39. O Grande Dia
2.851 palavras
Música do capítulo: I'll Be There For You - The Rembrandts (mídia)
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HOJE É O grande dia, o dia em que isso tudo irá finalmente começar e provavelmente acabar. O dia em que as vidas de duas pessoas que nem se conheciam vai se cruzar. Eu realmente não sei como me sinto. Não sei como é estar noiva e prestes a entrar na igreja e ver uma pessoa linda e gentil esperando por você. Não sei qual vai ser o meu sentimento. A maioria das noivas estaria ansiosa e feliz, pulando e sem saber o que fazer. Nessa parte eu estou sim sem saber o que fazer, mas tenho algumas pessoas me ajudando.
Eu pesquisei muito sobre os votos de casamento. Até olhei na Internet, mas tudo o que tem lá é muito pessoal, não sei nem a razão pela qual eles estão lá, acho que para nós admirarmos. Por fim fiquei a semana toda quase focada nisso durante noites e mais noites. Ainda não estão do jeito que eu quero, mas até o final do dia tudo vai dar certo.
Só vi Mike hoje de manhã, fora isso eu só verei ele parado em cima do altar esperando por mim e pelo meu sim. Que eu nem sei se eu irei ter fôlego para dizer. Joey nem apareceu em casa ainda, já são dez horas da manhã. Hoje de manhã e aproveitei para ficar com a minha mãe, conversei com o médico e ele me liberou entrar a hora que eu quiser já que minha mãe está sozinha — digo, com mais nenhum paciente no quarto. Ela não parece estar mal, está bem pálida e magra, mas fala bem e entende bem, ela não pode ir ao casamento, mas me disse que irá ter pensamentos positivos durante todo o tempo. Desde hoje cedo, quando voltei, a próxima vez que verei minha mãe será só quando eu voltar da lua de mel, ou seja, lá pelo dia dezesseis.
Durante seis dias da semana passada eu intercalava entre ficar duas horas com a minha mãe e cinco horas com o Mike. Para ensaiarmos a nossa valsa, o que foi tão fácil para ele, é como se aquilo já o pertencesse. Diferente de mim, que não sei dançar basicamente nada, até antes de entrarmos na minha despedida de solteiro Paty me passou alguns passos-chave. Não fui tão mal, tirando o fato de que eu queria estar sempre sentada — na minha cama, de preferência —, mas fomos bem, a dança ficou super legal.
Até por isso que eu estou aqui, no meu quarto, com meus fones de ouvido, dançando imaginariamente a valsa. Porque eu sou uma pessoa muito segura de si, né? Não, exato. Estou suando frio aqui, mas vamos lá. Ouço batidas na porta e rapidamente paro de dançar. Paty entra.
— Precisamos ir, nossos horários no salão já vão começar, além do mais, você só se atrasa na igreja. Aqui não. — Paty dá um sorriso engraçado e eu guardo os meus fones, coloco os na bolsa e nós saímos do quarto.
Um carro preto comprido está estacionado bem à frente do portão. Eu, a Paty e a Mônica vamos em direção ao carro, a Vi, a Nessa — irmã de Vi — e a Lori já estão lá dentro. Tem um cara com um terno lindo e um óculos de Sol — quase desnecessário, já que deve estar uns vinte graus agora — está esperando a gente. Se bem que a previsão para a tarde é de vinte e nove graus. Espero que não esfrie no casamento. O motorista nos leva para o salão onde a Mônica reservou. Ela vai vir mais tarde, antes precisa conversar com Camile sobre o buffet. Então nós cinco adentramos no salão. Não tem ninguém a não ser as funcionárias, pelo jeito o salão foi reservado especialmente para isso.
— Bom dia — uma mulher, com os cabelos ruivos na altura do ombro, diz. — Você deve ser a Clary — completa, provavelmente alguém deu uma descrição física de mim.
— Isso mesmo — concordo.
— A noiva. — Ela sorri. — Vamos fazer a maquiagem e o cabelo primeiro, aqui estão os roupões, podem colocá-los. — Ela nos entrega cinco roupões, o meu é branco e tem uma coroa, o das meninas é rosa claro e tem um coraçãozinho dourado, bem fofos.
