• Capítulo 02 •
| DEGUSTAÇÃO|
* Estou usando 99% do avatares de uma série turca "Kara Sevda" para facilitar na hora de fazer os banners. Mas não cheguei sequer a assistir a série.
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GLORIA GROOVE - A QUEDA
"Traidor Miserável!"
KAYLA • Kayla Johnson
Merda! Pensei, com meu emocional já abalado, me segurando numa fina corda. Torci levemente a cabeça para o lado. Era inacreditável como Richard poderia perder essa oportunidade de ficar quieto. Não bastava toda a mágoa que estava sentindo... mágoa esta que foi perdendo o lugar para a mais pura e genuína raiva.
Puxei o ar com força e fechei os punhos, mas ao escutar o sibilar das pessoas ao redor, recordei que este não era um lugar para um show. Fechei os olhos e deixei um suspiro escapar pelos lábios, corrigindo a minha postura. Me virei para encará-lo, magoada, ressentida e rancorosa. Porém, contive todas estas emoções.
— Sim, Richard? — Respondi pontualmente com frieza.
— O que faz aqui, querida? — Indagou ele, soltando a mão da mulher e vindo em minha direção, para tentar apanhar a minha, mas desvencilhei-me do toque com um tapa. Ele me olhou fixamente com aqueles olhos esverdeados que sempre me encantaram, mas que naquele momento só me causavam nojo e repulsa.
Querida? Como você ousa?! Pensei, mas me restringi.
— O mesmo de sempre... Trabalhando. Bom... Suponho que você também está fazendo o mesmo de sempre... — Sorri venenosa, ao mesmo tempo, em que levei uma mão a face avaliando-o de cima a baixo. — Foi uma indelicadeza a minha atrapalhar o casal. Ah! E por falar em casal, creio que isso aqui não me pertence mais.
— Kayla... — começou ele. — Não fale assim...
Ele tentou novamente alcançar a minha mão e voltei a bater na dele, lhe lançando um olhar gélido. Retirei o anel de noivado, este que me recordava vividamente do dia em que ele me entregou. Estava em meio a um buquê de flores... E a recordação disso, me deixou curiosa e o pensamento acabou escapando pelos meus lábios.
— Não me surpreenderia que um ladrão como você, tivesse usado o MEU dinheiro para comprar este anel. O dinheiro dos meus pais que nem mesmo eu mexo... — algumas pessoas exclamaram ao redor, não queria isso, já que a merda estava feita, iria até o final. Antes que ele se defendesse, mantive o sorriso polido, ao passar por ele lhe dando um olhar de soslaio. — Mas não se preocupe, fica como um presente.
Caminhei até a sua amante e parei a poucos passos dela. Ela me fitou assustada e ficou com uma cor esverdeada de medo. Levantei a mão, mas a mulher acreditava que a golpearia, então se encolheu no mesmo instante que pediu socorro com o olhar para Richard. Como se ele fosse a defender... Ele não defenderia ninguém, e neste momento, senti pena dela. Tão iludida que me fez ter que segurar uma gargalhada.
— Minha senhora... — disse calma, mas com ênfase no "senhora" uma vez que infantilmente, queria causar alguma dor nela, como a que eu estava sentindo. — Creio que isso agora lhe pertence.
Com a minha mão ainda erguida, joguei o anel de noivado dentro do enorme decote dela.
— Faça bom uso... — falei e continuei olhando-a nos olhos.
Porém, não sai do lugar, logo após a minha fala. Cruzei lentamente meus braços, fitando-a de forma analítica. Não que realmente me importasse, com o que ela vestia ou como ela parecia. Mas tudo na composição da mulher era apelativo, me senti em um clichê, só que no lugar de chorar como uma pobre donzela, o desejo que me tomou foi de a irritar.
Na sombra de um sorriso de puro sarcasmo, debochei em silêncio da mulher.
— O-O que foi?!
