Sebastian
Não vi mais meu pai nem minha mãe desde o momento em que saíram pra conversar. Tampouco Amerie. Tinha conversado com diversos representantes de empresa, falando sobre negócios, flores e sabe mais Deus o quê. Obviamente não era a mesma coisa que fazer sobre países, não se comparava a diplomacia mas era melhor do que simplesmente não fazer nada. Christian adorava viver assim, ele tinha um pequeno cargo que não servia de nada e adorava jogar golfe com os colegas de trabalho, fingindo que estava em uma reunião super importante na maioria das vezes.
Por diversas vezes tive certeza que seria rei já que apesar de frequentar a melhor escola e as melhores faculdades, meu irmão não estava interessado.
Diferente de mim, que tinha nascido pra governar.
Tinha.
— Você fica mais bonito a cada ano que se passa. — Caitlin diz me encurralando com seus olhos gigantes. — Sentiu saudades?
— Mas é claro que nã.. — Minhas palavras foram interrompidas pelos seus lábios grudados nos meus.
Me afasto automaticamente, chocado e olhando pra todos os cantos torcendo que ninguém tenha visto essa barbaridade. Caitlin sorri de forma venenosa percebendo que me deixou atordoado enquanto coloca as mãos na minha gravata. Coloco uns bons pés de distância dela me sentindo violado. Não consigo lembrar quando minha vida não foi essa confusão de noivados e casamentos, e isso é mais uma prova de que preciso me casar amanhã. Acho meu pai com os olhos observando a situação com um sorriso no rosto, era claro que isso tinha sido ideia do Todo Poderoso rei da Noruega.
— Qual é a porra do seu problema? — Pergunto ainda incrédulo. — Eu sou noivo!
— E daí? Você vive noivo Sebastian. — Ela revira os olhos. — Adeline, América, eu.
— O nome dela é Amerie. — Corrijo sem nem um pingo de paciência. — E nós não tivemos nenhum noivado, você é louca?
Pega mal chamar uma mulher de louca, mas nesse momento ela está sendo uma pirada do caralho. Adam, Aaron e até mesmo Todd iriam me matar se vissem ela me beijando e eu era jovem de mais pra morrer.
— Bom, isso pode mudar. — Ela tenta ser sedutora e se aproxima de mim me fazendo andar mais pra trás. — Não sente saudades? A gente se divertia muito.
Um sorrisinho malicioso sai de seus lábios e eu reviro os olhos. Se divertia nada, eu estava entediadissimo com ela assim como estava na maioria das vezes.
— Caitlin, eu não vou ser rei. Não importa o que meu pai tenha dito. — Explico como se ela fosse uma imbecil. — E mesmo se fosse, não estou interessado em você.
É a vez dela de revirar os olhos agora. Sei que não deve ter acreditado no que falei, por que meu pai consegue convencer um cego de que ele enxerga.
— Você vai se cansar dessa caipira. — Ela diz com toda certeza do mundo. — Você acha que Amerie é tudo de bom no mundo, que teve sorte de estar com ela sendo terrível. Mas um dia você vai acordar e ver que ela é doce demais pra viver como nós vivemos, ela não nasceu pra ser rainha e você com certeza nasceu pra ser rei.
Suas palavras meio que me atingem agora. Duvido que um dia eu acorde e pense que Amerie é doce de mais pra mim, mas com certeza ela poderia acordar e ver que sou terrível demais para ela. Ela teve a vida tumultuada nos últimos meses por minha causa, exceto o drama com Brian, eu que causei toda a turbulência da sua vida. Ela tinha duas famílias que a amavam, e o que eu tinha? Um pai narcisista e uma mãe emocionalmente distante. Era isso que eu tinha a oferecer a ela, nada.
— Cala a boca. — Rosno apesar dos pensamentos. — Você não sabe do que está falando.
Seu sorriso se alarga ainda mais agora que percebe que me afetou.
— Ela não merece você. — Seus lábios se fecham em um biquinho forçado. — Não merece o futuro rei da Noruega.
Eu que não mereço. Não mereço ser feliz, nem mereço estar com ela. Não depois de tudo.
— Caitlin, você deveria ir embora. — Minha voz está mais controlada agora. — Antes que eu decida parar de ser tão legal, e contar aos seus pais seu gosto peculiar por funcionários.
Sua expressão confiante vacila agora. Ela tinha uma reputação impecável graças a cara de santa e por isso estava nas graças do pai a tempos, diferente da irmã que tinha caído em um escândalo engravidando de um garçom.
— Duvido que você fale, Amerie te castrou. — Ela diz tentando disfarçar o desconforto. — Esses caipiras todos te castraram.
Dou um sorriso sarcástico e faço um gesto indicando que ela saia com a cabeça. Não estou nem aí pra opinião de uma mulher que adora dormir com homens casados. Caitlin não tinha caráter nenhum, por isso não podia ofender os Wado chamando-os de caipiras. Ser caipira não é vergonhoso, ser uma vadia infiel é.
Jackson e Christian chegam na mesma hora e eu viro um copo de rum automaticamente. Essa noite foi um saco. Espero que pra minha saúde psíquica ter uma empresa não seja tão estressante. Caço Amerie com os olhos pronto pra me despedir e ir embora, não consigo mais fingir que estou feliz.
