14- Ela não é um monstro.
Meredith
- Gente... Eu preciso ir - falo olhando no relógio e constatando serem 16:30 - Cris? Você vem comigo?
- Não, gata, acho que vou dormir por aqui hoje.
- Okay - falo me levantando - Nos vemos sábado?
- Hum - Cristina murmurou revirando os olhos.
A encarei e com apenas um olhar a supliquei para que fosse. A mesma não gostou nada da idéia de simplesmente estar no mesmo lugar que Addison.
- Okay, nos vemos no sábado, Meredith Montgomery - ela falou revirando os olhos e me abraçando.
- Estou tão animado! O que eu devo vestir, Mer?
- O que você se sentir confortável, George.
- Ajudou muito - ele revirou os olhos.
Rio o abraçando.
- Não vai ser nada demais. Só um jantar, Okay? Não se preocupe.
- As vezes eu acho que você não me conhece bem, Mer.
- Conheço, e é exatamente por isso que estou pedindo para que não se preocupe.
Ele assentiu.
- Vou levar você lá embaixo - Cristina falou calçando suas sapatilhas, faço o mesmo.
- Não precisa, Cris.
- Acha que vou perder a chance de ver o seu segurança gostoso?
Rio e George me acompanha.
- Me mantenham informada sobre o Owen.
- Okay, fique bem, Mer.
- Você também, George.
Eu e Cristina saímos do apartamento caladas e pegamos o elevador do mesmo jeito.
A encaro. A mesma estava emburrada com seus braços cruzados abaixo dos seus seios.
- Cris...
- Sabe que só vou nessa droga de jantar porque você não vai me deixar em paz, você sabe, não é? Mas eu já estou cansada dessa mulherzinha! E olha em que não tem nem um mês em que eu a conheci!
- Eu sei... - suspiro - Não fique assim.
- Meredith, eu não gosto dela! E não é apenas antipatia!
Cruzo meus braços e as portas do elevador se abrem. Saímos juntas do prédio e vejo Warren parado enfrente a porta de vidro, junto com a outra mulher.
- Vamos - falo para os dois. Encaro Cristina - Fique bem, okay?
- Não é você quem tem que dizer isso aqui - ela falou revirando os olhos.
- Cris, eu estou bem.
- Meredith, você não me engana, não mesmo.
A abraço inspirando o cheiro tão familiar dos seus cabelos castanhos.
- Me dê notícias sobre o Owen, estarei o tempo inteiro com meu celular.
Ela assentiu.
- Qualquer maldita coisa que aquela mulher fizer... A primeira coisa que você vai fazer é me ligar, para que eu vá naquele tribunal de merda dela e acerte o meu sapato na cabeça dela! - ela sussurrou em meu ouvido, para que os seguranças não ouvissem.
- Cris, ela não é um monstro. Eu... Já estou me adaptando. Vai ficar tudo bem. Eu estou bem.
Ela revirou os olhos.
- Eu te amo, fique bem, okay? Eu estou.
Ela suspirou, ainda relutante.
- Eu também.
Deixo um beijo em sua bochecha e vejo o carro já parado a minha frente.
A mulher abre a porta para mim e eu entro, vendo minha amiga entrar no prédio.
Suspiro apoiando meu cotovelo na janela fechada do carro e fecho meus olhos.
...
Me encaro na frente do espelho e aliso meu vestido preto tubinho.
Vou até o meu armário de sapatos e escolho um par de sandálias pretas de salto fino e alto.
Passo meu batom vermelho e me encaro no espelho, verificando minha roupa mais uma vez.
Pego meu celular e vejo uma mensagem de George.
"Indo em direção ao alvo. ;)"
Rio com uma foto engraçada dele e de Cristina abaixo da mensagem e o respondo.
"Avisem-me quando chegarem ao alvo"
Ouço batidas na porta do quarto e me encaro na frente do espelho. Saio do closet e abro a porta, dando de cara com Miranda.
- Senhora... Me desculpe atrapalhar, mas Karev ligou e pediu para que avisasse que a senhora Montgomery irá a encontrar no restaurante. E Warren disse que daqui a meia hora, se estiver bom para a senhora, vocês poderão ir.
- Está bem, obrigada, Miranda.
- Por nada, senhora. Se me permite dizer, a senhora está linda.
Sorrio.
- Gentileza sua, Miranda, mas mesmo assim muito obrigada - falo sorrindo.
A mesma sorri para mim e sai.
Fecho a porta e me sento na cama, me encostando na cabeceira.
