu vinho.
Eu sorri, negando com a cabeça, ainda a encarando.
Aquela não era a Addison minha sócia. A Addison empresária de renome, a juíza mais influente e mais temida da América. A mulher em que, maioria das pessoas que a conheciam, a temiam.
Ela parecia ser apenas a Addison que eu conheci na África. A Addison que é um ser humano normal, como todos os outros.
E que não é tão assustadora o quanto parece.
Isso me ajudou a me acalmar ainda mais, e realmente aproveitar daquele jantar.
Eu não estava jantando com a minha sócia, a minha família e os meus amigos.
Eu estava jantando apenas com a minha família e os meus amigos.
Sem negócios, sem contrato.
Respirei fundo, mordendo o meu lábio inferior.
Eu deixaria aquele contrato de lado apenas aquela noite. Para que Flora realmente acreditasse, precisava ser real.
Não necessariamente verdadeiro, mas real. Eu precisava parar de temer Addison, precisava utilizar toda a intimidade que havíamos conquistado esses meses, mesmo que não fosse muita.
Era a única forma efetiva que eu tinha de possuir por completo a confiança de Flora.
Portanto, levei o meu polegar até o canto dos seus lábios, o limpando da mínima borra e batom que havia ali e deixei um beijo no local, sorrindo para a mesma.
- Está vendo? Não é tão difícil assim fingir estar apaixonada por mim - ela sussurrou bebericando o seu vinho.
Cerrei o meu olhar, sem conseguir conter um riso.
- Sem gozações - Murmurei para a mesma, que apenas assentiu, me encarando com um olhar ameno.
Ainda sorrindo, desviei o meu olhar para Flora, que nos encarava com um olhar inquisidor.
- Então, Addison, como você e a minha filha se conheceram mesmo?
- Em uma festa.
- Dessas insuportáveis as quais nós odiamos ir, Flora - falei sorrindo para a mesma, que assentiu.
- E? - ela perguntou para Addison, com uma sobrancelha erguida.
- E eu a convidei para dançar. Ela aceitou. Nós dançamos, conversamos, trocamos os nossos números de telefone e, um mês depois, começamos a namorar.
A mesma acariciou a minha coxa e eu entrelacei os meus dedos aos seus novamente.
- Quatro meses depois ficamos noivas. E nos casamos dois meses depois do nosso noivado.
- Você é realmente uma mulher rápida.
- Apenas para situações que valem realmente a pena. Acredito que, se quero que algo realmente aconteça, não há porque esperar.
Flora assentiu.
- Você tem irmãos, Addison?
- Dois. Mais velhos.
Flora assentiu novamente.
- O que a fez escolher por direito?
- Controle - Addison respondeu e eu a encarei, realmente interessada - Gosto de ter controle sobre as coisas. Gosto de manter tudo no estado natural de sua formação. A justiça fora feita para isso.
- Entendo. Como ou onde você se vê daqui há dez anos?
- Não me importo com isso - a mesma respondeu tranquilamente - Apenas quero a sua filha ao meu lado.
Desvio o meu olhar, sentindo o meu coração, estranhamente, se apertar.
Eu não estaria ao seu lado daqui há dez anos. Isso era mais do que óbvio.
Eu sequer sabia se iríamos manter contato, ou se seria como se nunca houvesse nada entre nós. Nós seríamos completas estranhas. E isso era estranho.
Me parecia estranho demais virar uma completa estranha da minha atual esposa, mesmo que falsa. Era estranho demais pensar que, daqui há dois anos e alguns meses, a minha rotina mudaria por completo. Eu não teria mais a rotina corrida que eu tinha com Addison.
Era, no mínimo, estranho.
- Bizzy, tia Ellis, tia Flora - George chamou a atenção das mesmas e eu senti como se estivesse sido arrancada da minha própria mente. Eu havia perdido o rumo da conversa. - A minha mãe está subindo, eu queria saber se... Vocês poderiam a incluir na conversa.
Minha sogra riu.
- Claro que sim, meu querido! Não faltará assuntos, afinal, somos todas mães!
Ele riu, assentindo.
- Muito obrigado, Bizzy. - ele se virou - Mamãe!
Encarei Cristina, que estava sentada em uma poltrona num canto, e mantinha o seu olhar sobre mim e, é claro, sobre Addison.
- Se comporte - murmurei para ela, que revirou os olhos.
- Deixe-me os apresentar. Mamãe, a Mer, a Cris, a tia Ellis, a tia Flora e a tia Lisa você já conhece.
Sorri fraco para a mesma, a cumprimentando com um aceno de cabeça, e ela apenas o devolveu, sem nenhum tipo de sorriso ou cumprimento mais caloroso.
- Aquela mulher ao lado da Mer é a esposa dela, Addison.
Addison apenas a cumprimentou com um aceno de cabeça, após a mãe de George a cumprimentar da mesma forma, friamente.
- Aquela é Beatrice, mãe de Addison. Bizzy, essa é Nancy, minha mãe.
- Como vai, querida? - Beatrice se levantou, a oferecendo a sua mão e, por um segundo, eu achei que aquela mulher não a apertaria de volta, mas ela o fez, da maneira soberba que costumava agir.
- Bem - ela respondeu grosseiramente e eu vi a minha sogra sorrir fraco, assentindo e se sentando novamente.
- E essa... - ele puxou a mãe de Daniel - É a mãe do Dani, mamãe. Ellen, essa é minha mãe.
Ellen, a mãe de Daniel a cumprimentou educadamente, e Nancy apenas respondeu friamente.
Respirei fundo, sentindo o ar mudar completamente. Todos nós estávamos tão felizes antes de ela chegar.
Mas George não precisaria saber disso.
- Bom... Eu irei na cozinha ver como tudo está encaminhando - falei e logo encarei Addison - Já volto - Murmurei deixando um selinho em seus lábios e ela assentiu.
- Vou com você - Cristina falou também se levantando.
Saímos dali juntas.
- Você sentiu? - perguntei a encarando.
- É claro. Somente ela não sentiu, até porque, ela já deve estar acostumada com o próprio veneno.
Suspiro.
- George está tão feliz, Cris. Não podemos deixar nada acontecer essa noite, entendeu?
Ela assentiu.
- Ele é a única coisa que me impede de tirar esse sapato e jogar na cara dela.
Rio, negando com a cabeça e entrando na cozinha.
- Senhora! Que bom que chegou - Miranda exclamou animada - Já está tudo pronto. Serviremos ao seu comando.
Encarei Cristina.
- O clima ficou pesado, acho melhor você servir logo.
Assinto.
- Prepare para ser servido então, Miranda.
Ela assentiu.
- E, depois de preparar tudo, você e as meninas irão se sentar e jantar conosco - ela ergueu as suas sobrancelhas, rindo.
- Ah, senho...
- É uma ordem - falei a lançando uma piscadela e saindo dali ao lado de Cristina.
- O que está rolando entre você e Luci? - Cristina perguntou me encarando.
- O que? Como assim? - pergunto confusa.
- Você entendeu, Meredith. Vocês estão diferentes... Sei lá. O que está rolando?
Respiro fundo.
- Flora não pode desconfiar de absolutamente nada. Por isso conto com a sua ajuda. Nada de provocar Addison hoje também, ok? Esse jantar não pode se tornar uma catástrofe.
Ela revirou os olhos.
- Você sempre tirando as partes mais engraçadas de tudo.
- Eu estou falando sério, Cristina Yang.
Ela ergueu suas mãos, em sinal de rendição.
- Ok - ela murmurou me encarando.
- Tem certeza que tudo isso tem a ver apenas com a tia Flora?
Ergo as minhas sobrancelhas, sem entender onde ela queria chegar.
- Do que você está falando?
Ela cerrou seu olhar, me analisando.
- Nada, esquece.
Resolvi deixar aquilo para lá, pois eu era a pessoa que mais sabia o quão Cristina Yang poderia ser implicante quando queria. E isso era apenas ela tentando ser mais do que o seu normal.
- O jantar será servido - comuniquei sorrindo - As mesas já estão organizadas para todos nós.
Todos assentiram e nos dirigimos até as mesas.
Nos separamos em quatro mesas. Na minha, ficamos eu e Addison lado a lado, Flora de frente para Addison e Lisa de frente para mim, a minha mãe ao lado de Flora e a mãe de Addison ao seu lado.
Cristina se sentou na cabeceira, entre Ellis e Beatrice.
Em poucos minutos, os garçons começaram a vir até nós, trazendo-nos os nossos pratos, já servidos.
Me levantei rapidamente, pedindo licença e indo até a cozinha rapidamente.
Guiei Miranda, Eloise e Helm até uma mesa e as mantive confortáveis ali. Elas eram da família.
Me sentei ao lado de Addison novamente e começamos a comer em harmonia.
- Então, Flora, qual matéria da escola você ensinou para a minha nora? - Beatrice perguntou, arrancando um riso de Flora e Lisa.
- Ah, eu não fui professora dessa formiguinha na escola. Ela estudou na minha academia de ginástica e dança. Miller's Academy.
Beatrice me encarou, perplexa.
- Você dança?!
Mordi o meu lábio inferior, bebericando o meu vinho e sentindo o olhar de Addison também pousado sobre mim.
- Bem... Eu... Não...
- Eu espero mesmo que você não termine de dizer o que diria, Meredith Montgomery! - Flora me repreendeu - Porque isso seria um afronte a sua professora favorita, que tanto a treinou para isso.
Sinto as minhas bochechas esquentarem.
