54. Bem-vinda, Thea.
2.094 palavras
Música do capítulo: Photograph - Ed Sheeran (mídia).
Não se esqueçam de comentar e favoritar se gostarem do capítulo, obrigada!
SÃO DUAS horas da manhã, os meus olhos não pregam. O vento entra e sai pela janela, as gotas de garoa escorrer pelo vidro e o vento entra mesmo assim. Mike está dormindo ao meu lado e a respiração dele é o único som que eu consigo ouvir nesse cômodo. O quarto está escuro, mas mesmo assim eu consigo enxergar tudo normalmente. Meu Deus, como eu cheguei a esse ponto? A minha vida tomou um rumo maravilhoso. É tudo muito bom, mas toda essa vida de uma certa forma me esfria. Eu quase não vejo meus irmãos.
Vejo mais uma gota solitária descer pelo vidro e então sinto uma pontada muito forte nas minhas costas. Como se alguém estivesse enfiando uma agulha bem devagar em mim. Então no final a pontada começa à arder. Viro para o lado e começo a cutucar o Mike.
— Amor? Mike, por favor, amor, acorda! — Balanço ele e então ele dá um pulo.
— O quê?
— Amor, para o hospital, rápido. Eu estou com muita dor.
— Ah, meu Deus, lógico.
— Coloca as coisas dela na bolsa e um vestido para mim que eu vou trocar de roupa! Rápido!
Nós dois pulamos da cama. Ele coloca uma calça de moletom e uma camiseta qualquer. Eu coloco uma calça legging preta e uma blusa de lã cinza. Amarro o cabelo e pego minhas coisas. Mike pega a bolsa, colocando as roupinhas dentro e um vestido rosa para mim.
— Tudo pronto? — Mike pede, colocando a alça da bolsa no ombro.
— Sim, Mike, se a gente esquecer algo eu ligo para a Lori ou para a Paty, sei lá, vamos. Está doendo muito!
Pego um casaco na cadeira da sala. Mais uma vez uma pontada na barriga. Pegamos o elevador, que parece demorar uma eternidade. Até que, um milésimo de ano depois, ele finalmente para no estacionamento. Mike abre o carro para mim e eu entro e ele faz o mesmo logo em seguida. Ele anda o mais rápido possível e eu sinto como se a Thea fosse sair dali agora mesmo. Sinto um líquido escorrer pelas minhas pernas.
— Mike, não querendo pressionar, nem nada, mas a minha bolsa estourou. Por favor, rápido! — Seguro firme no trinco da porta e isso está demorando mais do que realmente deve, eu acho.
Chegamos o mais rápido possível no hospital, a minha barriga está doendo muito e eu quase não consigo andar, Mike deixa as coisas no carro e me conduz para dentro do hospital.
— A minha esposa entrou em trabalho de parto! — Mike diz, apavorado. Então a enfermeira que está vindo já conversa com a recepcionista e me leva pelo corredor.
— Agora eu preciso que você respire fundo. O máximo de tempo que puder e tente relaxar. Ficar aflita só fará mal ao bebê, está bem?
— Tudo bem — digo, segurando a minha dor na garganta.
Ela me entrega o mesmo macacão que eu coloco nas consultas com a obstetra e eu vou colocá-la. Mike fica parado na porta, a enfermeira pede para que ele se sente um pouco. Já que ele está meio trêmulo. Troco de roupa e volto para a sala.
— Bom dia, Clary — a doutora diz, entrando na sala de parto. Onde eu estou deitada na maca, Mike está ao meu lado e eu estou de mãos dadas a ele. Ela para na nossa frente e escreve na prancheta. — Quando começou as contrações?
— Lá pelas duas horas da manhã.
— Meia hora então. Bom... Dilatação? — Ela se vira para a enfermeira.
— Cinco centímetros de dilatação — a enfermeira confirma.
— Tudo bem, daqui a pouco voltamos para checar o seu desenvolvimento e, quem sabe, já dar início ao parto. Clary, você precisa descansar agora, logo vai precisar de toda a sua força, está bem? A sua menina vai nascer saudável, mas você precisa de força.
— Claro! — Nessa mesma hora sinto mais uma contração e uma pontada forte nas minhas costas. É como se eu estivesse sendo soqueada por uma bola de futebol, é uma dor imensa.