Encaro o livro de Addison encima do seu móvel de cabeceira e mordo meu lábio inferior, o pegando.
Franzo o cenho ao encarar o título. Estava em uma língua completamente estranha.
O abro e realmente constato não ser um livro em inglês.
O deixo no mesmo lugar em que peguei e alcanço meu celular. Resolvo ligar para minha mãe, sinto tanto a falta dela. De estar 24 horas por dia grudada nela, de poder contar sobre tudo em que acontecia na minha vida.
Sinto que mesmo sem querer, mesmo que fosse para o nosso bem, a afastei de mim, da minha vida. De saber de absolutamente tudo em que se passa comigo, como ela sempre soube.
Mas ela nunca aceitaria.
Nunca suportaria a idéia de a sua única filha estar casada por conveniência para, aos seus olhos, "apenas" salvar o que nos resta da empresa.
Nem se pudesse eu não iria querer a deixar a par de tudo isso. Ela já passou por muito, já está cheia de coisas na cabeça e já se culpa por maioria delas. Não quero que isso seja mais uma das coisas nas quais ela irá se culpar.
Se a sua única felicidade no momento é me ver casada, "construindo uma família" e "amando", eu prefiro que ela continue sem saber.
A mesma me atende no quinto toque.
- Mamãe?
- Oi, meu amor. Como você está? - Sua voz estava com um ar extremamente cansado.
- Te acordei?
- Não, eu não estava dormindo! Não durmo uma hora dessas! Estava trabalhando.
Suspiro.
- Como você está, mamãe?
- Estou bem, amor. E você? E Addison? Como ela está?
- Estamos bem, mãe. Addison ainda está no trabalho, daqui a trinta minutos irei a encontrar em um restaurante.
- Jantar romântico?
Reviro os olhos.
- Não, mamãe. Jantar de negócios.
- Que pena... Achei que ela gostaria de comemorar com você.
- Comemorar...?
- Ela é juíza. Deve ter ficado feliz com a sentença em que deu áquele homem horroroso!
- Ele já foi sentenciado?!
- Minha filha! Onde você vive?! Não está a par das notícias?! Ainda mais as que envolvem a sua esposa?
- Eu... Estava com Cristina e George hoje, mamãe, fiquei fora das notícias.
- Pois bem... Ele foi sentenciado! Prisão perpétua, acredita?! Apesar da Addison ter rejeitado dar entrevistas, acredito que ela esteja bem feliz hoje. Uma boa deixa para uma comemoração mais... Íntima.
- Mamãe!
Ela ri.
- Só estou dando a possível idéia, minha filha.
Reviro os olhos.
- Não vou mais te atrapalhar. Amanhã iremos para LA, mas nos vemos no sábado, certo?
- Sábado...?
- O jantar aqui em casa, mãe.
- Ah, sim! São tantas coisas na cabeça que já havia esquecido! Claro! Nos vemos no sábado, meu amor. Aproveite a sua viagem e descanse um pouco.
Reviro novamente os olhos.
- Como se eu estivesse tão desesperadamente atolada de coisas para fazer, que precisasse desesperadamente descansar.
Ela ri.
- Deixe de ser boba! E vá a praia, pegue um sol, você está muito pálida, minha filha!
- Okay, mamãe. Fique bem. Eu te amo.
- Você também, meu amor. Eu também te amo.
Desligo a chamada e fecho meus olhos, encostando minha cabeça na cabeceira.
Me levanto pegando minha bolsinha de mão e apenas coloco um batom ali e meu celular.
Saio do quarto e desço os dois lances escadas, indo até a sala.
Ainda hoje a tarde, quando cheguei em casa, terminei de ajeitar os últimos detalhes do meu escritório com Isobel Stevens. O projeto havia ficado lindo! E eles iriam começar amanhã.
Provavelmente quando eu chegasse de Los Angeles, já estaria quase pronto.
Passo algum tempo no celular até ver Warren entrar na sala.
- Senhora - ele me cumprimenta com um aceno de cabeça - Caso esteja pronta, já podemos ir.
Assinto e me levanto.
O mesmo toma a frente e abre a porta para mim.
Desço as escadas e lá embaixo dois carros me aguardavam.
A mulher abre a porta dos fundos para mim e eu entro, os vendo conversar por alguns segundos.
Warren entra sendo seguido dela e ele dá partida no carro.
Em alguns minutos o mesmo estaciona enfrente a um dos maiores e mais caros restaurantes da cidade.
A porta é aberta para mim e eu desço.
O mesmo me guia até a entrada.
