28. Quase.
1.547 palavras
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— Jura, Clary. — Mônica parece abismada, a sua expressão é indecifrável, mas realmente parece que ela viu algo sobrenatural em mim. — Eu não queria apressar vocês. — Agora ela está falando como se não quisesse isso.
— Estou falando sério — digo, Mike me olha descaradamente e eu me sinto intimidada por alguns minutos, ele olha de volta para a Mônica e sorri.
— Tá bom, vocês preferem apartamento ou casa? — ela pede.
— Apartamento! — falamos na mesma fração de tempo. Sorrimos.
— Legal, tem alguns apartamentos bem legais na Zona Norte da cidade, ficam há dez quilômetros do centro, mas nada muito longe. A Angélica, uma amiga minha que é corretora, pode auxiliar vocês na escolha do apartamento. — Ela pega o celular. — Vou falar com ela agora.
Ela saí do pequeno cômodo e fica uns cinco minutos no celular. Volta empolgada, enquanto eu saboreio uma das melhores panquecas que eu já comi na vida. Monica volta, com um sorriso no rosto.
— A Angélica está livre agora, ela pode ir com vocês em dois apartamentos hoje. — Ela coloca o celular no bolso da calça. — Tudo bem?
— Hum... claro — digo. — Tudo bem.
Meia hora depois nós nos encontramos com a Angélica. Ela deve ter uns quarenta anos, é um pouco mais alta do que eu, o cabelo é louro, quase dourado, com as pontas enroladas para trás, algumas marcas de expressão e um sorriso singelo, com dentes branquíssimos.
Ela nos leva para o primeiro apartamento, fica na Zona Norte da cidade. É no prédio dois do condomínio Sunshine. No décimo segundo andar. Do lado de fora não tem o que falar mal. É lindo, extremamente branco, parece ser recém pintado. Subimos pelo elevador. Entramos no apartamento, é lindo também. Tem um piso de madeira e uma entrada de luz linda.
Se bem que eu não sei o porquê de toda essa empolgação. Talvez, de tanto eu fazer as pessoas acreditarem que isso é real, eu acabei acreditando realmente nisso e, inconscientemente, esteja acreditando que tudo isso seja realmente verdade. Eu posso estar completamente enganada pelo meu suposto sentimento, afinal, não é possível que com menos de uma semana e alguns beijos eu sou capaz de me apaixonar.
Pelo menos, como eu disse à Lori, eu sinto alguma coisa por ele. Eu posso não amá-lo, mas eu sinto alguma coisa. Seja atração ou simplesmente vontade de estar do lado dele. Tá, de uma certa forma, isso pode ser denominado amor, mas na minha versão: é apenas algo à mais por uma pessoa que pode estar para sempre do meu lado.
— Clary? — Mike me tira dos meus pensamentos, eu paro de encarar a enorme janela na hora. Assinto e vou em direção à Angélica.
— Bom o apartamento tem três quartos. São setenta metros quadrados, é bastante. Um dos quartos é suíte. Tem um banheiro, cozinha, uma sala comum e uma de estar. — Ela nos mostra o apartamento inteiro.
Conversamos sobre algumas coisas, como fiação, energia, aluguel do condomínio, quanto é o apartamento.
Até que saímos de lá e andamos mais duas quadras. Chegamos em um outro condomínio, chamado Gran Prime Duo. Um dos mais lindos que eu já vi na minha vida. Com um jardim imenso na frente, a grama verde como esmeralda e com uma das flores mais bem cuidadas que eu já pude ver pessoalmente. Passamos por uma espécie de recepção, a Angélica recebe uma ligação e volta rápido. Mexe na bolsa e pega uma pasta.
— O próximo apartamento para alugar é no décimo andar do bloco A. Todas as informações estão aqui na pasta. — Ela nos entrega a tal pasta. — Mil desculpas, mas surgiu um imprevisto e eu preciso sair. Pode entregar essa pasta para a senhora Mônica, depois eu pego com ela. Bom, só mais uma coisa, os antigos moradores deixaram alguns móveis do quarto, da sala de estar e a cozinha está quase toda pronta.
— Tudo bem. — Mike pega a pasta e nos entreolhamos, nervosos, mas já que não podemos fazer nada, nos despedimos dela e vamos em direção ao bloco A.
Pegamos o elevador, sinto que o ar começa a faltar, um calor imenso começa a subir pelas minhas pernas. Isso acontece sempre que nós dois ficamos sozinhos. Então eu encaro fixamente os números dos andares aumentando, quando penso que estou a ponto de ferver as portas do elevador se abrem.