- Eu iria dizer que não... Sou profissional. Não na dança. Nunca foi algo em que eu me destaquei - falei dando de ombros.
- Porque o seu talento sempre foi a ginástica, meu amor! Assim como eu - Flora falou sorrindo - Essa baixinha ganhou todos os prêmios de todas as competições em que participou, todos de primeiro lugar. Ela é o meu grande orgulho. Suas fotos estão espalhadas por toda a minha academia. A cada vez que as vejo... Meu orgulho cresce ainda mais.
Sorrio, ainda um pouco envergonhada.
- Como nunca soubemos disso, Mer? - Beatrice me perguntou.
- Eu... não sei, sogra. Mas sempre achei que Addison os contou - falei rapidamente. Era óbvio que Addison não sabia, mas também era óbvio que, se Flora possuísse a pequena noção de que ela não sabia, ela descobriria tudo.
- Eu... Estou perplexa! - Beatrice murmurou.
Sorrio.
- Não é nada demais. Eu... Acabei não seguindo a carreira e terminei os meus estudos aos dezoito.
- Ela nunca me ouviu, Bizzy - Flora murmurou em falsa indignação - Ela sempre soube que uma metade do seu coração estava na ginástica, mas insistiu em atropelar as suas próprias paixões e fazer direito.
Engoli em seco, desviando o meu olhar.
Eu não queria falar sobre aquilo. Muito menos ouvir aquele monólogo retórico de sempre.
Eu sempre tomava as decisões erradas. Eu já sabia daquilo.
- Mas... Por que, Mer? Pelo que a sua outra mãe fala... Você era ótima. Eu só não entendo o porque...
- Mãe, podemos mudar de assunto? - Addison me surpreendeu, ao interromper a sua mãe. De soslaio, a vi encarar a minha sogra.
- Ah, claro. Me desculpe, Mer. Eu não queria...
- Está tudo bem, sogra - sorri fraco para ela, erguendo o meu braço e apertando a sua mão.
Senti a mão de Addison apertar a minha coxa, estranhamente, me passando uma sensação de segurança e suspirei, a encarando.
Com apenas um olhar, a mesma me fez sentir segura novamente, era como se ela entendesse tudo, e como se estivesse me pedindo desculpas pela sua mãe, e, ainda sim, era como se ela entendesse. Verdadeiramente entendesse.
Apenas um olhar fora capaz de dizer-me tudo aquilo.
Sorri fraco para a mesma, assentindo devagar e voltando a minha atenção para o meu prato.
- Enfim... Essa é uma das inúmeras razões pela qual essa pequena é muito mais do que apenas uma ex-aluna. Ela é... Muito mais do que parece ser.
Sorrio para a mesma, sentindo o meu coração se aquecer.
- Inclusive, Bizzy, quando você quiser, está convidada para visitar a nossa academia.
- Me sinto honrada, Flora. Já ouvi falar muito bem da Miller's Academy. E a dona é literalmente a segunda mãe da minha nora. Como esse mundo é pequeno!
Ellis riu.
- Pois é, Biz - a minha mãe concordou.
- Eu também queria que a Addie frequentasse uma academia de dança, ou ginástica. Mas ela sempre preferiu aprender línguas - Beatrice falou dando de ombros.
- Uma criança prodígio, eu suponho - Flora comentou.
- Ah, você não tem noção. Não era algo que eu achava bom, não na maioria das vezes. Addison tornou-se fluente em alemão aos nove para dez anos de idade. Tudo isso, porque enquanto os seus irmãos brincavam, ela preferia ficar trancada no nosso escritório por horas a fio, aprendendo, sozinha. Ela sempre foi uma autodidata.
- Uau! - Lisa murmurou sorrindo - Isso deve ser incrível!
- Não tanto o quanto parece. Mas me orgulho de o quão esforçada e focada a minha filha é - Beatrice falou sorrindo para Addison. O seu olhar brilhava em orgulho.
- É incrivel o quão as nossas filhas são idênticas! - Ellis falou rindo - Meredith sempre foi assim, porém com a ginástica. Houve um dia... - ela riu novamente e eu já sabia sobre o que ela iria dizer - Ela tinha... Dezesseis anos, eu acho. E estava de férias. Ela iria competir em San Francisco no fim das férias... Dois dias antes da competição, ela simplesmente saiu de casa para ir até a academia e não voltou no horário em que costumava voltar. Às 19:00. Eu, é claro, fiquei extremamente preocupada ao chegar em casa e não a ver. Liguei para Flora, que também não havia a visto sair. Esperamos até às 23:00, achando que, talvez, ela poderia ter ido para a casa de Cristina, ou até mesmo de George. Nada. Quando Flora resolveu ir até a academia para checar, porque ela já conhecia bem a nossa filha... Meredith estava lá, ainda treinando.
- As mãos quase machucadas, eu preciso adicionar - Flora falou me encarando, suspirei, desviando o meu olhar.
- A dedicação dela... - minha mãe falou sorrindo - Era linda de se admirar. E, a cada vez que ela ganhava mais um troféu, o meu coração enchia-se ainda mais de alegria.
Aquela conversa não estava me deixando nada confortável, porque lembrar-me de tudo que eu fiz pela ginástica, de o quão eu adorava praticar, mas também de o quão eu tinha medo de falhar e, por isso, me trancava na minha sala favorita por horas e horas a fio, repetindo tudo até que eu sentisse os meus músculos arderem em dor. Não era algo que eu gostava de relembrar. Não o quão eu me esforcei para, no fim, me formar em direito.
Era patético.
Senti o olhar de Cristina queimar em mim e a encarei.
A mesma, apenas por um olhar, perguntou se eu estava bem e eu assenti, desviando o meu olhar novamente, para qualquer coisa que não fosse aquela conversa.
- Bem... - Cristina limpou a sua garganta - Com certeza o nosso filho terá que estudar na Miller's. Não aceito que essa criança tenha zero flexibilidade igual a mim.
Flora riu.
- Falando nisso... Já tem uma data para o nascimento, Cris?
- Outubro, tia Flora. Apenas não sabemos quando. Eu e George fizemos uma aposta, espero que eu ganhe.
- Ei, por que não me puseram na aposta também? - perguntei fazendo um bico, tentando dispersar os meus pensamentos das lembranças ruins que começavam a aparecer.
- Duh! Porque você é a mãe de verdade dessa criança. Você sabe tudo, não vale. Tenho certeza de que você acertará a data.
- Isso não é justo, só porque eu sei mais sobre esse bebê do que você mesma?
Ela me mostrou a sua língua.
- Quem diria... Cristina Yang grávida!
- Pois é, tia Flora. Esse é o peso que carrego pela minha sexualidade. Inclusive, deve ser realmente incrível fazer sexo sem ter que se preocupar em engravidar, não é?
- Você não tem noção, Cris - Flora falou rindo.
- Você realmente não tem noção - Beatrice falou e nós a encaramos, um pouco surpresas.
- Ah, por favor! Eu sou mais velha do que pareço. O meu útero não sabe mais o que é ser fecundado desde 1990.
- Você tem somente três filhos, Bizzy? - Flora perguntou.
- Oh, Flora, três que valem por dez. Pelo menos o mais velho... Ele me dá o trabalho que as meninas não me deram.
- Homens - Lisa falou revirando os olhos.
- Addison é a do meio, então?
- Ah, não. A Addie é a caçula. A Amy tem 32, o Mark 35. E ela 30.
- Porém ela é como se fosse a mais velha - comento - A Amy e o Mark são... Um pouco menos...
- Maduros - Beatrice falou rindo. - Eles realmente são. A Amy não tanto, acredito que ela tenha a mesma maturidade que a Addie, quando se trata da vida profissional. Apenas se diferem nas personalidades. Completamente opostos.
- Mas são unidos, certo?
- Muito. Cada um da sua forma, mas sim. Acredito que Mark, por ser o mais velho, sempre terá uma conexão maior com a Addie. Instinto de irmão mais velho para com a irmã mais nova. E a Addie sempre foi mais apegada a Amy. Talvez porque a Amy seja tão mais... Delicada. Ela sempre precisou da proteção da irmã mais nova.
Sorrio, realmente imaginando Addison sendo dois anos mais nova que Amélia, a protegendo dos seus medos.
- E você, Flora, nunca sonhou em ter filhos? - Beatrice perguntou. - Vocês duas.
Desviei o meu olhar, sentindo-me desconfortável por Flora.
- Eu já tive. Um menino. Mas... - ela suspirou - Ele não resistiu - ela falou bebericando o seu vinho.
- Eu sinto muito, querida. Eu não queria... - Beatrice se apressou, claramente desconfortável.
- Ah, não, meu bem. Isso já fazem anos. Está tudo bem, você não disse nada demais.
A minha sogra sorriu, assetindo e afagando a sua mão.
Ouvimos o tilintar de uma taça e nos viramos, vendo Daniel, sorridente, em pé.
- Gostaria de propor um brinde - ele falou sorrindo e eu peguei a minha taça, a erguendo - Um brinde á família, aos amigos, mas, principalmente, ao amor - ele encarou George, que sorriu - O sentimento mais puro que qualquer indivíduo tem a sorte de encontrar na viagem confusa que é a nossa vida. E... Quando se encontra... Não há como fugir dele. Não há escapatória, porque o amor é um chiclete grudento de tuti-fruit que, quando agarra-se em seu sapato, não quer sair mais.
- Você está realmente me comparando com um chiclete, meu amor? - George perguntou e todos nós rimos.
- Eu avisei que sou péssimo em discursos, amor!