- Boa noite, senhora - o maître me cumprimenta - Seu nome?
- Meredith Montgomery.
Vejo sua feição mudar e o mesmo sorrir ainda mais abertamente para mim.
- Me acompanhe, por favor.
O acompanho sendo seguida de Warren. Ele realmente ficaria na nossa cola a noite inteira?!
Sinto um olhar queimar sobre mim assim que subimos as escadas para a área vip.
Levanto minha cabeça e vejo Addison sentada em uma mesa com mais um casal.
A mesma me encarava lascivamente. Sinto meu corpo inteiro se arrepiar.
Vejo-a se levantar assim que me aproximo mais.
Addison usava um macacão longo, preto e reto. Nos pés seus inseparáveis scarpans pretos, seus cabelos estavam soltos e lisos.
- Boa noite - os cumprimento com um sorriso no rosto. Sinto o cheiro do perfume tão diabolicamente gostoso de Addison - Boa noite.. meu amor - cumprimento-a, me sentindo completamente desconfortável com a forma na qual devo chamá-la na frente das outras pessoas. Aquilo era completamente embaraçoso e, de longe, a coisa mais desconfortável em que eu era obrigada a fazer.
Addison sorri falsamente e me deixa um selinho nos lábios.
- Boa noite, querida - ela puxa uma cadeira para mim e eu me sento, agradecendo com um sorriso no rosto - Deixe-me apresentá-los, essa é minha mulher, Meredith.
- É um prazer, Meredith. Paula Robbins, e esse é meu marido, Victor Robbins.
- O prazer é meu - falo sorrindo e os cumprimentando com um aperto de mão.
- O que irá beber, meu bem?
- Pode escolher - sorrio fraco para Addison.
Ela assente e abre o cardápio.
O maître vem até nós.
- Boa noite, o que desejam beber?
- Nos traga uma garrafa do seu melhor vinho, branco, de preferência - Victor falou.
- Eu e minha mulher queremos duas taças do Romanée Conti - Addison pedira o vinho rosé mais caro do local. Me assusto ao ver o preço cobrado por apenas uma taça.
Victor a encara e sorri de lado.
- Duas taças e uma garrafa então.
Addison assente deixando o cardápio de lado e bebericando sua água.
- E então... Montgomery! - Victor se esticou para frente, encarando Addison - Vamos ao que interessa!
Por dentro gargalho. Ele estava tentando intimidar Addison? Se aproximando e a encarando daquela forma?
Oh, céus! Ele realmente não sabia nada sobre Addison.
Sem precisar do mesmo para o intimidar, Addison apenas ficou um pouco mais ereta na cadeira e bebericou um pouco mais da sua água.
- Creio que a minha secretária tenha a enviado o contrato, certo? - ele perguntou sorrindo.
Addison assentiu.
- Ótimo! A senhorita Stancy é realmente muito eficiente! A tenho já a um ano comigo e desde então minha vida tornou-se tão mais fácil! - vejo Addison revirar os olhos.
- Vamos ao que interessa - Addison falou e começou uma conversa na qual eu não fazia a mínima ideia do que se tratava.
Percebo que Victor queria uma parceria entre as empresas, e, pelo que ele estava apontando, isso seria proveitoso para ambas das partes, mas principalmente para ele, pois pelo que percebi, seu patrimônio não era de tanto renome quanto o de Addison.
Sua mulher palpitava em pequenas coisas, já eu não falava absolutamente nada, pois não tinha nenhum direito de me meter nos negócios de Addison.
As nossas bebidas chegam e eu experimento do maravilhoso vinho rosé em que Addison havia pedido para nós.
- Meredith, querida, pode me acompanhar até o banheiro? - Paula me pergunta sorrindo.
Assinto devolvendo o gesto e me levanto.
- Já volto - sussurro para Addison que assente e volta sua conversa com Victor.
Acompanho Paula até o banheiro e a vejo retocar seu batom.
- Quis nos tirar um pouco daquela chatice! Conversas sobre negócios, principalmente quando eu não posso opinar, me desgastam!
Rio.
- Entendo. Não é a minha conversa favorita também.
- Não entendo o porquê Victor insiste em me trazer nesses jantares! Ele está tão obcecado em fazer sua mulher aceitar a parceria!
- Ele me pareceu realmente focado nisso.
- Focado? Ele tem dois meses sem dormir direito, trancafiado no escritório somente para conseguir o apoio da sua mulher.
- Uau! - estava boquiaberta ao nível de influência em que Addison exercia sobre o mundo dos negócios.
