1.740 palavras

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VOLTAMOS PARA casa, finalmente, aquela conversa estava tomando um rumo um tanto quanto estranho. De um jeito diferente. Caminhamos até o carro.

      Chegamos em casa e a Patrícia está na sala de estar mexendo no notebook, a Mônica está na cozinha, vendo alguma coisa em uma lista.

      — Mike, Clary, venham aqui, por favor — Mônica pede.

      — Sim, mãe — Mike diz.

      — Eu e a Paty fomos ver o aluguel de três salões, os valores não são muito altos, mas é bom que vocês vejam o que vocês querem. — Ela vira a página dos papéis.

      — Posso pedir uma coisa? — falo.

      — Claro — ela concorda.

      — Seria bem legal a gente fazer o casamento na praia. Sai bem mais em conta, mesmo, na época que a minha mãe casou na praia estava a metade do preço que está esses salões, mas mesmo assim, agora não é tão caro e é bem mais bonito.

      — Ótima ideia — Mike concorda. — Eu tenho um amigo que pode fazer isso.

      — Por mim tudo bem — Mônica concorda. — Vocês precisam fazer a lista de convidados, porque assim que o lugar estiver reservado a gente precisa organizar as cadeiras e tudo mais.

      — Claro, vamos fazer isso — digo.

      Eu e Mike sentamos na mesa da cozinha, a Mônica sai em direção à garagem e nós ficamos com um papel e uma caneta na mesa.

      — Eu não tenho muito quem chamar — digo.

       Ficamos algumas horas ali decidindo quem chamar ou não. Só sei que deram cento e vinte pessoas. Ainda bem, porque eu não quero nada grande, muito menos com mil pessoas. Terminamos a lista e entregamos para a Mônica. Então a gente vai ver alguns modelos de convite. Alguns são extravagantes demais e outros são um simples pedaço de papel. Nós dois gostamos do mesmo.

      — A maioria das coisas já estão decididas. — Mônica fecha o computador. — Já arrumou seu terno, filho?

      — Amanhã eu vou provar. — Ele se levanta. — Preciso ir para a empresa, já volto. — Ele me dá um beijo na bochecha e eu abaixo o rosto.

      — Daqui alguns dias a gente tem que voltar para ver o seu vestido. — Mônica também se levanta. — Não engorde, está bem?

      — Tá bom. — Assim que eu falo nós ouvimos uma buzina, quando saímos de casa é o pessoal que veio montar as minhas estantes.

      Acompanho eles enquanto montam e os ajudo em algumas coisas, fica extremamente lindo.

      — Obrigada — digo, no final.

      Eles saem e eu começo a arrumar meu guarda-roupas. Demoro algumas horas, tomo um banho e depois eu vou jantar.

O final de semana chegou, já é o casamento do meu irmão, o que significa que em menos de um mês é o meu casamento. Eu não sei se eu estou ansiosa em um sentido bom ou tenso.

      Joey fez uma viagem para a Austrália, volta em dez dias. A Patrícia está na casa de uma colega da faculdade, a Mônica está na sala assistindo televisão, eu e Mike estamos tirando a água da chuva de agora a pouco.

      — Eu tenho que ir para o salão, já está no meu horário — digo, quando termino de secar a garagem, olhando para o relógio.

      — Quer que eu busque você?

      — Eu te ligo assim que a gente terminar.

      Deixo o rodo de lado e coloco o pano no tanque. Seco as mãos e subo para o meu quarto. As minhas coisas já estão no armário, a única coisa que falta arrumar são os livro, ainda não tive tempo de tirar eles da caixa e colocar nas prateleiras.

      A Mônica me leva para o salão, já que ela é a única que pode me levar agora, Mike até poderia me levar, mas ele vai resolver alguma coisa com o amigo dele sobre o casamento ser na praia.

      — Obrigada. — Desço do carro e entro no salão.

      — Mana! — Lori corre e me abraça, me prendendo. — Quase morri de saudade.

      — Oi! — Myh diz, empolgada, com um roupão rosa branco, ela me abraça. Myllena já está maquiada, uma maquiagem linda. O cabelo está preso em um choque e alguns cabelos da franja para a frente. Todas as outras madrinhas estão com um roupão rosa e quase todas maquiadas. — Coloca este — continua, me dando um roupão igual ao das outras.

      Vou ao banheiro e tiro a calça jeans e a regata, fico de sutiã e calcinha, colocando o roupão branco. Que parece veludo, de tão gostoso. Saio do banheiro e uma das atendentes me entrega uma limonada e me leva para uma cadeira, fazendo uma maquiagem em mim e começando a cachear meu cabelo.

      — Seu vestido está aqui. — A cabeleireira me mostra um cabide com uma capa por cima. — Verifica se é esse? — Ela abre o zíper da capa.

      — Sim, é esse.

      — Quando todas as madrinhas estiverem maquiadas e de cabelo pronto vocês podem se trocar.

      — Tudo bem. — A maquiadoras volta a focar em mim.

      Depois de meia hora todas estamos prontas. Elas fazem babyliss no meu cabelo, que está um pouco abaixo do ombro, colocam algumas presilhas que parecem pingentes de diamante. Minha maquiagem é básica nos olhos, com um blush pêssego e um batom matte cor de vinho. Agora é uma das horas mais esperadas: ver os vestidos, tanto das madrinhas quanto o da noiva, cada madrinha pega o seu vestido e nós vamos para os vestiários.