- Enfim... Um brinde á o quão inesperada a vida é. E ao quão o amor é um sentimento tão simples e descomplicado... Que pode nascer, até mesmo, na escuridão mais profunda de todas. E eu, um homem em que, há sete anos atrás, sequer acreditava que essa coisa louca de amor romântico existia verdadeiramente... Fui apresentado ao amor da minha vida, e, assim, ele, aos poucos, pacientemente, fez o amor verdadeiro e puro brotar no meu coração um pouco gelado. Obrigado por isso, meu amor.
Sorrio, sentindo o meu coração se apertar e brindei junto a todos na mesa, bebericando o meu vinho.
Tudo aquilo em que Daniel falara mexeu comigo de certa forma, porque eu sabia, intimamente, que eu poderia nunca viver aquilo. Eu poderia nunca achar o amor da minha vida, poderia estar fadada a viver fazendo escolhas erradas, a viver em função do medo de errar.
Eu não sabia o porquê, exatamente, eu sentia aquilo. Não sabia, exatamente, se era apenas por isso que o meu coração parecia querer sair pela boca.
Tudo que eu sabia era que eu havia sonhado com aquele momento por todos os dias da minha vida. O momento em que eu estaria no lugar do meu melhor amigo, e no lugar de Daniel estaria a mulher que me faria feliz para o resto da minha vida.
Eu sempre acreditei que isso iria acontecer, mesmo em meio a tudo. Eu sempre tive aquele fio de esperança aceso.
Mas, ultimamente, aquele sonho parecia ser o mais longe do que qualquer outro.
Talvez algumas pessoas estivessem destinadas a encontrar alguém, e outras, como eu, estivessem destinadas ao contrário.
- Você está bem? - despertei dos meus pensamentos, assim que senti a mão de Addison tocar a minha coxa e a mesma sussurrar no meu ouvido.
A encarei, insuportavelmente sentindo aquele aperto no meu peito intensificar-se. Algo em seu olhar havia feito isso. Eu só não sabia o quê.
- Sim - sussurro de volta, confirmando com a cabeça. Sentindo-me inconfortavelmente paralisada diante do seu olhar.
Addison me analisou por mais alguns segundos e eu observei os seus lábios se aproximarem e fechei os meus olhos instantaneamente, ao senti-los tocar os meus brevemente.
O meu coração pulsou fortemente dentro do meu peito e toda a saliva fugiu dos meus lábios, ao sentir os seus lábios macios tocarem os meus.
A mesma se afastou e eu abri os meus olhos novamente, engolindo em seco.
- Nós queríamos agradecer a todos pela presença - George falou e eu rapidamente voltei para a realidade, desviando o meu olhar de Addison e o encarando. - Vocês não tem noção de o quão significam para nós. - ele sorriu, me encarando - E, principalmente, agradeço imensamente a minha madrinha, por ter preparado tudo isso minuciosamente. Por ter se dedicado e por continuar se dedicando, para que a nossa felicidade seja tranquila e despreocupada. Obrigada, Mer.
Sorrio, assentindo.
- Eu amo você - sussurrei para ele, que sorriu ainda mais.
- Eu amo você - ele repetiu - Bom... Acho que podemos comer a sobremesa, e, então, irmos todos para o terraço!
Os garçons tiraram os nossos pratos e, então, trouxeram a sobremesa.
Miranda havia preparado um cheesecake de morango com o doce que eu não sabia o que era, mas que ela havia me feito provar na cozinha e eu havia amado.
Assim que o garçom serviu Addison, a mesma negou e ele fez menção de pegar o seu prato novamente.
- Deixe - falei sorrindo para ele, que assentiu, pedindo licença e se retirando.
- Sabe que não vou comer isso, não é? - ela sussurrou para mim e eu sorri.
- Claro que sei. Mas pedi para que ele deixasse para mim. - falei dando de ombros.
A observei, as suas sobrancelhas se ergueram e ela negou com a cabeça, parecendo achar graça.
- Não irá comer, Addison? - Lisa perguntou - Está uma delícia.
- Não como doces, Lisa - a mesma respondeu chamando um garçom - Me traga mais uma taça de vinho.
Ele assentiu, se retirando.
- Como consegue viver sem doces? É quase um pecado! - Flora falou e eu ri. - Como pôde se casar com alguém que não gosta de doces, filha?!
- Essa é a estratégia, Flora. - apontei para o prato de Addison - Sobra mais para mim - dei de ombros e todas riram.
- Você é realmente muito esperta! Eu e a sua mãe praticamente brigamos por doce todos os dias. Você acredita que ela comprou um pote de sorvete de morango de dois litros e tomou mais da metade sozinha, de madrugada, enquanto eu dormia?! - Lisa exclamou indignada.
- Eu estava nervosa! - Flora se defendeu.
- Eu não perdoaria essa traição - brinquei - Se fosse qualquer outro sabor, mas morango, senhora Miller?
Ela revirou os olhos.
- Não irei discutir com vocês duas! Vocês sempre fizeram um complô contra mim!
Lisa ergueu a sua mão e eu a bati com a minha, em um high five.
- A entendo, Flora. Eu também fiquei nervosa para o dia do casamento da nossa filha - a minha mãe falou - Comi tanto doce que sequer consegui dormir, de tão elétrica.
- É exatamente por isso que você é a minha melhor amiga, Ells. Nos entendemos desde sempre.
Lisa negou com a cabeça, revirando os olhos em falsa indignação.
Terminei de comer o meu prato e encarei o de Addison, mordendo o meu lábio inferior.
A mesma me encarou e o ergueu, trocando-o com o seu prato.
Sorri, a encarando.
- Obrigada - sussurrei e ela assentiu, pousando a sua mão na minha coxa.
Comi o seu cheesecake agradecendo, a todo momento, por ter tomado a decisão de pedir para que Miranda ficasse responsável por esse jantar. Ela havia realmente caprichado, como sempre fazia.
Assim que terminamos de comer, me levantei, pedindo licença e fui até a mesa de Miranda.
Ela conversava com as meninas animada.
- Com licença. Posso me sentar?
- É claro, senhora! - Miranda falou sorrindo.
Me sentei ao lado de Helm e de frente para Miranda.
- Apenas queria agradecer por tudo novamente, meu amor. Você foi... Incrível. Vocês foram. A comida estava divina, e a sobremesa, então... Muito obrigada.
Ela sorriu, acariciando a minha mão.
- Eu já disse, senhora Montgomery, tudo que eu puder fazer pela senhora, eu farei.
Sorrio, beijando as suas mãos unidas as minhas.
- Nós iremos ficar no terraço agora, venham conosco! Quero que aproveitem essa noite, assim como todos nós.
Elas assentiram e nós nos levantamos, indo até o terraço.
Mas, assim que eu percebi a mãe de George ainda sentada na sua mesa, sozinha, as deixei irem na frente e fui até ela.
- Estamos todos indo até o terraço, senhora O'Malley. A noite está tão fresca hoje. A senhora deveria ir.
Ela sequer me encarou.
- Estou bem aqui.
Suspiro.
- Eu posso imaginar que... Esteja sendo um momento difícil para a senhora... Ver o seu filho seguir os caminhos em que quer, e não os que a senhora planejou para ele.
Ela me encarou.
- Quem você pensa que é para falar assim comigo, garota?
- Eu não sou ninguém - dou de ombros - Apenas quero que... Olhe para o seu filho por alguns segundos e pense se não vale a pena deixar o seu ego de lado por um dia, e juntar-se as pessoas que ele ama para o fazer ainda mais feliz.
Ela desviou o seu olhar.
- A única coisa que nós duas temos em comum, é o amor pelo George. E, como alguém que o ama, eu digo, senhora O'Malley, isso fará muito bem a ele. Porque o seu filho a ama, apesar de tudo... Ele a ama, mais do que qualquer coisa nesse mundo.
Ela suspirou.
- Você pode deixar esse discurso vitimista para lá e me deixar sozinha.
Me senti patética ao tentar fazer com que aquela mulher enxergasse qualquer coisa além de si mesma, portanto, apenas assenti, a dando as costas e indo até o terraço.
Miranda e Eloise escolheram uma mesa em um canto e se sentaram.
Já estavam todos ali, sentados nos sofás e poltronas que haviam lá fora.
- Senhora? - Helm me chamou e eu me virei, um pouco assustada por a ver atrás de mim.
- Sim, querida?
- Eu... Posso fazer uma pergunta?
- Claro!
- Quando é o seu aniversário?
Me peguei surpresa diante da sua pergunta inusitada.
- Meu aniversário?
Ela assentiu.
- Dia 10 de novembro. Posso perguntar o por quê? - perguntei curiosa.
Ela sorriu fraco, e eu vi as suas bochechas ficarem vermelhas.
- Gosto de aniversários. E gosto de anotar a data de pessoas... Que são... Bem... De certa forma... Especiais para mim...
Assenti, sorrindo.
- Obrigatoriamente você me precisa dizer o seu.
Ela sorriu.
- Dia 7 de março.
Assenti.
- Não irei esquecer.
Ela assentiu e eu sorri, afagando o seu braço e me afastando, indo até Addison.
A mesma estava sentada em uma poltrona e conversava sobre algo com Flora, que estava sentada num sofá ao seu lado.
Me aproximei, encostando-me no braço da sua poltrona e tentando entender sobre o que elas conversavam.
- Normalmente trabalho na empresa, em maior parte do meu dia. Mas isso depende do caso que está em minha posse no tribunal. Alguns demandam mais do meu tempo. - Addison falou.