Paula retoca seu batom e me encara.
- As decisões da empresa... Quem as toma? Vocês duas juntas ou somente Addison?
- Ah, somente Addison. Não gosto de me envolver nessas coisas. Apenas... A dou suporte no que ela precisa - minto.
- Entendo. Negócios não são muito a sua praia, certo?
- Com toda certeza não - falo sorrindo.
- Idem. Não tem coisa em que me deixe mais entediada!
Rio.
Retoco meu batom e saímos do banheiro juntas.
Chegamos a mesa e me sento ao lado de Addison.
Victor para sua conversa e encara sua mulher por um estante, a mesma sorri para ele e ele volta a conversar com Addison.
Abro minha pequena bolsa e tiro de lá meu celular. Por debaixo da mesa vejo uma mensagem de Cristina.
"Ele já sabe. Te conto tudo melhor quando você chegar em casa. Me liga. Te amo."
Suspiro aliviada, mas mesmo assim curiosa, eu precisava saber o quanto antes o que havia acontecido. Como ele havia reagido.
Desligo meu celular e sinto a mão gélida de Addison pousar em minha pele, onde terminava o meu vestido. Engulo em seco sentindo meu corpo inteiro se arrepiar automaticamente.
Vejo que Addison percebera, pois a mesma apertou levemente minha pele.
Engulo em seco novamente. Por que diabos Addison tinha que me tocar assim e toda vez em que isso acontecia, eu teria que reagir dessa maneira?
Beberico meu vinho tentando dissipar minha mente daquela onda de calor em que invadiu meu corpo, com apenas um toque, um único toque, em que me fizera estremecer por completo.
Encaro de soslaio sua mão esquerda encima da minha coxa e suas unhas pintadas em um vermelho sangue, e o quão contrastavam com a minha pele pálida.
Encaro suas alianças e percebo estarem ambas tortas.
Ah, não!
Não agora, Meredith!
Você não irá deixar o seu perfeccionismo tomar conta de você. Não agora.
Merda!
Encaro minha mão esquerda e vejo as alianças nas quais eu tanto vivia mantendo alinhadas.
Beberico meu vinho novamente, encarando a mão de Addison.
E se eu apenas consertasse de leve?
Talvez ela não iria perceber e então eu poderia viver em paz sem aquela imagem torta atormentando a minha cabeça.
Deixo minha taça encima da mesa e continuo encarando sua mão.
Esse era o meu maior defeito. Céus! Por que diabos eu tinha que ser assim?!
Primeiro seu blazer, depois suas alianças.
Addison vai achar que se casou com uma psicótica!
Suspiro e sem sequer perceber minha mão já estava na sua. Conserto seu anel de noivado juntamente com a sua aliança.
- Querida?
Vejo Addison me encarar.
A encaro e sinto minhas bochechas queimarem.
- Seu... Anel. Estava... torto - sussurro.
Addison franze o cenho e encara sua mão, assentindo.
- Estou a chamando há algum tempo, o que você irá pedir?
Limpo minha garganta e sorrio para o casal a nossa frente.
Pego o cardápio e escolho um prato simples, mas sofisticado.
O garçom sorri e sai.
Sinto a mão de Addison ainda queimar em minha pele.
Eu já estava completamente desconfortável.
Minha pele estava extremamente quente.
O que diabos estava acontecendo comigo?
Bebo todo o resto do vinho em minha taça e sorrio para Paula, que me encarava curiosa.
- E então, Mer, o que você faz?
- Sou vice-diretora da empresa da minha família. Porém sou formada em direito, mas não atuo na área.
- Olha só! Almas gêmeas, eu diria - ela falou encarando a Addison que ainda conversava com Victor.
Sorrio.
- E você?
- Sou professora de dança.
- Jura?! Que incrível! Que tipo de dança você ensina?
- Ballet!
- Oh! Eu frequentei uma academia de Ballet praticamente a minha infância e adolescência inteira.
- Jura?
Assinto.
- Se lembra de algo?
- Algumas coisas... Não era a melhor da turma.
- Ficaria tão alegre em a ver dançar algum dia! Estou dirigindo uma peça musical, que estará em cartaz daqui a um mês, você se interessaria em ver?
- Eu adoraria! Faz tanto tempo em que não vou ao teatro!
- Ficarei imensamente feliz em ter a presença de vocês duas. Enviarei os ingressos.
Assinto.
- É muita gentileza sua, muito obrigada.
- Por nada, querida.
Sorrio para a mesma e ingressamos em uma conversa animada sobre a academia de ballet em que eu havia frequentado. Por pura coincidência, Paula era professora nesta mesma academia.
