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30 - Livre-arbítrio

Depois das apresentações, Theodora foi preparar um chá na cozinha. Pete e eu ficamos na sala esperando que ela voltasse para nos explicar tudo o que havia ficado subentendido em nosso primeiro contato.

— Ela me olhou como se me conhecesse — falou Pete quase sussurrando. — Eu nunca vi essa mulher na minha vida.

— Ela deve ser vidente ou sensitiva — teorizei. — Ela sabia que viríamos aqui.

A sala de Theodora era escura em tons de roxo e grafite. Havia uma grande estante cheia de livros e bibelôs de corujas, gatos e sapos. O sofá, as poltronas e a cortina da sala eram do mesmo tom vermelho sangue. Haviam também velas brancas, pretas e vermelhas espalhadas em castiçais por todos os lugares. Sem falar no cheiro suave de incenso...

— Parece um cenário de filme de terror, Klay — sussurrou Pete enquanto andava comigo pela sala. — Estou começando a ficar com medo.

— Você tinha que ver a casa da minha avó há alguns anos — falei tranquilamente, pois eu já estava acostumado com aquilo. — Ela tinha pedras, castiçais, candelabros...

— Se as bruxas existem, posso ser considerado trouxa, né? — questionou Pete antes de voltar a sorrir. — Quando você recebeu sua carta de Hogwarts?

Naquele momento, Theodora entrou na sala carregando uma grande bandeja de prata. Ela a colocou sobre a mesa de centro e começou a servir o chá em xícaras brancas de porcelana.
Pete e eu sentamos juntos em um dos sofás.

— Como vai a família, Klayton? — perguntou Theodora.

— Todos estão muito bem — respondi acanhado.

— Faz tempo que não vejo a Alice — disse Theodora entregando as xícaras para Pete e eu, pegando a xícara dela e sentando em uma das poltronas a nossa frente. — Margarett fez um excelente trabalho como mãe e avó.

— Vovó era maravilhosa — afirmei.

Theodora encarou Pete por um momento enquanto bebia uma longa dose de seu chá. Sua sobrancelha estava arqueada e seu dedo mínimo direito estava ereto enquanto os outros seguravam na alça da xícara.
Ela parecia intrigada.

— É curioso ver alguém com uma aura como a sua, Peter — disse Theodora.

— Uma aura como a minha? — indagou Pete.

— Você sabe o motivo de estarmos aqui, não sabe? — perguntei diretamente a Theodora. — Sabe por que viemos te procurar?

Theodora suspirou.

— Klayton, eu não tenho as respostas que você procura — disse ela colocando sua xícara de volta na bandeja. —, mas talvez, eu tenha conselhos que possam te ajudar.

— Você disse que minha avó estava certa, não é? — questionei. — Então ela deve ter comentado alguma coisa sobre mim, sobre o Pete ou sobre o que estamos enfrentando.

De repente, Theodora levantou, desamarrotou a roupa e começou a procurar alguma coisa nos bolsos do vestido.

— Klayton, pode me ajudar na cozinha por um momento? — perguntou ela. — Devo ter deixado meus óculos de leitura por lá.

Concordei, pois sabia que aquela era apenas uma desculpa para conversarmos a sós.
Eu conseguia sentir as boas intenções de Theodora. Era possível perceber bondade, compaixão e carinho tanto nas palavras quanto nos atos dela.

A cozinha de Theodora era tão curiosa e escura quanto a sala. Na mesa, ao invés de frutas e utensílios de cozinha, haviam velas, cartas, uma bola de cristal e outras coisas que eu nunca tinha visto. A decoração e os móveis eram em tons de roxo e vermelho. As plantas eram volumosas, pontiagudas e não tinham uma aparência convidativa.
Fiquei maravilhado com um gato branco, lindo, peludo e bem gordo deitado em cima da geladeira. Ele tinha um olho de cada cor e me encarava como se fosse pular em meu colo a qualquer momento.

— Este é meu gato, Fergus — disse Theodora depois de sentar à mesa. — Ele ama ficar deitado em cima da geladeira o dia e tarde toda. Não é como os irmãos dele que preferem o ar fresco da varanda.

— Ele é lindo — falei antes de também me sentar à mesa. —, mas...

— Já falei que não tenho as respostas que você procura, Klayton — disse Theodora me interrompendo.

— Mas disse que tem conselhos. — A lembrei.

Theodora pegou uma caixa de fósforos em uma bolsa vermelha que estava ao lado das cartas de tarô. Ela acendeu as velas branca, vermelha e preta no castiçal que já estava em cima da mesa.
Eu me sentia bloqueado e um tanto quanto sufocado naquele lugar.

