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26. Eu amo você, mãe.

1.056 palavras

Não se esqueçam de comentar e favoritar se gostarem do capítulo, obrigada!

— Moça, por favor, por favor, a minha mãe... ela... por favor... — Chego chorando no hospital, me agarro ao mármore do balcão da recepção e só tenho vontade de gritar, mas Mike me segura pelo braço e me puxa.

— Mary Highgate. — Ele me olha e eu assinto. — Nos ligaram avisando que ela estava aqui. Pode nos informar alguma coisa? — pede, educadamente.

— Só um momento, vou ver nos registros. — Ela olha o computador. — Quarto 375, final do corredor três à direita.

— Obrigado — ele diz.

Antes de que eu possa dizer alguma coisa, Mike me arrasta para o bebedouro e me dá um copo de água gelada. Tomo o mais rápido possível e então vamos para o quarto. Lori está sentada no sofá ao lado da maca e minha mãe está com aparelhos de respiração.

— Eu posso ficar um pouco sozinha com ela? — peço. Mike e Lori assentem e então fico ao lado da maca.

Ela está pálida, como uma pedra de gelo, seus lábios estão todos bagunçados, como se estivesse morta e sem vida. Passo as minhas mãos pelas mãos frias dela e deixo uma lágrima cair em cima do dedo dela.

— Eu amo você, mãe. — Olho-a por inteira, vendo tudo parado. Como se ela tivesse sido desligada da tomada. — Amo você — murmuro. — Mais do que tudo, me perdoe se eu não fui uma boa filha, se eu não te dei atenção o suficiente. Você provavelmente me diria que isso é mentira, que eu sempre estive do seu lado, que eu sou boa, mas nem sempre, mãe. Mil desculpas mesmo...

— Com licença, senhorita Clary, vamos levar sua mãe para mais exames — uma enfermeira diz, entrando no quarto.

— Tudo bem. — Seco as minhas lágrimas e me levanto.

Lori entra no quarto e senta ao meu lado. Mike foi comprar café. Ela pega as minhas duas mãos e me olha nos olhos. Como quem pede perdão ou desculpas. Por seja lá qual for o motivo.

— Mana, a mamãe vai ficar boa, não precisa se preocupar, ela já passou por isso tantas vezes e logo ela vai fazer a cirurgia e vai ficar boa. Acredita em mim? — Ela aperta forte as minhas mãos.

— Lori, a mamãe nunca veio para o hospital assim, esse pode ser o fim. — Começo a sentir meus olhos encherem de água e ela me abraça forte. Começando a chorar também.

— Não fala nada, Clary. Ela vai ficar bem, ela sempre ficar. Acredita em mim, pelo menos uma vez na vida, tudo bem? — Ela ainda está abraçada em mim, sinto suas lágrimas molharem meus ombros.

— Alguém aceita café, já são onze horas, afinal — Mike diz, entrando com uma bandeira de cafés.

— Claro. — Dou um sorriso e nós secamos as lágrimas, Lori pega um e me alcança outro, Mike se senta ao meu lado e nós três ficamos quase minutos sem falar nada.

As enfermeiras entram e colocam a minha mãe na cama, ela está descida ainda. Não sei se é normal, muito menos o que estão fazendo com ela assim.

— Clary... — minha mãe murmura, assim que as enfermeiras saem do quarto, me aproximo dela e tiro seu respirador. — Meu amor!

— Mãe. — Pego as suas mãos. — Eu estou aqui, eu amo você, mãe.

— Eu amo você também, querida.

Ela respira normalmente e seus batimentos cardíacos estão estáveis. Ela fecha os olhos, penso que ela se foi, mas está tudo do mesmo jeito.

— A gente pode conversar, Lori? — peço, me levantando. — Por favor.

— Claro. — Ela se levanta e dá um beijo na mamãe. — Eu te amo — sussurra.

— Mike, será que você dá uma olhada nela enquanto eu e a Lori vamos lá fora? — Ele assente e se senta no sofá de volta.

Caminhamos pelos corredores até chegarmos na lanchonete do restaurante, pedimos algo para comer e nos sentamos. Está escuro lá fora, olho no relógio e são onze e meia da noite, não tem muitas pessoas no hospital à essa hora, então eu e a Lori tivemos facilidade em escolher a mesa.

Nos sentamos com a bandeja sobre a mesa e nos entreolhamos. Por alguns minutos tento esquecer o que está acontecendo e pelo quê estamos passando.

— Então, sobre o quê quer falar?

— Nada em especial, na verdade...

— Tá bom. Como vai a sua vida, digo... na casa nova?

— Não sei, está tudo muito estranho, definitivamente não é a minha casa, eu me sinto como uma invasora, sabe? Além do mais, eles me tratam diferente, eu sei disso. A Mônica até me disse que era para eu ver um apartamento para que eu e Mike morássemos depois do casamento...

— Achei que vocês iam se divorciar — interrompe.

— E vamos, mas todos estão tratando isso como a coisa mais normal do mundo. Sendo que não tem nem lógica. Eu conheço ele há um mês, não faz sentido...

— Você vai mesmo se divorciar dele depois do casamento? Não vai ter nem lua de mel?

— Lori! — Olho-a incrédula. — É lógico que vou me divorciar. Não vai ter lua de mel nenhuma. Assim que eu pegar o dinheiro eu me separo.

— Você não vai dar nenhuma chance?

— Chance para o que exatamente?

— Pra vocês se apaixonarem.

— Qualquer coisa que aconteça até o casamento provavelmente vai ser instinto.

— Por que diz isso?

— Porque será.

— Vocês já fizeram alguma coisa?

— Do quê você está falando, Lori?

— Vocês devem ter feito alguma coisa, pra você falar desse jeito.

— Tá, a gente se beijou, uma vez, de verdade, mas foi puro impulso, na verdade, não sei nem se isso tem nome. Foi completamente impensado.

— Clary — Lori diz, em um tom de animação, falta pouco para ela sair batendo palma pelo hospital. — Isso é maravilhoso.

— Por quê?

— Desde a primeira vez que eu vi você e o Mike juntos eu senti que vocês combinavam.

Levanto e olho para ela boquiaberta, coloco a minha bandeja aonde deve ser deixada e volto para o quarto da minha mãe, mas antes de entrar Lori agarra o meu braço.

— Escuta aqui, Clary, você não precisa ficar brava comigo só porque eu falo o que eu penso.

Nesse momento eu percebo que eu e a Lori temos mais coisas em comum do que imaginava. Qualquer característica minha ela tem, cada gesto dela é parecido com os meus, até o fato de que ela fala sem pensar é algo igual. A única coisa que temos de diferente uma da outra são os nossos problemas.

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