amerie
Começo a suar frio enquanto nada mais nada menos que Ellis Perlman aparece na nossa frente. A lista dos chefs não era divulgada na maioria das vezes. Era óbvio que eu poderia descobrir já que meu pai era um dos patrocinadores do evento, mas preferi ficar na total ignorância achando que seria mais justo com a maioria dos participantes.
— Margie, você também está se sentindo pobre? — Como sempre, Dean começa a sussurrar.
— Pobre e feia. — Margie sussurra de volta. — Será que ela fez alguma plástica?
— Calem a boca vocês dois. — Falo com a voz ríspida, mas baixa.
Ellis começa a ditar as regras e sigo hipnotizada por cada gesto que ela faz. É tão encantador que parece ser mentira. Ela foi a primeira mulher negra a ganhar o concurso e obviamente, conhecia a minha mãe já que elas tinham fechado uma parceria uma vez. Se não me engano, ela tinha feito o jantar do aniversário de Holly de vinte e um anos.
Eu não a conhecia tão bem já que nesse tempo eu ainda era ignorante demais no mundo gastronômico, mas agora que eu entendia quão poderosa era essa mulher, estava sem palavras.
— Cada um de vocês não está aqui apenas por talento. — Ela continua a falar e olho em volta, percebendo que todos estão exatamente como eu, de boca aberta. — Não estão aqui por quê são ótimos no que fazem.
— O que você quer dizer com isso? — Um cara arrogante fala e percebo um sotaque francês. — É exatamente por sermos os melhores que estamos aqui.
Ellis dá uma risadinha contida que é adorável e sinto vergonha pelo cara.
— Você acha que está aqui por quê é bom? — Ela arqueia a sobrancelha. — Existem pessoas que são mil vezes melhores do que vocês mas diferente de cada um aqui, essas pessoas nunca terão a oportunidade de sair dos seus países. Alguns alunos que tive são a exata razão por acharem que gastronomia é esnobe, e na verdade, é uma arte que deveria abranger a todos.
Suas palavras calam o imbecil topetudo e sinto vontade de bater palmas para ela, mas fico quieta no meu canto.
— Vocês tem uma oportunidade incrível de não só representarem pessoas que não podem vir, mas também de fazerem o trabalho de vocês com o coração. — Ela dá uma pausa. — Portanto o projeto no qual vocês trabalharam por duas semana é: Precisam encontrar três jovens, cada grupo, que tenha vontade de ser chef mas não consiga sem ajuda. Vocês vão criar uma empresa que funcione em tempo semi integral e apresentaram na Universidade de Madrid. O grupo que ganhar vai levar não só o prêmio, mas sim a satisfação de saber que ajudou outras pessoas a realizarem seus sonhos.
A sala se enchem de burburinhos automaticamente. Não tinha muita gente já que era bastante exclusivo, tirando eu Margie e Dean, só tinha mais quatro grupos de três.
— É impossível fazer isso! — Alguém exclama. — Como vamos convencer não só uma, mas três pessoas de fazer um projeto em duas semanas?
— A universidade nos deu uma lista de desistentes e eu vou sortear os nomes. Vou sortear o trio e o número, as salas são do lado esquerdo do prédio. — Ellis fala e todo mundo suspira em alívio. — Espero que se empenhem de verdade, por que não é apenas as suas vidas que vão ser afetadas. Essa é a primeira e mais importante etapa do concurso, a equipe que não conseguir convencer os estudantes será desclassificada.
Parece ser o suficiente para todo mundo calar a boca. Era possível ver algumas pessoas com cara de raiva, mas se o Empire fosse fácil, não seria o mais exclusivo do mundo.
Depois de alguns minutos ela sorteia os nomes na nossa frente e Margie apanha o nome da nossa equipe. Robby Delacorte, Summer Blinder e Dustin Johnson. Esses eram os nomes das pessoas que provavelmente iríamos mudar a vida para todo o sempre, ou não.
— Dois caras? Trabalhar com homens me dá mal humor. — Dean reclama assim que pegamos o número do nosso trio e saímos da sala.
— Você é tão machista. — Margie retruca antes de beber água. — Só quer trabalhar com garotas por quê acha que vai ficar com elas.
— Na verdade, é por quê mulheres são mil vezes melhores que homens. — Ele diz como se fosse dono da verdade. — A maioria dos caras que fazem gastronomia se acham a última bolacha do pacote.
— Igual a você? — Pergunto e solto uma risadinha. — Verdade, tem absoluta razão.
A minha risada morre no momento em que abro a porta e me dou de cara com o que supostamente, seria a minha equipe. Um dos garotos estava com um olho roxo enorme e o outro tinha a expressão mais assassina que já vi na minha vida. A garota parecia indiferente no meio dos dois, isso mostrava bastante coragem já que, se fosse eu, já estaria léguas de distância.
— O que é isso? — Dean diz sem nenhum escrúpulo. — Acho que entramos na sala errada, eles parecem ter saído de uma penitenciária.
Margie olha feio para ele e dou o primeiro passo, me preparando para falar em espanhol.
— Bom dia, espero que vocês não tenham nos esperado de mais. — Dou um sorriso gentil, mas os três continuam me encarando do mesmo jeito. — Me chamo Amerie, esses são Dean e Margie. Nós estamos participando do Empire.
Isso parece ter chamado o interesse de Summer, que olha para mim com vontade pela primeira vez desde que cheguei e me anima para continuar falando.
— O projeto desse ano é ajudar alunos que desistiram a voltar para a faculdade. — Continuo falando e o garoto do olho roxo ri alto e tomba o pescoço para trás. — Algum problema?
— Nenhum. — O tatuado diz e olha feio para o garoto loiro. — Estamos interessados.
— Sério? — Margie dá um pulinho de animação e vejo Summer olhar com uma cara estranha pra ela. — Você é o Robby ou Dustin?
— Dustin. — Ele aponta para si mesmo. — Summer e Robby.
Robby tem a expressão tranquila agora mas seu rosto tem um tom de divertimento que eu detestava. Eu era perfeccionista em trabalhos e esperava que aquele saísse perfeito, eu precisava daquilo.
— Na verdade eu não estou tão interessada assim. — Summer fala pela primeira vez. — Voltar para faculdade não é importante para mim.
Toda a empolgação que eu estava sentindo morre no momento em que ela se levanta determinada a sair da sala.
— Você nem ouviu do que se trata. — Margie tenta e ela nos olha da cabeça aos pés com indiferença.
— Então por que você não me fala, Barbie Malibu? — Sua voz sai amena, mas os olhos demonstram raiva. — Eu tenho um filho de dois anos que depende exclusivamente de mim, preciso pegar ele em trinta minutos e sair para o trabalho em uma hora. Não tenho tempo para caridade da Empire.
Ela sai da sala e faz questão de bater a porta com força. Dustin nem se mexe mas Robby está boquiaberto com a cena.
Margie sorri para mim e suspiro de alívio por saber que ela pensou exatamente a mesma coisa que eu. Era exatamente disso que nós precisavamos, Summer tinha o tipo de história que eu adoraria fazer parte. Se conseguissemos ganhar, ela teria uma profissão e ótimas condições de vida já que dificilmente alguém que tinha participado de uma coisa tão exclusiva ficava desempregada.
É um ótimo dia para mudar vidas.
Helloo
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