- Céus! Estou me sentindo tão velha!
Rio.
- Mas eu juro que não sou, eu era a professora mais nova da academia.
- Não me recordo de você.
- Acho que, por uma obra do destino, você não foi minha aluna.
- Acho que não. Eu lembraria de você.
Continuamos a nossa conversa enquanto Addison e Victor continuavam com a deles.
Os encaro por um segundo.
Addison bebericava seu vinho e parecia tranquila, enquanto Victor parecia obcecado em fazê-la aceitar aquele contrato.
Nossos pratos chegam e todos nós comemos em silêncio.
- Vou ao banheiro - Addison sussurrou em meu ouvido.
Assinto e a vejo se levantar e caminhar tranquila e ereta até o banheiro.
- O que você irá pedir de sobremesa, Mer?
- Hummm, estava pensando em pedir um Petit Gâteau.
- Hummm, acho que irei acompanhar você. E você, Victor, o que irá pedir? - Ela perguntou para o mesmo.
- Essa torta de strawberry me parece boa - ele falou sem se importar muito.
Céus. Até eu e Addison, que éramos um casal totalmente falso, sabíamos nos portar melhor uma com a outra em público.
Os dois sequer parecem ser casados.
- Okay. Vamos esperar por Addison para fazer o pedido então.
- Oh, não se dêem o trabalho - falo sorrindo - Minha mulher não come doces. Podemos pedir logo.
- Está aí a explicação para tanta amargura - ele fala irônico.
O encaro.
Vejo Addison caminhar até nós e se sentar novamente ao meu lado.
- Addison, vamos pedir sobremesa, o que irá querer?
- Passo. Me traga mais uma taça - Addison falou para o garçom. O mesmo assentiu e saiu, depois de fazer os pedidos.
- E então, Addison, o que me diz?
Vejo Addison suspirar e se encostar na cadeira, colocando sua mão novamente acima do meu joelho.
- Irei consultar meus advogados e garantir algumas coisas. Minha secretária entrará em contato assim que necessário.
Ele assente, parecendo desapontado.
O garçom chega com os nossos pedidos, e eu me deixo desfrutar de um maravilhoso petit gâteau.
Me pergunto como Addison consegue viver sem isso, e por escolha própria.
A mesma parecia realmente não fazer questão.
Termino de comer meu doce e bebo um pouco de água, me perguntando quando iríamos para casa.
Eu estava mais que ansiosa para ligar para Cristina e George e saber o que havia acontecido.
- Vamos? - Addison pareceu ler meus pensamentos.
Assinto.
- Nós já vamos - Addison falou se levantando e me ajudando a fazer o mesmo - Minha mulher está cansada.
O casal a nossa frente se levanta também.
Cumprimento Paula com dois beijos no rosto e Victor com um aperto de mão.
- Foi ótimo conversar com você, Montgomery - ele falou para Addison. A mesma somente assentiu e pegou sua bolsa - Esperarei ansiosamente pela ligação da sua secretária. Qual é mesmo o nome dela?
- Não vejo relevância nisso - Addison respondeu passando seu braço pela minha cintura.
Ele assente.
O maître vem até nós.
- Foi ótimo recebê-la novamente, senhora Montgomery.
Addison assente.
- O chef queria saber o que a nossa sócia majoritária achou da comida.
Sócia? Do melhor e mais renomado restaurante de NY? Uau.
- Por que? Há algo fora do normal na comida de hoje?
O vejo ficar vermelho.
- N... Não... Não, senhora.
Addison assente.
- Tenham uma boa noite - Victor deseja.
- Igualmente - Addison responde fria.
A mesma me guia até as escadas e vejo que os seguranças estavam ali parados.
- Senhora - Karev me cumprimenta com um aceno de cabeça.
- Boa noite, Karev - o cumprimento.
Ele e Warren nos seguem e abrem a porta do restaurante para nós.
- Foi um prazer revê-la, meretíssima - o outro maître a cumprimenta.
Addison não responde.
Os seguranças nos guiam até o primeiro carro e abrem as portas para nós duas.
Entro no carro sendo seguida por Addison que, ao entrar, o carro rapidamente se infesta com seu perfume. Definitivamente depois que esse contrato acabasse, seria a primeira coisa na qual eu compraria.
Suspiro me sentindo cansada, ouvir conversas sobre negócios não era minha praia. Minha cabeça estava explodindo de tão insuportável em que aquele assunto havia sido.