— Nada em particular, só que nunca havia visto uma... Qual é mesmo o nome que se dá hoje em dia? Sugar Mommy? Olhando mais de perto, lembro-me quem é a senhora. Sua fama faz justiça ao que presenciei aqui. Parece que a lei do retorno realmente chega. Assim como iludiu os outros... é a iludida da vez.
Me viro para ir embora, deixando a mulher perplexa para trás. Consigo dar alguns passos, passando por Richard, sem olhar-lhe na cara, porém o infeliz insiste em segurar meu braço. Maldição!
— Kay, deixa explicar. Como você pode fazer isso frente aos anos que estivemos juntos? Você sempre me deixa de lado para trabalhar, me senti tão sozinho e então... — Começou ele a se justificar e o meu sorriso morreu. — Aconteceu... Eu sinto muito. Me perdoe, não voltará a acontecer.
Meu olhar deslizou para a sua mão me tocando, até o seu rosto. Minha expressão vacilou e por um segundo, minha raiva transpareceu. Fazendo-o tirar a mão de mim e dar um passo para trás, como se não me reconhecesse. O vi engolir em seco, vi um brilho de ódio em seus olhos, mas sua atitude a seguir foi oposta, como se fosse a vítima injustiçada.
"Aconteceu" ele disse. Roubar meu dinheiro e todas as palavras asquerosas, também foram apenas um surto de loucura da minha cabeça, aposto, penso amarga. Um sorriso maquiavélico nasceu de vez em meus lábios, ao mesmo tempo que me movi bruscamente estendendo a mão em direção ao seu pescoço.
— Entendo... é aquela coisa de homens... Todos aqui podem entender. Eu descontrolada, magoada e louca, te matar esganado, também seria muito compreensível! Não acha?! Aquela coisa de hormônios! — falei com um ar maníaco e psicótico, que o fez ficar pálido e dar um passo para trás.
— Você não faria isso! — exclamou ele com descrença.
— Está certo... não mesmo. — concordei com um sorriso cortês, ao mesmo tempo em que fechava a minha mão em punhos e as descia. Parei por um momento, reflexiva. Então, repeti suas palavras num tom um pouco mais grave. — "Como você pode fazer isso frente aos anos que estivemos juntos?" Acredito que deveria ser "eu" a dizer isso. Mas não importa, a resposta não mudará o resultado. É o nosso fim.
Conclui minha frase de uma forma que me fez parecer realmente o coração de gelo que tanto me chamavam. Me virei em direção aos convidados que assistiram tudo, curvei educadamente minha cabeça.
— Desculpem-me por todo o inconveniente que e o transtorno. Sinceramente, sinto muitíssimo. Por favor, esqueçam o que aconteceu e aproveitem o restante da festa... As crianças necessitadas, agradecem. — Corrijo a minha postura, virando-me para me desculpar com os outros dois envolvidos. Evitei olhar em seus rostos, pois a vergonha me consumia de forma avassaladora. Eles ainda estavam próximos, silenciosos, observando a situação. Levei a mão na minha bolsa. Peguei meu cartão de visitas e estendi a eles.
— Peço que me mande a conta da tinturaria... Sinto muito o ocorrido. Aos dois... — No entanto, para a minha surpresa, mantive a mão parada no ar por segundos de tensão e silêncio, pois ele não pegou o cartão. No lugar disto, Alejandro segurou o meu pulso com firmeza e puxou-me para perto de si. Arfei de surpresa e pude sentir o cheiro de seu perfume, estranhamente, no fundo da minha mente, pude escutar o meu próprio choro e algumas palavras de consolo.
O que?
Mesmo que ele tenha me surpreendido, não tive muito tempo para tentar adivinhar o que havia acontecido. Ele se abaixou a altura do meu ouvido e pude sentir o seu respirar contra a minha pele quando disse:
— Está bein? — Perguntou ele em espanhol, mas no meu nervoso apenas levantei o olhar para ele. Seus olhos negros profundos e intensos encontraram os meus e toda aquela muralha de força que eu tinha erguido, quase se desfez por completo. Sorri amarga para o homem, mas não consegui responder. Quem afinal, estaria bem?