As horas passam como as mais torturantes da minha vida. Para a minha infelicidade os últimos minutos são os piores, como a doutora mesma me disse. Às vezes eu aperto a mão de Mike tão forte que sinto pena dele, mas eu preciso disso.
Depois de ficar vindo de uma em uma hora no quarto, finalmente parece ser a última visita da enfermeira.
— Bom, está tudo pronto... a sua dilatação já está em dez. É agora, Clary! — a enfermeira diz, apoiando suas mãos nas minhas pernas e me ajudando a forçá-las. — Faça o máximo possível de força, está bem?
A doutora troca de lugar com a enfermeira e uma deles vem do meu lado. Assim que elas pedem eu faço força. Força. Força. Força. Força. A única palavra que roda no meu cérebro. Então uma vida passa enquanto eu forço. Aperto a mão de Mike. Força. Força. Força. Uma lágrima solitária desce pelo meu pescoço, mas uma lágrima de felicidade. Assim que ouvimos o choro da Thea meus olhos transbordam e eu começo a cobrar muito. Aperto a mão do Mike e a doutora enrola ela em uma toalhinha. A enfermeira traz ela para perto de nós.
— Bem-vinda, Thea — Mike diz, me dando um selinho e passando a mão no rosto dela.
— É tão pequena a nossa menina! — digo, com lágrimas nos olhos.
— Vamos cuidar dela e levar você para o quarto. Logo em seguida vocês pode vê-la. Parabéns, pais! — a doutora diz, tirando as luvas.
— Obrigada — digo, beijando a Thea e então a enfermeira a pega.
— Eu te amo! — Mike diz, beijando minha mão e eu dou um beijo em sua bochecha.
— Eu também te amo. Muito. Obrigada por ter me dado esse presente maravilhoso. — Sorrimos um para o outro.
Então a enfermeira me ajuda enquanto o Mike vai até o carro buscar as minhas coisas e as da Thea. A enfermeira me dá outro macacão para colocar e tira a touca do meu cabelo. Ela me leva para um quarto, onde os lençóis são rosa bebê. Ela coloca um tiara rosa na minha cabeça também. Não há mais ninguém no quarto. A não ser uma caminha bem pequena ao lado da minha, onde, provavelmente, a Thea vai ficar.
Então a porta se abre, dois minutos depois, a enfermeira trás a Thea, enrolada em um cobertor rosa pequeno. Pego-a no colo, a minha filha é tão pequena e tão fofinha. Os seus olhos mal se abrem e suas mãos são do tamanho do meu dedo, ela é tão fofa. O cabelo é bem preto, como o de Mike e ela é tão miudinha. Dá vontade de apertar muito. Beijo a sua testa e a aproximo do meu peito. A porta se abre de novo, Mike entra, colocando as coisas no sofá.
— Cadê as minhas princesas? — Ele dá um sorriso largo e se senta ao meu lado. — Como ela é linda!
— Muito. E muito pequenininha também — digo, sorrindo. Então ele se aproxima de mim, me dando um beijo. Abaixando o olhar e beijando a Thea na testa. É tão fofo ver eles dois assim.
— Ela é linda, meu amor. Igual a você. — Ele me dá mais um selinho e a porta abre novamente.
— Oi, mamãe e papai! — É a Lori. A Paty e o Jack também estão atrás dela.
— Oi, pessoal — Mike diz.
— Oi! — digo, sorrindo. Mike fica em pé e a Lori e a Paty se aproximam.
— Ela é linda — Lori diz, passando a mão seu rosto.
— É mesmo. Parabéns! — Paty concorda.
— É a minha pequena — digo.
— Posso pegar ela? — Paty pede.
— Claro. — Entrego-a.
Paty ajeita ela em seu colo e a Thea abre os olhos e resmunga um pouco, mas logo Paty a acalma.
— Você é a coisinha mais amada desse muito. Está bem? A gente te ama muito. Você não tem ideia. Thea, você causa felicidade na nossa família desde o dia em que descobrimos que você estava vindo... — Ela beija sua pequena mão e sorri. — Nunca vi nada tão fofo assim na minha vida.
— Não é? — Lori dispara, chegando perto e pegando a mão de Thea. Que abre sorrisinho fofo.
— Parabéns, mana! — Jack diz, se aproximando de mim e me abraçando.
