25. Tudo Real.
1.084 palavras
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ACORDO COM a respiração ofegante, o quarto está claro e o vestido está do meu lado, olho no relógio e já são oito e meia da manhã. Acabo de perceber que eu tive o pior sonho da minha vida. O bom é que eu esqueço rápido dos meus sonhos.
Então me levanto e vou até o banheiro, me olho no espelho e percebo que estou só de sutiã e calcinha. Ligo a água para encher a banheira e tiro o resto de roupa que me sobrou. Consigo sentir algumas coisas, como se uma mão estivesse tocando meu ombro agora, meu corpo todo se arrepia e os meus olhos se fecham. Saio do transe e entro na banheira, saio meia hora depois.
Vou até o meu armário, que está organizando perfeitamente bem, pego uma calça jeans azul e uma camiseta azul clara, solto o cabelo, que ainda está com o penteado de ontem. Recolho o vestido que eu usei ontem e o coloco no cesto. Guardo os saltos e coloco uma sapatilha, passo um demaquilante no rosto para tirar o excesso de maquiagem.
Desço para tomar café, a Patrícia e a Mônica então à mesa, Joey está indo para o carro e Mike foi fechar o casamento na praia.
Passo o dia inteiro fazendo poucas coisas, primeiro eu passo quase três horas arrumando os meus livros nas prateleiras novas, depois passo algum tempo lavando as minhas roupas e durante o final da tarde eu mexo no computador, vendo algumas coisas sobre como cuidar da minha mãe depois da cirurgia. Por fim, já são oito horas da noite e eu estou com o notebook em cima das penas e sentada na cama. Quando alguém bate na minha porta.
— Clary? — É a Mônica. — Você vai jantar?
— Sim. — Ouço o meu celular tocar. — Vou terminar aqui e já desço.
— Tudo bem. — Ela fecha a porta.
Pego o celular e vejo que é a Lori. Fecho o notebook e o deixo de lado.
— Oi, mana?
— Oi, minha linda. Tudo bem?
— Tudo ótimo e aí?
— Também.
— O que quer?
— Eu estou com saudades. Agora que o Jack e a Myllena tem a casa dele e estão viajando, o papai não para em casa, eu fico só sentada no sofá o dia inteiro. É um saco.
— Relaxa, logo vai passar, vai ser tão rápido que quando você menos esperar eu já vou estar de volta.
— Mas e se você ficar com ele, ou com qualquer outra pessoa. Uma hora você vai me deixar.
— Cala a boca, Lori.
— Desculpa.
— Não, não foi isso o que eu quis dizer...
Ela não me deixa completar a frase, muito menos retornar. Jogo o celular na cama e coloco a minha sapatilha de volta e saio do quarto. Todos estão sentados à mesa, então me sento ao lado de Mike. Mônica nos entreolha de vez em quando, mas não diz uma palavra, até a quando a sobremesa é servida ela diz algo:
— Sabe, eu acho que seria uma boa ideia a Clary e o Mike morarem em outro lugar depois do casamento, até mesmo antes. Vocês já deviam começar a ver alguns apartamentos ou casa por aí. Não acha, Joey? — Ela olha para o marido, que está colocando uma colher de cheesecake de frutas vermelhas na boca.
— Pois é. Claro. Por que não? Acho que vai ser bem melhor — ele concorda.
— Como assim, não. É claro que não. Nós vamos... — Me contenho, já que talvez para eles isso tudo também seja real. Se bem que a visão deles é completamente diferente, me levanto da mesa e saio dá casa, começo a andar e sento em um meio do à duas quadras da casa deles.
Apoio as mãos no rosto e a luz do poste diretamente em cima de mim. Sinto algo a mais do meu lado então eu olho. Mike.
— O que está fazendo aqui? — peço.
— Vim ver como está. Sinto muito pelos meus pais...
— A sua mãe me chamou, não faz nem três dias que eu estou aqui e ela já me mandando embora — interrompo.
— Não é bem, eles estão me mandando embora também. — Tenta fazer piada.
— Por que ainda não saiu da casa dos seus pais, você já tem vinte e oito, não é? Por que não se livra deles? Você já tem bem mais do que dezoito anos. Quer dizer... Não foi isso o quê eu quis dizer, mas por quê?
— Porque, por mais que eu ame a ideia de ter a minha casa, eu sempre tive essa ideia já tendo a minha família. Não sei, sempre foi muito fixo para mim essa ideia.
— Entendo.
— E você?
— Eu o quê?
— Porque você não terminou a faculdade e, sei lá, pegou um voo para a Austrália e fez reportagem sobre a rotina dos cangurus?
— Por causa da minha mãe. — Na verdade, eu queria contar para ele que eu nunca trabalhei na minha área, mas deixei de lado.
— Só por isso?
— Sim. Acho que se não fosse por ela, eu já teria desistido de tudo há muito tempo. — Me viro para ele e sento com as pernas cruzadas, ele faz o mesmo.
— E pela sua irmã, ou seu irmão?
— Pela Lori talvez, mas pelo Jack eu não faria muita coisa.
— Uau.
— É sério. — Dou risada.
— Mas e aí, você mudaria?
— Calma, vamos ver quanto tempo mais isso tudo vai durar. Então a gente decide se isso vai continuar ou não.
— Certo.
— Obrigada.
— Meu celular está tocando, espera.
— Claro. — Então ele pega o celular.
— Ah sim, estamos aqui fora, ela deve ter deixado ele lá dentro, já passo para ela. — Ele estende o telefone. — É para você.
— Alô?
— Oi, mana, sou eu, a Lori.
— Oi, o quê foi?
— Você pode vir para o hospital que a mamãe costuma ser tratar?
— Ai, meu Deus, Lori, o quê aconteceu?
— Calma. É o de sempre, mas você pode vir?
— Claro, estou indo o mais rápido que posso.
Dou o celular para ele e nós nos levantamos e corremos as duas quadras para a casa dele. Subo as escadas correndo e pego minha bolsa e o celular e volto para o carro.
— San Sebastian Hospital. Está parecendo um táxi. — Damos risada e ele dá partida no carro.
Durante a ida até o hospital eu quase não consigo segurar as lágrimas, mas então eu lembro de tudo o que a minha mãe está passando e em tudo o que pode acontecer se eu desistir desse casamento. Se eu desistir desse casamento vai ser a mesma coisa que desistir da minha mãe.
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