— Bloco A. Décimo andar. Apartamento 163 — Mike diz, olhando a primeira folha da pasta. Então vira para a próxima página assim que entramos no apartamento. — Oitenta metros quadrados, três quartos, dois banheiros e uma suíte, sala de televisão, sala de estar, cozinha com varanda, uma área de serviço e direito à piscina na cobertura — enquanto ele diz tudo isso, nós analisamos e paramos no quarto.
O quarto tem uma cama de casal e um guarda-roupas de uma madeira escura, Mike senta na cama e folheia algumas páginas da pasta. Eu abro o guarda-roupas e olho algumas coisas deixadas lá dentro, como alguns cabides e algumas fronhas. Passo o dedo e o pó gruda no mesmo como cola quente. Quando me viro para Mike, ele está folheado de novo aquela pasta.
— E aí. — Sento-me de frente para ele. — O que achou desse? — A minha empolgação me assusta às vezes.
— Gostei desse, e você? — Ele me olha no fundo dos olhos, por um momento a minha respiração fica pesada e eu não consigo fazer mais nada além de encará-lo.
Ele solta a pasta e a mesma cai no chão, em menos de um minuto sinto as mãos dele em minha cintura, ficamos de pé e o beijo me deixa cada vez mais louca. Sei que nós dois estamos sentindo o mesmo, então ele se senta de novo na cama e eu acabo ficando no colo dele. Suas mãos passam pela minha cintura e ele beija o meu pescoço. Sinto o corpo dele em cima do meu e então paramos o beijo, ofegantes. Ele me encara e eu peço para que ele se levante.
— Acho melhor voltarmos — digo, arrumando a minha blusa. Coloco a franja atrás da orelha. — Hum... a pasta. — Sinto os meus lábios formigarem e ele se abaixa pegando a pasta.
Descemos pelas escadas, já que o elevador está cheio. Chegamos no carro e vamos o caminho inteiro sem dizer nenhuma palavra. Olho através do espelho, uma chuva fina começa a cair lá fora, molha tudo o que está ao seu redor.
Como é possível que isso tenha acontecido? Como eu pude me render à essa ação avassaladora? Será que é realmente possível alguém sentir tanta vontade de outra pessoa em tão pouco tempo? Às vezes eu parava para pensar que a minha vida seria igual a um filme de Hollywood, onde os casais são os mais perfeitos possíveis e sempre tem falas perfeitas, mas a realidade logo vem à tona e eu percebo que nunca vou ser como os casais de filme de lá.
Acordo no outro dia com um cansaço que não é muito normal, não é de mim, então decido jogar uma água gelada no meu rosto e no meu corpo. Coloco um vestido azul escuro, uma sapatilha rosa bebê, solto o cabelo, pego minha bolsa e meu celular e saio do quarto.
— Você me leva para ver a minha mãe? — peço ao Mike, quando estamos tomando café. — A Lori me mandou mensagem.
— Claro. — Ele só responde isso. Mônica, Patrícia e Joey estão tomando café também.
Depois do café nós vamos para o hospital, eu sinto que o clima está um pouco pesado. Não conseguimos falar mais do que pequenas palavras, ele vai comigo para o quarto da mamãe, nós conversamos algumas coisas. A Minha mãe não está lá aquelas coisas, mas hoje ela está meio pálida, com a voz um pouco fraca, mas nada horrível. Despeço-me deles e vou com o Mike para fora do quarto. Caminhamos pelo corredor até a lanchonete, ele pede dois cafés e me entrega um dos copos.
— Ela vai ficar bem, não vai? — Ele dá um gole no café.
— Claro, ela sempre fica — digo, nem tão convincente quanto eu queria. — Será que você pode me deixar na casa da Violet?
— Sim. — Ele sorri, revelando um dos sorrisos mais lindos que eu já vi na vida.
Saímos do hospital e entramos no carro, de alguma forma aquela nuvem preta parece sumir no ar e eu me sinto leve, de um jeito que eu nunca senti antes, talvez porque eu preciso dele, do sorriso dele, do olhar dele, do corpo dele e, além do mais, preciso da atenção. Creio que posso ser considerada uma pessoa carente, o que, de fato, não é mentira, já que a minha vida inteira eu dei atenção máxima e recebi atenção mínima.
Mike me deixa na casa da Violet, antes de sair do carro ele me olha um pouco e me dá um beijo na bochecha. Sorrio, como se eu fosse uma adolescente rebelde, se apaixonando pela primeira vez — o que não deixa de ser verdade.
Cumprimento Violet e ela me convida para tomar café, só não nego porque café é definidamente uma das coisas que eu mais amo na minha vida. Nós vamos para o sofá e então ela me encara. Como se perguntasse: O que diabos você está fazendo aqui? Dou risada do meu pensamento e tomo um gole de café.
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