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20. Arrumação.

1.711 palavras

Não se esqueçam de comentar e favoritar caso gostarem do capítulo. Obrigada!

CHEGAMOS EM casa e eu peço um tempo para a Lori e a Myh, elas ficam na sala conversando sobre alguma coisa e a Violet vai comigo para o meu quarto. Quando entramos eu só consigo me jogar na cama e ficar lá, paralisada, sem saber como reagir. Pode não ser lá grande coisa, mas eu fiquei extremamente constrangida, nunca passei por isso. Pode até ser normal, para a Myh ou para qualquer uma garota que realmente espere por esse momento.

— E aí, amiga — Violet começa, sentando-se ao meu lado. — Vamos fazer o quê? Quer ajuda com alguma coisa?

— Eu preciso arrumar as minhas coisas, já que vou me mudar para a casa deles, não é? — digo, com o rosto todo vermelho. Inclino a minha cabeça em seu ombro e me sinto como se nada no mundo pudesse me abalar nesse momento. — Você me ajuda com as caixas? — Levanto a cabeça.

— É lógico que sim, meu amor. Por mais que eu não queira você tão longe de mim assim. — Ela me faz rir. — Não deixa ela estragar isso não, tá bom. Não quero ver você chorando pelas brincadeiras bobas da Patrícia. Se isso acontecer de novo me avisa que eu acabo com ela. — Damos risada juntas. — A última parte é verdade. — Então ela me abraça.

— Eu sei que é. — Abraço-a forte. — Eu te amo, Vi!

— Eu te amo, Clary.

— Pode ir lá na sala e ver com a Lori onde estão as caixas?

— Claro.

Ela sai do quarto e eu vou até o banheiro passar uma água gelada no rosto, quando meu celular toca, corro pegá-lo na bolsa, é a Mônica.

— Oi.

— Oi, Clary. Tudo bem? Sinto muito pela minha filha.

— Esquece. O que foi?

— Você já sabe quando vai se mudar? Espero que essa brincadeira da Paty não tenha feito você mudar de ideia.

— Fique calma, hoje eu e a Violet vamos encaixotar todas as minhas poucas coisas.

— Bom, Mike acabou de chegar em casa, ele não vai sair mais, então se quiser ligar ele vai buscar.

— Claro, eu ligo sim, mas eu posso dormir aqui hoje? Para me despedir, entende?

— Perfeitamente, minha flor. Sinta-se a vontade.

— Obrigada. Te ligo assim que puder. Tchau.

— Tchau, querida. Boa sorte.

Lavo mais uma vez o rosto e coloco o celular na pia, então ouço alguém entrar no quarto.

— Eu não sei se vou me acostumar a não ter você aqui na frente mais — Violet diz, colocando as caixas em cima da minha cama.

— Eu não sei se eu vou conseguir viver sem você, mas sem choro, por favor — digo, arrumando as caixas e pegando uma entregando à Violet. — Coloque as coisas que estão no armário do banheiro e nas gavetas nessa caixa.

— Tudo?

— Sim, por quê?

— Por nada.

— Tá bom, vou colocar as roupas íntimas nessa aqui. — Pego uma caixa menor.

Começo a colocar todas as peças íntimas e alguns pijamas, coloco as meias também. Quando terminamos tudo, caixas de camisas, vestidos, coisas pessoais e mais umas duas, empilhamos elas ao lado do guarda-roupas. Sentamos na cama, a Myh e a Lori entram no quarto, as duas se sentam no chão e nós nos encaramos. Conversamos um pouco sobre a mudança e então ligo para a Mônica, ela me diz que em dez minutos Mike chegará.

— Vai ser difícil não ter você em casa, mana. — Lori me abraça tão rápido que eu mal posso recuar ou fazer outro movimento. — Eu te amo.

— Também amo você, meu amor. — Aperto-a bem forte, como seu eu nunca mais fosse soltá-lá.

— Também vou sentir a sua falta — Myllena diz, assim que Lori me solta.

— Calma, vou passar a noite aqui hoje. — Sorrio, depois de abraçá-las.

Conversamos mais um pouco e então ouvimos uma buzina. Provavelmente do carro do Mike, então olho pela janela do meu quarto, é um Civic preto, que parece ter brilho, estaciona bem na frente das garagem. Myh, Lori e Violet saem atrás de mim. Jack e meu pai estão sentados no sofá assistindo jogo de Basquete.

— Alguém vai comigo? — peço.

— Eu — Lori diz, então vamos em direção ao carro preto.

— Obrigada.

Saímos de casa enquanto Myh e Violet vão para a cozinha. Caminhamos até o carro e Mike desce do mesmo, ele está diferente desde a última e única vez em que eu o vi. Hoje ele está com uma calça jeans preta e com uma camiseta azul marinho, bem bonita a propósito, um tênis preto e o cabelo bem penteado. Ele está sorrindo, o que me assusta um pouco.

— Oi — Lori diz, quebrando o clima. — Eu sou a Lori, a irmã mais nova da Clary. — Estende a mão.

— Oi. — Ele sorri mais uma vez. — Eu sou o Mike. — Ainda bem que ele não completou a frase com a futura familiaridade. — Querem ajuda com as caixas?

— Claro — digo, pela primeira vez.