      O meu vestido é vinho, com um decote bem bonito e mais ou menos colado ao corpo e tem uma abertura na lateral da perna. O vestido da Lori é azul claro, mas um azul claro bonito. Seu cabelo loiro, que agora está no ombro também, está preso em uma traça embutida, a maquiagem escura dá destaque aos seus olhos azuis. O batom vermelho mostra o seu sorriso meigo. As outras madrinhas também estão incríveis. Uma está com um vestido laranja, outras duas estão com um vestido vermelho e duas estão com vestidos roxo, um mais escuro e outro que parece lilás. Myllena está uma rainha. Ela trocou o véu por uma coroa, está com um choque e com um batom roxo. O vestido dela nem se fala, deve ter caído tão bem desde a primeira vez.

      Ver todas aqui — independente de serem madrinhas ou de ser a noiva — me faz pensar que em menos de um mês eu vou estar no lugar das Myh. Véu, grinalda, buquê, madrinhas, igreja. É demais olhar para ela e pensar que realmente existem pessoas que se casam por milhares de motivos.

      Ficamos todas prontas meia hora depois do horário que foi marcado na igreja. Cada madrinha vai com quem quiser, desde que chegue antes das noiva. Então ligo o mais rápido possível para o Mike, que vai levar a Lori também.

      — Espera, Myh! — digo, indo até onde ela faz algumas fotos. — O seu buquê.

      — Ah, obrigada. — Ela pega o buquê, sorridente.

      — Clary, o Mike chegou! — Lori grita.

      — Oi — digo, assim que entramos no carro.

      — Oi, Mike — Lori diz.

      — Temos que chegar antes da noiva — brinco.

      Chegamos na igreja, que está linda, cheia de rosas na entrada. Não demora muito e as madrinhas e os padrinhos são chamados para entrar, logo depois a Myllena entra. Linda. A coroa reluz e o brilho no olhar dela, assim como em Jack.

      — Preparam seus votos? — o padre diz.

      — Sim — os dois dizem.

      — Vamos começar com a noiva...

      — Então, amor, mesmo com dois anos e meio juntos você ainda faz eu contar os segundos esperando você voltar. Meu amor, sabe o que eu amo em você, amo que você sabe o que falar quando eu estou estressada, quando você entende a minha TPM, quando você me ama. Quando você está perto de mim. Sabe o porquê de eu não colocar tudo aqui? Porque eu nunca vou conseguir colocar em uma lista tudo o que você faz por mim, mas, com toda a certeza do mundo, eu posso dizer que a primeira coisa dessa lista é que a única razão pela qual eu espero você vir todos os dias é porque eu te amo. Amo tanto que os segundos parecem horas quando não estamos juntos. Posso passar horas falando os porquês de eu te amar, mas eu simplesmente resumo em: amor.

      Ela declama tão lindamente que sinto uma lágrima pela minha pele, passo a não em baixo do olho e Jack começa a falar.

      — Posso dizer que eu não sou a pessoa mais romântica do mundo, muito menos a melhor pessoa, mas a vantagem de tudo isso foi ter conhecido você. Você me fez ser assim. Você fez eu aprender a dizer que eu te amo todos os dias. Você é a mulher mais incrível que eu já conheci na minha vida, não só por ser linda e outras qualidades físicas, mas sim pelo fato de me aceitar como eu sou, cheio de defeitos. Eu te amo, Myllena."

      Depois dos votos, do juramento e da troca de alianças o padre finalmente termina.

      — Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva...

      Depois do casamento na igreja nós vamos para a festa, a minha mãe, o meu pai e a Lori vão em um carro então eu e Mike vamos sozinhos.

      Chegamos no salão de festas, que está com uma decoração literalmente brilhante. Tiramos fotos com todos e depois vamos para a mesa, aonde minha família está. Eu e Mike cumprimentamos todos e nos sentamos.

      Vamos dançar um pouco e ficamos lá por um bom tempo, cantando e dançando.

      Depois de algumas horas comendo e conversando eu e o Mike resolvemos dar uma volta no jardim da frente, pegamos uma bebida e nos sentamos em um banco lá fora.

      Não falamos muita coisa, mas quando a bebida acaba Mike deixa o copo cair no chão, como ele não se mexe eu acabo pegando o copo. Quando eu levanto ele está tão perto de mim que eu não tenho como desviar. Nossos lábios se tocam por alguns segundos. Não sei porquê, mas eu me distancio dele.

      — O quê você fez? — digo, parecendo irritada.

      — Desculpa, não era a minha intenção.

      — Olha, só porque eu fiz isso aquele dia não significa que você também pode fazer. — Me levanto.

      — Eu só achei que...

      — Esquece, Mike. Vem, vamos voltar lá para dentro. — Pego o copo dele do chão e volto para a mesa.

      Ele ainda fica um tempo lá fora, me sinto mal por ter falado daquele jeito com ele. Eu sei que o quê eu disse não fez sentido nenhum. Eu não sei explicar porque eu fiz ambas as coisas, só sei que agora ele vai ficar chateado comigo.