- Entendo, deve ser uma rotina puxada.
Addison assentiu, me encarando.
Sinto-a pousar a sua mão nas minhas costas e a levar até a minha cintura, guiando-me para sentar em uma das suas coxas.
O fiz, passando o meu braço pelo seu pescoço e encostando o meu queixo no topo da sua cabeça.
- Senhoras, o que desejam beber? - o garçom perguntou.
- Uma taça de vinho para mim, por favor. E Whisky para você, meu amor? - perguntei para Addison.
- Sim, querida.
- Duas taças de vinho para nós - Flora pediu para ela e Lisa, que havia se sentado ao seu lado.
- Addison, pelo que vejo, você me parece gostar bastante de se exercitar. Já fez ginástica? - Lisa perguntou.
- Não, nunca me interessei muito. Pratico alguns esportes, mas não com muita frequência.
- Por conta da rotina, eu imagino - Flora comentou.
- Sim. Tenho tempo apenas de ir na academia.
- Achei que você gostava de ginástica, olhando assim, você me parece ter uma boa flexibilidade.
- Não acho - Addison respondeu.
- Não é você quem tem que responder essa pergunta - Flora me encarou rindo - Tenho absoluta certeza de que você agradece todos os dias por ter uma esposa ginasta. Se não agradece, deveria.
Encaro Flora, sem acreditar que ela realmente entraria naquele assunto.
- Realmente não tenho do que reclamar - Addison respondeu me encarando e eu senti as minhas bochechas esquentarem.
- Nem eu - murmurei para a mesma, dando de ombros, sem sequer filtrar esse pensamento na minha cabeça.
- É bom saber disso - ela respondeu e eu sorri, desviando o meu olhar, tendo o olhar de Flora e Lisa sobre nós, encostei o meu nariz no topo da sua cabeça, um pouco envergonhada, sentindo o cheiro delicioso que emanava dos seus cabelos.
- Se você aceitar a minha proposta, Mer, irei a ensinar algumas posições que eu e Lisa aprendemos há alguns dias. São realmente... Incríveis, não é, meu amor?
Lisa riu, assentindo, e eu senti a vergonha tomar conta de mim por completo. Não por Flora e Lisa, mas por Addison.
- Ok, nós podemos parar de falar disso, não é? Eu amo vocês, amo a nossa amizade, mas não se esqueçam de que eu ainda as tenho como minhas mães. Então...
Flora revirou os olhos.
- Ela é tão puritana, Addison! Ellis a criou assim. Eu tive que a levar um pouco para o mau caminho, porque você consegue acreditar que ela tinha o sonho de casar-se virgem?!
Eu ri, sem conseguir aguentar-me e, ainda um pouco envergonhada, encostei o meu nariz nos cabelos de Addison, tentando esconder o quão as minhas bochechas deveriam estar vermelhas pela minha timidez.
- Sério? - Addison me encarou incrédula.
- Em minha defesa, eu tinha dezesseis anos!
Ela ergueu as suas sobrancelhas bem feitas.
- Eu apenas queria que a minha primeira vez fosse especial! - me defendi.
- Então se você se casasse com apenas cinquenta anos de idade, iria esperar até lá? - Addison perguntou e eu, inevitavelmente, ri.
- Ok, ok. Isso não passou pela minha cabeça. Mas, de qualquer forma, Flora fez questão de tirar essa idéia da minha cabeça.
- Com quem foi a sua primeira vez mesmo, Mer? Aquela morena, eu gostava tanto dela! Qual era mesmo o nome dela?
- Isabel - respondo, lembrando-me da minha primeira namorada.
- Ela era realmente apaixonada por você, era visível a qualquer um! - Flora comentou e eu assenti. - E você, Addison, com quantos anos perdeu a sua virgindade?
- Dezesseis.
- Viu, Mer?! É assim que vive!
Revirei os olhos.
- Acho que agora podemos parar de falar sobre as...
- Eu tinha quinze quando perdi a minha - Flora falou, me interrompendo.
- Ou não - murmurei, sentindo a outra mão de Addison tocar a minha coxa.
- Com um garoto, por incrível que pareça. - Lisa riu.
- Você consegue acreditar, Mer? A sua mãe já foi hétero um dia!
- É realmente algo de outro mundo - falei pegando a minha taça de vinho oferecida pelo garçom, o agradecendo.
Continuamos a conversar sobre amenidades, e, por incrível que parecesse, eu estava mais do que confortável ao lado de Addison. Mais do que normalmente.
Assim que lembrei-me da parte mais importante do jantar: os presentes, encarei Addison.
- Acha que é uma boa hora para sugerir que todos dêem os seus presentes? - perguntei, um pouco em dúvida.
Ela assentiu.
- Ok.
Me levantei do seu colo, indo até o lado de dentro do restaurante e pegando o meu presente e de Addison.
Anunciei a todos que iríamos começar a dar os presentes e todos buscaram os seus.
- O meu presente ainda está para sair - Cristina falou acariciando a sua barriga e todos rimos.
Senti Addison abraçar-me por trás e suspirei, sentindo o meu coração se aquecer.
Pousei os meus braços por cima dos seus e observei a felicidade de George e Daniel claramente estampada em seus rostos.
A mãe de Daniel começou, e, logo após, a sua irmã.
Eu e Addison fomos as últimas.
A ruiva tocou a minha cintura, guiando-me até Daniel e George.
- Espero que gostem - murmurei abraçando Addison de lado e observando os rostos dois dois tomarem uma expressão completamente assustada.
- Você está... De brincadeira, não é? - George murmurou.
- Você... Não... Gostou? - perguntei, um pouco nervosa.
Ele riu, aliviando-me no mesmo momento.
- Pelo amor de Deus, Meredith! Eu adorei! Isso... Isso deve ter custado um rim!
Sorrio, o abraçando.
- Não se preocupe com isso. Você e Dani merecem um anel de noivado e uma aliança dignas de vocês dois.
Eles riram, me abraçando e cumprimentando a Addison.
- Muito obrigada, cunhada.
- Eu apenas acho que deva haver um novo pedido de casamento - Beatrice comentou e todos nós rimos, concordando.
Daniel ajoelhou-se e eu sorri, abraçando o meu próprio corpo e sentindo-me extremamente feliz por eles. Mas, mesmo assim, aquela sensação de tristeza ainda habitava-me de forma insuportável.
Senti Addison abraçar-me por trás e suspirei, observando Daniel pedir George em casamento novamente.
- Eu acho que preciso pensar - George respondeu e nós rimos. Ele riu também, ajudando Daniel a levantar e o beijou apaixonadamente.
Sorrio, suspirando e observando o quão eles se amavam. Verdadeiramente se amavam.
Daniel tirou a aliança de namoro que eles usavam e colocou o anel de noivado em seu dedo, George repetiu o ato com ele e nós aplaudimos, todos felizes pela felicidade deles.
Após aquele momento, nos sentamos novamente, voltando a conversar sobre amenidades.
Dessa vez, Beatrice e Ellis juntaram-se a nós, conversando animadamente sobre George e Daniel.
- Amor, você pode me acompanhar até o banheiro? - Lisa pediu para Flora, alguns minutos depois, que assentiu, pedindo licença.
As duas se levantaram e a mãe de George chamou Ellis e Beatrice para falar algo, e as duas se levantaram animadas, saindo, deixando eu e Addison a sós.
Observei todas as pessoas ali por alguns minutos e, assim que pousei o meu olhar até o outro lado do terraço, vi Beatrice, a minha mãe, a mãe de George e a mãe de Daniel conversando.
Sorri, realmente feliz por Nancy ter feito aquilo, provavelmente arrastada por Beatrice e Ellis, mas, ainda sim, ela havia dado o seu braço a torcer.
Suspirei, encarando Addison, que passeava o seu olhar entre as pessoas ali, tranquilamente.
- Nós podemos ir até o parapeito? - pergunto para a mesma, que assentiu.
Me levantei do seu colo, estendendo a minha mão para que ela pegasse e ela o fez, passando o seu braço pela minha cintura e me guiando até o parapeito do terraço.
Abraço o meu próprio corpo, sentindo um pouco de frio e me encosto ali, observando a movimentação das ruas de NY lá embaixo. A noite estava linda, o céu inteiramente estrelado, a lua cheia brilhava de forma intensa, e eu me perdi no quão linda ela parecia estar, especialmente, naquela noite.
Senti Addison colocar o seu blazer sobre os meus ombros e sorri, a encarando.
- Obrigada - agradeço, realmente o vestindo e cruzando os meus braços abaixo dos meus seios, sentindo-me mais aquecida.
A observei encarar as ruas lá embaixo, parecendo imersa em seus pensamentos, ou apenas concentrada em beber o seu whisky.
- Como foi a sua tarde? - pergunto.
- Estressante. - ela me encarou - E a sua?
- Também. Eu não conseguia tirar da minha cabeça a possibilidade de Flora descobrir tudo.
- Ela sequer desconfia.
- Talvez - falo dando de ombros - Estamos sendo boas atrizes. Hollywood está perdendo uma grande fortuna.
Ela negou com a cabeça e eu vi o seu olhar tornar-se ainda mais leve.
- Obrigada, Addison. - falo verdadeiramente, sentindo a extrema necessidade de a agradecer por aquilo.
- Pelo quê?
- Por... Estar se esforçando para responder as inúmeras perguntas aleatórias de Flora. Por ter estado disposta a fazer isso, a fingir um pouco mais do que normalmente fazemos.
Ela suspirou, me encarando.
- Você realmente sonhava em casar-se virgem?