Com certeza hoje Mike está tendo uma visão de como eu serei sempre: cabelo amarrado ou em um rabo de cavalo ou em um coque. Hoje eu estou com uma roupa melhor porque saí para ver o vestido, eles mexeram um pouco no meu cabelo para ter uma noção de como ficaria o meu cabelo dependendo do decote — se bem que eu prefiro mil vezes cabelo solto e ondulado.

Nós três entramos e Lori faz questão de me deixar sozinha com ele. Ele cumprimenta todos que estão ali na sala, inclusive a minha mãe — que eu pensei que não ia sair da cama hoje. Vamos para o meu quarto.

— É por aqui — falo, como se a minha casa fosse enorme.

— Claro, Clary. — Eu não sei porquê, mas todas as vezes que ele fala o meu nome sinto que meu corpo reinicia, e eu perco todos os meu sentidos.

Ele me ajuda a levar todas as caixas para o carro e então paramos um na frente do outro, nos encarando como, literalmente, dois estranhos.

— Você vai ficar aqui hoje?

— Sim, vou conversar com a minha mãe e tudo mais, amanhã eu já vou para a casa de vocês.

— Depois do chá? — Apavoro internamente, mas transpareço entender tudo.

Hum... depois. Depois, isso.

— Você não sabe do chá, sabe? — Ele dá um sorriso de canto, lindo.

— Não. — Dou outro sorriso.

— Tudo bem, o chá de panela vai ser amanhã, na casa de uma prima minha, Cecília, mas se quiser eu passo buscar você, pode ser? Eu só não vou participar. — Ele dá uma pequena risada.

— Claro, pode ser. — Remexo as mãos e olho para os pés.

— Você pode ir comigo levar as suas coisas?

— A Patrícia está em casa?

— Não, mas se você quiser eu ligo para ela.

— Não se preocupe com isso. Vamos?

— Claro.

Ele abre a porta do carro do meu lado e eu entro. Coloco a mão dentro da bolsa de lado que eu trouxe e me dou conta que meu celular não está, para mandar mensagem para alguma das meninas, avisando que eu vou com ele.

— Quer ouvir música? — ele pede, quando entra no carro.

— Só se você quiser — digo, ainda procurando na bolsa para me certificar de que esqueci mesmo o celular.

— Esqueceu alguma coisa?

— Acho que eu perdi meu celular...

— Quer voltar lá?

— Não, ele está mais perto do que eu imagino. — Dou risada de mim mesma. — Pode ir.

— Tudo bem. — Ele dá partida no carro. — Mas então, onde está?

— Na caixa com as minhas coisas de pele e essas outras coisas.

— Como foi parar lá?

Conto a ele o que aconteceu, que Violet guardou as coisas que estavam no armário do banheiro e eu tinha deixado meu celular lá na bancada, ela pode ter feito de propósito, mas mesmo assim relevo. Conto a ele e o mesmo dá risada, não entendo muito, mas concordo. Quando me dou conta estamos na frente da casa dele.

— Clary, minha linda. Que bom que você veio! — Mônica diz, me abraça.

— Deixa que eu levo as caixas, minha mãe vai mostrar onde é o quarto — Mike diz.

— Claro — digo.

Sigo a Mônica por um longo corredor. A casa deles é incrível, tem três andares e deve ter uns mil metros quadrados, porque é enorme. Subimos um lance de escadas e ela abre a porta de um quarto, aonde tem uma cama de casal e um guarda-roupas, uma cômoda com uma televisão em cima, tudo vazio.

— Eu vou deixar as caixas aqui, amanhã você arruma elas. Não se preocupe, ninguém vai mexer em nada — Mike diz, entrando no quarto com três caixas empilhadas.

— Claro — Mônica concorda.

— Obrigada — digo.

Enquanto Mônica me fala mais algumas coisas — inclusive sobre o meu chá de panela amanhã — Mike coloca o resto das caixas ao lado da cama. Quando ele saí do quarto, a Mônica me espera. Ela fica parada na porta e eu procuro a caixa onde Violet colocou o meu celular.

— Eu... hum, nós... vamos dormir juntos? - peço, ainda mexendo nas caixas.

- Não, Mike tem o quarto dele, é o último ao final do corredor. Não se preocupe com isso. — Ela sorri. Então acho o meu celular dentro da caixa dos meus sabonetes favoritos. Pego e o coloco na minha bolsa. Mônica sai atrás e fecha a porta. — Vem, Mike vai levá-la até a sua casa.

Sigo ela até a porta de entrada. Analiso que tem uma espécie de cômoda com alguns porta retratos lá. Fotos de Patrícia e de Mike com becas. Provavelmente formatura, agora de quê eu não sei.

Me despeço da Mônica e entro de volta no carro com o Mike. Não ligamos o som e nem falamos nada no trajeto de volta para casa. Quando chegamos na frente do portão eu insisto para que ele não desça.

— Pode ficar, obrigada mesmo. — Coloco a mão no trinco. Por instinto dou um beijo em sua bochecha e saio correndo o mais rápido possível.

Entro em casa e todos estão sentados à mesa. Lori está servindo a janta: macarrão ao alho e óleo. Sento-me ao lado da mamãe.

— Como foi lá? — ela pede.

— Ótimo. Hum, amanhã é o meu chá de panela. Depois disso eu já vou para a casa deles — anuncio.

Eles se entreolham e Lori senta à mesa. Conversamos um pouco sobre a adaptação à casa nova e meu pai diz coisas que eu nunca imaginei que ele fosse capaz de dizer.

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