— Obrigada, meu amor. Obrigada. — Retribuo o abraço. — Cadê a sua mãe, Paty?
— Ela e o papai estão lá na recepção. Só pode entrar dois de cada vez, conseguimos deixar Jack entrar, mais nada. Eles vêm daqui a pouco...
— Tudo bem.
Eles ficaram ali mais uns minutos e então todos foram embora, Mike não quer ir embora, a Paty se oferece para ficar, mas ele não quer. Dormi durante à tarde e também amamentei a Thea. Isso dói. Eu achei que não iria doer, mas dói. Acho que porque estou muito sensível ainda.
São oito e meia da noite, o Mike saiu para comprar comida para ele, a Thea está no meu colo, ela acabou de dormir. Os seus olhinhos estão bem fechados e a cabeça dela está mexendo um pouco. A janela está entreaberta e o vento entra por ela.
— Oi, mãe. Hum... Eu não sei se sabe, mas a Thea nasceu hoje. Por volta das oito e quarenta da manhã, dia quinze de Janeiro. Ela é linda, mãe. Queria muito que você estivesse aqui ao meu lado agora. Vendo como a sua filha está feliz e como a sua neta é linda. Por mais que eu saiba que está vendo isso de algum lugar. Eu amo você, mãe. E a Thea também te ama. Não vejo a hora de contar sobre você para ela. Eu te amo.
Ajeito a Thea na mini cama ao lado da minha. Onde tem uma plaquinha com o seu nome e uma cobertinha. Cubro-a e volto para a maca, me viro e fico olhando ela por um tempo. Tão pequena. Tão frágil. Tão linda.
— Eu te amo, princesa...
Dois dias depois
Finalmente eu vou sair do hospital. Tive que ficar um dia à mais porque eles fizeram uns dez exames diferentes com a Thea, mas tudo bem.
São oito e meia da manhã. A doutora acabou de me dar alta, o Mike está trocando a Thea enquanto eu estou indo me trocar. Assim que eu sair daqui vou para casa tomar um banho de banheira bem demorado para tirar esse cheiro de hospital de mim. Vou ao banheiro, coloco um vestido salmão com bolinhas brancas. Faço um rabo de cavalo e coloco uma rasteira. Quando saio do banheiro vejo uma das cenas mais lindas da minha vida. Mike está com a Thea nos braços, ela está sorrindo para ele.
— Vamos? — peço, me sentando ao lado dele. Então a Thea sorri e ele me entrega ela.
— Tá. — Ele termina de colocar todas as coisas dentro da bolsinha e eu coloco ela no meu ombro.
No chá de bebê a Lori me deu um carrinho de bebê, mas era muito grande para trazer. Então trouxemos o bebê conforto que a Cecília nos deu. Coloco a Thea no mesmo e verifico se não deixei nada no quarto.
Passamos na recepção e assinamos uns papéis. Entramos no carro. Eu vou colocar a Thea atrás. Viro ela para mim a viagem inteira.
Quando chegamos em casa, a Arendelle vem toda contente. Coloco o bebê conforto do chão e as duas parecem muito próximas. Arendelle começa a cheirar todo o bebê conforto e eu vou para o quarto de Thea.
Pela primeira vez a Arendelle entra nele, ela está cheirando o quarto todo. Coloco a Thea no berço e dou uma olhada em seu guarda-roupas. Mike está entrando, ele guarda a bolsa na cômoda e fica ao meu lado.
— Temos uma missão daqui para frente — murmuro, me virando para ele.
— Qual?
— Dar uma vida boa para a nossa filha e deixar ela fazer suas próprias escolhas. Cuidar dela para sempre com amor e carinho.
— Pode ter certeza que sim...
— Eu vou descansar um pouco, tomar um banho. Fica de olho nela.
— Claro. — Ele sorri e eu saio do quarto.
Vou para o banheiro, ligo a banheira e tiro a roupa. É estranho não ter aquela barriga de novo. Em um dia sim, no outro não. Engraçado, mas pelo menos ela está comigo agora. Está em um lugar que vai crescer e continuar ali para o resto das nossas vidas. A minha princesa saiu do meu ventre direto para meu coração. Onde ela fará dele sua morada para a eternidade. Definitivamente é uma sensação incrível. Algo que eu não vou esquecer nem por um segundo. Nunca vou esquecer o momento que eu vi a minha filha pela primeira vez.
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