— Quando as visões começaram?

— Há algumas semanas.

— Você está começando a desenvolver suas habilidades, acertei?

Balancei a cabeça positivamente.
A sensação de medo e sufocamento só aumentavam.

— Você está muito tenso, querido — disse Theodora separando e arrumando os objetos que estavam na mesa. — Não precisa ficar assustado.

— Não estou. — Tentei mentir, mas era óbvio que ela sabia exatamente o que eu estava sentindo.

Theodora sorriu e estendeu a mão em minha direção para que eu a segurasse. Relutei e pensei em desistir por um momento, mas assenti e coloquei minha mão sobre dela.

— O que você e Peter estão fazendo vai contra as leis da natureza — disse Theodora depois de um breve momento segurando minha mão. — Usar um dom espiritual para evitar a morte de uma pessoa é uma falta grave contra as leis da natureza e do equilíbrio.

— Então, devo deixa-lo morrer? — ironizei.

— Você tem que deixar a vida seguir seu curso natural, Klayton — falou Theodora soltando minha mão.

Meu coração começou a acelerar.

— Não, desculpa! — exclamei. — Não acredito que uma única pessoa possa causar uma falta grave contra o equilíbrio do planeta e de bilhares de seres vivos. Tudo que estou querendo é mais tempo, Theodora! Tudo que eu quero é que Pete possa ter mais tempo com a mãe, com os irmãos...

— Com você! — acrescentou ela.

— Também, por que não?! — exclamei começando a ficar mais nervoso.

O olhar de Theodora era compreensivo, carinhoso e empático, mas eu não conseguia me acalmar. Eu tinha a esperança de que aquele endereço e aquela mulher me trariam soluções, mas...

— Todos temos uma missão nesta terra, Klayton — disse ela. — Os rumos podem mudar de acordo com nossas decisões, mas o final é sempre o mesmo.

— A morte, eu sei! — resmunguei revirando os olhos.

— Mais que a morte, meu querido — ressaltou Theodora. — A evolução para o plano espiritual.

Eu não conseguia me conformar com aquela explicação. Aquelas frases pareciam discursos ensaiados de terapeutas especialistas em luto.

— Tem que haver alguma forma de prolongar a vida do Pete!

— Você já fez isso e suponho que mais de uma vez.

— Salvei ele algumas vezes e...

— Teve problemas físicos, não foi?

Balancei a cabeça positivamente e suspirei.

— Tenho algumas reações depois de ter as visões.

— Não são reações causadas por suas visões, Klayton. Você tem reações físicas e mentais por intervir conscientemente no destino de uma pessoa.

Aquela história não estava me convencendo.
Em minha cabeça, não fazia o menor sentido. 

— Vamos supor por um momento que você esteja certa, Theodora — comecei levantando da cadeira, cruzando os braços e andando pela cozinha. — Por que a morte, o universo ou seja lá o que for não leva o Pete de forma natural? Por que causar acidentes? Por que comecei a ter visões com o Pete sendo que eu nem o conhecia?

— Como eu disse, não tenho as respostas que você procura — respondeu ela começando a embaralhar cartas de tarô. — Talvez, o destino daquele rapaz seja morrer por formas não naturais, meu querido.

— Ah, claro! — exclamei ironicamente. — O destino é bem especifico, não é mesmo?

Respirei fundo e fechei os olhos para me acalmar. Nada tinha saído como eu desejava e o desespero estava querendo tomar conta de mim.

— Pete está me esperando — afirmei. — É melhor eu...

— Tenho certeza que aquele lindo rapaz poderá te esperar mais um pouco — disse ela também levantando da cadeira.

— A senhora disse que não pode me ajudar — falei depois de pigarrear. —, então, acho que chegou o momento de Pete e eu irmos embora para não a incomodarmos mais.

— Se você decidir continuar ajudando aquele rapaz, poderá colocar em risco não só a sua vida, mas a de todos que estiverem ao seu redor — disse Theodora. — Eu sei que você acha que é injusto e que tem um forte sentimento por ele, porém, mais cedo ou mais tarde, de um jeito ou de outro, você terá que dizer adeus.

— Isso nunca vai acontecer — afirmei rispidamente.

Theodora suspirou.

— Você sabe o que está em jogo, não sabe? — questionou ela.

— Não importa — murmurei levianamente.

— Está disposto a perder a sua vida e a vida de outras pessoas só para salvar a dele? — perguntou Theodora.

— Vou encontrar uma solução — afirmei.

Depois de ouvir minha resposta, Theodora abriu um dos armários da cozinha e tirou de um pote grande e redondo dois envelopes brancos. Ela deixou um dos envelopes em cima da mesa e me entregou o outro.

— Sua avó deixou isso para você semanas antes de desencarnar — disse Theodora. — Ela sabe, onde quer que esteja, que você fará a coisa certa, Klayton.

Não restavam dúvidas de que minha avó tinha previsto tudo que estava acontecendo comigo e com o Pete. Aquela visita, aquela carta e tudo que estava acontecendo não foram meras coincidências.
Talvez, eu encontraria as respostas que tanto queria naquele envelope.

— Tudo bem se Peter e eu conversarmos a sós por um momento? — perguntou Theodora antes de eu cruzar a porta. — Faria a gentileza de chama-lo?

Olhei desconfiado para o envelope em cima da mesa.

— Claro! — concordei finalmente deixando a cozinha.

Pete ficou receoso em conversar a sós com Theodora, mas acabou aceitando ao perceber que eu tinha voltado para a sala pensativo e cabisbaixo. Eu não queria passar insegurança para ele, mas foi impossível disfarçar o desapontamento que tive com aquela visita.

Mas havia esperança no envelope que minha avó tinha deixado.

Rasguei o pequeno selo azul que o fechava, peguei de dentro do envelope uma folha de caderno ainda com as rebarbas e a desdobrei com cuidado.
Não contive a emoção quando vi a letra estranha, quadrada e inconfundível da minha avó.

"Meu querido e amado neto, Klayton

Não estarei fisicamente a seu lado quando ler esta carta, mas estarei sempre vigiando e cuidando de você. Não tenho palavras para descrever o quanto estou orgulhosa do seu amadurecimento. Você se tornou um rapaz forte, decidido e amoroso.

Sei que você está passando por dias difíceis, mas também sei que junto a eles, você está tendo doces momentos de felicidade.

Ele me parece um bom rapaz.

Acredite no livre-arbítrio, faça suas escolhas e lute por elas. Tenha cuidado, siga sua intuição e viva cada segundo ao lado dele como se fosse o último. Esteja sempre preparado para dizer adeus, pois este caminho não será fácil.

Sei que você tomará a decisão certa no final.
Em um futuro ainda muito distante, nos encontraremos novamente.

De uma avó que te ama muito.

M.K."

Enxuguei as lágrimas assim que terminei de ler a carta. Eram nítidos o amor e a energia positiva que minha avó tinha colocado em cada palavra escrita naquela folha de caderno. Não restava dúvida de que a presença quente e protetora que senti em um dos meus últimos sonhos era dela.

Redobrei a carta com cuidado para guardá-la, mas antes de coloca-la no envelope, encontrei uma escrita a caneta no canto inferior esquerdo da parte de trás da folha que dizia:

"Além da Matéria – pág 29"

— Klay?! — chamou Pete voltando para a sala. — Podemos ir?

Além da Matéria...
Eu já tinha visto um livro com aquele nome em algum lugar.

— Claro! — concordei antes de dobrar a carta e coloca-la de volta no envelope.

Theodora nos acompanhou até a saída após agradecer aquela visita. Conforme eu me aproximava do carro do Pete estacionado ao lado do meio-fio, um alívio e uma prazerosa sensação de liberdade me dominou.
Senti como se pudesse respirar novamente.

— Sentiu isso? — questionei olhando minhas mãos.

— O que? — perguntou Pete a meu lado.

— Liberdade — respondi esboçando um meio sorriso.

Pete balançou a cabeça negativamente, retribuiu o sorriso e avançou em minha direção envolvendo os braços em minha cintura. Ele me encostou na lateral do carro, colou completamente o corpo dele contra o meu e me beijou de forma doce e carinhosa.
Perdi o fôlego e a noção de tempo e espaço por alguns segundos.

— O que foi isso? — perguntei durante uma pausa daquele beijo delicioso.

— Eu te amo — respondeu ele. — Quero dizer que te amo toda a vez que eu tiver oportunidade.

Contraí os lábios para não sorrir abobalhado.

— Vir aqui foi uma perda de tempo, Pete — falei seriamente. — De qualquer forma, não se preocupe, pois eu vou encontrar uma solução e...

Pete voltou a me beijar antes de eu conseguir terminar aquela frase.

— Eu te amo, Klay — sussurrou ele forçando ainda mais o corpo contra o meu. — Eu te amo e quero viver o agora com você, okay?

— Pete... — Tentei falar.

— Vamos para a casa da sua avó jantar, nos preparar para amanhã e planejar Nova Iorque — propôs ele animado.

Concordei, mas estranhei toda aquela animação repentina. Pete sempre foi alegre e carinhoso comigo, mas alguma coisa estava diferente. Eu podia sentir...

Alguma coisa tinha mudado.

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