Desbloqueio meu celular e vejo duas mensagens de Cristina.
Cris: "George está para dar um infarto esperando você ligar!"
Cris: "Quando chegar em casa NOS LIGUE!"
A respondo.
Eu: "Peça-o para que se acalme! Se está assim apenas para me contar uma fofoca, nas vésperas do casamento ele definitivamente morre"
Em alguns segundos meu celular vibra em uma mensagem de George.
George: "ha ha. você é tão engraçada, Montgomery! NOS LIGUE ANTES QUE EU INFARTE!"
Rio o respondendo com uma foto engraçada dele mesmo, em que eu tinha na minha galeria.
Fizemos o caminho em total silêncio e logo Karev estacionou enfrente a casa.
Warren abre a porta para mim e Karev abre para Addison.
Subimos as escadas juntas e a mesma destranca a porta com a senha.
- Boa noite, senhoras - Miranda, que limpava um dos móveis da sala, nos cumprimenta.
- Boa noite, Miranda - respondo sorrindo.
- Boa noite - Addison também a cumprimenta.
- As senhoras desejam que eu já arrume as malas?
Addison se senta no sofá e suspira.
Karev entra na sala.
- Com licença, senhora.
Addison o encara.
- O piloto quer saber a que horas a senhora deseja ir amanhã, para que ele avise a equipe.
Addison suspira.
- Sairemos de New York as 10:00.
- Sim, senhora - ele responde - Com licença.
- Irei separar as minhas coisas para que você arrume amanhã. Por ora, está dispensada.
Miranda assente.
- Sim, senhora. Tenham uma boa noite, com licença.
- Tenha uma boa noite, Miranda - desejo a mesma sorrindo
Ela sorri para mim.
- Irei para o quarto - falo para Addison e subo as escadas.
Entro e me sento na cama, me sentindo cansada.
Tiro meus saltos e os levo até o closet, os colocando no armário.
Prendo meus cabelos em um coque mal feito e pego meu MacBook.
Faço uma chamada de vídeo para Cristina, que atende no primeiro toque.
- AMÉM! Céus! Esse mosquito fofoqueiro já estava para cavar um buraco no chão, de tão nervoso!
Rio.
- E então - falo apoiando o macbook encima de um dos armários e abro o zíper do meu vestido.
- Strip? - Cristina fala mordendo seu lábio inferior.
Gargalho.
- Deixe de brincadeirinhas e me conte logo!
Falo indo até o outro lado do closet e pegando uma camisola longa branca, de seda. Uma das minhas favoritas.
- Primeiro me mostre esse closet.
Reviro os olhos e pego o MacBook, dando um giro completo para mostrar o closet.
- Uau! Ai tem mais roupas do que o meu, o de George e o da sua mãe juntos!
- Tá, agora conta! - falei tirando meu vestido, ficando apenas de calcinha e sutiã.
Tiro meu sutiã e visto minha camisola.
- Hummm, gostosa, hein! Assim que eu gosto.
- DÁ PRA VOCÊ PARAR DE BANCAR A FALSA GAY E CONTAR LOGO!? OU EU JURO QUE... COMO UMA BARCA DE SUSHI NA SUA FRENTE!
Cristina revira os olhos e eu gargalho.
- Bom... Ele... Reagiu até que...
- MER! O CARA SURTOU!
Gargalho.
- Como assim? No qual sentido?
Falei indo até a penteadeira e levando o macbook comigo.
Solto meus cabelos e os escovo.
- MER, EU JURO QUE EU ACHO QUE ELE É LOUCO! O CARA TÁ FISSURADO NA CRIS! FALOU ATÉ EM CASAMENTO!
- CASAMENTO?! O QUE?
Cristina revira os olhos.
- Dá para os dois gays acalmarem os ânimos? Ele só ficou assustado.
- AQUELA FELICIDADE DOENTIA É O QUE VOCÊ CHAMA DE SUSTO? VOCÊ E ELE BRIGARAM FEIO ANTES DE TERMINAREM, CRISTINA YANG! VOCÊ LEMBRA DAS COISAS QUE ELE TE DISSE?
- O que? - eu não estava a par daquilo.
- Dá pra você acalmar seus ânimos?! Obrigada! Mer... Não foi muita coisa.
- Ah, claro, não é muita coisa aquele homem dizer que você sufocava ele, sendo que quem fazia isso era ele! E literalmente! Você sabe bem!
- Calma... Ele... Fez aquilo de novo?! - pergunto boquiaberta.