Eu gargalhei, não esperando por aquilo. Uma sensação extremamente gostosa me tomou por completo, e, assim que o efeito do riso passou, eu a encarei novamente, tentando me recompor. Ela sorria minimamente.
- Você realmente não vai esquecer isso, não é? - constatei.
Ela meneou a cabeça, me encarando com um olhar ameno.
- Preciso me lembrar de agradecer a Flora por me expôr tanto assim - Murmurei e ela sorriu fraco, ainda me encarando.
- Sei que parece que eu estava, praticamente, destinada a um convento. - ela assentiu - Mas... Não era um sonho genuinamente meu - falo dando de ombros - Quero dizer... Eu achava bonita a idéia, mas não surgiu de mim.
- Seu pai - ela murmurou, desviando o seu olhar. Vi, de soslaio, a sua mandíbula trincar-se e a expressão leve em seu rosto sumir, como em um passe de mágica.
- É - respondi suspirando - Mas, graças aos céus, Flora trouxe um pouco de perversão para a minha vida - falei rindo - Ela adorava fingir que iria jantar comigo, ou me ajudar a treinar um pouco mais, ou me ajudar com matemática, mas, na verdade, ela me levava em uma boate diferente todas as sextas.
Addison me encarou.
- Quantos anos você tinha?
- Dezessete, dezoito. Por aí - falei dando de ombros. A encarei novamente - E você?
Ela me encarou novamente, parecendo não entender.
- Não gostava de sair... Ir para festas, essas coisas?
- Não - ela respondeu dando de ombros - Sempre preferi estudar. Assim como você.
Eu ri, assentindo.
- Temos mais em comum do que eu, sequer, algum dia, cheguei a imaginar. - comentei, consertando os meus cabelos, que voavam com o vento.
- Por que acha que a escolhi para esse contrato? - ela perguntou me encarando.
- Porque tínhamos o que precisávamos? Você disse isso. - respondi dando de ombros.
- Também. Mas eu possuo o que muitas pessoas precisam. A escolhi, em meio as outras, porque senti que nos daríamos bem.
- O que a fez pensar isso? Você não me conhecia. - perguntei curiosa.
Ela deu de ombros.
- Eu não sei. Apenas senti.
Assinto.
- Mer, Addison! Vamos tirar uma foto! - George nos chamou, parecendo um pouco bêbado e eu ri.
- Você vem?
Ela assentiu, deixando o seu copo ali e me acompanhando.
- Ok, acho que não irá caber todo mundo em uma selfie, ei! Você pode tirar uma foto para nós? - ele chamou um garçom, que prontamente assentiu.
Todos estavam juntos, até mesmo a sua mãe.
Sorrio, realmente satisfeita por aquilo.
Parei ao lado de Beatrice e tirei o blazer de Addison rapidamente.
O deixei em cima de uma cadeira e parei novamente ao lado de minha sogra, sentindo Addison ficar por trás as suas mãos envolverem a minha cintura, me abraçando por trás. Pousei os meus braços sobre os seus e, sentindo o meu coração se aquecer, sorri para a foto.
Por um segundo, eu esqueci que tudo aquilo era uma farsa, um contrato, que nós não éramos um casal real.
Estranhamente, aquela idéia não me pareceu absurda. Era apenas Addison. A Addison que eu havia conhecido verdadeiramente na África, a Addison como pessoa, e não a minha sócia.
Aquilo não era nada absurdo.
- DIGAM XIS! - George falou animado, abraçando Daniel.
Todos rimos, o fazendo.
Nos afastamos, após algumas fotos tiradas.
- Mer, Addison! Vamos tirar uma foto de casal, vamos, por favor!
Encarei Addison, que deu de ombros.
Assenti, voltando até o local. Addison parou ao meu lado e passou o seu braço pela minha cintura, eu a abracei de lado, fazendo o mesmo com George e deitei a minha cabeça em seu ombro, sorrindo para a foto.
- Agora um beijo, por favor - George pediu e eu ri, encarando Addison.
Respirei fundo, focando o meu olhar ao seu e, então, o desviando para os seus lábios entreabertos.
A ruiva tocou o meu rosto, puxando-me para mais perto de si e encostando os seus lábios aos meus sutilmente.
Senti o meu coração pulsar forte com apenas o roçar dos seus lábios aos meus e toquei o seu pescoço.
Nos afastamos assim que a foto fora tirada e eu desviei o meu olhar, sem conseguir mantê-lo em si.
- TIA FLORA, TIA LISA, AGORA É A VEZ DE VOCÊS, VAMOS! - George as gritou e eu ri, me afastando novamente, ao lado de Addison.
- Ti Mer, mama! Ti Mer! - ouvi Davi me chamar e sorri, me virando e vendo-o correr até mim.
Me abaixo, abrindo os meus braços e o recebendo em um abraço apertado.
O peguei no meu colo, girando com o mesmo, que gargalhou.
- Você está tão cheiroso! - cheirei os seus cabelos e ele me abraçou pelo pescoço, deitando a sua cabeça no meu ombro - Você está com sono, meu amor?
A mãe dele acenou para mim e eu apenas a garanti que estava tudo bem.
- Ok, então vamos dormir - murmurei acariciando as suas costas - Você quer que eu conte uma história?
Ele assentiu.
- Ok. Era uma vez, um indiozinho muito, muito, muito engraçado, todos o chamavam de Bubu.
- Bubu - ele repetiu, fazendo carinho no meu rosto, sorri, assentindo.
- Exatamente. - murmurei, continuando a história e o ninando em meu colo.
Em poucos minutos, ele caíra em um sono profundo, sequer conseguindo terminar de ouvir o resto da história.
Beijei os seus cabelos, sentindo o seu cheirinho de bebê me acalmar por completo e suspirei, me virando.
Addison estava encostada no parapeito, observando algo que não consegui distinguir, enquanto bebericava o seu Whisky. Seu olhar pousou sobre mim rapidamente, mas logo desviou-se.
Me sentei em uma cadeira, colocando as perninhas de Davi ao redor da minha cintura e a sua cabeça deitada em meu peito.
Passei alguns minutos ali, sem dar-me conta do tempo, até que a sua mãe viesse até mim.
- Oh, Mer! Me desculpe, eu apenas percebi agora que ele dormiu.
Rio.
- Não se preocupe com isso, Susan. Gosto de sentir o cheirinho de bebê. Me acalma.
Ela sorriu, assentindo.
- Ele está enorme - comentei.
- Fará três anos em janeiro. Pode imaginar o quão estou assustada.
Assinto.
- Imagino. - comento limpando a testa suada de Davi.
- Você quer me dar ele? O colocarei deitado no sofá.
- Ok então, acho que é mais confortável para ele.
Ela assentiu.
- Me espanta ele ter conseguido dormir com você. O Davi não consegue dormir longe da mamadeira e do meu peito.
Rio.
- Ele estava com sono.
- Ah, mesmo assim! Ele nunca dorme sem mim. Ele realmente se sentiu seguro com você.
O entrego para ela e tiro os seus tênis, também a entregando.
- Você realmente tem jeito para a coisa, Mer. Acredito que... Você será uma ótima mãe.
Sorrio fraco.
- Obrigada, Susan.
Ela assentiu, acariciando o meu braço e saiu.
Me sentei novamente e e olhei ao redor, Addison não estava mais encostada no parapeito, e muito menos estava ao alcance da minha visão.
Suspirei, encarando o céu e me levantei, vestindo o seu blazer novamente e caminhando até o parapeito do terraço.
Fechei os meus olhos brevemente, sentindo o seu cheiro impregnado em mim trazer-me a sensação de conforto que eu já havia me acostumado a sentir.
Senti alguém abraçar-me por trás e abri os meus olhos, me virando.
Sorri, assim que vi Flora sorrir para mim e me abraçar de lado. Deito a minha cabeça no seu ombro, sentindo os seus dedos acariciarem os meus cabelos ternamente, da maneira que eu amava e suspiro, fechando os meus olhos novamente.
- Após o seu nervosismo hoje, você me parece bem mais leve - ela comentou. Desencostei a minha cabeça do seu ombro imediatamente, a encarando.
- Como você sabe que... Eu... Estava nervosa?
Ela suspirou.
- Eu a conheço, Meredith. Melhor que a mim mesma. Você sequer me encarou quando eu cheguei, assim que Addison chegou você rapidamente a puxou consigo e a levou para não sei onde... Você estava com os nervos a flor da pele, porque sabe que eu a conheço e que, por a conhecer tanto, eu tenho todo e qualquer direito de a julgar, ou de me meter na sua vida.
Engulo em seco, sentindo a saliva fugir dos meus lábios e o meu coração palpitar forte.
Ela havia percebido, e, ao contrário do que pensei, não havia feito um escândalo, ou, sequer, havia deixado transparecer.
- Eu... Eu... Flora, eu... Eu posso explicar, eu só... Eu...
Ela me encarou.
- Explicar o que? Eu a entendo! No seu lugar, eu estaria da mesma forma.
Franzo o cenho, sem entender.
- E, por mais que... Eu ainda ache esse seu nervosismo exagerado, sei que você apenas queria garantir que eu gostasse da mulher que você ama.
Sim, eu estava ainda mais confusa do que anteriormente.
- Eu não sei como, não sei o porquê e não sei, exatamente, o quê. Mas eu nunca presenciei o olhar que você possuiu essa noite inteira hoje, Mer.
- Como... Como assim? - indaguei, completamente confusa.