Como não o respondi ele voltou a perguntar desta vez em inglês.
— Está bem?
— Me solte... — Foi tudo que eu disse, após afastar o meu olhar do dele. Estava faltando pouco para que a máscara da indiferença se quebrasse e minha dor transparecesse para todos ali.
Ele ficou por algum tempo em silêncio, antes de me soltar. Apressei-me a sair de perto dele, mas estava a poucos passos de distância do Alejandro quando pude ouvir a voz da amante de Richard.
— Mulher fria... não é à toa que ele me procurou. Sem coração, seca e indiferente. Finalmente entendo por que me buscava... — exclamou em alto e bom-tom, causando ainda mais burburinho.
— Kayla sempre foi assim... sempre pensou apenas em trabalho e na sua imagem perfeita... uma vadia...— Richard estava completando a fala dela, mas nunca consegui terminar de ouvir o que disse. Pois, alguém se aproximou de mim rapidamente e tapou meus ouvidos com as duas mãos.
Surpreendi-me e virei minha cabeça, encontrei os bonitos olhos da senhora Scarlet Grand. Vi o alvoroço atrás dela e tentei virar o olhar para trás, saber o que é que estava acontecendo, mas ela meneou a cabeça. E sinceramente, eu que já passei por tanta coisa em um curto tempo, de verdade, não queria realmente saber.
Há um limite do quanto conseguia me conter.
(...)
Ela me acompanhou até o grande hall do hotel, soltou-me apenas para falar com alguns funcionários, entretanto não demorou a voltar. No seu retorno, segurou o meu braço levando-me consigo para longe do hall, entrando por um longo corredor. Sentia o meu coração pesado, mas tinha que me manter firme, tinha que ser forte, embora quisesse apenas esquecer tudo, sumir da face da Terra por algum tempo... Podia ouvir pessoas passando por nós, falando coisas que eu não poderia me importar menos.
Ao chegar em uma sala isolada, Scarlet parou de andar e soltou o meu braço gentilmente, foi até a minha frente, parou, me fitou com seus olhos bondosos e levou a mão até a minha face, a acariciou e disse:
— Pronto... estamos longe de todos... Ninguém te verá aqui.
Sua voz era doce, era visível a sinceridade nos seus olhos e antes que desse por mim, a primeira lágrima rolou e depois dela outra e outra, incontrolavelmente. Tentei contê-las, mas não consegui. Suspirando, Scarlet me puxou num abraço. Meu choro era desolado e silencioso, de modo que momentos depois o Sr. Harrison Grand estava entrando na sala com o celular no ouvido, sem saber o que se passava.
Senti vergonha do meu estado lastimável. Senti a necessidade desesperada de retomar o controle, então, puxei o ar enchendo meus pulmões com força e soltei calmamente, uma, duas, três vezes... Sra. Grand colocou a mão em meu ombro, e murmurava palavras gentis, e quando enfim, me acalmei. Sorri de todo meu coração, agradecendo.
O sr Harrison que estava absorto em suas discussões e ordens pelo celular, demorou um pouco para perceber o clima e assim que o fez, creio que por meio segundo, vi sua face se desfigurando de bravo para penoso. O que alfinetou o meu orgulho. Ele que estava com o celular, o desligou subitamente e ainda calado passou nervosamente a mão pelos seus fios de cabelo prateados.
— Maldição! Desculpe... — disse sem jeito, caminhou até mim e colocou a mão sobre meu ombro livre. — Consegui uma saída pelos fundos e já chamei o carro, confie em mim menina... Tudo ficará bem.
Eles estavam cuidando de mim e não sabia o que falar sobre isso. Meu racional dizia "gratidão", mas parecia tão pouco... E ao mesmo tempo, me sentia como um pedaço de madeira flutuando no mar. Não me sentia capaz de transmitir a gratidão desejada e lamentava verdadeiramente por isso.
Estava frágil e qualquer um poderia ver isso... Não gostava disto. Mas deveria verbalizar ao menos o que eu sentia de alguma forma, então murmurei:
— Obrigada...
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