Enquanto três manicures cuidam da Lori, da Vi e de mim; Paty e Nessa fazem o cabelo. Conversamos muito, mesmo, alguns assuntos que eu prefiro nem comentar devido ao nível de constrangimento, apenas anulem essa parte, a ordem se inverte e quem fez cabelo agora está fazendo as unhas e quem estava fazendo as unhas agora está fazendo cabelo.
Por fim — umas quatro horas depois — já é meio dia. A Luana, que é o nome da moça que me atendeu no começo, pede almoço do restaurante ao lado. Enquanto comemos elas terminam meu cabelo que eu achei particularmente muito fofo. É um coque bem cheio com uma coroa simples, nada pode ser muito extravagante já que é na praia. O almoço estava uma delícia, mas é preciso voltar ao trabalho.
Todas as funcionárias fazem as nossas maquiagens, quando olho no relógio já são três horas. Luana diz que temos duas horas em um pequeno SPA ao lado do salão. Vamos para o mesmo e eles fazem massagens e nos dão sucos muito deliciosos, aproveito um tempo que eu tenho livre e sento perto da janela, que dá de cara para a praia onde o casamento será, dá para ver todas as pessoas se movimentando, mas não vejo o Mike. Foco em meus votos e começo a escrever.
Até que já são cinco horas, eu espero todas as madrinhas se trocarem, Paty está com uma câmera na mão, gravando as coisas desde o primeiro minuto do dia. Ela tira fotos e filma tudo o que pode, só desliga a câmera porque precisa se trocar. Quando todas elas estão prontas eu coloco o meu vestido.
Escolhi um vestido estilo sereia — já que, por coincidência, meu casamento é na praia — com a parte mais larga no final, é muito lindo. Com uma renda nos ombros. Camila chega e pede para que as madrinhas vão na frente, para se encontrarem com os padrinhos. Fico com ela conversando mais um momento. Ela me entrega o buquê e eu ajeito as jóias.
— Estou nervosa — digo, olhando para o relógio. Falta menos de meia hora, o caminho até a praia não é tão longo, então assim que as madrinhas e os padrinhos estiverem entrando eu vou para lá.
— Calma não é a melhor palavra, mas lembre-se de que esse vai ser um dos dias mais lembrados da sua vida — Camila diz. — Vamos? — Ela olha para o relógio. — À essa essa hora as madrinhas já se ajeitaram. — Ela dá mais um toque em meu vestido e guia-me até a Limousine preta. — Vai dar tudo certo, linda. Eu estarei esperando você na entrada, tá bom?
— Está bem, Camila. — Sorrio e ela afasta-se do carro. Vejo-a sumir em meio aos carros e tento não me apavorar durante a ida. Sinto o meu peito arfar e minhas mãos estão tremendo tanto que eu quase não sei como controlar.
Em menos de dez minutos estamos lá, a Limousine para e eu fico atrás de um cortina branca misturada com renda, mas mesmo assim ninguém me vê. Ouço algumas palavras e de repente Camila aparece do meu lado.
— Boa sorte, garota! — Seu sorriso revela dentes enormes e brancos, ela passa a mão pelo meu ombro e eu sorrio para ela.
— Obrigada.
— A cortina se abrirá em dois minutos.
Assim que ela fala isso o meu coração palpita tão rápido que sinto como se ele estivesse pulando pelo meu corpo todo. O meu medo é cair, não dar certo ou qualquer coisa do tipo, mas me lembro de algo que minha mãe me disse, quando eu tinha uns oito anos, ela e o papai estavam fazendo quinze anos de casamento. Ela me disse: Minha querida, quando encontrar o amor da sua vida você poderá não sentir nada visível por ele, seja felicidade, vontade de sorrir ou, pelo menos, as pernas bambas, mas de uma coisa você pode ter certeza, no dia do seu casamento você saberá se é ele se tudo isso que você não sentiu antes acontecer junto. Fiquei com isso a vida inteira na cabeça, agora percebo que é verdade.