- Não! Foi só uma vez! Gente, pelo amor de Deus! Eu não vou voltar com ele e muito menos me casar! Apenas disse que ele pode participar do jeito em que quiser.
- E O HOMEM ENLOUQUECEU! ELE COMEÇOU A ANDAR DE UM LADO PARA O OUTRO OBCECADO COM ESSA HISTÓRIA DE CASAMENTO! AGORA VOCÊ VEJA! SÓ PORQUÊ ELA ESTÁ GRÁVIDA ELA TEM QUE SE CASAR? E COM UM CHERNOBYL COMO AQUELE? - George estava vermelho.
- Já disse pra você se acalmar aí, unicórnio!
Rio.
- Me desculpe, não consigo levar você a sério, George.
Ele revira os olhos e some da vista da câmera.
- E então, Cris. Como você está se sentindo em relação a isso?
Ela suspira.
- Bem. Assustada, mas bem. Ao contrário do que o George pensa, eu não tenho a mínima vontade de voltar com o Owen. E não preciso da ajuda dele para nada. Mas é o direito dele ajudar, não é? Então...
Suspiro.
- Você se meteu numa e tanto! Eu te avisei tantas vezes, Cris!
Ela revira os olhos.
- O estrago já está feito! Não adianta chorar pelo leite derramado dentro de mim.
Gargalho sentindo o ar me faltar.
- VOCÊ É SUJA!
Ela sorri e me dá uma piscadela.
- Mas ele sabe que o nome quem irá decidir vamos ser nós, não é? Já tenho tantas idéias! - falo sorrindo.
- Amanhã tenho meu primeiro exame.
- Oh! - me sinto desapontada - Sério? Mas é ultra?
- Sim.
- Poxa! Eu queria tanto estar! - falo suspirando - Vamos viajar as 10:00.
- Minha consulta inicia as 7:00, tenho plantão a partir das 8:00... Caso a senhora queira vir... - ela dá de ombros.
Sorrio.
- Posso fazer esse esforço. Pelo meu afilhado ou afilhada, óbvio.
Ela revira os olhos.
- Quantos meses até eu poder furar filas com a desculpa de que meus pés são pãos, ter todas essas regalias...?
Rio.
- Alguns meses, Cris.
- A demo está em casa?
- Humrum. Provavelmente no escritório.
- Hum. Te tratou com grosseria?
- Nós não trocamos muitas palavras - suspiro - Eu preciso apenas parar de ter as minhas crises de perfeccionismo com ela.
- Hum. Sei - ela revira os olhos - Você precisar é parar de ter medo dessa mulher - ela sussurra olhando ao redor, para ter certeza de que George não ouviria.
Suspiro.
- O que eu supostamente deveria levar para LA? Não sei se irei a praia, não sei de absolutamente nada.
- Pergunte para Satã. Caso você tenha esse livre e arbítrio ainda.
- Cris... Pare. Ela não é um monstro.
- Hum. Não perguntei nada.
Rio. Minha amiga se preocupava tanto comigo.
- Sua consulta será no hospital?
- Não. Em uma clínica. Te passo a localização.
- Okay - falei me levantando.
Continuamos conversando enquanto eu separava algumas roupas em que eu tinha certeza precisar. Como langeries, camisolas e dois robes.
Separo também um par de scarpans pretos e uma sandália aberta vermelha, de salto fino.
- Leve aquele vestido.
- Qual?
- O que compramos da última vez.
- Humm... Não sei não, não tenho certeza se usarei ele em algum lugar.
- Leve. Apenas por precaução.
Pego o vestido vermelho que ia até um pouco antes dos meus joelhos, de costas nuas e o encaro.
Dobro perfeitamente e o coloco encima do puff, assim como os outros.
- Vão assistir o filme. Amanhã encontro vocês na clínica. As 7:00 em ponto.
Cristina e George assentem e nos despedimos.
Encaro o enorme puff com apenas langeries, roupas de dormir, os saltos e o vestido. Eu precisava saber exatamente o que levar.
Ouço a porta do quarto fechar e o perfume de Addison ficar ainda mais marcante.
A mesma se senta no outro puff e tira seus saltos.
- Addison?
Ela murmura uma resposta, enquanto tenta abrir o zíper do seu macacão, que parecia um pouco emperrado.
Vou até a mesma e a ajudo, abrindo o mesmo.
Me afasto e vou até minha penteadeira.
Apoio minha perna no banco e começo a passar creme na mesma.
- Quais tipos de roupa devo levar? O que iremos fazer lá?
A vejo tirar seu macacão, revelando um conjunto de langerie também preto e rendado.