- Eu não sei - ela deu de ombros - Mas... Eu nunca a vi olhar para alguém assim como você olha para Addison. E, por mais que eu não a conheça bem... Ela me parece a mulher certa para você, meu amor. Apenas... Tenho a reclamar da suposição em que tenho de que ela trabalha demais. Mas isso é algo entre você e ela, não posso me meter. Porém... - ela suspirou - É estranho, eu nunca conseguirei explicar, mas hoje eu vi em seu olhar, algo que não via há muito tempo, meu amor.
- O que? - perguntei, sentindo a minha boca completamente seca.
- Confiança. E essa é a base do amor. Você confia em Addison, como, eu arrisco-me dizer, nunca confiou em alguém na vida, nessa intensidade. Você confia nela, e ela em você. É um ótimo relacionamento.
Assenti, ainda confusa.
Ela realmente não havia percebido? Eu havia atuado tão bem assim? Sem sequer perceber direito?
A mesma acariciou o meu rosto e sorriu.
- Tudo que eu mais quero nesse mundo, é que você deixe tudo... Aquilo para trás e viva uma nova vida, meu amor. A vida que você merece viver. Entendido?
Assinto, vendo-a se esticar e deixar um beijo na minha testa, me abraçando fortemente.
Ainda tentando processar tudo aquilo, a abracei, acariciando as suas costas.
Addison estava certa quando disse que conseguiríamos. Ela estava certa, extremamente certa.
Nós realmente conseguimos construir intimidade o bastante, para que, todas as trocas de afeto entre nós, tornassem-se confortáveis e, às vezes, até mesmo, impensadas.
Nós havíamos conseguido fazer Flora acreditar que estávamos realmente apaixonadas. Juntas, nós havíamos conseguido aquilo.
Eu a devia muito. Por ter aguentado todas as perguntas, por ter aceitado conhecer Flora e elevar o nosso nível de trocas de afeto.
Aliviada, deixei um beijo na bochecha de Flora e ficamos ali por mais alguns minutos, abraçadas, encarando as estrelas.
- Senti a sua falta, Flora - sussurrei - Verdadeiramente. Você chegou e... Foi como se... Uma parte de mim estivesse de volta.
Ela suspirou, beijando os meus cabelos.
- E quantas partes ainda estão perdidas? - ela perguntou, senti o meu coração se apertar.
- Não vamos falar sobre isso - murmurei e a mesma apenas se calou.
- Você já pensou na sua resposta?
- Você disse que não iria me pressionar.
- Não estou a pressionando. Estou a sondando.
Rio, negando com a cabeça e deixando um beijo em seus cabelos.
- Você saberá na segunda - falei a lançando uma piscadela e me afastando. - Irei procurar Addison. Já está tarde, amanhã ela irá trabalhar cedo.
Flora assentiu.
- O aniversário de Beatrice será no domingo - sussurrei para ela - Será uma festa surpresa, na casa dela. A mandarei mensagem com o endereço.
- Estarei lá - ela respondeu me abraçando - Eu amo você, meu amor.
Sorrio.
- Eu também amo você, Flora - sussurrei beijando as suas mãos e sorrindo para a mesma, me afastando.
Olhei ao redor, procurando por Addison, mas não a encontrei em lugar algum do terraço.
Saí do mesmo, indo até o restaurante e senti o meu coração praticamente pular dentro do peito, ao vê-la em pé, diante de Cristina. As duas pareciam discutir sobre algo. Obviamente Cristina havia ido atrás dela. Addison nunca puxaria uma briga, eu tinha certeza daquilo.
Respirei fundo, caminhando rapidamente até elas e me colocando na frente de Addison, assim que a minha melhor amiga fez menção de avançar para mais perto dela.
- Sério, Cristina? - perguntei, sentindo-me completamente exausta.
- Eu? - ela perguntou parecendo assustada.
- Não me diga que Addison veio até aqui e a perseguiu para começar uma briga com você, porque eu a conheço o bastante para saber que não.
Ela me encarou, a sua feição parecia ter dado lugar a uma enorme interrogação.
- Addison... Pode... Nos dar licença? - pedi para a mesma, que assentiu, parecendo irada. Os seus olhos estavam quase pretos, a sua mandíbula, trincada.
- Quando acabar, iremos embora - ela murmurou, se retirando dali.
Suspirei, encarando a minha melhor amiga, que cruzou os seus braços abaixo dos seus seios, desviando o seu olhar.
- Pelo visto você já se acostumou a ser tratada mal por ela... Sequer parece se importar, aliás.
A encarei, perplexa.
- Como você sabe como Addison me trata? - perguntei.
Ela franziu o cenho.
- Você não convive conosco, convive?
A mesma elevou as suas sobrancelhas, parecendo confusa.
Suspirei, já sem paciência para todo aquele monólogo retórico de Cristina. Já estava se tornando cansativo. Eu já estava exausta de ouvi-la reclamar de Addison, falar mal de Addison, provocar Addison. Já estava se tornando exaustivo.
- Cristina, preste atenção... Porque eu vou apenas dizer mais uma vez: Não, você não precisa gostar da Addison, e muito menos da ideia de eu ter me casado com ela por conveniência. Você não precisa gostar disso, mas, se você realmente me ama, e se realmente me quer bem, eu peço que pare com tudo isso, porque eu estou exausta! - sinto a minha garganta fechar-se e fecho os meus olhos brevemente - Não é engraçado, não é saudável. Eu estou cansada de ter que ouvir, todos os dias, que foi como se eu estivesse cometido o maior erro da minha vida, ao me casar com Addison. E, para a sua surpresa, não, não foi o maior erro da minha vida. E não, eu não me arrependo, e não, ela não me trata mal, ela não me obriga a transar com ela, ela não me mantém em cárcere privado! - respiro fundo - Por favor, apenas... Pare. Você não precisa gostar dela, mas precisa a respeitar, e, principalmente me respeitar. Respeitar a minha decisão. Essa é a minha vida! Você não pode... Simplesmente... Decidir quem me faz bem e quem me faz mal, baseado em nada.
Ela revirou os olhos.
- Addison não é uma pessoa ruim. - murmuro acariciando o seu rosto - E eu sei disso, porque eu convivo com ela todos os dias. E eu não quero passar os próximos dois anos e oito meses fazendo você acreditar nisso. Eu apenas... Quero seguir com isso da melhor forma possível, ok?
A mesma me encarava com um olhar indecifrável em sua feição.
- Eu apenas me preocupo com você, Meredith Montgomery, me desculpe se isso é querer controlar a sua vida, assim como...
- Não finalize essa frase - murmuro fechando os meus olhos.
- Me desculpe - ela murmurou - Eu apenas não... Consigo viver com a idéia de a ver infeliz, Meredith!
- O que você precisa entender é que... Eu não estou infeliz! Eu... Apenas estou tentando tomar um rumo na vida, é apenas isso que preciso. Sentir que estou vivendo, que estou fazendo as escolhas certas. Preciso me adaptar a minha realidade, me adaptar a... Essa nova vida. E Addison não tem absolutamente nada a ver com isso.
Cristina suspirou, desviando o seu olhar.
- Não a culpe pelo vazio que carrego comigo, porque, entre todas as pessoas no mundo... Ela é a última pessoa que merece carregar esse peso, porque ela não tem absolutamente nada a ver com isso.
Ela se calou.
- Estamos entendidas?
A mesma revirou os olhos.
- Não prometo deixar de a provocar quanto a você. Gosto de a ver com ciúmes - ela murmurou, me encarando - Me desculpe.
Assinto, a abraçando e sentindo a mesma acariciar as minhas costas.
- Eu apenas queria... - ela suspirou - Fazer algo. Para variar um pouco.
- Eu sei - sussurro - Mas não há nada a ser feito. Não por você.
Ela assentiu.
- Boa sorte para desfazer a fera. Ela está realmente irritada - Cristina murmurou e eu ri.
- É um dom seu fazer isso.
Ela revirou os olhos.
Beijei a sua barriga, a acariciando.
- Nos vemos no domingo, meu amor. Eu amo você, está bem? - sussurrei para o meu sobrinho.
- E a mim?
Revirei os olhos.
- No momento, a amo um pouco menos do que normalmente.
Ela revirou os olhos e nós nos despedimos com um abraço.
Addison estava conversando com Flora quando voltei, pelo seu olhar, percebi que a mesma estava realmente irritada. Mas Flora não percebera, porque ela não conhecia Addison como eu conhecia.
- Vamos, meu amor? - perguntei, a abraçando e deixando um beijo em seu pescoço. - Estou com um pouco de sono, e amanhã você trabalha, certo?
- Sim, querida - ela respondeu, seu tom de voz estava um pouco mais rouco.
- Então já está na nossa hora - falei sorrindo. - Nos vemos no domingo, certo? - sussurrei para Flora, que assentiu.
Eu e Addison nos despedimos de todos, inclusive de George e Daniel.
Saímos acompanhadas por Miranda, Eloise e Helm.
Com a sua mão entrelaçada a minha, a mesma me guiou até o nosso carro e abriu a porta do passageiro para mim.
Entrei, agradecendo e a mesma deu a volta, sentando-se ao meu lado.
Addison colocou o seu cinto e eu repeti o seu ato. A mesma deu partida no carro, completamente calada e concentrada apenas no trânsito.
Respirei fundo, a encarando.
- Addison... Eu... Não sei o que Cristina falou para você e... - suspiro - Me desculpe. Ela apenas se preocupa comigo e... Enfim, você sabe. Eu sinto muito.
Ela apenas assentiu, sem sequer me encarar e continuou concentrada no trânsito.