Então a música começa a tocar, tirando-me de meus devaneios, e as cortinas caem para os lados. O que me motiva a entrar naquele lugar é o Mike. Seus olhos guiam-me pelo extenso corredor de bambu coberto por um tapete vermelho, meu véu e a barra do meu vestido dançam junto ao vento e às vezes olho para as pessoas ao meu lado. Todos estão em pé com sorrisos de orelha à orelha. Chego a frente de Mike.
— Estamos aqui reunidos para a união deste jovem casal. Mike Zeiss Ramone e Clary Marie Highgate — o ministro começa a dizer.
Ele continua por mais ou menos quinze minutos, até que abençoa as alianças e nós as trocamos. Meus olhos seguem os de Mike durante todo o momento. De vez em quando olhos para as madrinhas. Por fim o ministro diz:
— Bom, os noivos agora vão falar seus votos de casamento. Clary?
— Eu faço — Mike diz, percebendo meu nervosismo, ele vira-se novamente para mim e pega as minhas mãos. — Amor... — Primeiro que eu piro um pouco quando ele fala isso, mas tudo bem e contenho-me. — Eu quero que você me veja não como uma pessoa qualquer, mas como uma única pessoa capaz de te fazer sorrir, como a única que possa te fazer rir sem motivo, como a única que nunca vai te abandonar, como a única que sempre vai te amar. Eu quero que você sinta que nada faz sentido sem mim, quero que você me veja em outras pessoas, quero que você pense em mim antes de dormir, quero que você lembre de mim o dia inteiro. Quero que, quando ouvir uma música, lembre-se de mim. Quero que você sonhe comigo, que nos imagine juntos. Quero que você lembre das nossas conversas, que pense no que deveria ter dito, no que deveria ter feito. Eu preciso que você fique comigo, preciso de você, preciso que você precise de mim. Preciso que você prometa que sempre vai me amar e que nunca largará a minha mão. Eu sei que esse provavelmente vai ser um dos dias mais felizes da sua vida e que eu quero que seja o nosso dia mais feliz, porque é simplesmente o dia do nosso casamento. — Nesse momento meus olhos se enchem e um sorriso escapa de nossos lábios.
— Bom, digamos que eu não sou muito boa com palavras, mas vou tentar. — Alguns dão risada e outros apenas sorriem. — A gente sabe que casamento não é sempre um conto de fadas e que são momentos grandiosos como esse que fazem a gente se perguntar por que a gente escolhe compartilhar o nosso futuro com outra pessoa. E eu me fiz essa pergunta hoje de manhã quando eu estava no último andar do SPA com as minhas madrinhas, tirei um tempo para pensar no que escrever, já que eu não tinha muita criatividade para isso. Olhei as pessoas passando, montando tudo, entrando e saindo. E eu quero dizer que nada do que está escrito aqui eu vou ler, já que eu não preciso de um texto enorme, mil desculpas, amei o seu, de verdade, mas eu não sei falar bem, então para mim é muito mais fácil eu simplesmente dizer o que a minha mãe sempre me disse, você só percebe que vai amar alguém para o resto da sua vida durante o seu casamento. Tudo aquilo que você nunca sentiu antes irá aparecer no momento que você pisar no altar ou no primeiro passo que der. Eu só quero dizer que eu amo você e que esse tempo foi extremamente necessário para eu perceber. E eu também preciso muito de você. — Passo o dedo indicador em baixo dos olhos sem borrar a maquiagem.
— Então eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva — o ministro completa e Mike aproxima-se, colocando seus lábios de leve nos meus e o beijo dura segundos. Sorrimos um para o outro e ele me dá as mãos novamente, saímos e vamos para a enorme mesa montada para o jantar.
Eu e Mike passamos por todas as mesas cumprimentando os convidados. Recebendo elogios e tirando fotos. Tiramos tantas fotos que os flashes vão me matar daqui a pouco. Quando olho para os céu ele está laranja e a maré está baixa, sorte que não vai danificar nada aqui. A luz alaranjada bate em todas as coisas brancas e reflete. Meu vestido toma um tom laranja também. Já são sete e meia. Eu e Mike nos sentamos exaustos.