— Acho que deixou sua bolsa no bar. — Christian fala a Jackie quando está ao meu lado e ela olha para as mãos, voltando o caminho em direção ao bar logo depois.
Meu irmão mais velho a acompanha com o olhar quase que se certificando que a esposa está longe o suficiente pra tirar a bolsa do paletó.
— Virou ladrão de bolsa agora? — Pergunto com uma sobrancelha arqueada, pegando outro copo de rum do garçom ao lado. — Não conhecia seu lado amante da moda.
Ele ri por um segundo, mas depois revira os olhos com uma expressão menos feliz.
— Sebastian, isso é um erro. — Ele começa e pela milésima vez suspiro. — Só me escute, não sou como nosso pai e vou te dizer a verdade.
Apesar de tudo tenho respeito por Christian. Ele é meu irmão, mesmo com toda a confusão. Mas não estou nem ai pro discurso que ele vai dar agora.
— Você é a última pessoa que deveria estar falando comigo sobre isso. — Digo fitando seus olhos. — O filho mais velho herda o trono.
— Não estamos falando de ações, Sebastian. É um trono. Um país. Uma linhagem. — Ele diz em pausas. — Eu sei, você sabe, e toda a família também sabe que não existe outro Rei pra Noruega.
Quantas vezes vou ter que repetir que não estou nem aí pra essa porra toda?
— É realmente uma pena. — Dou ombros. — Quem sabe eu mudasse de ideia se seu pai tivesse alguma consideração.
— Nosso pai. — Ele corrige e suspira. — Eu sei que você está fazendo tudo isso por causa de Amerie, entendo que esteja tentando superar e...
— Superar o quê?
Sinto que vou me arrepender da pergunta, por que cinco segundos depois que falei percebo o que ele quer dizer.
— Jackson. — Ele comprime os lábios. — Ela foi o amor da sua vida, sei que é difícil que eu tenha casado com ela e não fiz pra provocar você, só aconteceu...
— Não estou nem aí pra você e essa vadia. — Interrompo.
— Ela é uma vadia só por que não quis continuar com você?
Seu olhar endurece agora, mas não me arrependo do que disse.
— Ela é uma vadia por que é uma vadia. — Falo casualmente. — Egoísta, manipuladora e narcisista. Sem ofensas, é claro.
É um fato que Jackson é tudo isso. Não é só por que ama Christian que virou um anjo, o plano inicial dela era simplesmente casar com o próximo rei e por isso pulou de mim para ele em um piscar de olhos.
— Ótimo. Então você está se enganando com Amerie, o anjo da monarquia. — Ele diz com a voz repleta de ironia. — Boa, pura e doce. A mulher boa, pra casar e de família.
— É melhor você calar a boca agora. — Aviso. — Vai pra sua casa Christian, me deixa em paz e não se mete nas minhas escolhas.
— Não vou ficar calado só por que a vadia da Amerie está fazendo a sua cabeça pra virar as costas pra sua família. — Ele cospe.
Sempre me surpreendo com o quanto tudo parece ficar lento quando fico com raiva, é o que acontece quando dou um passo em direção a Christian agarrando o colarinho branco e jogando ele no chão com toda força que tenho. O baque é surdo por conta do som, mas algumas pessoas arquejam em volta.
Sinceramente? Foda-se.
— Mandei você calar a boca! — Grito vendo ele rir com desdém.
— A santinha do pau oco deve ser boa de cama pra fazer você ficar transtornado assim. — Ele continua e perco completamente a paciência. — Deveria ter experimentado eu mesmo antes de casar.
Me abaixo levando o punho esquerdo em direção a seu rosto e percebo que usei muita força quando seu nariz começa a sangrar instantaneamente. Tenho quase certeza que quebrou, mas isso não me para. Christian tenta me acertar, mas sou muito mais forte que ele e tenho muito mais experiência em briga. Alguém me agarra me tirando de cima do meu irmão e o ajudando a se levantar, mas me solto e dou apenas um passo antes de bater com toda força que consigo no seu abdômen vendo-o se curvar pela dor.
— Sebastian! — Amerie grita de algum canto, mas não paro.
A quantidade de sangue que está caindo do rosto dele chega a ser assustadora. Mas não consigo me importar o suficiente quando ele finalmente acertar um soco em mim, me dando ainda mais raiva.
Me puxam novamente de cima dele agora, reconheço Adam, Todd e Aaron mas continuo me debatendo.
— JURO QUE VOU QUEBRAR AINDA MAIS A SUA CARA DA PRÓXIMA VEZ QUE INSULTAR A MINHA NOIVA! — Grito com toda a força que tenho sentindo braços me rodearem.
Ele está cobrindo o nariz com uma mão, e juro que está chorando.
— Você quebrou meu nariz! — Ele diz incrédulo e dou uma risada sarcástica.
— Teve sorte de não ser as suas pernas, caralho! — Rosno.
Vou levar o maior esporro de Amerie com toda certeza do mundo. Mas não consigo conter a raiva que estou sentindo agora. Não mesmo. Se eu fosse um cara melhor iria embora deixaria de tumultuar a vida de uma pessoa tão boa, honesta e altruísta.
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