Peguei o meu celular, verificando a hora. 00:23.
Chegamos em casa vinte minutos depois, a mesma estacionou o carro em frente a escadaria principal e desceu.
Warren abriu a porta para mim e eu fiz o mesmo, observando a ruiva subir as escadas.
Subi atrás de si e a mesma abriu a porta, indo até o seu escritório.
Suspirei, um pouco decepcionada e vi Miranda entrar na sala, junto a Helm e Eloise.
- A senhora precisa de algo, senhora Montgomery?
- Não, meu amor. Mais uma vez, obrigada por hoje. Vocês foram esplêndidas!
Elas sorriram.
- Descansem, por favor. E tirem o fim de semana de folga. Addison trabalhará amanhã o dia inteiro, e domingo será a festa da minha sogra, portanto, vocês estão dispensadas.
- Muito obrigada, senhora - Eloise agradeceu sorrindo e eu apenas assenti.
- Irei subir, boa noite, descansem. - as cumprimentei, subindo as escadas, esperando tomar um banho e me jogar na cama. Eu estava exausta.
Mas, assim que passei em frente ao meu escritório, percebi que queria ler um pouco do livro de Addison antes de dormir.
Entrei no mesmo, caminhando até a minha mesa e o alcançando em cima dela.
Desliguei a luz do abajur e peguei também o meu MacBook.
Assim que iria me virar para sair, algo chamou-me atenção.
Liguei as luzes principais, vendo, no canto da poltrona de leitura que havia ali, o quadro o qual eu havia admirado em uma feira de artes em Los Angeles, pendurado na parede.
Como ele havia ido parar ali?
Fora a primeira pergunta que passou pela minha cabeça, mas, assim que lembrei-me que havia mostrado a foto para Addison e falado sobre ele, mesmo que pouco, tudo pareceu fazer sentido.
Um sorriso impensado surgiu em meus lábios, eu me aproximei da obra, constatando ser realmente o quadro que eu havia gostado.
Senti o meu coração aquecer-se com aquele ato e suspirei, negando com a cabeça, sem conseguir parar de sorrir.
Ela estava realmente longe de ser tudo aquilo em que Cristina havia dito sobre ela.
Sentindo-me extremamente feliz por aquele pequeno ato, que, para ela, talvez não houvesse significado muito, mas que, para mim, havia significado mais do que eu conseguiria explicar, saí do meu escritório, descendo as escadas novamente.
Fui até o seu escritório e bati levemente na porta, ouvindo-a autorizar a minha entrada.
Entrei no mesmo, sentindo-me estremecer pelo frio em que fazia ali dentro e a vi sentada na sua mesa, diante do seu computador, parecendo concentrada no que fazia.
- Você... Irá dormir agora?
- Daqui a pouco - ela murmurou e eu assenti.
Assim que abri os meus lábios para comentar sobre o quadro, o seu celular tocou e a mesma o atendeu.
- Estou a esperando - sussurrei, saindo do escritório.
Subi as escadas novamente, dessa vez, subindo as do segundo andar e indo até o nosso quarto.
Entrei no mesmo, sentindo a intensidade a loucura que havia sido aquele dia.
Deixei o meu MacBook em cima de uma das poltronas e fui até o closet.
Tirei o meu vestido e, então, a minha lingerie, indo até o banheiro.
Me permiti tomar um banho demorado e, enquanto as minhas mãos faziam o trabalho inconsciente de passar o sabonete líquido pelo meu corpo, a minha cabeça insistia em me fazer relembrar daquele quadro, e de o quão feliz eu estava por o ter.
Não porque ele, por si só, possuía algum valor para mim, ou porque eu o queria muito.
Eu havia ficado um pouco decepcionada quando percebi que havia perdido a oportunidade de o comprar. Mas fora um sentimento que logo passou, e eu sequer lembrava mais daquilo.
Mas Addison havia se importado o bastante para o procurar e comprá-lo para mim.
Porque ela parecia se importar. Mesmo que minimamente. E com as mínimas coisas.
E aquilo enchia-me de uma estranha satisfação.
Ela se importava com o meu bem-estar nesse contrato. E estava cumprindo com muito mais do que havia prometido.
Assim que terminei o meu banho, sequei o meu corpo e o enrolei na toalha, indo até o closet.
Mordi o meu lábio inferior, tentando escolher uma camisola e, por fim, escolhi uma vermelha, de seda e extremamente curta.
Apenas a vesti por cima do meu corpo nu e escovei os meus cabelos, passando os meus cremes.
Ouvi a porta do quarto se fechar e respirei fundo, fechando a tampa do meu creme.
Saí do closet, vendo Addison sentada no sofá, tirando os seus saltos e abrindo os dois primeiros botões da sua camisa.
A mesma me encarou, assim que percebeu a minha presença e vi os seus olhos pousarem no fim da camisola curta que eu usava.
Caminhei até ela, sentindo o meu coração pulsar forte e me sentei em seu colo, de frente para si.
Senti as suas mãos tocarem a minha cintura e a mesma me encarou nos olhos, fazendo-me engolir em seco pela intensidade do eu olhar. A ruiva prensou o meu corpo ao seu e eu senti a mesma beijar o meu pescoço, fazendo-me arfar contra os seus cabelos. Eu sorri, a puxando para mim e mantendo o meu olhar fixado ao seu.
- Obrigada pelo quadro - sussurrei contra os seus lábios, a beijando.
Senti a sua língua encostar-se em meus lábios e os abri imediatamente, enroscando a minha língua com a sua, e sentindo o seu hálito de menta misturado a whisky, o qual, por si só, tanto me inebriava.
Abri os botões da sua camisa, a tirando com a sua ajuda e tirei o seu sutiã, abrindo o zíper da sua calça.
A mesma, em um movimento rápido, deitou-me no sofá, ficando por cima de mim, sem separar os nossos lábios.
Assim que senti o ar faltar-me, a mesma afastou os seus lábios dos meus e os passou para o meu pescoço, provocando-me, como sabia que eu gostava.
Puxei o tecido da sua calça para baixo, tentando, inutilmente a tirar.
A ruiva se levantou rapidamente, sem que eu precisasse a pedir e tirou a sua calça e a sua calcinha, ficando por cima de mim novamente.
A mesma puxou a minha camisola para cima e eu vi os seus olhos escurecerem, assim que ela percebeu que eu não usava nada por baixo.
A ajudei a tirá-la e a beijei novamente, sentindo-me completamente pronta para ela.
Seus lábios se afastaram dos meus e desceram até os meus seios, onde ela fizera o incrível trabalho de me provocar, utilizando a combinação perfeita da sua língua e dos seus dentes.
Segurei firme em seus cabelos, fechando os meus olhos com força e a puxando para mim novamente, tomando os seus lábios em outro beijo.
A ruiva invadiu-me com seus dedos da maneira de sempre e eu afastei os meus lábios dos seus, gemendo baixo e envolvendo as minhas pernas na sua cintura.
Senti os seus lábios explorarem o meu pescoço, enquanto eu era apenas capaz de gemer agarrada a si, sentindo o meu corpo inteiro implorar por mais dela.
A abracei contra mim ainda mais fortemente e explorando o seu pescoço com os meus lábios, abafando os meus gemidos.
Murmurei o seu nome, sentindo-me completamente alienada com a sua pele em contato com a minha, o seu cheiro, o seu gosto, a sua respiração também entrecortada.
A cada sexo em que tínhamos, eu sentia ainda mais a necessidade dela. A necessidade de a ter mais perto, de a beijar sem me importar em respirar, de gemer alto e tentar descontar aquela sensação tão demasiada em algo.
Assim que senti o meu clímax se aproximar, a abracei contra mim e a mesma me encarou, parecendo ler todos os meus pensamentos com apenas um olhar.
Entreabri os meus lábios, sentindo o meu corpo inteiro estremecer em um orgasmo violento abaixo de si e fechei os meus olhos com força, gemendo alto o seu nome, enquanto me desmanchava para ela, sentindo os seus dentes mordiscarem o meu queixo.
Tentando recuperar a minha respiração, abri os meus olhos, a beijando e a mesma se levantou, puxando-me consigo.
Me sentei em seu colo e a senti me invadir novamente, com força e brutalidade.
Separando a minha língua da sua, apenas encostei os meus lábios nos seus e cavalguei em seus dedos, sentindo cada parte de mim implorar por ela e, ao mesmo momento, deixei-me alienar-me em o quão eu adorava sentir o seu cheiro misturado ao nosso suor, a mistura do seu perfume ao meu, o seu suor misturado ao meu, a sua respiração batendo contra a minha, o gosto dos seus lábios, a sua mão livre explorando o meu corpo, parecendo sentir a mesma necessidade em que eu: a necessidade de mais.
Senti a sua mão livre apertar com força a minha nádega esquerda e ajudar-me em meus movimentos, ora apertando-me contra si, ora arranhando-me com as suas unhas. E, realizando, com esse último ato, a sensação deliciosa de como se eu tivesse enlouquecendo.
Enlouquecendo de prazer. De adorar demasiadamente as sensações que apenas ela era capaz de me oferecer.
Novamente, desmanchei-me em um orgasmo ainda mais intenso do que o anterior, segurando-me para não gritar o seu nome, com a minha boca colada a sua. O meu corpo inteiro estremeceu sobre o seu, e eu senti os efeitos daquele orgasmo delicioso repercurtirem diretamente no órgão em que não somente batia, mas pulava energicamente dentro do meu peito.