O resto da festa se resume em comer todas aquelas comidas maravilhosas que a Victória Salvatore fez. Os meus pés estão me matando, sinto que logo vou capotar de nosso. A Vi e a Lori aproximam-se de mim enquanto Mike está falando com alguns amigos. Elas sentam-se nas cadeiras vazias.
— Como está se sentindo? — Vi pede.
— Em relação a quê? — Dou de ombros.
— Não assusta ela — Lori completa.
— Do que vocês estão falando?
— Violet quer saber como está se sentindo agora que a noite de núpcias e a lua de mel estão chegando — Lori solta.
Eu não respondo nada. De fato eu não havia pensado nisso. O que eu vou fazer agora? Eu gosto dele e até quero estar aqui nesse momento, mas eu não estou preparada para isso, não tenho certeza, será que ele vai ficar bravo comigo se eu disser que quero esperar? Ou será que ele vai me ajudar? Ajudar com o que, Clary? É óbvio que ele acha que você está pronta.
— Você sabe se ele é virgem? — Violet quase grita, coloco rapidamente a mão na boca dela.
— Você é louca, Vi. Fique quieta. — Reviro os olhos e me levanto. — Tenho que fazer uma coisa.
Paty está passando e eu agarro-a pelo braço e começamos a conversar sobre qualquer coisa até que Violet e Lori saem dali.
— Você está uma princesa — Paty aproveita e diz.
— Obrigada. — Sorrio.
Mike vem em minha direção e eu paro na frente dele. Abraço-o e beijo-o.
— Eu amo você — ele diz.
— Também amo você.
— Acho que é a hora da valsa. — Ouvimos o começo da música e Camila anuncia-a na mesma hora.
A dança foi realmente incrível, foi maravilhosa. Eu estava com medo de esquecer algo, mas fui super bem, quer dizer, fomos. Mike guia-me um pouco mais para perto da água, tiro meus sapatos e nós andamos um pouco. Cada vez que eu via que a hora ia chegando eu ia ficando mais nervosa.
Até que a hora voa, dançamos mais, comemos, jogamos conversa fora com todos, pelo menos cinco minutos em cada mesa. Mônica fala com a gente um pouco. Ficamos com todo mundo. Até que lá pela meia noite só estamos eu, Mike, Paty e Joey na mesa lá fora, todos os outros já foram embora.
— Está meio tarde, vamos? — sussurro no ouvido de Mike e enrolo meus braços no corpo de frio.
— Acho que o casal tem que ir para casa — Paty cutuca.
— Patrícia. — Mônica olha-a furiosa.
Mike se levanta-se e nós cumprimentamos todos da mesa. Que aparentemente vão ficar ali mais um pouco. Entramos no carro, ajeito meu vestido e Mike dá a volta. O caminho até o apartamento é longo e silencioso.
Mike guardo o carro na garagem e nós subimos o elevador. Encontramos com a Rosie, uma garota de quinze anos que mora no apartamento ao nosso lado. Ela nos parabeniza e pede como foi o casamento. Conversamos com ela até que ela desce em um andar antes, assim que o elevador se abre ele me pega no colo, dou risada.
— Acho que alguém vai precisar abrir a porta — digo e ele apenas abaixa o trinco.
— Pedi para que abrissem. — Ele entra no apartamento e me coloca no chão. Volta e fecha a porta.
Vou para a sala e me sento no sofá. Arrumo a barra do meu vestido e enquanto Mike senta-se eu tiro os saltos. Respiro fundo e olho de relance e ele está com a cabeça baixa. Nós dois devemos estar com a mesma sensação: a de que A Noite vai acontecer. Eu não entendo o porquê do medo, já que eu sei que possivelmente eu esteja amando ele e que ele me ame de volta. Uma sensação estranha percorre o meu corpo. É uma coisa que uma hora vai acontecer seja com ele ou comigo.
Levanto-me do sofá, pego os meus saltos e vou para o quarto, deixo a porta entreaberta, coloco os saltos no chão e vou para a frente do espelho. Tiro a minha coroa e o véu, junto com as jóias. Solto o meu cabelo, que está liso e na altura do ombro, me encaro um pouco analisando o vestido e quando levanto meu olhos vejo o reflexo de Mike no espelho.
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