Mordo meu lábio inferior sentindo cada parte do meu corpo reagir aquela visão.
Afasto esses pensamentos da minha cabeça.
Eu estava ficando louca.
Ouço Addison suspirar.
- Leve apenas um vestido formal, temos um evento na sexta a noite. De resto... Você escolhe - ela falou tirando seu sutiã.
Engulo em seco ao vê-la de costas para mim, parecia procurar algo em uma de suas gavetas.
Aquela calcinha era realmente...
Merda, Meredith! Merda!
Reviro os olhos para mim mesma e dou as costas para Addison, vou até o meu armário de vestidos formais e escolho um longo e preto.
O dobro perfeitamente e coloco encima do puff.
Escolho uma calça jeans de lavagem clara, três blusas, uma saia e um vestido tubinho vermelho.
Também os dobro e alcanço minha mala pequena, na parte de cima, com a ajuda da escada dos armários.
Arrumo todas as roupas ali enquanto vejo Addison escolher as suas.
A mesma já vestia uma camisola preta, tão curta, que quando ela abaixou para escolher seus sapatos, pude ter uma visão bem...
O que? Que merda estava acontecendo comigo?
Nego com a cabeça, tentando tirar aqueles pensamentos de mim.
Eu estava me tornando uma depravada!
Engulo em seco ao ver seus cabelos se soltarem do coque em que a mesma havia feito.
- Posso... Arrumar a sua, se você quiser. A sua mala.
- Isso é um trabalho de Miranda, não seu - A mesma respondera fria.
Engulo em seco.
- Não me custa nada, já estou arrumando a minha - dou de ombros.
Addison me encara friamente.
- Você é minha mulher, não minha empregada, Meredith - ela responde calma, mas friamente.
Assinto sem a encarar.
Seu celular toca e a mesma o pega, atendendo a ligação.
- Montgomery.
A vejo ir para o quarto e suspiro, me sentando, rendida, no puff.
Faço uma nécessaire com as coisas em que eu uso todos os dias e coloco dentro a minha mala.
Revejo tudo umas 10 vezes para ter certeza de que eu não estava esquecendo nada, e faço uma nota mental de colocar meu macbook lá dentro, assim que eu acordasse.
O coloco para carregar e ligo meu celular, vendo uma foto em que Cristina e George me mandaram. Os dois assistindo um filme da Barbie.
Rio.
Meus amigos eram duas figuras inexplicáveis! E com certeza os melhores amigos em que eu poderia ter.
Termino de passar meu creme no corpo e vou até o banheiro. Faço minhas higienes noturnas e saio.
Vejo Addison de frente para o seu armário terminando de separar suas roupas e vou para o quarto.
Me deito na cama e ligo o ar condicionado, pego meu livro e coloco meus óculos, dando continuidade a minha leitura.
Alguns minutos depois vejo Addison fechar a porta do closet.
Seus cabelos estavam soltos e escovados.
Vejo-a desligar as luzes principais do quarto, deixando apenas as mais baixas.
A mesma se cobriu, também se encostando na cabeceira.
Vejo-a colocar seus óculos e abrir seu livro estranho.
- É... Tudo bem pra você que amanhã eu saia as 6:30, mais ou menos?
A mesma me encara por debaixo dos óculos.
- Prometi a Cristina que estaria na primeira consulta dela.
Addison ainda mantinha o cenho franzido.
- Ela está grávida.
Addison assente e volta sua atenção para o livro, parecendo não se importar com isso.
- Posso encontrar você no aeroporto?
A mesma assente novamente.
Me viro, continuando minha leitura.
- Você terminou os projetos com a senhorita Stevens? - Addison pergunta sem tirar os olhos do seu livro.
- Sim - sorrio - Ficou tudo perfeito. Ela disse que começará amanhã, e que quando chegarmos já estará quase tudo pronto.
- Ótimo - a mesma responde.
Lembro-me do que tanto queria perguntar a Addison, sobre os meus livros, eu não havia os visto desde que me mudei.
- Addison?
- Sim? - a mesma responde sem me encarar.
- Sei que isso não é algo em que você deva saber, mas você tem noção de onde colocaram meus livros?
Ela me encara.
- Não estão na biblioteca?
- Não. Procurei por lá mas não os vi.
- Perguntarei a Miranda amanhã.
Assinto e sorrio.
- Obrigada.
Me viro para o outro lado e me cubro direito, coloco um despertador para as 5:40 e tiro meus óculos, desligando meu abajur e fecho meus olhos, tentando dormir.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro