Capítulo 1
*SEM REVISÃO*
Sem ar.
Era como Kate estava se sentindo tendo um homem a prensando contra a parede e o seu pescoço, atacado. O atrito da barba dele riscava sua pele misturando a dor ao prazer. As mordidas e os puxões de cabelo elevavam ainda mais o calor que sentia e se espalhava a partir de seu ventre, a calcinha provavelmente daria como perdida.
— Gostosa... – ele rosnou em seu ouvido ao passo em que infiltrava sua mão curiosa. — E encharcada.
Kate inevitavelmente jogou a cabeça para trás quando foi penetrada por dois dedos e um gemido atravessou sua garganta. Os movimentos ritmados de vai e vem começavam a deixar suas pernas fracas conforme o orgasmo se aproximava.
Percebendo isso, o homem retirou os dedos ganhando a atenção de Kate novamente, que o viu levar cada um deles a boca e chupar como se saboreasse o mais fino doce. Kate mirou os olhos claros onde viu fogo e desejo claramente expostos, o homem não tinha vergonha alguma em assumir que estava prestes a perder o controle.
Ele tomou seus lábios um pouco mais terno do que segundos antes, era possível Kate sentir seu próprio gosto, a língua dele fazia questão de esfregar em cada canto de sua boca deixando rastros de libido. Com o seu lábio inferior preso entre os dentes, Kate foi erguida pela cintura forçando-a a envolve-lo com as pernas.
Não importava para onde ele estava a levando, Kate apenas sentia a necessidade de se entregar, seu centro implorava por atenção. Sem que interrompessem o beijo, o homem caminhou por entre os corredores do apartamento vez ou outra esbarrando nas paredes.
Desejo.
Desespero.
Perda do raciocínio.
Ao chegar no quarto, ele a colocou sentada na ponta da cama e se afastou retirando a própria blusa cinza. Seu corpo magro e definido deixava em evidência suas costelas e gomos do abdômen, uma fina camada de pelos cobria seu peitoral largo e sumia em sua calça jeans surrada.
Ele passeou os olhos pelo corpo de Kate que vibrava em expectativa e deitou-se por cima dela tornando a atacar sua boca, seu pescoço e seus seios com mordidas e beliscões ainda por cima do tecido do cropped preto que usava, castigando-os, deixando-a ainda mais excitada. Suas botas foram retiradas e jogadas no chão, assim como rapidamente sua calça preta de couro sumira.
Nenhum deles ousou dizer uma palavra sequer, o tesão que sentiam e transmitiam era maior do que qualquer outra coisa. O toque, os olhares e os ofegos eram o suficiente.
Kate tomou as rédeas e o empurrou colocando-se por cima, o semblante do homem foi de assustado à cobiçoso em segundos.
— Gosto do controle. – ela arfou.
— Não estou reclamando. – ele sorriu.
— Ótimo.
Ele a puxou enredando a mão em seus cabelos cacheados e tomou sua boca com ferocidade, o quadril de Kate movia-se instintivamente esfregando-se sobre o volume do homem ainda preso dentro da calça. Sem ser interrompida, sentiu o calor se construir e crescer espalhando-se pelo seu corpo, e foi inevitável gemer quando seu ventre contraiu levando-a ao ápice do prazer. Podia sentir os hormônios serem liberados pelo cérebro e se alastrar através de sua corrente sanguínea, uma explosão que a despedaçara em partículas.
— Minha vez. – ele murmurou roucamente tomado pelo tesão.
Arrebatada, sentiu seu corpo amolecido ser girado e estirado sobre o colchão, seus músculos ainda tremiam com leves espasmos e o coração disparado, em expectativa. Os olhos não tinham forças para permanecerem abertos por muito tempo, sentia-se fraca. De longe, aquele era o melhor sexo que tivera nos últimos meses, e o maior orgasmo também.
E ele mal havia a tocado.
Não era algo apenas físico, o homem era naturalmente sexy, capaz de seduzi-la somente com um olhar.
Kate sentiu sua calcinha embebida ser retirada e antes que pudesse se recuperar, foi invadida por dois dedos. Suas costas arquearam e o gemido atravessou sua garganta, mas nada a preparara para ter sedosos e experientes lábios a sugando. Ela agarrou os lençóis até os dedos ficarem esbranquiçados e doloridos, sua pele transpirava embora tremesse e arrepiasse com o vento que entrava pela janela. Porém, prestes a chegar ao segundo orgasmo naquela noite, o homem se ergueu cessando os movimentos, abandonando seu canal quente e encharcado.
