21. Chá de Panela.
1.676 palavras
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LÁ PELAS ONZE horas da noite eu e a Lori terminamos de arrumar a cozinha, a Violet foi para a casa dela e todos daqui foram dormir. Ela senta na varanda e eu vou até ela com uma garrafa de vinho e duas taças. Sento-me ao lado dela e sirvo para nós duas. Encaramos o céu por alguns instantes a terminamos a taça e ela olha para mim.
— Passou tão rápido, não é? — Ela ergue a taça. — Lembra que a gente brincava aqui, a gente corria de um lado pro outro e o Jack se escondia porque ele não gostava de brincar com a gente. Você lembra?
— É lógico, saudade daquela época.
— Você acha que vai amar o Mike? — Ela dá um gole no vinho e muda de assunto com uma facilidade extrema.
— Talvez. — Dou um gole também. — Ele parece ser uma pessoa boa, mas, amar? Pode ser, sei lá, eu não mando em mim e o que for para ser será.
— É verdade, mas você vai vir ver a gente sempre, não vai?
— Óbvio, eu não sou nem louca de deixar vocês. — Termino a minha taça e abraço ela. — Eu te amo, minha linda.
— Eu amo você também!
Acordo com a luz do Sol entrando direto na minha cama, já que eu estou sem cortina. Olho em volta e meu quarto está vazio, não fiz nada que me impedisse de não ter ido para a casa nova. Levanto-me, tomo um banho bem gelado e coloco a única peça de roupa que eu deixei separada ontem. Coloco uma calça preta e uma blusa da Adidas.
Jack e Myllena saíram para comprar alguns dos móveis que faltam para a cozinha nova deles, meu pai saiu para fazer alguma coisa — tirando o fato de que ele está saindo todo dia quase o dia inteiro, espero que ele não esteja enganando a gente novamente. Minha mãe está no quarto. Então vou falar com ela antes de sair.
— Oi — digo, batendo à porta. — Mãe?
— Oi, amor, entre — ela diz.
— Tudo bem?
— Estou melhor, eu acho. Senta aqui. — Ela dá batidinhas ao lado dela e senta-se também. — E você, está bem?
— Estou mais ou menos, hoje eu vou deixar vocês, não é?
— Que isso, minha linda! Você vai voltar, não se preocupe.
— Eu te amo, mãe! — Abraço ela e sinto meus olhos encherem de água.
— Eu te amo muito, minha filha. — Ela se solta de mim e passa a mão pelo meu cabelo. — Se acalma, está bem? Vai dar tudo certo, todo mundo vai amar você. Está me entendendo?
— Sim, mãe. Obrigada! Amo muito você. — Abraço ela mais uma vez e então volto para a cozinha.
— Clary? — Ouço a voz da Lori.
— Oi...
— Você vai mesmo querer que eu vá com você ao chá?
— Óbvio.
— Bom, você precisa dar uma maquiada, não acha?
— Que isso, Lori, não precisa.
— Vem, a gente tem tempo ainda.
— Tá bom.
Depois de algumas horas esperando a Lori fazer uma maquiagem leve e arrumar meu cabelo, a Mônica me manda uma mensagem.
Estamos saindo de casa. Beijos, Mônica.
Tudo bem, obrigada.
Apresso Lori, me despeço de todos e nós vamos para a calçada esperar. As minhas mão estão tremendo e meu coração está muito acelerado, tão acelerado que eu me sinto como se eu tivesse ingerido uma quantidade enorme de açúcar. Quando a Lori fecha o portão o carro de Mike estaciona junto, Lori entra no banco de trás, onde Patrícia e Mônica estão e eu sou obrigada a me sentar na frente. Mike dá um sorriso de lado e eu coloco o cinto.
Chegamos na casa na prima deles, Mike apenas nos deixa e sai com o carro, nós ficamos paradas na frente da casa por alguns segundos. É uma casa enorme e linda, assim como a casa de Mike. Então entramos pela porta da frente e caminhamos por um longo corredor, atravessamos a cozinha e cruzamos a porta dos fundos. Que está aberta para uma mesa de vidro decorada com comida de rico, muitas coisas que nem sabemos da existência.
Mônica nem me deixa respirar, me apresenta para várias pessoas, elas me cumprimentam e me perguntam várias coisas durante horas. Por fim eu sou apresentada à duas mulheres de meia idade.
— Oi, querida — uma delas diz, pegando as minhas duas mãos. — Como você é linda. Está ansiosa para o casamento?
— Claro, mais do que nunca — digo, com um sorriso forçado no rosto.
Mônica insiste para que eu fique mais tempo com elas, elas são avós — paterna e materna — do Mike e da Patrícia. Elas me contam coisas sobre a vida delas e sobre os netos. O que me fez ter outra visão dos dois.
Então elas me levam um pouco mais para fora do jardim. Em um lugar aonde tem uma roda de cadeiras e uma mesa com presentes. Cada uma das mulheres que estão aqui pegam sua sacola e cada uma senta-se em uma cadeira. Mônica me posiciona no meio delas e eu sou obrigada a ficar em pé no meio delas. Então eu fico abrindo os presentes, alguns são estranhos, como lingerie e coisas mais estranhas, outros são mais úteis, como utensílios de cozinhas ou toalhas e coisas para o banheiro.
Finalmente essa besteira de chá de panela acaba e as mulheres vão jantar, Lori teve que sair há uma meia hora porque tinha aula e a Patrícia não trocou uma palavra comigo, tanto que na hora que eu peguei uma lingerie ela virou a cara. Eu relevei isso e continuei. Conversei um pouco com a Cecília e então Mônica me diz que vieram me buscar. Pego a minha bolsa e me despeço das mulheres dizendo que tenho que arrumar algumas coisas.
Saio do jardim e vou para fora, o carro do Mike está estacionado lá fora, antes que ele saia do carro eu entro.
— Veio me tirar desse inferno? — brinco.
— Hum... interprete como quiser. — Ele dá risada, acho que é uma risada verdadeira e gostosa. Bem verdadeira.
— Mas, por que veio?
— Quero te levar para um lugar.
— Posso saber?
— Ainda não. — Ele dá partida no carro e eu abro o vidro, apreciando o Sol se pôr.
Chegamos em uma espécie de pista de skate, mas, na verdade, tem aparelhos de ginástica e uma pista de caminhada. Ele vai na porta de trás do carro assim que descemos e pega uma maleta. Andamos um pouco até que sentamos em um banco de mármore. Ele me olha rápido e sorri.
— Você sabe andar de patins?
— Ah, meu Deus. Não — digo, boquiaberta. — Você quer fazer isso, mesmo?
— Vamos se descontrair um pouco, vamos lá! — Ele pega um par e coloca nos pés. Eu o olho com reprovação e abaixo a cabeça, rindo fraco.
— Eu sou uma negação. Acredite.
— Vamos, deixa que eu coloco. — Ele se ajoelha na minha frente e coloca os patins em mim.
Mike se levanta e me dá a mão, por alguns instantes eu travo e meu mundo para, mas relevo isso e me apoio na mão dele.
— Vem, você não vai cair. Acredite em mim. — Ele arqueia uma das sobrancelhas e me dá um impulso. Quando eu fico de pé me desequilibro um pouco, mas ele me estabiliza.
— Eu vou cair — digo, com as pernas bambas, mas depois de alguns segundos em pé eu consigo andar dois segundos.
Quando estamos na metade das primeira volta eu acabo colocando um pé na frente do outro e tropeço, caindo de joelhos, mas por sorte eu não me machuco.
— Eu falei que eu era uma negação — digo, tirando os patins.
— Então, que tal fazermos alguma coisa que você gosta?
Olho em volta e vejo que lá no final tem uma praça de areia com uma rede e algumas bolas do lado, não tem ninguém. Eu sempre fui boa em vôlei, na escola.
— Eu também sou boa em alguma coisa. — Olho para ele, que me ajuda a levantar e nós vamos andando até a praça.
— Então, como foi lá?
— Ganhei muita coisa, algumas estranhas, mas umas bem legais.
— Aonde estamos indo?
— Aqui — digo, entrando dentro da praça de areia.
— Então você gosta de vôlei. — Ele dá risada.
— O que foi?
— Nada.
— Você sabe jogar?
— Vamos descobrir.
Eu tiro os sapatos e deixo do lado dos patins, ele faz o mesmo. Hoje ele está com uma camisa vermelha com uns desenhos meio abstratos e uma calça que parece moletom. Eu prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e pego uma bola que está do lado da rede.
Dou o primeiro saque, ele rebate muito bem, nós jogamos sem deixar a bola cair no chão durante uns quatro minutos, mas como o meu preparo físico está meio ruim eu canso e paro de jogar.
— Você não disse que sabia jogar?
— Sim, mas é que não estou fisicamente preparada.
Quando ele vai começar a falar eu sinto um pingo na ponta do meu nariz e no meu ombro.
— Está chovendo — digo, como se ele não tivesse percebido e em menos de minutos até recolhermos as coisas e corrermos um pouco a chuva fica mais forte e parece vir na diagonal.
Paramos na metade do caminho e a chuva já está quase tão forte quanto uma pancada. Ele tira a camisa e revela um abdômen definido, logicamente eu não dou muito na cara que eu estou olhando então cruzo os braços de frio e ele me empresta a camiseta. Eu a coloco em volta de mim e nós corremos até o carro. Entramos nele e Mike liga o aquecedor.
— Sua camisa está toda molhada. Você está todo molhado. Vai pegar uma gripe — digo, me abraçando para aquecer-me.
— Que nada. Tenho uma saúde de ferro. — Ele dá partida no carro e nós seguimos o caminho.
Quando chegamos a chuva já está mais leve, entramos na casa pela porta dos fundos e ele busca uma toalha para mim. Enquanto eu fico parada o vejo passar pela calçada, a água escorre pelos seus ombros e o cabelo está todo no rosto. Ele é realmente lindo, lindo de um jeito que o faz parecer gentilmente sutil.
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