Encostei a minha testa na sua, tentando retomar os meus sentidos e a senti afastar os cabelos bagunçados do meu rosto, beijando-me novamente e se levantando comigo.
Senti-me ser deitada na nossa cama e a puxei para mim, abrindo as minhas pernas o bastante para que ela se sentasse no meio delas. Onde eu a desejava sentir como nunca.
E, assim que senti a sua intimidade completamente encharcada grudar-se a minha, fechei os meus olhos com força, segurando firme, com uma das minhas mãos, em uma das suas nádegas, e, com a outra, em seus cabelos.
Addison movimentou-se em cima de mim vagarosamente, gemendo baixo e roucamente contra o meu pescoço.
Dessa vez, as sensações tornavam-se, gradualmente, ainda mais intensas, porque ela também sentia o mesmo prazer em que eu, ela também seria beneficiada com aquela sensação deliciosamente enlouquecedora.
Vociferando o seu nome entre os meus gemidos, arranhei as suas costas, sentindo-me próxima ao meu terceiro orgasmo, que chegara com força, tomando-me, incrivelmente, de forma ainda mais intensa.
Senti a minha garganta fechar-se, após gemer alto o seu nome, sem me importar com absolutamente nada mais, além de colocar aquela sensação para fora.
A ruiva desmanchou-se sobre mim alguns segundos depois, e eu sorri sentindo o seu corpo estremecer-se sobre o meu em espasmos violentos, e o combo de a sua voz completamente rouca em meu ouvido, gemendo abafadamente contra o meu pescoço, enquanto as suas mãos exploravam a lateral do meu corpo.
Senti o seu líquido misturar-se ao meu e, sem conseguir pensar em absolutamente mais nada, a beijei novamente, acariciando os seus cabelos bagunçados.
- De nada - ela sussurrou contra os meus lábios, com a voz completamente rouca, saindo de cima de mim.
Fechei os meus olhos, sorrindo e tentei recuperar a minha respiração, enquanto ela fazia o mesmo.
Alguns minutos depois, a mesma voltara do seu banho e eu também me levantei, indo até o banheiro.
Tomei um banho rápido, apenas para limpar-me e tirar o suor do meu corpo e vesti uma calcinha preta, indo até o quarto.
Coloquei a mesma camisola e vi Addison parada na nossa varanda, encarando o lado de fora.
Fui até a mesma, parando ao seu lado.
Ela me ofereceu a taça de vinho em que tomava e eu aceitei, bebericando o líquido delicioso que havia ali.
- Sobre o que a sua amiga estava falando, quando disse que você está infeliz ao meu lado? - ela perguntou seriamente.
Me assustei, a encarando rapidamente.
- O que? Ela... Ela disse isso?
Addison me encarou.
- Você não respondeu.
Suspiro, fechando os meus olhos.
- Eu não estou infeliz ao seu lado, Addison.
- Diga isso olhando para mim - ela falou e eu respirei fundo, a encarando.
- Eu não estou infeliz ao seu lado. - repito, completamente segura do que eu estava dizendo.
- Então por que ela disse isso? Não acredito que além de dissimulada e mal educada, ela seja mentirosa. Porque ela não estava mentindo.
- Não é porque ela não estava mentindo, que isso se configura como a minha realidade. - falo dando de ombros.
Ela assentiu.
- Eu... É só que... Eu tenho me sentido um pouco sozinha - murmuro suspirando - Sinto que a minha vida está monótona demais. E isso não tem nada a ver com você, até porque eu já me sentia assim antes de nos casarmos. Eu só... Não sei o que fazer quanto a isso. Sinto que estou estagnada no tempo, enquanto todos vivem as suas vidas. É como se... Eu estivesse apenas existindo, entende?
Ela assentiu.
- E o que você irá fazer sobre isso?
A encarei e ri, sem humor.
- Não há muito o que fazer... Estou... Não sei, eu só...
- Sobre o que Flora estava falando, quando a pediu para aceitar a sua proposta? - ela perguntou diretamente.
Senti a saliva fugir dos meus lábios.
- Eu... Bem... - suspirei, bebericando o vinho, tentando ganhar tempo - Eu iria contar a você, mas... Você me parecia tão ocupada esses dias e... Eu... Somente não... Queria incomodar. Com os meus problemas pessoais. Porque... Você não tem nada a ver com eles e você já tem problemas demais para lidar, mas... - murmurei um pouco nervosa. Eu já não sabia mais exatamente o porquê eu me sentia nervosa ao falar com ela, mas eu me sentia. Inevitavelmente.
Ela continuava me encarando, parecendo realmente querer saber sobre o que se tratava.
- Flora quer que eu... Dê aulas na academia. Que treine alguns grupos para uma competição que haverá em dezembro - solto rapidamente - Mas... Eu... Não sei. Eu... Está tudo tão confuso e...
- Por que?
A encarei.
- Porque não é como se isso fosse qualquer coisa. É uma decisão difícil, quase impossível de dizer sim. Nós vivemos viajando, a nossa rotina é pesada, temos muitos eventos, eu...
Ela suspirou.
- Meredith, quando a fiz a proposta, para que se casasse comigo por um contrato de conveniências, eu não estava pedindo para que vivesse uma vida em função de mim, ou em função dos meus negócios, ou desse contrato. - ela suspirou - Essa é a sua vida. Eu não tenho o direito de a proibir de vivê-la, mesmo que indiretamente. Não é como se você fosse a minha escrava pessoal por todos esses três anos. Eu não fiz essa parceria com você esperando que você se privasse de viver a própria vida para viver a minha. Portanto, se é algo que você quer, faça! É claro que precisarei de você em alguns momentos, os quais tenho certeza de que você poderá dar um jeito, mas, tudo que deve a importar, é a sua vida. O seu futuro. O que a fará bem.
Mordo o meu lábio inferior, suspirando.
- Eu estava estudando - murmuro - Para prestar um concurso e tentar lecionar alguma matéria de direito, em alguma faculdade - dou de ombros e sorrio - Você me impediu de tomar essa decisão definitivamente. Com o seu discurso.
Ela me encarava com um olhar curioso.
- Eu seria aquele seu professor - falo suspirando.
- Meredith... - a encarei - Qualquer um que a conheça, por mínimo que seja, visualiza, claramente, que você não nasceu para o direito.
Assinto, desviando o meu olhar.
- Como você mesma disse: você pode ser ótima, mas isso não quer dizer nada, se você não gosta do que faz. E pelo pouco em que me fora informado hoje, você gosta da ginástica. Então pare de viver uma vida em função de o que as pessoas acham, ou de o que as pessoas querem, ou de o que seria melhor para outras pessoas, comece a pensar mais em você. Isso a agrada? Se sim, vá em frente. Se não, você é nova, tem tempo, inteligência e dinheiro o bastante para decidir o que fará com a sua vida. Apenas não se compare com os outros, e nem viva uma vida em função de qualquer outra pessoa que não seja você.
Sorrio, sentindo-me extremamente mais leve. Era como se Addison estivesse alcançado o peso que eu carregava nas costas, puxado-o delas, mostrado-me que não valeria a pena e jogado-o sacada abaixo.
- Você... Acha que... Dará certo?
- Você é um gênio. O que a falta é ter a noção disso, e confiar em si mesma.
Assinto, sorrindo fraco para a mesma.
- Obrigada, Addison.
Ela assentiu.
- Da próxima vez que precisar me perguntar algo, não espere, o faça. Lembre-se de que a única maneira de isso funcionar, é que você diga o que precisa dizer, sem receios.
Assinto, bebericando o seu vinho.
Rápida e estranhamente, lembrei-me dos relatórios de Beatriz e a entreguei a taça de vinho.
- Eu já volto - falei indo até o closet e pegando a minha bolsa. Tirei de dentro dela os papéis e voltei até a sacada.
A entreguei as folhas.
- Não sei se você se interessa... Mas Beatriz, a garota do orfanato que leu os seus livros e que tanto gosta de você, escreveu algumas considerações dela sobre as obras. Eu ainda não li, mas tenho certeza de que é incrível, porque a conheço bem. Então... Se você quiser ler...
Ela encarou os papéis e me encarou novamente, suspirando e os pegando.
- Irei ler - ela murmurou os deixando em cima da mesa.
Assenti.
- Obrigada por isso. Irá a fazer muito feliz.
Addison apenas assentiu e me ofereceu a taça, eu sorri fraco, a pegando. E, em função de tudo que havíamos feito essa noite, e a, principalmente, o fato de Flora sequer ter parecido desconfiar de algo, ergui a taça.
- Á o quão fomos atrizes esplêndidas hoje. - ofereci um brinde, bebericando um pouco do vinho e a entregando novamente.
- Á arte da atuação - ela completou, repetindo o meu ato e eu ri, assentindo.
Mantendo o meu olhar nas estrelas completamente fascinantes no céu, sorri, realmente percebendo que Addison estava longe de ser tudo que eu havia formulado sobre ela, antes de a conhecer verdadeiramente.
Suspirei, sentindo o seu perfume inebriar-me por completo e fechei os meus olhos, sentindo o meu coração completamente aquecido com apenas a presença vívida e quase tangível do seu cheiro. Apenas ele era capaz de tirar-me de mim mesma, e de trazer-me um sentimento o qual eu não sentia frequentemente, e o qual nem todas as pessoas possuíam de mim: Confiança.
E, especificamente com Addison, ela, apenas ela, era capaz de fazer-me emanar toda a minha confiança para ela.
Pois ela havia conquistado-a.
Eu só não sabia como e quando, mas ela havia conquistado-a.
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