Abriu os olhos a tempo de vê-lo se esticar até o criado-mudo e apanhar o envelope laminado. Observou o peito dele se mover rapidamente, ofegante, desabotoou a calça e abaixou apenas o suficiente para libertar o membro rijo e lustroso, coberto por uma fina camada de pré-sêmen. Sua boca chegou a salivar, mas conteve-se, precisava mais do que tudo que ele a possuísse e ocupasse cada espaço seu.
— O próximo é meu. – ele rosnou referindo-se ao seu orgasmo, enquanto cobria seu membro.
O homem queria que ela gozasse com ele. Para ele.
Kate foi penetrada lentamente, e os olhos claros que antes a estudavam foram revirados, como se atingisse o limite do prazer e do controle, o queixo dele pendeu e o suspiro que atravessou sua garganta era uma mistura de desejo e surpresa.
— Quente... – ele gemeu.
Kate analisava o homem em aparente êxtase, seus olhos cerrados, a pele queimada de sol e uma pequena cicatriz acima da sobrancelha. A barba grossa e desordenada, alguns fios de cabelo colados na testa devido ao suor. Como se soubesse estar sendo observado, o homem abriu os olhos e encurtou a pequena distância tomando-a em um beijo calmo e profundo.
Ele começou a se movimentar e a cada vez que se afastava vagarosamente, penetrava-a, enterrando-se de forma dura e ferina. A cama de ferro rangia, assim como as molas do colchão, mas som algum destacava-se mais que o dos corpos se chocando.
— Vem... – ele pediu quando os sinais do segundo orgasmo de Kate começaram a surgir. — Vem comigo.
Kate não conseguiu resistir àquela voz sussurrada em seu ouvido, seu ventre contraiu engolindo o membro que passou a se mover aceleradamente em busca da sua própria libertação.
— Oh, céus... – o homem gemeu ao sentir seus músculos tencionarem, e jorrar contra o látex.
Ele ainda permaneceu imóvel por alguns segundos e quando a abandonou para deitar-se ao seu lado, sentiu-se vazia, não somente no sentido físico. Há algum tempo vinha sentindo-se assim, mas nunca fora tão forte como naquele momento. Com um homem que nem ao menos o nome sabia, e que pensando bem, preferia não saber.
Aos poucos seu corpo relaxou e seus olhos começaram a pesar. Algo a envolvia e a esquentava diante do vento frio que adentrava o cômodo, e somando isso ao cansaço que dois orgasmos arrebatadores e seguidos causara, Kate não conseguiu resistir ao sono que a levava à escuridão.
-*-*-*-*-*-
— Eu deveria ter escolhido você... Filha.
— Não, não...
— Sempre foi mais inteligente que as outras crianças, Kate. Como eu nunca enxerguei isso antes?
— Você. É. Um monstro.
— Faça o que tem que fazer.
Um tiro.
Kate desperta assustada pelo pesadelo, seu coração dispara a ponto de sair pela boca ou até mesmo quebrar suas costelas. A conversa ainda ecoava em sua mente, memória essa da qual faria qualquer coisa para se livrar. Deitada de barriga para cima, olhando para o teto, ela tenta normalizar sua respiração.
Ela não fizera aquilo.
Assusta-se novamente com o som que invade o quarto e percebe que não passa de trovoadas. Já havia amanhecido, Kate olha para o lado e se dá conta de que caíra no sono na casa de um homem estranho. Lindo e sexy, mas estranho. Não era do seu feitio, sempre partia após se satisfazer. Sem nomes, sem explicações. Sem envolvimento.
Ela o observa dormindo por alguns minutos, sua respiração é lenta e serena, a barba e o cabelo em tons dourados cobre boa parte do seu rosto, e o vinco entre as sobrancelhas não se desfaz. O corpo definido exibia algumas tatuagens espalhadas pelo peito e braço direito, que usava como apoio para cabeça enquanto Kate desfrutava do conforto que o travesseiro lhe proporcionava.
Ele tremelicou as pálpebras insinuando despertar e Kate sentiu seu corpo retesar, imediatamente fechou os olhos fingindo ainda dormir. Não sabia explicar o porquê do nervosismo e do coração acelerado, não entendia porquê não se levantara e partira. Nunca fora um problema para ela ir embora.
O colchão balançou e a curiosidade fez com que Kate abrisse um olho para espiar. O homem estava sentado com as pernas já para fora da cama, tinha os cotovelos apoiados nos joelhos e esfregava o rosto violentamente. Ele se levantou e pescou a blusa no chão, apanhou um casaco no cabideiro de parede, e quando ameaçou voltar-se para ela, Kate tornou a fechar o olho.
Ouviu ao longe a porta bater e apesar disso tranquilizá-la, também a decepcionou. Saltou da cama recolhendo as peças de roupa no chão, vestiu a calça de couro – sem a calcinha, pondo-a no bolso – e as botas. Seu cropped nem chegara a ser retirado. Antes de partir, observou um pouco a sua volta. Não havia muita coisa, impessoal até. As paredes eram verde-musgo com alguns pontos claros de infiltração; uma escrivaninha próxima a janela com latas de cerveja amassadas e caixas de comida japonesa igualmente vazias. Peças de roupas jogadas sobre a cadeira, a cama de ferro descascada e o criado-mudo bagunçado.
Kate balança a cabeça negativamente tentando sair daquela zona de curiosidade, deixa o quarto e assim que passa pela sala – também de poucos móveis – avista sua jaqueta preta sobre as costas do sofá velho. Assim que termina de vesti-lo, deixa o pequeno apartamento, descendo as escadas enquanto tenta arrumar minimamente seu cabelo.
Ela fecha a última porta às suas costas e o frio se choca contra o seu rosto, caminha pela rua de paralelepípedos e de pouco movimento deixando para trás o homem de olhar misterioso e lânguido que conhecera no bar, agora ele seria uma mera lembrança passageira na sua vida. Uma lembrança satisfatória, diria. Seu corpo ainda sentia os efeitos.
-*-*-*-*-*-
Sentada à espera do seu café, Kate pega sobre a mesa o celular que acabara de receber uma notificação e sorri ao constatar que se trata de uma mensagem de Octo.
"Ela está crescendo rápido. Saudades."
Anexada à mensagem, uma foto da pequena Liz deitada sobre um tapete felpudo esbaldando-se em um mordedor, a filha de seu amigo e meio-irmão completava seis meses, o mesmo tempo que não os via.
Há seis meses, desde que saíra do Brasil sem contar para Octo que eram meio-irmãos, vinha viajando, visitando diferentes países sem critério algum. Ela engoliu a intenção de contar sobre os laços consanguíneos ao perceber que chegara a casa de Octo em um dia tão feliz para ele, decidiu que guardaria sua história e dor para si mesma naquele momento. Talvez até para sempre.
Em sua última conversa, exigiu que Kate descobrisse o verdadeiro significado de viver, já que agora eles eram livres. Sem UnderWorld, sem ameaças, sem obrigações.
A garçonete se aproximou colocando uma xícara de café, um prato com panquecas cobertas por mel, e outro com bacon e ovos, ao lado do seu notebook aberto sobre a mesa. Tornou-se um costume frequentar aquela cafeteria desde que chegara a cidade, gostava do ambiente. O horário de pico havia passado, agora poucas pessoas desfrutavam do rico cardápio enquanto liam jornais e revistas, ou conversando sobre transar com o chefe casado em cima da mesa, como era o caso das mulheres às suas costas.
Decerto que Kate não sabia muito bem o que era viver ou ser livre. Entediava-se facilmente com os lugares e quando isso acontecia, traçava a rota para a próxima cidade ou país. Descobrira-se uma mulher sexual, envolvia-se com os homens apenas pelo prazer.
Bebericando calmamente seu café forte e puro, Kate digitava em seu notebook com a outra mão, e em segundos, milhões foram transferido de uma conta para várias outras. O dinheiro saía de pessoas que nem sentiriam falta e iam para orfanatos e hospitais que necessitavam e fariam bom uso. Ao completar a ação, Kate sorriu observando os transeuntes através do vidro, refletindo sobre como era bom poder ajudar quando que, por muitos anos sua inteligência fora desenvolvida e usada como uma arma.
Kate deliciava-se com as panquecas quando algo do outro lado da rua chamou sua atenção, dois homens se cumprimentaram e ficaram a conversar. Poderiam passar desapercebido por qualquer pessoa, mas o instinto aflorado de Kate dizia que algo de muito errado acontecia a sua frente. Ao apertar os olhos aguçando sua visão mal pode acreditar quando percebeu que conhecia ao menos um deles.
Eles olhavam em volta, remexendo-se de maneira ansiosa. O homem negro vestia roupas de moletom largas demais para o seu físico e fumava um cigarro. Kate buscou rapidamente o seu celular e apontou a câmera tirando fotos, e com o zoom, notou o momento em que um papel é passado de um para o outro. Eles se despedem, o homem negro adentra um beco e o outro segue descendo a rua principal.
A cabeça de Kate começa a fervilhar.
— Não foi nada demais, Kate, deixa de ser louca. – murmura para si mesma tentando se convencer.
Fracassadamente.
E então, pessoal? O que me dizem?
Espero que tenham gostado.
Beijos e até a próxima!
(Que seja muito em breve)
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